Depois que eu arrumei minhas roupas na mala, partir daquele lugar que devia ser minha casa. Durante todo o caminho eu pensava se a minha decisão tinha sido certa, eu me julgava e culpava pelas as coisas que estavam acontecendo comigo. Eu sabia que o caminho seria longo para me reencontrar.
O sol estava se pondo quando cheguei a casa da Mel, motorista me ajudou com as malas e depois foi embora. Ao ver minha amiga, perdi o controle das minhas emoções e me tornei um poço de lágrimas. Fui acolhida e ouvida, contei tudo, até sobre os negócios ilegais da minha família, esperei julgamento, porém só ouvi apoio.
Depois de horas falando minha história, fui para o quarto que a Mel preparou para eu ficar. Estava exausta, então dormi sem dificuldade. Esperava que outro dia fosse melhor que hoje.
No dia seguinte fui procurar o advogado da família, precisava tratar sobre o testamento deixado pelos meus pais e o divorcio. Não podia adiar mais, chegando no escritório, meu marido estava, para a minha surpresa.
– O que você está fazendo aqui? – O questionei. Eu não queria vê-lo, eu precisava ficar distante dele para superá-lo.
– Seu advogado pediu para que eu comparecesse à leitura do testamento dos seus pais. – Ele me observa atentamente. – Como você está?
– Estou bem.
– Amber volta para casa, vamos conversar, por favor, eu...
James foi interrompido pela chegada do advogado e metalmente eu agradeci por essa interrupção.
– Olá, sr. e sra. Carter. Quero expressar meus sentimentos pelo falecimento dos seus pais, sra. Carter.
Apenas aceno com a cabeça e espero advogado mostrar a sala que acontecerá a leitura do testamento.
– A sala fica por aqui, por favor me acompanhem.
Carter e eu seguimos o advogado até uma sala de conferência. Eu não sabia o que meu pai tinha deixado no testamento, mas estava decidida a viver longe daquela vida e não achava correto aceitar o dinheiro que vinha de algo que considero tão sujo.
A leitura do testamento começou e terminou com desfecho que eu não esperava. Carter olhava em minha direção quando o advogado terminou de ler as últimas palavras do testamento.
– Amber Mitchel deverá herdar tudo após um ano de casamento...
As palavras do advogado ficaram em minha mente. Meu pai sabia que eu não aceitava sua decisão de eu ter que casar, acho que previa um divórcio.
– Você tem alguma dúvida? Amber?
Eu não conseguia ouvir mais nada. Olhei nos olhos do advogado e falei no automático.
- Quero o divórcio.
O advogado e James estavam em choque me encarando. Eu sabia que iria perder tudo, tínhamos menos de seis meses casados, mas não podia ficar dividindo o mesmo ambiente com aquele homem por causa dessa herança.
- Mark pode nos deixar a sós, por favor. - A voz de James era mais uma ordem do que um pedido.
- Sim, se precisarem podem me chamar.
Após o advogado sair, James começa a falar sem parar como se pudesse mudar minha decisão.
- Você ouviu as cláusulas para você receber a herança do seus pais? - Seus olhos estavam congelados nos meus.
- Sim.
- E mesmo assim você quer o divórcio, Amber? - Seus olhos estavam me analisando.
- Sim, James. Eu quero o divórcio. - Falei firme para deixar claro minha decisão.
- Eu sei que fui um idiota com você, mas não posso deixar você perder tudo por minha causa. Amber, faltam sete meses para completarmos um ano de casamento, por favor, volte para casa, e em sete meses eu te dou o divórcio. - Carter se levantou e caminhou na minha direção.
- Não. Eu... Eu não quero voltar. - Me levantei e fiquei em pé na sua frente. - Não vou insistir no erro por causa de dinheiro, já começamos errado, não quero o término ainda pior que esse.
- Não vou assinar o divórcio, eu me importo com você.
- Mas não me ama. - Falei rápido demais.
Carter prendeu minhas mãos e levou até o seu peito, eu sentia seu coração bater acelerado, o encarei sem entender.
- Desde que você apareceu na minha vida, muitas coisas pararam de fazer sentido, me via preso olhando para você, pensando em você e sentia que estava traindo a Melina.
Eu não conseguia encara-lo.
- Olha nos meus olhos Amber. - Ele pediu e eu simplesmente atendi. - Então eu achei a Melina e que eu achava que sentia por ela já não fazia sentido, mas lá estava ela com um filho, eu estava uma grande confusão.
- Isso te deu o direito de ficar com ela enquanto estávamos ainda casados?
- Não ficamos juntos. - Ele falou rápido. - Mas fui um idiota por ficar longe de você e paracer indeciso.
- Eu não vou mudar de ideia. - Me afastei do seu toque.
- Então fique até completarmos um ano de casado e terá o seu divórcio. Não vou deixar você perder tudo.
- Eu não me importo com o dinheiro, James. Na verdade, quero ficar longe desse mundo.
- É tão ruim ficar mais seis meses ao meu lado? - Ele olhava nos meus olhos esperando uma resposta sincera e eu a dei.
- Sim.
Peguei minha bolsa e sem olhar para trás fui embora. Viveria de forma mais difícil, porém eu estava livre.
Capítulo 31
Eu não tive muito tempo para entender as mudanças que minha vida passaria a partir daquele momento. Eu precisava de um emprego, uma casa e finalmente ter uma vida onde eu pudesse opinar. No entanto, me vi em queda livre e preso a mim não tinha nenhum paraquedas.
Passei uma semana atrás de um emprego, e cada dia que passava percebia o quanto era difícil conseguir um, já que eu não tinha experiência ou qualquer formação profissional. Não queria ser um peso morto para a Mel.
Até que um anúncio em um jornal chamou minha atenção, uma vaga de intérprete da língua francesa. Talvez eu tenha uma chance. Enviei o meu currículo imediatamente já que sabia falar francês e fui abençoada mais tarde com a confirmação para ir a entrevista.
Me preparei, confiante que essa vaga de emprego seria minha. Sai do prédio onde fica o apartamento da Mel e peguei um táxi em direção ao lugar que seria feito a entrevista. Enquanto o carro se afastava do prédio notei um carro preto imponente vindo em nossa direção, mas algumas ruas para frente sumiu do campo de visão. Comecei a achar que estava delirando ao pensar que aquele carro poderia estar me perseguindo.
O táxi me deixou em um prédio de três andares, arquitetura moderna. O ambiente por dentro era clean, muitas paredes brancas e quadros abstratos em contraste com as paredes dando cor ao ambiente. Fui em direção a uma pequena recepção e me apresentei.
- Olá, bom dia! Sou Amber Mitchel, vim para participar da entrevista para a vaga de intérprete de francês.
Uma jovem moça de cabelos ruivos me atendeu e me levou até a sala. Lá estava uma morena de olhos marcantes, chamada Angela. A entrevista foi maravilhosa e foi toda em francês.
- Você está contratada, Amber.
- Muito obrigada pela oportunidade.
- Por favor, pode ir na recepção onde passarão todas as informações sobre a documentação e sua primeira demanda como intérprete.
Eu estava muito contente, no dia seguinte tinha que ir ao jantar para recepcionar uns franceses que querem fazer um contrato lucrativo com a empresa que trabalho. Eu estava me sentindo útil e capaz.
Na frente do prédio algo me chamou atenção, do outro lado da rua estava o mesmo carro que estava próximo ao apartamento da Mel, agora eu tinha certeza que estava sendo seguida e que aquele carro é dos seguranças de James Carter.
Peguei um táxi e fui em direção a casa dele. O carro estava nos seguindo a distância. Eu simplesmente não sabia o que iria fazer, porém alguma coisa tinha que ser feita. Ele tinha que parar, eu estou seguindo minha vida e não quero ele sendo a minha sombra.
O táxi parou na frente da minha antiga casa, meu coração estava batendo rapidamente e iria vê-lo, não sabia como meu corpo reagiria ficando próximo dele novamente.
Ao descer do carro, meus passos disputavam com o meu coração para ver quem causava mais barulho. Entrei na sala e Matilda, a governanta da casa, estava com enorme sorriso ao me receber.
- Amber, que felicidade em ver você. - Ela segura minhas mãos e com um enorme sorriso me dá um abraço.
- Olá, Matilda. Estou muito feliz em te ver também.
- Veio o ver o Sr. Carter?
- Sim, Matilda. Aonde ele está?
- No escritório Amber. - Após uma pausa, como se pensasse se devia falar, Matilda se aproxima e fala baixinho. - Minha querida, o James e essa casa não são os mesmos sem você.
Eu não aprofundei o assunto, quero saber o mínimo possível sobre ele.
- Preciso falar com ele. Foi um prazer rever você, Matilda.
Nos abraçamos novamente e depois seguimos em direção oposta. Agora meus passos estavam me levando a ele. Fiquei parada de frente a porta e a pouca coragem que eu tinha naquele momento se esvaiu. Estava pronta para dar meia volta e embora, quando a porta foi aberta, lá estava o dono dos meus sonhos e pesadelos. Ali estava James Carter a encarar o que restou de mim.
- Amber? - Ele não parecia surpreso. Eu sabia que os seus seguranças tinham falado que eu estava na mansão.
- Precisamos conversar. - Foi o que eu consegui falar.
James não se afastou, muito pelo contrário, ele veio em minha direção com passos cautelosos, mas com um olhar ardente. Eu sabia que estava em ambiente perigoso, onde eu era a caça e ele o caçador. Eu estava presa em seus olhos, eu sentia a falta dele, porém não posso permitir que esse sentimento me consuma, James Carter não era meu.
- Precisamos? - Sua voz estava mais rouca que normal. Ele estava tenso.
- Sim, quero que seus seguranças parem de me seguir.
- Isso não vai acontecer. - Ele é direito.
- Você está me irritando, James. Não quero ser vigiada e não aceito isso. - Falei enquanto me afastei dele.
- Qual o motivo de se distanciar, Amber? - Mais um passo dado por Carter e eu estava encurralada contra a parede. - Eu senti sua falta.
- Eu...
Fui interrompida por Carter, sua mão acariciou meus lábios, enquanto sentia o ar fugir dos meus pulmões.
- Seu cheiro é embriagante. - Sinto a respiração do meu marido próximo ao meu pescoço. - Por favor, peça para eu me afastar, Amber.
- Eu...
As palavras não saiam da minha boca, eu queria tanto quanto ele a troca de carícias, os nossos corpos juntos e suando, céus, eu quero James Carter.
Chegando a essa conclusão, me joguei no fogo. Não pensei muito, no entanto eu sabia o que queria, James estava lá para me oferecer tudo o que o meu corpo ansiava.
Em questões de segundos, perdi o controle e a noção do que me levou até lá e avancei sobre James Carter. Sua boca em contato com a minha me levou a loucura, o beijo fez meu corpo arder em desejo e eu queria mais. Tinha pressa e uma enorme saudade, seus lábios tinham o mesmo sabor e o mesmo efeito sobre mim.
-Eu quero você mais que tudo, Amber. Fui um um idiota por perceber tão tarde. - Escuto James falar enquanto me distancio do seu toque.
-Não posso continuar.
-Eu sei que fui um idiota, mas me dá uma chance, deixa eu provar que vale apena continuarmos juntos.
-James...
James tocou meus lábios com delicadeza e me ergueu em seus braços me levando para dentro do escritório e trancando a porta.
-Me deixe te amar, Amber.
Eu apenas me entreguei e criei um muro para que minha mente se desligasse do meu próprio julgamento. Meu corpo ardia com cada beijo de James, eu queria mais, e assim eu tive.
Retirei a camisa de James com rapidez, enquanto minha saia era erguida por ele. Eu estava tomada por desejo e ansiava por ele, nossos corpos se uniram e a cada movimento acima daquela mesa eu era tomada pelo prazer, meus gemidos era abafados pelos beijos ardentes que James me roubava.
Aquele momento era marcado pelo cheiro dos nossos corpos se amando e pelo som deles se encontrando em cada estocada. Eu estava rendida e prestes a chegar ao céu.
- Você é tão gostosa e está tão perto de gozar. - Mais uma estocada. - Goza no meu pau Amber.
Meu corpo chegou ao clímax, eu estava no céu, fui tomada por uma onda intensa de prazer quando sinto James se derramar dentro de mim em seu orgasmo.
Nossos corpos ficaram parados e se acalmando, a mesa estava assustadoramente confortável.
- Não posso viver sem você, Amber.
-O que aconteceu agora não quer dizer que vamos tentar.
-Não? -Ele pergunta sorrindo.
-Não. Sou uma mulher livre e solteira, isso pode acontecer.
-Você é casada, não assinei o divórcio sra. Carter. - Ele sorriu me beijando. - Mas como falei vou conquistar sua confiança e seu amor.
-Não será tão fácil assim.
Me levanto e começo a me vestir para ir embora.
-Aonde você vai? - Ele pergunta enquanto se veste.
- Embora. Mas antes, preciso que pare de mandar seus seguranças me seguir.
- Como falei, não posso. - Ele passa a mão bagunçando ainda mais seu cabelo. - Não é para te controlar que faço isso, só quero te manter segura.
- Tem algo acontecendo? -Perguntei preocupada.
-Melina ainda não foi encontrada e da última vez que a vimos ela estava na cidade. - James se aproximou e com seus olhos demonstrando extrema preocupação me encarou. - Não vou deixar que nada de ruim te aconteça. Os seguranças continuaram.
- Mas...
- Não tem negociação. - Ele me beija delicadamente e retribuo. - Vamos jantar amanhã.
- Não posso, tenho que ir trabalhar. - Sorrio.
-Fico feliz por você, mas vou te buscar no trabalho.
- Não falei de que horas saía e nem onde estaria. - Falo sorrindo.
- Não se preocupe, eu descubro.
Ou seus seguranças me seguindo, eu penso.