Até Te Encontrar (Uma releitu...

By raquel_goes

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"Casamentos! Eu amava sonhar com casamentos, menos com o meu". Emmanuele Abels era uma jovem muito sonhadora... More

Notas da autora
Epígrafe
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 20

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By raquel_goes

A manhã floresceu radiante como todos os dias e, com ela, as luzes do sol tomando o lugar da noite assustadora que tive.

Após ser deixada em casa por Filippo e meus amigos, e apenas depois dele assegurar que eu estava quentinha e deitada em minha cama, consegui adormecer como se nada tivesse acontecido. Mas aconteceu. E a prova disso foram os pesadelos que tive a madrugada inteira com águas tempestuosas e negras sobre mim, me engolindo sem nenhuma piedade.

No entanto, a parte mais curiosa do sonho veio depois.

De repente, um pequeno barco aparecia como se estivesse vindo do completo acaso. Um rapaz que não consegui ver o rosto me puxou para cima, acolhendo-me dentro do simples barquinho. Ele me enxugava com uma toalha macia, de um branco tão límpido quanto as nuvens que nos cobriam, e tentava me acalmar com palavras gentis. Porém, a visão do seu rosto fora um borrão durante todo o sonho. A única sensação que tive era a de me sentir protegida perto dele, mesmo num barco de estrutura simples. Alí, eu apenas sentia que nenhum mar poderia me engolir novamente.

O sonho acabou quando eu perguntei seu nome e ele falou algo que não consegui entender, enquanto abria um largo sorriso. Sorriso esse que me pareceu familiar, mas não consegui lembrar com clareza.

Eu nunca tive sonhos tão subjetivos assim. O que está acontecendo agora?

Odeio a sensação de não saber o que fazer. De não ter uma direção certa. De não controlar o que sinto. Quem seria aquele rapaz? Por que eu sonhei tudo aquilo?

Ok! Eu quase morri afogada e provavelmente foi uma memória retida que ocasionou o sonho? Sim!

Mas isso não explica o rapaz no meu sonho. Não explica um barco vindo do nada. E não explica eu não conseguir descobrir quem era. Será que era o... Não podia ser!

Eu não lembrava de nada.

ARGH!

Fui tirada dos meus pensamentos com a senhora Taty chamando para descer até a sala, onde Tiago me esperava. Me arrumei como pude, tentando disfarçar a noite mal dormida, e desci os degraus até a sala de estar.

— Emma, que bom te ver recuperada! — Tiago expressou com alegria. — Mais uma vez me perdoe. Não deveria ter te exposto aquele risco.

— Tudo bem, já passou! — tranquilizei o rapaz que demonstrava genuíno arrependimento.

Nos sentamos no sofá, um de frente para o outro, iniciando uma conversa banal sobre a parte boa da noite de ontem. Dentre esses assuntos, Tiago me fez uma pergunta um tanto curiosa:

— Você conhece aquela menina? — indagou, mudando de súbito o assunto que conversávamos. Vendo minha expressão confusa, ele continuou: — Uma morena, de cabelos curtos e que chegou um pouco depois de nós. Ela tinha um semblante tímido  e adoecido também!

— Oh, sim! Você está falando da Jane. Conheço, sim! — falei olhando-o atentamente. Tiago me encarava esperando mais respostas, o que me fez cerrar os olhos para sua curiosidade súbita. — Ela estava em São Paulo, cursando música e morando com uns tios. Recentemente voltou para a casa da avó, alegando não estar muito bem de saúde. Mas, até agora ninguém sabe ao certo o que é!

— Entendo! Ela estava bem abatida mesmo. Convenhamos que sua aparência já não é de se chamar atenção, doente então! — ele proferiu com um sorriso de lado, mas com o olhar seco.

Eu apenas dei uma pequena risada. Apesar de não simpatizar com a Jane, não queria ser maldosa com uma garota doente. Inclusive, Isa já me falou várias vezes para visitá-la e acho que irei mesmo. Aproveito e avalio melhor essa história um tanto estranha sobre sua saúde.

— Não sei se você soube, mas meu pai me disse que a família Caramel vai oferecer um dia de lazer para as crianças da vila. Irá participar? Sendo tão bondosa, não te vejo distante desses eventos. — Tiago colocou de forma amistosa, me olhando firme.

— Ah! Estava sabendo, sim, mas admito que acabei esquecendo. Porém, penso em ajudar, como todos os anos. Você também pode, se quiser. — Apontei em sua direção sorrindo, como encorajando uma afirmativa.

— Tudo bem, farei esse esforço por você... E pelas crianças, claro! — Sorriu largamente, me fazendo corar.

As vezes Tiago falava umas coisas que me deixavam confusa. Será que ele pode está se interessando por mim? Oh, não! Espero que não! Embora ele não seja como o Elck, ainda continuo firme sobre o pensamento de não casar.

Nós conversamos por mais um tempo e ele logo se despediu, avisando ter algumas visitas para fazer por Aurélia. Alguns moradores o praticamente intimidaram a uma visita e ele precisava ser o mais simpático possível com os vizinhos de seu pai, palavras dele. 

A verdade é que notei gostar muito da companhia de Tiago e esperava conservar uma longa amizade com ele. Tínhamos gostos parecidos, educação, modos de pensar e uma simpatia nata. O que mais eu poderia querer?

                      🐇🐇🐇

Já era sábado a tarde. O dia da festa com as crianças da Vila. Como todo ano, muitos moradores se reuniam para ajudar a família Caramel na organização, que era composta por um casal idoso da nossa igreja, que não tinham seus filhos por perto e amavam estar rodeados de pessoas, principalmente crianças. Alguns da vila doavam decorações, comidas, brinquedos etc., e outros colaboravam na organização.

A cada ano eu ajudava como podia. Tinha tantas crianças que não possuíam oportunidades de brincar com brinquedos diferentes ou até se alimentar com tanta variedade. Era gratificante ver o sorriso no rosto delas em cada jogo, doce ganhado e até na socialização com os outros. Olhinhos brilhantes e bochechas coradas era minha missão naquela festa e faria o melhor para isso. Além de tudo, sempre fazíamos um trabalho evangelístico no meio, querendo aproximar os pequenos mais do Senhor. Nascer em berço Cristão não bastava, era necessário comunhão com o Espírito Santo.

Estava chegando ao local da comemoração com Tiago, quando avistei Filippo, Hanna e Jane já empenhados na organização. O ambiente era aberto e conhecido como o maior parque de Aurélia, além de mais bonito também. Lotado de roseiras, plantas de todo tipo e inúmeros arvoredos.

— Oi, Emma! — Hanna acenou para mim assim que nos avistou.

Chegamos perto e de novo vi Jane com um semblante desconfortável sobre Tiago.

— Viemos ajudar. Não é, Tiago? — falei retoricamente e ele assentiu, com o rosto adotando uma tensão repentina.

— Ótimo! Tem umas caixas lá no carro do Filippo para pegar ainda. Que tal irmos? — Hanna expressou, tão sorridente que mal a reconheci.

Até o momento Filippo não se aproximou de mim. Apenas acenou contido quando chegamos perto, no entanto, sem nem me olhar direito. Já tinha um tempo que ele estava assim. A noite no lago foi o único momento que o tive tão perto novamente, mas durou pouco. Não entendia sua atitude.

— Claro! — respondi a Hanna, disposta a ajudar e quem sabe conseguir me aproximar do fazendeiro.

— Tiago e Jane ficam aqui organizando a mesa com as sacolinhas, pode ser? — Hanna indagou e, desconfortável, Tiago concordou.

— Vocês podem precisar de mais ajuda. Eu posso ir também! — Pela primeira vez, Jane falou e sua voz estava meio presa, além de olhos cambaleantes.

No entanto, para o desassossego da menina, Hanna disse que três eram suficientes. Então, seguimos até o carro e os dois ficaram lá. Durante o caminho, a jovem morena – não mais tão tímida – trocou algumas falas com Filippo, que respondeu em monossílabos, mas dando atenção. Entretanto, me intrigou sua disposição repentina em conversar com meu amigo. Imersa naquele fato, nem percebi quando chegamos.

Filippo pegou três caixas e deu uma pequena para cada uma de nós. Em silêncio, voltamos a caminhar. Em um determinado momento me distrai olhando o lago do parque e tropecei em algo, porém senti alguém agarrar meu macacão por trás e me puxar de volta, evitando que eu caísse de cara no chão.

— Cuidado, Emma! Machucou? — Filippo perguntou com o rosto retorcido, mas ainda sério. Foi a primeira frase que ele dirigiu a mim naquele tempo, e mesmo não sendo nada demais, me alegrou.

— S-sim! — afirmei tentando me situar novamente.

Passado o susto, voltei a caminhar percebendo o olhar de Hanna sobre nós.

— Tudo bem mesmo, Emma? Você não está acostumada a trabalhos assim. Pode deixar que eu e o Filippo terminamos. — Por algum motivo a fala de Hanna me irritou. E não só a mim porque o rapaz ao nosso lado fechou o semblante quando a ouviu.

— Não se preocupe. Eu estou ótima e há anos ajudo nessa festa. Estou mais acostumada do que você pensa, amiga — retorqui sua fala e, olhando para frente, continuei andando.

Logo chegamos e, para nossa surpresa, apenas Tiago estava no local com as sacolinhas ainda.

— Cadê a Jane? — meu amigo indagou, confuso.

— Ela disse que precisava ir. Acho que não se sentiu bem! — Tiago explicou e voltou a organizar a mesa, porém seus movimentos não estavam firmes.

— Que estranho! Ela estava bem quando saímos — Filippo disse como para si mesmo, com um semblante desconfiado.

— Deve ter sido uma queda de pressão repentina — sem abalar a expressão, Tiago respondeu.

Pedindo licença, Filippo se afastou e partiu na direção que algumas senhoras estavam sentadas, inclusive a vó da Jane. Que tanta preocupação era essa?

Continuamos a arrumar as coisas e num momento que estávamos apenas eu e o Tiago, aproveitei para saber:

— Ela não te disse aonde ia?

— A Jane? — ele indagou e eu assenti. — Não, não falou! — Ele se esticou para amarrar uns balões na árvore.

— Que estranho! — disse desconfiada, tirando mais sacolinhas de doces das caixas que pegamos, enquanto perscrutava a direção que Filippo havia ido.

— Aquela menina é estranha, Emma! Não deve saber conversar, já que sempre está de cara fechada. Bem diferente de você — expressou sorrindo para mim. — Sabe, não me admira ter voltado para casa por falta de adaptação nesses lugares. Talvez nem a avó suportou e a pediu para voltar, não aguentando seu gênio e humor inconstante — completou baixinho, com um sorriso sarcástico.

Eu estava rindo até ouvir aquelas palavras. "Humor inconstante"? Desde que conheci a Jane ela sempre foi assim. Claro que voltou bem mais retraída, mas sempre foi de personalidade calma e tímida.

— Por que você disse "humor inconstante"? — perguntei, arqueando as sobrancelhas.

— Bom... Bom... Eu quis dizer que ela parece ter um humor assim. — Ele olhou para todos os lados, sem me encarar. — Você mesma viu o Filippo dizendo que ela estava bem antes de vocês saírem. Foi por isso que disse isso!

Realmente! A Jane estava cada vez mais estranha e isso não me admirava. Sua avó era um amor de pessoa, mas não dava para dizer ser a pessoa mais educada. Falava demais, perguntava demais e sabia demais também. Sua tia era uma solteirona que ainda morava com a mãe, mas sempre almejou o casamento. Seu temperamento era mais contido que o de sua genitora e mais aberto que o da sobrinha. No entanto, seu jeito "puxa-saco" às vezes me irritava.

Ah, uma pobre alma desesperançada!

Passado um tempo, terminamos de arrumar o ambiente. Os brinquedos já estavam armados e as mesas arrumadas para a hora do lanche. Também teríamos músicas e uma pregação com meios mais lúdicos. As crianças começaram a chegar e a empolgação foi imediata, não perdendo tempo em correr para os brinquedos. Depois de procurar sobre Jane, Filippo voltou para continuar ajudando, dizendo que a moça foi embora por não estar se sentindo muito bem. Ele também ligou para ela, confirmando seu bem-estar.

Ao meu ver, totalmente desnecessário!

— Emma, por favor, nos ajude? — Martin apareceu com o semblante em alerta, me assustando enquanto estava focada nas crianças brincando. Perguntei o que houve e ele continuou: — Nós vamos fazer o teatro sobre o nascimento de Jesus e a Jane seria a Maria com o Filippo, mas ela não está se sentindo bem. Você precisa tomar o lugar dela!

Eu fiquei muito surpresa com aquilo. Primeiro, porque eu que sempre fazia o teatro com o Filippo. Segundo, por ele estar tão distante que nem ao menos me comunicou da mudança. No entanto, eu tinha dito que minha missão era alegrar aquelas crianças hoje, não foi? E era isso que faria. Em outros tempos eu nem temeria, mas meu amigo – se ainda posso chamar assim – estava tão distante que não sei como seria hoje.

Assenti para a súplica de Martin e ele me direcionou para o local onde o pessoal se preparava, dentro de uma tenda. Ao chegar lá encontrei Filippo com roupas normais e apenas um roupão como aqueles antigos por cima. Hanna estava arrumando os objetos a serem usados, mas logo notou nossa presença. Filippo só entendeu o que eu fui fazer ali quando Martin explicou.

Não foi ele quem pensou em me chamar. Engoli o nó na garganta e sorri.

Rapidamente, me deram para colocar um vestido longo, já que estava de jardineira, e uma tiara nos cabelos. Mas eu tinha esquecido de uma parte significativa.

— Falta só colocar a barriga — Hanna disse vindo em minha direção com uma coisa arredondada parecendo uma almofada. Ela colocou por baixo do meu vestido, que estava por cima do macacão, e então eu fiquei instantaneamente "grávida". — Olha, você ficou linda, amiga!

Olhei para o lado em um espelho próximo e até gostei da visão refletida. Nunca pensei em mim grávida. Nunca pensei nem em casar. No entanto, admitia que esse pensamento foi deturpado naquele momento. Principalmente quando desviei o olhar e constatei Filippo me observando, com um olhar profundo que eu sempre via mas não conseguia descobrir o que era.

Nossos olhares foram quebrados quando Martin chamou a atenção de todos para irmos ao local que seria feito o teatro. Eu já conhecia as falas, então nem paramos para ensaiar. Um pônei da fazenda de Filippo foi trazido e, diante dos olhares entusiasmados das crianças e risonhos dos adultos, iniciamos a cena com os personagens saindo de Nazaré. Martin estava narrando algumas partes da história, como o fato de José ter ido para Belém, na Judéia, sobre ordem do imperador Augusto, que ordenou a todos os povos do império irem para sua cidade natal se registrarem, a fim de fazer a contagem da população.

— Vamos, Maria, precisamos chegar a Belém — Filippo falou no papel de José, me encaminhando para o pônei.

— Oh, querido, vai me levar com essa barriga enorme em cima desse pônei... Digo, burro — disse e todo mundo riu. Filippo franziu a testa para minha improvisação. Sempre fazíamos isso, porém hoje eu estava disposta a irritá-lo.Talvez assim voltasse a se aproximar. — Ao menos uma carroça deveria ter arrumado.

— Querida, você está muito reclamona para uma mulher tão sábia como és — ele proferiu entre dentes, me avisando pela expressão para parar de inventar moda.

— Oh! Eu que estou pesada, com dores por todo o corpo e ainda inchada. Se bem me lembro o anjo te mandou cuidar muito bem de mim, José — continuei com o drama.

— Claro! Porque você é muito sábia, Maria, e não ia abusar da boa vontade do seu marido — pronunciou arqueando as sobrancelhas.

— Ou porque você, José, é um marido tão maravilhoso que daria tudo por sua amada — retorqui e apertei suas bochechas. — E, claro, obediente a ordem do Senhor.

Com essa última frase ele não teve argumentos e, como não tinha carroça para improvisar, ele acabou me subindo no pônei mesmo. Filippo deu voltas comigo pelo diâmetro do local e continuamos a cena, com Maria e José chegando a Belém.

— Chegamos! Vamos tentar conseguir hospedagem — Filippo me puxou de cima do animal e eu percebi que realmente aquela barriga era desconfortável, então não consegui esconder a careta. — Já está sentindo dores, querida? — ele indagou, parecendo se divertir.

— Passar horas em cima de um burro não é lá uma posição confortável para uma grávida de 9 meses, meu querido — respondi em deboche, piscando os cílios com rapidez.

— Imagina eu que estava a pé, já que você pegava todo o espaço no animal — respondeu irônico, tirando as bagagens colocadas no pônei.

Nesse momento a platéia toda soltou um urro surpreso e eu abri a boca, chocada com a audácia daquele fazendeiro bruto que não ia demorar a perder os dentes. Também, ouvimos risadas altas e em especial uma espalhafatosa vinda de Tiago, se contorcendo de rir junto a Hanna.

— Eras tão mais educado, querido! — proferi com uma falsa delicadeza, tocando no seu rosto com bastante força. — Bom, eu não aguento dar mais nenhum passo. Afinal, sou tão espaçosa que nem me aguento sobre minhas pernas. Mas como você é o marido perfeito que cuida de sua esposa muito bem, vai me levar nos braços. Não é? — Dei meu golpe final, vendo Filippo crispar os olhos.

— Você não está seguindo o texto, Emma — Filippo se aproximou e expressou baixinho.

— Você também não! — sussurrei de volta, vendo-o suspirar.

— Ok, minha senhora! — Dessa vez exclamou alto, me pegando no colo de uma só vez.

— Ei, cuidado seu ogr... Digo, querido! — reclamei e a platéia deu risada novamente.

Filippo me colocou sobre uma lona improvisada, para representar o estábulo. O narrador mais uma vez contou os acontecimentos e como num passe de "mágica" um lençol passou em nossa frente e o bebê nasceu, sendo colocado numa estrutura que simbolizava a manjedoura onde Jesus foi posto. As lições e contexto da história foram passados por Martin de uma forma muito didática e singela. Nunca tinha o visto pregar e constatei que o rapaz era um servo dedicado.

Terminamos a peça e fomos nos trocar, enquanto algumas meninas da igreja organizavam um pequeno momento de louvor com as crianças. Eles tinham tido diversão, mas também sairiam dali preenchidos das Boas-Novas do evangelho.

— Emma, o que foi aquilo? — Filippo disse se aproximando, enquanto eu tirava a barriga falsa.

Hanna e Martin haviam ido conosco, mas saíram rapidinho para levar o pônei para um local seguro.

— Não sei do que você está falando! — Eu sabia, sim. — Pode tirar essa tiara, por favor? Está presa! — pedi, vendo que o objeto enganchou.

Ele se aproximou e, enquanto buscava retirar o acessório com delicadeza, proferiu perto do meu ouvido com uma voz profunda:

— As vezes você me confunde, sabia.

Engoli em seco sentindo um arrepio súbito. Do que ele estava falando? E por que minha voz não queria sair?

— Acho melhor você voltar. Seu amigo deve estar te esperando! — emitiu se afastando após ter retirado a tiara, e eu percebi que ele se referia a Tiago. — Aliás, minha mãe veio me visitar e quer organizar um almoço com alguns amigos. Sua família está convidada. A do seu amigo também! — expressou de um jeito amargo, logo saindo do meu campo de visão.

Franzi a testa confusa. Seu tom de voz se tornou tão frio e distante de repente. Eu nem fiquei sabendo que a dona Vera estava em Aurélia. Gosto tanto dela, mas seu filho não se deu o trabalho de avisar-me. Esse não era o Filippo que não temia me dizer nada. Nem o que sempre esteve por perto para rir das minhas confusões, depois de brigar comigo.

Só sabia que queria meu amigo de volta, mas não tinha ideia de como fazer isso.

                       🐇🐇🐇

Como combinado, capítulo fresquinho... E enorme também! 🙃

Gostaria de saber o que estão achando da história até agora? Seus palpites?

Isso incentiva muito a continuar, principalmente porque estamos indo pra uma fase mais complexa do livro que exige muita inspiração. Mas vamos até o fim com Emma e Filippo, se vocês não desistirem deles ❤️

Não esqueça de deixar sua ⭐

Bjinhos e até próxima sexta 😘

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