Seja boa com ela, e ela será boa com você. Seja mau com ela e...
Narrador | Point of View
- Não sei. É muito assustador. Uma casa grande no meio do nada, sem vizinhos, as janelas não abrem e não tem sinal de celular.
Ela segura o telefone com fio em direção à cama, cruza as pernas e coloca um travesseiro no colo.
- Camila, você sabe que precisava fugir, a situação é perfeita para você.
- Até parece que estou me aproveitando deles.
Ela massageou as têmporas. Recentemente ela tem tido dores de cabeça com tudo o que estava lidando ao mesmo tempo.
- Não, você só está sendo paga para cuidar de uma boneca.
- Você tem que ver como eles interagem com a boneca.
- Sim, pelo que você me contou parece assustador. Mas é apenas por alguns meses e você aguenta.
- Normani se fosse só por duas semanas....
- Camila! Você precisa desse dinheiro. Você pode começar de novo e esquecer o que aconteceu.
- E então?...
- Você vai ficar bem.
- Você tem razão.
- Oh....
Camila não gostava de sentir emoções fortes, geralmente eram sensações ruins que faziam seu peito doer.
- Normani, como você está? algo aconteceu?
- Ele não para de ligar. Ele chegou em casa e assustou muito as crianças.
A Cubana fechou os olhos com apreensão imaginando como simples palavras mudaram o destino da sua vida, por que você não viu o que estava diante dos seus olhos? teria evitado cair em uma grande armadilha.
- E o que você disse para ele?
- Nada. Óbvio. Acho que ele nem se importou com a ordem de restrição.
Aquelas crianças não mereciam presenciar seus problemas, ela era grata a Normani por ser um dos poucos contatos dispostos a ajudá-la, mas não queria que sua amiga se envolvesse tanto, algo ruim poderia acontecer com sua família.
- Tudo bem. Não se envolva.
- Fique calma.
- Diz que não entrou em contato comigo e não sabe onde estou.
- Eu sei... só não quero ver você se machucar de novo.
A ligação foi encerrada por Camila que se jogou na cama respirando fundo, ela ainda não havia se perdoado por ter sido tão ingênua a ponto de cair em conversa fiada, se ela tivesse tentado ser como Normani ou suas outras amigas nada disso teria acontecido, infelizmente os pais dela têm parte na culpa.
~~ & ~~
De manhã, Camila se levantou para se arrumar para descer e deixou os lençóis dobrados, prendeu o cabelo para trás e vestiu uma blusa branca de botão, calça jeans, ela estava vendo seu próprio reflexo tentando tirar a conversa de ontem da mente.
E ao colocar a franja atrás da orelha ouviu pequenos ruídos, parou de mexer nos cabelos para prestar atenção naquele som que estava presente mais uma vez, alto e claro.
- Como você pode! O que você fez! Espere até eu contar para o seu pai, não acredito... Mamãe tem que ir agora, e você tem que ser uma boa menina...
Ela se assustou com aquele barulho e ao se aproximar do corredor a porta do quarto da boneca estava entreaberta, Dona Jauregui abriu as cortinas e se abaixou na frente da boneca, começou a conversar e o quarto parecia despedaçado.
- Sinto muito pela pressa Sra.Cabello - Camila saltou do lugar, o avô estava atrás dela com aquele mesmo terno azul escuro - Já faz muito tempo que não tiramos férias e estamos muito animados.
Ele coloca a palma da mão nas costas da senhorita Cabello para que ela possa segui-lo escada abaixo.
- Além disso, Lauren parece ter gostado muito de você, só queria ter dito a oportunidade de explicar as necessidades de uma criança tão única como a nossa Lauren, você vai aprender tudo, tenho certeza. Tenho um diário que vai te ajudar durante o processo, é importante que você siga as regras pois Lauren não é como as outras crianças, ela pode ser bastante pegajosa e acredito que a mimamos um pouco ao longo dos anos.
O motorista estava posicionado na entrada, o homem avisou que Austin traria as compras uma vez por semana e o pagamento, ele também responderia a quaisquer outras dúvidas que ela tivesse.
Eles estavam um pouco agitados porque já fazia um tempo que não iam a lugar nenhum, Dona Jauregui desceu segurando a boneca e o homem beijou aquele rosto irreal.
- Seja boa com ela, e ela será boa com você. Seja mau com ela e...
- Ela vai ficar bem. Não é Sra. Cabello?
- Sim, vou cuidar dela como se fosse minha filha.
Aquela mulher beijou profundamente a boneca antes de entregá-la à senhorita Cabello, ela rapidamente se aproximou para sussurrar sinto muito. Camila imediatamente estranhou aquela reação, o homem chamou pela a esposa antes que a cubana perguntasse mais alguma coisa, seguiu o casal até a entrada da mansão e viu o carro levando-os embora.
Camila fechou a porta da mansão ainda segurando a boneca, ela estava absorvendo os acontecimentos mas era tão bizarro de acreditar, na primeira oportunidade ela largou a boneca em uma cadeira de costas para ela, a casa estava em silêncio e ela só conseguiu ouvir o ponteiro do relógio.
Ela olhou para a boneca mais uma vez, respirando fundo antes de pegar um pano médio e cobrir o corpo da boneca.
- Me perdoe Lauren, mas você me assusta.
Ela teve o dia inteiro para se ocupar e resolveu arrumar suas coisas, tirou as roupas da mala e colocou no guarda-roupa, tinha à disposição uma cômoda com espelho e infelizmente seu celular não tinha sinal.
Na tela de bloqueio havia uma foto antiga com sua irmã mais nova, era Natal. E ela gostava de comer biscoitos e leite que sua irmã deixava lá embaixo para o Papai Noel.
Ela desceu as escadas depois de lembrar da família, segurando duas latas de comida e passou sem olhar para a boneca coberta, não acreditava que iria dormir com aquela coisa na mesma casa por meses, não gostava de bonecas.
Sanduíche de geleira para abrir o apetite e depois uma taça de vinho branco enquanto lê um livro de aventuras sentada na poltrona com os pés esticados sobre a mesinha menor.
A boneca permaneceu no mesmo lugar e Camila ocasionalmente olhava para aquele canto da sala de estar toda vez que tinha que atravessar o corredor, mesmo sabendo que era apenas uma boneca, seu subconsciente acreditava que um dia ela se moveria.
Deixou a garrafa ao lado do copo e se cobriu com o cobertor, depois de alguns segundos adormeceu e só acordou depois de escurecer.
Ela se levantou para guardar a garrafa, o copo é o prato do sanduíche, ao passar pelo corredor onde a única luz estava acesa ela viu o outro cômodo da sala onde Lauren estava. Sem o pano cobrindo o corpo, ela acalma os passos, observando com cautela.
Seu subconsciente não foi tão rápido depois de acordar de um sono profundo e ela tinha certeza de ter colocado a capa na boneca, mas talvez ela a tenha removido ou caído enquanto estava bêbada, mas ela não bebeu tanto.
A pano poderia ter escorregado e caído no chão, aproximando-se da boneca enquanto seu subconsciente trabalha para encontrar uma resposta plausível sobre aquele fenômeno.
Deixou cair a bandeja no chão com as coisas em cima e viu a capa no chão, rapidamente pegou a boneca e levou-a para cima onde a jogou ao acaso em cima da cadeira de balanço.
~~ & ~~
Estava chovendo forte lá fora e Camila estava deitada na cama aproveitando as cobertas quentes e a cama aconchegante, mas um pequeno barulho a acordou imediatamente e seus olhos se arregalaram quando seu subconsciente a lembrou que ela estava sozinha na mansão.
Vestindo sua camisola, ela se levantou da cama e segurou uma vela iluminando o caminho, o barulho aumentava gradativamente conforme ela se aproximava e era como se alguém estivesse chorando, naquele momento seu subconsciente não funcionava porque nem ela mesmo entendia o que estava acontecendo.
Ela desceu um pouco mais até se encontrar diante do quadro daquela família, se aproximou segurando a vela e iluminou o rosto daquela criança que de repente agarrou seu pescoço e Camila pulou da cama.
Seu coração estava agitado e os trovões não ajudavam na calmaria, ela estava recuperando o fôlego quando ouviu algo estranho e rapidamente se levantou, se fosse apenas um sonho ela não tinha nada a temer.
Ela entrou lentamente no quarto da menina e viu a boneca na mesma posição em que a havia jogado, era estranho mas quando se aproximou da boneca pôde ver marcas de gotas de água escorrendo por suas bochechas, e ela a limpou, certificando-se de que estava realmente molhado.
Mas uma gota caiu sobre a boneca e Camila percebeu que havia um vazamento no teto do quarto, o que aliviou um pouco seu subconsciente e seu coração.
- Mal cheguei e já estou ficando paranóica.
Ela colocou a boneca na cama e percebeu que havia uma entrada no sótão daquele quarto. Ela tentou abri-lo com uma vara de aço, mas não funcionou e acabou abandonando a ideia.