Siga as regras Sra.Cabello
Narrador | Point of View
Naquela manhã, Camila acordou de mais um pesadelo e colocou a mão no peito, acalmando os batimentos cardíacos, saiu da cama descalça e caminhou até a porta, quando a abriu, seus sapatos perdidos apareceram.
Oh, Jesus Cristo...
No quarto ao lado, ela estreitou os olhos, notando a boneca sentada ao lado da lista de regras, mal conseguiu reunir forças para voltar correndo para seu quarto e fechar a porta, pegou o telefone com fio tentando ligar por ajuda.
Infelizmente o telefone não funcionava e Camila se desesperou segurando as lágrimas, ela não aguentava mais aqueles acontecimentos e logo enlouqueceria como o casal.
Ela andou em círculos pelo quarto até que o telefone tocou.
- Alô....Alô!
- Camila...
Ela rapidamente desligou o telefone, era uma voz infantil chamando seu nome, suas pernas perderam a força e seus braços descansaram na cama, ela estava longe da porta sem saber para onde correr.
O telefone voltou a tocar.
- Alô!...Quem é?...
Sua voz mal estava presente, ela sentia suas forças indo embora e a qualquer momento sua pressão poderia cair. Um desmaio naquele momento seria a melhor opção para libertá-la desse tormento.
- Por favor, saia do quarto...Venha brincar comigo, linda cubana...Camila?
- Quem é!
Ela estremeceu, o telefone quase caindo de suas mãos depois de pensar em uma hipótese. Mas não poderia ser isso. Ela estava realmente ficando louca.
- Por que você não segue as regras?
- Meu Deus.... - sua mão tremia enquanto ela colocava o telefone no lugar. Ela jogou fora aquele objeto enquanto apertava os cabelos - Me deixe em paz!
Ela estava tendo um ataque de pânico e estava encostada na parede, deslizando o corpo, debaixo da porta ela viu uma sombra de pequenos passos se aproximando.
E a sombra estava batendo na porta.
- O que você está fazendo?.... - Ela não conseguia controlar o desespero, chorava como uma criança em meio ao pânico.
A sombra estava se afastando e ouviu a canção de ninar de Lauren, era a favorita dela.
- Eu prometo que vou ser uma boa menina. É o seu favorito.
Ela franziu as sobrancelhas e só se levantou do chão quando estava mais calma, caminhou calmamente até a porta e apertou aquela maçaneta, aquela voz era calma e não parecia agressiva, ela estava paranoica em presenciar um fenômeno inusitado, de forma involuntária ela abriu a porta.
Era uma bandeja de sanduíche de gelatina, não havia sinal da boneca no corredor.
A boneca estava sentada naquele mesmo lugar ao lado da lista, Camila pegou lentamente a bandeja e riu, uma risada nervosa sem saber o que fazer e apenas olhou para a boneca uma última vez antes de entrar no quarto.
Ela estava realmente paranóica.
O telefone não tocou mais, ela soltou risadas nervosas no quarto sem acreditar no que havia acontecido, a boneca havia trazido o café da manhã para ela.
Ela caminhou até a boneca, se abaixando na frente dela, passando a mão no rosto e notando a lista ao lado dela, como isso era possível Camila não sabia, mas tinha acontecido.
- É isso que você quer de mim?
O telefone começou a tocar.
- Tudo bem.
Ela atendeu o telefone deixando Lauren sozinha em seu quarto, era Austin.
- Aconteceu uma coisa estranha. Quando cheguei, Dona Jauregui disse que Lauren pegou meu sapato e que ela estava brincando e eu pensei que era brincadeira....
Aquele sorriso impressionado nunca saiu de seu rosto, ela ficou surpresa e chocada ao mesmo tempo, seu coração ainda batia sem limites mas ela só sabia rir.
- Camila... você está bem? Onde estão seus sapatos? Precisa de um novo?
- Isso não tem nada a ver com meus sapatos.
- Não sei se entendi. Mas liguei para saber se você estava...
- Tenho que desligar.
- Camila....
~~ & ~~
O Sr. e a Sra. Jauregui estavam caminhando perto do lago, antes de escreverem uma carta de despedida e a Sra. Jauregui pedir perdão por suas ações passadas e presentes enquanto carimbava a carta.
O casal desceu as escadas de mãos dadas até o lago, pegando pedras maiores para colocar nos bolsos.
Eles deram as mãos e se entreolharam pela última vez antes de começarem a caminhar em direção à água, seus corpos afundando até não estarem mais submersos.
Na manhã seguinte Camila se levantou dizendo bom dia para a boneca antes de pegá-la no colo e descer as escadas com Lauren nos braços, ajeitando seu cabelo e roupas para prepará-la enquanto entravam na sala de música, a ópera que Lauren gostava tanto estava tocando alto e claro.
Ela arrumou a mesa para a primeira refeição e comeu na companhia de Lauren, sempre atenta a qualquer movimento voluntário vindo daquela boneca.
- Fui até a porta vendo as luzes se aproximarem na escuridão, mas ela vai sozinha? perguntou à esposa do porteiro. vai, e até onde é? Oito quilômetros, até onde o Sr. Ricky não tem medo de confiar nela para ir tão longe sozinho...
O telefone começou a tocar, atrapalhando a leitura de Lauren. E Camila simplesmente ignorou, esperando que fosse Austin, o homem começou a ligar para ela sempre que podia para saber sobre sua condição.
- Lembro-me um pouco da viagem....
Mas tarde, Camila caminhou um pouco com a boneca, trocou de roupa, leu poesia e a fez ouvir aquela ópera. Já estava escurecendo e ela colocou Lauren para dormir, cobrindo seu corpo.
- Acho que fizemos tudo.
Mas na décima regra tinha uma frase beijo de boa noite, algo que Camila não tinha percebido, ela não parou para ler as regras, só aconteceu naquele dia.
Mas naquela noite ela não o fez.
~~ & ~~
No dia seguinte Camila estava tocando piano ao lado da boneca, ela tocava as notas e parou para olhar a boneca com o instinto de entender se ela estava gostando mesmo, já fazia um tempo que ela não tocava nenhum instrumento.
- Acho que você poderia aprender isso, né Lauren. - ela sussurrou, rindo da própria interação, algo que ela nunca imaginou fazer.
Ela começou a tocar novamente e se assustou com a chegada de Austin, o homem esqueceu de bater para anunciar sua entrada.
- Austin... - ela pegou a boneca nos braços - o que você está fazendo aqui?
- Você não atendeu minha ligação. Então pensei em entregar as compras um pouco mais cedo esta semana. Mas posso voltar mais tarde...
- Tudo bem. Pode ficar, eu só não estava te esperando - ela abraçou a boneca como se fosse um recém nascido, Austin estava observando aquela mudança de comportamento, Camila geralmente não carregava a boneca pela casa.
- Tudo certo. Peguei a correspondência no caminho - a mulher estava diferente e ele não sabia explicar o que era. - Tem certeza de que está bem?
- Eu tenho. - Ela sorriu, um sorriso grande e gentil no qual ele sentia falta de ser o motivo disso. - Pode deixar em cima da mesa - saiu segurando a boneca em direção à cozinha.
- Parece que você e Lauren estão se dando bem.
- Sim - ela olhou para a boneca, continuou cortando as batatas para o jantar.
- Estava pensando que poderia compensar aquela noite na cidade, jantar, drinks, dançar e preciso avisar que sou uma lenda por aqui por causa da minha dança.
Camila ergueu a cabeça, sorrindo gentilmente, mas dividiu a atenção de Austin com a boneca e pensou com clareza.
- Obrigado. Mas acho que é melhor não fazer isso.
- Oh, você... você não está preocupada com Lauren, está? - ele riu sem jeito - Ela não vai se importar, né garotinha, não, eu estava esperando que ela fosse embora porque preciso de privacidade - imitou uma voz infantil e amadora. Camila parou suas tarefas analisando aquele som, não era parecido com a voz infantil de Lauren. - Acho que vou assistir TV, tomar banho, tirar um tempinho para Lauren...
Austin levantou a mão da boneca, fazendo um toque, como se ela concordasse com os planos dele para aquela noite, Camila apenas observou essa intenção com cautela.
Querendo saber qual seria a opinião de Lauren.
- Talvez outra hora.
- Tudo certo. Outra hora. - ele tirou o casaco do encosto da cadeira. - É melhor eu ir.
Austin ficou frustrado e colocou as caixas que carregava com os legumes no carro, parou um pouco antes de ligar o carro e suspirou, olhando mais uma vez para a casa antes de sair.
Camila estava observando sua saída pela janela sem ser notada; Ela pegou as batatas e colocou-as num prato, guiando-as até a boneca com a intenção de fazê-la comê-las.
- Lauren...está me ouvindo?...Lauren?
A Cubana realmente esperava que isso acontecesse? Sim. Se esses eventos eram reais e não coisas de sua cabeça, ela queria ter certeza antes de pensar que era uma lunática.
- Pegue a comida - seu olhar caiu, ela ficou frustrada com a demora e seus lábios começaram a tremer - Se houver algum espírito nesta casa, por favor me dê um sinal - ela colocou os dedos perto dos lábios; controlando a voz chorosa.
Ela estava abalada, não dormia bem e só queria ter uma certeza em sua vida. Ela demorou muito e pegou aquele prato de comida, pensando que era patética, até tentou assustar a boneca para ver se encontrava alguma reação.
- Dane-se.
Deu as costas para a boneca e ao jogar a comida no lixo, virou-se e viu que a boneca havia sumido e quase deixou cair o prato no chão, agora a boneca estava sentada no chão.