ESSÊNCIA (Jikook ABO)

By LuneInfinie

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[EM ANDAMENTO] Em uma sociedade desigual, Ômegas são marginalizados e culpados pela Vicissitude, uma doença c... More

🍁🍂AVISOS🍂🍁
🍂Trailer/Personagens/Playlist🍂
🍂 PRÓLOGO 🍂
Capítulo 01🍂
Capítulo 02 🍂
Capítulo 03 🍂
Capítulo 04 🍂
Capítulo 05 🍂
Capítulo 06 🍂
Capítulo 07 🍂
Capítulo 08 🍂
Capítulo 09 🍂
Capítulo 10 🍂
Capítulo 11 🍂
Capítulo 12 🍂
Capítulo 13 🍂
Capítulo 14 🍂
Capítulo 15 🍂
Capítulo 16 🍂
Capítulo 17 🍂
Capítulo 18 🍂
Capítulo 19 🍂
Capítulo 20 🍂
Capítulo 21 🍂
Capítulo 22 🍂
Capítulo 23 🍂
Capítulo 24 🍂
Capítulo 26 🍂
Capítulo 27 🍂
Capítulo 28 🍂
Capítulo 29 🍂

Capítulo 25 🍂

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By LuneInfinie

Oii, nenéns, que saudadee. Respirem fundo pra essa att longa 💜 pq enquanto vcs tiverem surtando, eu vou estar na praia. Já chego assim, apocalíptica.

O capítulo tá cheio de indicações de músicas, a playlist do Spotify tá lá no final da bio. O tempo todo lembrem que eu não escrevo finais tristes.

Ps1: Se tiverem poucos votos e comentários, vou fazer greve de felicidade.
Ps2: Ponto (.) não é comentário, é spam.
Ps3: Não pulem as notas finais!

Boa leitura! 🤭💜

#perfumedelobo

Exausto. É como eu me sinto depois de longos e terríveis sete dias de cio. Em compensação, os dois dias que passei com o Jimin foram muito bem aproveitados.

Infelizmente tive que fazer a sessão de terapia e desintoxicação hospitalizado, de tão desorientado que fiquei no fim de tudo. Minha irmã me acompanhou o tempo todo, faltando até nos seus plantões policiais. Não sei o que eu faria se não tivesse ela ao meu lado.

Para a minha surpresa, vi o amigo "Gui" do Jimin na mesma enfermaria que eu. E soube que o seu envolvimento com aquele ômega marginal resultou em uma Vicissitude nível quatro. Apesar de ter sentido muito ciúmes dele com o Jimin, e constatar que o lider da gangue dos Renegados pagou pela língua ao falar da minha doença, não fico feliz com mais um alfa doente.

ㅡ Eu não imaginava que a Vicissitude era tão horrível. ㅡ Yoongi puxou conversa comigo, mesmo sem me direcionar o olhar, quando deitei no leito ao lado do seu, para tomar medicação.

ㅡ É a própria morte em vida ㅡ respondo, também sem olhar para ele. ㅡ Principalmente por ter que ficar longe de quem você ama.

ㅡ Como você consegue? ㅡ indaga, baixo, abafado.

ㅡ Não consigo. ㅡ Viro a cabeça em sua direção, percebendo que ele faz o mesmo. Uma máscara de oxigênio impede que eu veja a real expressão do rosto pálido. ㅡ Talvez seja por isso que no final nós sempre morremos.

Não vamos morrer, Jungkook. O amor sempre vence.

Ankor é iludido o suficiente para afirmar.

Depois dessa conversa, saí de alta e ele permaneceu no hospital. Não foi difícil arrancar a informação com Namjoon de que Yoongi está com uma intoxicação tão severa, que o seu lobo está sendo infectado aos poucos. Infelizmente, não terá muito tempo de vida útil.

A minha doença, apesar de ter um nível mais grave, não progrediu como a dele. Afinal, desde que descobri, faço um tratamento rigoroso, até mesmo com a minha alimentação. Já Yoongi não tomou todas as precauções necessárias.

Não é por isso. É porque eu sou um alfa lúpus forte e invencível.

Espero, de verdade, que ele consiga viver pelo menos mais um ano.

🍂🍁🍂

É chegado o dia das Competições Nacionais e o Centro Cultural de Karmania lota com grupos de canto finalistas de diversos países. Todos os professores se direcionam aos seus alunos, a fim de instruí-los para o início do evento. Eu faço o mesmo, depois de ter ajudado na organização do som.

Aqui, diante da turma que vou conduzir nesta tarde, sou o professor de sempre, com o cabelo preso em um rabo de cavalo, e um sobretudo preto, que esconde algumas veias que persistem em ficar arroxeadas.

O professor sério, que não destina a atenção a alguém em específico, a não ser quando meus olhos repousam em Jimin. Não consigo desviar meu olhar tão rápido, quando me deparo mais uma vez com a beleza surreal que ele adquiriu depois de harmonizado.

Jimin continua com o porte magro que tanto lhe incomodou por um tempo, mas sua postura é grandiosa. Uma calça mais justa e uma blusa branca de decote V reforçam isso. Imagens do seu corpo nu abaixo do meu, enquanto me recebia de forma tão corajosa e sensual, tomam a minha mente e me levam a trincar a mandíbula, antes de desviar minha atenção. O que me faz parecer ainda mais sério.

Meu amor nunca foi tão lindo quanto agora que mostra a sua aparência verdadeira.

Mais do que nunca o Ankor deve enxergar o lobo do Jimin nele.

ㅡ A ordem das apresentações é a mesma das competições regionais. Vamos esperar os resultados para seguir ㅡ oriento, depois de já ter passado todas as regras do evento com os meus alunos. ㅡ Podem ir para o espaço reservado a vocês, perto do palco.

Assim que dispenso os alunos, acompanho eles saindo do camarim. Entretanto, o aroma sedutor e ousado da pimenta rosa, mesclado ao da flor de cerejeira, alcança minhas narinas. Jimin agora é puro fogo. Assim como o Namjoon esfria o ambiente, Jimin emana calor por onde passa. Não é diferente agora que ele levanta da cadeira e caminha até estar de frente para mim.

ㅡ Oi, professor.

ㅡ Oi, estrelinha ㅡ respondo, cruzando os braços na altura do peito, contendo a vontade de lhe tocar.

ㅡ Você não parece nada com o Jungkook de dias atrás, que precisava tanto de mim ㅡ insinua, com um sorriso escondido no canto da boca. ㅡ Agora você está no modo professor.

Definitivamente, nada pareço com aquele alfa necessitado, agressivo e carente ao mesmo tempo. Agora, em pleno controle, percebo como o meu jeito descontraído, atípico, que se mostrava pouco antes do período do cio, era uma antecipação do meu desequilíbrio hormonal e emocional.

ㅡ Eu preciso estar no modo professor, você sabe, mas a minha vontade era te dar um beijo de boa sorte como na competição anterior.

Jimin suspira e, com uma mão, joga os cabelos acobreados para trás, antes de passear com as íris douradas pelo meu corpo.

ㅡ Como você está? ㅡ E pergunta, dando um passo à frente.

ㅡ Meu corpo ainda dói, minhas células nunca param de se degenerar, mas estou vivo, não posso reclamar.

ㅡ Achei que tivesse sido bom pra você, passar aqueles dois dias comigo, mas pelo visto ainda te fiz mal. ㅡ Jimin balança a cabeça para os lados, frustrado, mas eu busco o seu olhar e o encaro com toda a sinceridade que há em mim.

ㅡ Fazer amor com você, foi o mais perto que eu cheguei do céu.

A nuance de pimenta rosa fica mais intensa, o que me leva a respirar fundo porque ainda me sinto terrivelmente sensível à proximidade do seu corpo. Ou talvez esse seja o meu estado normal.

Se eu fosse mais sortudo, estaria recebendo carinho no pelo agora.

E se eu fosse mais sortudo, teria um lobo menos carente. É muita esquentação de cabeça.

ㅡ Você foi muito incrível comigo, mesmo não conseguindo se controlar bem. ㅡ Jimin pisca os olhos de fogo lentamente, hipnotizando o meu lobo, levando-me a conter o impulso do meu próprio corpo de se aproximar.

ㅡ Jungkook... talvez esse não seja o melhor momento, mas eu preciso te mostrar um vídeo.

ㅡ Um vídeo? ㅡ repito sem entender a importância disso.

Sem responder, Jimin retira o celular da sua calça justa e, quando desbloqueia a tela, percebo que já abre na galeria de mídias. Então ele põe em reprodução o que me choca desde o primeiro segundo. São inúmeros ômegas tendo suas casas invadidas e sendo agredidos.

Pelo que me parece é uma junção de vídeos gravados em diferentes datas, porque em seguida, aparece a imagem de uma sala grande, com pessoas amontoadas e doentes. Há um rapaz ao fundo que, apesar de paramentado, eu o reconheci. É Yoongi mostrando algumas um tablet, enquanto mostra a pílula Invicta-8 para ilustrar suas explicações. Pelo que consigo entender, essa pílula contém uma toxina chamada Sutanol, que está matando ômegas.

Há mães gritando pelos filhos doentes, pessoas mostrando para a câmera papéis com diagnósticos de gripe, quando claramente sofrem de sintomas diferentes. Não sei se acredito na veracidade dessas imagens, mas elas são fortes demais.

ㅡ Preciso mostrar isso ao maior número de pessoas possível. ㅡ Jimin pede aflito e recolhe o celular quando o vídeo acaba.

ㅡ A imprensa de Karmania nunca mostraria algo favorável aos ômegas ㅡ respondo, tão desconfiado quanto boquiaberto.

ㅡ Eu sei, mas tem muitas pessoas nas Competições Nacionais, se todo mundo que está nesse prédio ver já é uma vitória, já que tem jurados internacionais importantes, e alguns governantes de outros países. ㅡ Abro a boca para contestar, mas ele não me deixa interrompê-lo. ㅡ Além do mais, a imprensa pode não ouvir nosso pedido, mas ela está fazendo a cobertura do evento, tudo que acontecer aqui deve ser transmitido.

ㅡ Ok, mas como você vai conseguir mostrar a todo mundo no evento? ㅡ Estou certo de que isso não é possível, mas Jimin parece já ter um plano.

ㅡ É por isso que eu preciso da sua ajuda. Karmania é a sede das competições. Você é o único professor que tem acesso ao som, aos projetores e, principalmente, ao telão principal.

ㅡ Não... seja lá o que estiver pensando, esqueça ㅡ nego com o meu indicador, para ser enfático.

ㅡ Calma, deixa eu explicar. ㅡ Ao tempo em que ele fala, sua nuance de flor de cerejeira fica mais forte. Jimin está querendo me fazer relaxar. ㅡ Nós não queremos atrapalhar o evento. Vai ser no final das apresentações e das premiações. Quando estiverem mostrando os agradecimentos e os patrocinadores do evento.

Ajude ele, Jungkook. Devemos tudo ao Jimin e ao Rowan.

ㅡ Não. Peça qualquer coisa, peça um beijo que custe a minha vida mas isso não.

ㅡ Eu não quero um beijo agora se nós não tivermos um futuro depois, alfa. ㅡ Ele se aproxima mais. Um flash amarelo faz seus olhos brilharem.

ㅡ Não dá, nada pode dar errado nesse evento. Inclusive, estou esperando conseguir uma bolsa pra fazer minha pós-graduação na Eufloria, e quero que tudo dê certo para que você e o grupo inteiro seja premiado também. ㅡ Descruzo os braços e os jogo ao lado do corpo. ㅡ Eu nem sei se tudo que está nesse vídeo é verdadeiro, podemos nos meter na maior confusão.

ㅡ Olha só, eu sei que a sua bolsa é importante, mas não vai acontecer nada sobre isso. E, sobre a veracidade do vídeo, posso te garantir que é tudo verdade. Você não acredita em mim? ㅡ Ele me olha com as sobrancelhas ruivas unidas e a expressão contraída.

ㅡ Eu acredito, estrelinha e eu quero te ajudar, mas não podemos arriscar tudo em um evento dessa magnitude. Você me diz que ninguém vai sair machucado, mas não pode me dar certeza quando se tem um policiamento pesado no local. Então não é só sobre a minha bolsa e as premiações do grupo. É sobre a segurança de todos que estarão aqui.

ㅡ Nós precisamos fazer isso em um evento de grande magnitude, ou esses ômegas nunca vão ser ouvidos. Eu entendo que você não se coloque no lugar deles, mas eu não posso deixar o dia de hoje passar. Outro evento assim só vai acontecer no próximo ano, até lá não vamos ter mais ômegas vivos pra lutar.

Eu sei que você tem medo, mas ele precisa da nossa ajuda e nós devemos a vida a ele.

ㅡ Eu confio e vou te ajudar, mas podemos pensar em algo mais seguro e em outro dia.

ㅡ Se você vai mesmo me ajudar, precisa ser hoje. Fazer uma intervenção nesse evento pode significar a emancipação dos ômegas. E, como eu disse, é uma ação pacífica, ninguém vai se machucar.

Ter seus olhos suplicantes pousando em mim, esperando um sim, como se isso fosse mudar tudo na sua vida, consegue me desarmar. Entretanto, ainda tenho medo e receio de que algo dê errado.

ㅡ Posso só te perguntar uma coisa antes? ㅡ peço.

ㅡ Claro.

ㅡ Existe alguma possibilidade de você ir pra Ayslen comigo, caso eu ganhe a bolsa de pós-graduação?

Jimin respira fundo, parece ter receio de ser sincero, no entanto, não hesita como talvez fizesse há um tempo.

ㅡ Lá não é o meu lugar, Jungkook.

Não fale assim, podemos fazer um ninho novo lá.

É doloroso ouvir isso, porém deixa tudo às claras, o que eu posso ou não esperar. Talvez seja por isso que Jimin nunca responde se me ama de volta, talvez haja apenas incerteza do nosso futuro em seu coração.

Sua resposta, contudo, não me faz desconsiderar seu pedido de ajuda. Eu o amo, isso está acima do destino, do nosso futuro incerto. Espero apenas que ao lhe dizer sim, pessoas não se machuquem e o evento não seja estragado.

ㅡ Eu te ajudo, mas por favor, não faça eu me arrepender ㅡ aviso sério e Jimin sorri aliviado.

Estou orgulhoso de você.

ㅡ Vai dar tudo certo, eu prometo ㅡ garante, com o brilho nos olhos que eu tanto amo ver.

ㅡ Vamos, vou te levar até os bastidores.

Jimin me entrega um pendrive e esperamos o momento certo para que eu entre na sala dos projetores. Então, troco a programação dos vídeos que iriam passar no fim das premiações. Para a minha sorte, não vai ter quem confira, porque todos os vídeos serão reproduzidos no automático. Deixo a porta trancada e entrego a chave ao Jimin. Até conseguirem uma nova chave, quando perceberem que o vídeo está errado, ele já terá sido reproduzido até o fim.

ㅡ Essa chave não vai ficar comigo. Você sabe que eu não ajo sozinho, não sabe?

ㅡ Sim... ㅡ respondo, seco.

ㅡ Obrigado, de verdade. Eu sei que essa é uma prova de confiança muito grande e eu vou fazer de tudo pra honrar ela.

Estendo uma mão e, tão perto da sua face, desenho o contorno do seu rosto no ar. Meus dedos quase tocam sua pele, Jimin fecha os olhos como se sentisse. Seria uma ótima péssima ideia tocá-lo agora, porém, preciso respeitar a distância, principalmente após uma sessão de descontaminação pesada, como a que passei.

ㅡ Ok, agora vamos, porque temos um concurso para ganhar.

🍂🍁🍂

Pedi ao Jimin que saísse na frente, para que ninguém desconfiasse, só não esperava que no meio do caminho de volta eu fosse vê-lo conversando com a minha irmã.

ㅡ Você fica diferente sem o uniforme ㅡ ele afirma, observando o macacão azul profundo que ela veste.

ㅡ Hoje não estou de serviço, vim assistir o meu irmãozinho mais novo ㅡ explica, na sua pose de durona, com as mãos cruzadas atrás do corpo.

ㅡ Vocês são gêmeos. ㅡ Jimin relembra.

ㅡ Mas eu nasci um minuto e meio antes. Esqueceu?

ㅡ Sim, é verdade ㅡ ele ri cúmplice e ela retribui. Como sonhei em vê-los assim.

ㅡ Obrigada mais uma vez por ter ficado aqueles dois dias com o Jungkook. Eu detestaria se ele tivesse que passar o cio com um ômega.

ㅡ Lalisa... ㅡ chama, o receio estampado na face, mas prossegue. ㅡ Você sabe que eu não sou um alfa?

ㅡ Sei. A Azura reconheceu o seu lobo, mesmo não falando muito comigo, ela me disse que o seu lobo era diferente.

Minha irmã nunca quis ter contato com a sua loba. Dizia, assim como o senso comum, que lobos nos deixam loucos. Entretanto, Azura é gêmea do Ankor, quando ele se harmonizou comigo, ela foi impelida a vir à superfície também. Lalisa não sabia o que fazer, mas é mais ou menos quando a gente não quer criar um animalzinho e depois acaba se apegando a ele. Azura mostrou que nem tudo era como ela achava que sabia.

Quando volto a focar na conversa dos dois, vejo Jimin tocando na mão da minha irmã.

ㅡ Essa pulseira também é de diamante amarelo, assim como o colar do Jungkook?

ㅡ Sim, foi presente dos nossos pais. Gostamos de acreditar que essas jóias nos protegem ㅡ ela encara Jimin. ㅡ Elas têm a cor dos seus olhos.

ㅡ Queria dar sorte ao Jungkook também ㅡ ele responde com uma tristeza que me machuca.

Você me dá sorte, estrelinha, é o meu diamante amarelo vivo. Também é a minha esquentação de cabeça, às vezes, mas é a minha estrela preciosa.

Você é o lobo que o meu ninho precisava para estar completo.

ㅡ Bem, sorte eu não sei, mas desde que o Jungkook começou a se relacionar com você, anda mais feliz. E ele é tudo o que eu tenho na vida, então fico feliz também.

Antes que eu tenha tempo de analisar a declaração sincera e recíproca da minha irmã, ouço o sinal que chama todos para o início do evento. Jimin se despede dela e caminha em direção ao grupo da universidade de Daelim.

Antes de ir também vou falar com a minha irmã.

ㅡ Quero você assistindo na primeira fila. ㅡ Dou um toque no ombro dela, para chamar sua atenção.

ㅡ E eu quero que você ganhe aquela bolsa de pós-graduação em Ayslen. ㅡ Quando ela lembra, meu sorriso murcha.

ㅡ Eu quero muito, mas se eu ganhar já sei que o Jimin não vai comigo.

ㅡ E a sua irmã mais velha não serve? ㅡ Lisa leva as mãos ao quadril e arqueia as sobrancelhas.

ㅡ Você também não quer ir, só disse que agora está disposta a ir porque percebeu que a Jennie não quer nada com você.

ㅡ Mas que merda, não tem nada a ver com isso!

ㅡ Xingamentos são indícios de descontrole e mente fraca. ㅡ Arqueio uma sobrancelha ao acusar.

ㅡ Não importa. Sobre a Jennie, eu só percebi que ela me procura quando sou útil, que é quando ela briga com o marido. Fora isso, não sirvo. Mas o real motivo pelo qual quero ir pra Ayslen não é esse.

Continuo olhando para ela, esperando que termine.

ㅡ Nossos pais diziam que quando eles fossem velhinhos e partissem, nós ainda teríamos um ao outro. Não me vejo morando longe de você. ㅡ Seus olhos brilham, mas ela leva as mãos ao rosto e impede as lágrimas por cair. Para disfarçar, minha irmã dá um soquinho no meu ombro. ㅡ Somos nós dois contra o mundo todo, lembra? Não faz sentido sermos os únicos Jeon's vivos e estarmos tão longe.

ㅡ E existe crime de ômegas em Ayslen. Pouco, mas ainda existe. Você pode trabalhar lá, vai ser até mais seguro. ㅡ Tento buscar a minha motivação inicial, antes mesmo de conhecer o Jimin, que era ir para Ayslen com a minha irmã.

Não tenho porque ficar tão triste, consegui convencer quem eu queria que fosse comigo para lá há muito mais tempo.

Já convencemos nossa irmã, depois convencemos o nosso Kappa.

ㅡ Nós dois contra o mundo, sempre foi assim, não é agora que vai mudar. ㅡ Puxo Lalisa para um abraço que ela corresponde e me permito ficar nesse aconchego familiar.

ㅡ Está nervoso para a apresentação? ㅡ indaga quando se afasta, antes de gesticular para que eu caminhe ao seu lado.

ㅡ Bastante... ㅡ Caminhamos na direção do auditório, onde já consigo visualizar o grande palco.

ㅡ Põe o diamante pra fora. Ele absorve as emoções e limpa a alma, você sabe. ㅡ Ela olha para o meu peito e eu faço o que sugeriu. Trago o pingente, através do cordão, para fora. ㅡ Vocês vão se sair bem.

ㅡ Obrigado. ㅡ Abaixo a cabeça para que ela consiga dar um beijo em minha testa.

Então eu vou até o meu grupo e assisto todas as apresentações que antecedem as nossas, junto deles. É uma ótima péssima ideia, porque isso me deixa terrivelmente ansioso, mas também confiante por perceber que não somos inferiores nessa competição.

Assim que somos chamados, e a nossa apresentação em grupo sai perfeita, começo a acreditar mais na possibilidade de ganharmos. Ver o grupo que eu preparei catando de forma terrivelmente magnífica, enquanto toco piano para eles, é de dar orgulho.

A fase de trio também é marcada por muito talento. Porém, quando se aproxima o momento da apresentação da dupla, sou chamado no camarim do grupo, por Jimin, para resolver um problema. Félix está com a voz falhando. Quanta esquentação de cabeça.

ㅡ Por que ninguém me contou antes? ㅡ questiono entre pausas, tentando não perder a pouca paciência que possuo.

ㅡ Ele... ㅡ Jimin começa a falar, mas Felix toca em seu braço e o impede, para que ele mesmo explique.

ㅡ O erro foi meu, achei que iria me recuperar a tempo, mas quando fomos ensaiar só mais uma vez, percebi que não vai dar ㅡ diz com medo, mirando as íris vermelhas em todos os pontos da sala, menos em mim.

ㅡ É lógico que você não iria se recuperar a tempo. Desgaste na voz exige repouso vocal e você está ensaiando praticamente todos os dias. ㅡ Passo as mãos pelos meus cabelos presos, bufando. ㅡ Eu sempre aviso a vocês, repouso vocal antes das apresentações e você me avisa que está com a voz falhando agora.

Enquanto falo, sinto o aroma inconfundível de flor de cerejeira e pimenta rosa me cercando, tomando espaço em meus neurônios, relaxando meus músculos contra a minha vontade. Olho para Jimin, que me devolve a atenção, e digo terrivelmente sério:

ㅡ Não. Faça. Isso.

ㅡ Professor... ㅡ chama, manso, traiçoeiro, aproximando-se até tocar na barra da manga do meu sobretudo. ㅡ E se você cantar comigo? As regras permitem?

ㅡ O quê? ㅡ arregalo os olhos e franzo o cenho ao ouvir a proposta. ㅡ Tecnicamente, permitem, mas eu sequer ensaiei com você.

ㅡ Mas já viu o Jimin ensaiando comigo, conhece a música, você mesmo corrigiu onde a gente estava errando. ㅡ Félix argumenta, gesticulando no espaço entre Jimin e eu. ㅡ Quem melhor do que o professor pra me substituir?

Se eu pensar bem, os outros professores cantaram com seus alunos. Não estaremos trapaceando se eu fizer isso.

ㅡ Por favor... ㅡ Jimin lança seu olhar dourado mais suplicante para mim.

Se eu pudesse cantar por você, estaria uivando agora mesmo, só por causa desse pedido.

Deixa que eu resolvo isso, emocionado.

ㅡ Ok, já que é o jeito.

É, cantar com o aluno que mais me afeta, parece ser uma ótima péssima ideia.

🍂🍁🍂

Falta apenas a dupla de Karmania se apresentar e eu estou aqui, no palco com o Jimin, para isso. Quando a banda começa a introdução, Jimin já me olha, pronto para interpretar a canção "Tattoo". Sua letra difícil de cantar e, talvez, isso se deva pelo fato de que a verdade dela pode ser aplicada a nós. É ele quem inicia.

⟩⟩ Tattoo - Loreen ⟨⟨

Eu não quero ir, mas, meu bem, nós dois sabemos. Esta não é a nossa hora. É hora de dizer adeus.

Devolvendo o seu olhar de fogo com a mesma intensidade, eu canto a segunda estrofe.

Até nos encontrarmos novamente. Porque este não é o fim. Vai chegar um dia em que encontraremos nosso caminho.

E nós cantamos juntos:

"Violinos tocando e os anjos chorando. Quando as estrelas se alinharem, eu estarei lá."

Ah, eu não me importo com os outros... ㅡ nego com a cabeça enquanto canto.

Porque tudo que eu quero é ser amado... ㅡ ele canta levando uma mão ao coração.

Apontamos um para o outro enquanto cantamos juntos:

"E tudo que me importa é você.
Você grudou em mim como uma tatuagem."

Não, eu não me importo com a dor. ㅡ fecho os olhos, sendo sincero. Não é apenas uma interpretação.

Eu vou andar pelo fogo e pela chuva. ㅡ Jimin põe a alma na voz potente, esperando-me quando abro os olhos.

E cantamos juntos mais uma vez, tão sincronizados que nos curvamos para frente ao mesmo tempo, projetando nossas vozes.

"Só para ficar mais perto de você. Você grudou em mim como uma tatuagem."

Sinto que imprimimos nossa verdade nessa canção. Talvez seja por isso que no momento em que acabamos a apresentação, uma chuva de aplausos alcança os nossos ouvidos, levando-nos a sair da nossa bolha e olhar para o público.

Sorrimos e ficamos lado a lado enquanto o apresentador do evento fala, antes de anunciar a decisão dos jurados.

ㅡ Apenas três duplas passarão para a fase dos solos e competirão a prêmios em dinheiro e bolsas para estudar nas mais renomadas escolas de música do mundo... E os vencedores da fase de duplas são as universidades de Ayslen, Karmania e Venetta.

Eu respiro aliviado e ouço o grito curto e eufórico de Jimin, ao meu lado. Ele se vira em minha direção, animado com o anúncio. Sem calcular suas ações ele pula no meu colo e esconde a cabeça no meu pescoço.

ㅡ Parabéns, estrelinha. Só falta o seu solo agora ㅡ sussurro contra o seu cabelo.

ㅡ Obrigado, professor, parabéns também. ㅡ À medida que se afasta, sua bochecha desliza na minha.

Seguro-o mais forte contra o meu corpo e nos encaramos, por pouco tempo, logo o seu olhar recai em minha boca. Sou levado a fazer o mesmo, engolindo saliva com dificuldade, tamanho é o meu desejo de beijá-lo.

Dessa vez não reprimo a vontade. Não importa se os outros alunos estão vendo, desço Jimin do meu colo para ter a liberdade de segurar o seu rosto com as duas mãos, e toco nos seus lábios com os meus. É furtivo, mas quente, macio, com sabor de desejo reprimido. Embora eu queira mais, até a rebeldia tem limite.

No instante em que solto o Jimin, meus alunos gritam comemorando, e correm para nos abraçar, por termos passado para a final. Ouço Félix cochichando algo com o Jimin sobre sermos um casal com muita química. Não posso deixar de concordar.

É porque somos os lobos mais poderosos do mundo.

Agora ficaram apenas as melhores vozes para competir na final. Os dois primeiros alunos cantam muito bem e, ao passo que os finalistas se apresentam, vejo o nervosismo de Jimin se intensificando. Posso jurar que sinto a sua tensão em meus músculos. Poucos instantes antes de chegar a sua vez, eu aromatizo apenas para ele.

ㅡ Obrigado... ㅡ murmura com um sorriso no momento em que é chamado ao palco.

Secretamente fico pensando no que será feito deste lugar depois que aquele vídeo gravado pelos Renegados for mostrado. Contudo, deixo o pensamento para assistir a apresentação mais linda dessa tarde que já está chegando ao fim, para dar lugar à noite.

Enquanto se apresenta, trechos específicos me lembram de como essa música remete a tudo o que Jimin descobriu acreditar, como ela fala sobre o seu propósito. Por mais que eu não pense como ele, admito que é admirável.

⟩⟩ Stand Up - Cynthia Erivo ⟨⟨

"Oh, eu tenho olhos atrás da minha cabeça. Para o caso de eu ter que correr. Faço o que posso, quando posso, enquanto posso, pelo meu povo."

Jimin é todo feito de fogo e autoconfiança. Seu talento brilha assim como os seus cabelos e olhos. Todos o admiram, sabem que ele é harmônico e o respeitam por isso. Afinal, na nossa sociedade, você "enfrenta" os lobos, ou fica louco por tentar contato com eles e não conseguir.

"Então eu vou me levantar. Levar meu povo comigo. Juntos estamos indo para um novo lar. Você pode ouvir o som da liberdade?"

"E eu não me importo se eu perder um pouco de sangue a caminho da salvação. E lutarei com a força que tenho até morrer."

Ele olha para o fundo do auditório e só então eu percebo. Esse lugar está cheio de ômegas e betas, reconheço vários da gangue dos Renegados, porém não sinto o cheiro deles. Será que se perfumaram para se passarem por alfas? Então foram eles que colocaram todo o plano na cabeça do Jimin. É óbvio, foram eles que gravaram tudo o que vai ser mostrado aqui.

Confie no nosso Kappa, Jungkook.

"Eu ouço a liberdade chamando".
"Eu vou preparar um lugar pra vocês".

Jimin olhou algumas vezes para os seus pais na plateia, mas canta mesmo é para os seus seguidores. Quando acaba a apresentação, ômegas e betas aplaudem mais eufóricos do que o restante das pessoas.

ㅡ Você foi perfeito ㅡ elogio maravilhado.

ㅡ É que o meu professor é muito rigoroso, ele me preparou bem.

O tempo que os jurados levam para escolher o vencedor é longo. Fico esperando com Jimin ao meu lado e todo o coral atrás de nós. Os outros dois grupos também esperam com os seus solistas finalistas, cada país fica em um espaço do palco.

ㅡ Chegou o momento que todos esperávamos. A competição foi dura, todos os competidores deram o seu melhor, mas só temos um primeiro lugar. ㅡ O apresentador dá início ao discurso. ㅡ O terceiro lugar, é do país de Venetta, parabéns!

Todos aplaudem o grupo que conseguiu a terceira posição, mas logo o barulho cessa, para que o apresentador continue.

ㅡ E agora vou dizer quem é o campeão. Jovens, vocês fizeram um ótimo trabalho. Mas quem leva o prêmio de um milhão de tacos, mais bolsas de 100% para estudar na Universidade Federal Eufloria é....

Burlando a regra, tenho a ótima péssima ideia de segurar na mão de Jimin e apertá-la. Fecho os olhos e só abro quando escuto o homem anunciar:

ㅡ O vencedor do primeiro lugar são os nossos anfitriões, o país de Karmania!

Jimin arregala os olhos e leva uma mão à boca, antes que eu ceda à vontade de abraçá-lo, Félix corre até ele e faz isso. Confetes dourados começam a cair pelo palco. Não consigo fechar a boca de tão impressionado que estou. Apesar de acreditar no potencial do meu grupo, é impressionante ver quão longe chegamos.

Minha irmã pula com destreza no palco, mesmo sendo tão alto, e vem me abraçar. O meu sonho e o sonho dos meus alunos está sendo realizado.

Enquanto comemoro, o grande telão atrás de nós, começa a acender, afinal é o momento de mostrar as propagandas dos patrocinadores do evento. Seria.

ㅡ É agora. ㅡ Jimin toca em meu braço, conferindo minha aceitação nesse plano.

Não posso mais voltar atrás.

O início do vídeo mostra toda a pobreza em que os moradores de Portella vivem. Ruas com esgotos a céu aberto, crianças ômegas passando fome nas ruas, ruas sem asfalto, barracos onde era para existir casas, e muito mais. No decorrer do vídeo, passam as cenas de agressão que eu vi mais cedo, o que faz o apresentador olhar para os lados, procurando o que fazer.

ㅡ Parece que tivemos um erro técnico, mas a nossa produção já irá resolver. ㅡ Ele garante, com um sorriso amarelo no rosto. ㅡ Que tal um rápido intervalo? Temos cantina lá fora...

É tarde, todos estão de olhos atentos no telão, inclusive a imprensa do local, os jurados e governantes de outros países que vieram prestigiar o evento.

Apenas as imagens fortes, mostrando as supostas doenças e mortes causadas pela Invicta-8 já prendem a atenção de todos. É nesse momento que o grupo com mais de cinquenta ômegas e betas sai do fundo do auditório. Na frente deles está o líder, aquele ômega que sempre odiou a mim e a minha irmã.

ㅡ O que está acontecendo aqui? ㅡ Lisa questiona ao meu lado, todos parecem estranhar o vídeo.

ㅡ Essa é a verdade que vocês ignoraram por tanto tempo! ㅡ O líder ergue a voz, os olhos cor de violeta passeiam pelo auditório. ㅡ Essa pílula, que agora virou injeção, mata ômegas, o presidente sabe disso, e o ministério da saúde não faz nada por nós!

Todos os que estão atrás dele parecem ser do grupo, visto que assim que tiram os capuzes das capas que vestem, é possível ver seus cabelos descoloridos, menos o de Taehyung, amigo do Jimin, e o enfermeiro assistente do Namjoon.

ㅡ O governo de Karmania não quer ouvir o nosso grito, por isso viemos mostrar o que eles fazem com os ômegas aqui! ㅡ O ômega continua gritando. ㅡ Autoridades de todos os países que estão aqui, consultem a veracidade do vídeo e vão ver que só existe a verdade! Temos outras formas de provar também.

⟩⟩ Darkness Below - Red Moth, Beyond Awakening ⟨⟨

As pessoas mais parecem impressionadas com o vídeo e a presença deles, do que indignadas por esse grupo de ômegas ter invadido o evento. Todavia, a força policial do evento entra em ação, quando vai para cima deles.

ㅡ Não! ㅡ Jimin grita.

No entanto, é tarde, o embate começa. Estamos acostumados com a polícia espantando os ômegas dos lugares, mas agora os ômegas revidam. Quando os policiais ameaçam soltar bombas, os Renegados colocam máscaras de oxigênio. A polícia está armada, a gangue de ômegas também, e a multidão no auditório se espalha em busca de sair do prédio.

ㅡ Preciso descer pra ajudar. ㅡ Minha irmã avisa, mas seguro o seu braço.

ㅡ Você está de folga hoje. ㅡ Lembro, mas minhas mãos tremem porque conheço ela e sei que isso nunca vai segurá-la.

ㅡ Não me interessa, o meu dever é manter a segurança da população. As pessoas vieram para assistir um show, não para morrerem. ㅡ Lalisa puxa o braço e, antes de descer do palco, avisa: ㅡ Vou evacuar todos do local, eles não têm culpa.

ㅡ Eu vou ajudar eles. ㅡ Jimin se desespera ao meu lado, mas eu seguro em seu braço. ㅡ Não posso ficar só olhando. O Tigrão está lá, o Hook, Jin, Bang Chan, Ninja, Hyunjin, a Jisoo, até a Rosé, minha secretária. Acha que eu vou ficar aqui?

Não. O pior é que não espero que ele fique, sua reação corresponde exatamente a quem ele é. Mesmo assim, estou preocupado.

Também estou preocupado, mas não podemos decidir por ele.

ㅡ Não posso deixar você ir. Você não tem preparo como um policial, nem está armado.

Enquanto falo, Félix passa por nós e desce do palco. Jimin olha fixamente na direção da confusão. Aos poucos sinto minha mão esquentando bem na região onde minha pele toca na sua. No instante em que as íris de fogo se voltam para mim, vejo que não vou conseguir conter a sua determinação.

Me solte, alfa, não quero machucar você.

ㅡ Você não seria... ㅡ Antes que eu termine de falar, Jimin puxa o braço e pula do palco.

Quero decidir o que fazer agora, mas as cenas que vejo me paralisam, junto a uma dor terrivelmente lancinante na cabeça, que me faz fechar um olho. É um dos sintomas da Vicissitude que só aparece quando estou com o nível de estresse elevado.

Pessoas são empurradas enquanto tentam sair do local. Parece que mais ômegas brotam no fundo do auditório. Alguns armados. Vejo amigos de Jimin indo para cima dos policiais, o líder deles é pego e golpeado com cassetetes em sua cabeça, pernas e braços.

Jimin ajuda algumas pessoas que estão caídas, mas logo corre até o líder da gangue, junto com o enfermeiro ômega. Tento abrir mais os olhos, mas minha cabeça parece prestes a colapsar.

Ouço disparos vindos de policiais que trabalham com a minha irmã. Um deles entrega uma pistola para ela se defender. Então, vários ômegas sacam suas armas e esperam por algo que não demoro a entender. Esperam por permissão. E recebem, porque, mesmo caído no chão, o líder dos Renegados olha para eles e grita.

ㅡ Atirem!

E o que estava ruim fica pior, disparos são feitos de ambos os lados e o desespero cresce em todos que ainda estão no palco.

Precisamos fazer algo.

ㅡ Saiam daqui, vão para o camarim! ㅡ grito para os poucos alunos que ainda estão no palco.

O som ensurdecedor dos disparos parece estar muito perto de mim, Ankor tem razão, preciso fazer algo para tirar as pessoas que eu amo daqui. Forço meu corpo a se mover, mas sou surpreendido pelo barulho de uma bomba que forma uma cortina de fumaça, perfeita para que os ômegas consigam fugir.

Penso que está tudo prestes a acabar, mas vejo um deles apontando uma arma para mim lá de baixo. Não há como eu me esconder nesse momento, apenas penso se será doloroso.

Para a minha sorte, minha irmã também percebe a ameaça e, antes que o ômega consiga atirar, ela atira e o atinge no joelho. Não sei se o suspiro que dou é de susto, ou alívio.

A confusão parece estar chegando ao fim, muitos ômegas fugiram. Não vejo mais o Jimin, talvez tenha fugido também. Sabe que se ficar aqui, além de poder ser preso por estar com os ômegas, podem descobrir que ele é de uma raça nova.

ㅡ Estou bem! ㅡ grito para Lalisa que corre em minha direção.

Eu passo a mão na testa, trêmulo e aliviado, acompanhando o momento em que ela põe um joelho no palco para subir. Contudo, assim que fica de pé, Lalisa é alvejada na costela esquerda, onde põe a mão, antes de cair do palco.

Não!

Corro desenfreado e pulo do palco, até alcançá-la e me ajoelhar ao seu lado. Assim que trago o seu corpo para que deite em meu colo, analiso o seu estado. Embora esteja consciente, parece sonolenta quando me encara de volta. É desesperador sentir meu antebraço umedecendo com o sangue da parte posterior da sua cabeça.

ㅡ Calma, você vai ficar bem. ㅡ Sustento a sua cabeça em meu antebraço e grito palavras que achei que nunca mais iria usar. ㅡ Socorro! Alguém me ajuda! Ambulância!

ㅡ Me escuta... ㅡ chama baixo, não sei como escuto em meio a tanto barulho e confusão.

ㅡ Sshh, não fala nada... ㅡ peço e olho em volta. Não vejo ninguém conhecido, embora haja tantas pessoas precisando de socorro.

ㅡ Eu vou chamar os socorristas pra ela também! ㅡ ouço uma mulher gritando. Assim que avisa ela sai correndo em direção ao ambulatório do prédio.

ㅡ Jun... escuta... Eu sei que eu não acertei em tudo, mas tudo o que eu fiz foi tentando fazer o correto.

ㅡ Você não fez nada de errado, estava defendendo as pessoas inocentes desse lugar. Mas não fale agora, só fique acordada ㅡ imploro, sentindo meus lábios tremerem.

ㅡ Não vou conseguir ficar acordada por muito tempo. ㅡ Ela retira a palma das costelas e a põe em cima da minha mão. ㅡ Eu sinto... não vou ter outra oportunidade.

Meu desespero cresce com as suas palavras, não quero pensar no pior. O ferimento na costela mal sangra, ela está aguentando bem, não entendo o porquê está dizendo isso.

Com algum esforço Lalisa retira a pulseira do pulso, a jóia mais preciosa da nossa família. Automaticamente toco no diamante amarelo que carrego em meu peito, igual aos da sua pulseira.

ㅡ Não faça isso, você vai usar essa jóia até ficar velhinha ㅡ peço, mas minha irmã ignora e a coloca na minha mão.

ㅡ Não quero que você fique com ela, porque não quero que fique sozinho nessa vida ㅡ murmura baixo, entre pausas, fechando meus dedos para que eu aperte o acessório. ㅡ Entregue pra pessoa que for digna de ter a sua lealdade, assim como eu tenho a sua e você tem a minha.

ㅡ Que conversa é essa? Você não vai me deixar, não vou ficar sozinho! ㅡ vocifero, sentindo a vontade de chorar me vencer.

ㅡ Entregue a quem você puder dar a sua lealdade... ㅡ Minha irmã insiste.

Fico em dúvida se ela está delirando, ou perdendo muito sangue na cabeça. Agradeço aos céus porque logo os socorristas vêm e fazem o atendimento emergencial nela, antes de nos levar para o hospital geral de Daelim.

🍂🍁🍂

Ao passo em que desço da ambulância, recebo a notícia de que minha irmã precisa ir para a UTI. Ela já não está mais consciente e isso me desespera. Sinto-me terrivelmente perdido. Apenas quando Namjoon aparece para falar comigo, consigo respirar fundo, mas não por muito tempo.

ㅡ A ferimento na costela foi superficial, mas quando a Lalisa caiu, bateu a cabeça e isso causou um edema importante. Precisamos fazer alguns testes para saber como está a atividade cerebral dela, antes de te dizer qualquer coisa. ㅡ Namjoon explica, aqui na entrada do setor, com uma das expressões mais sérias que já vi em seu rosto.

ㅡ Como assim precisa fazer testes pra me dar uma resposta? Minha irmã vai ficar bem, eu vi o ferimento na cabeça, ela perdeu sangue, mas não tanto assim.

ㅡ O ferimento que você viu foi um corte superficial. O edema que eu estou falando, causou uma pressão no cérebro, comprometendo a circulação sanguínea e a oxigenação.

ㅡ Vocês não vão fazer uma ressonância, algum outro exame? ㅡ Aperto uma mão na outra, tentando me acalmar.

ㅡ A prioridade agora é manter os sinais vitais dela, Jungkook. Sua irmã não está em condições de fazer exames fora da UTI.

É tão mais grave assim do que eu pensei? Ankor se encolhe, parece com tanto medo quanto eu.

A minha irmã é forte, mas a sua energia está fraca agora, eu sinto.

Enquanto Namjoon informa, meu celular toca. É Jimin.

ㅡ Assim que eu tiver mais notícias, volto. ㅡ Namjoon avisa e se retira para que eu atenda a chamada.

Jungkook! Onde você está? Eu ajudei alguns feridos e te procurei, mas te perdi de vista. ㅡ Sua voz soa afobada. ㅡ Como você está?

ㅡ Estou no hospital Geral de Daelim, no corredor da UTI ㅡ respondo um tanto apático.

Você se machucou?

ㅡ Não...

Estou só pegando as chaves do carro com os meus pais e vou até aí. ㅡ Ele não espera resposta, encerra a ligação de imediato.

Passo minutos intermináveis pensando no estado de saúde da minha irmã, até que Jimin aparece no fim do corredor e se apressa para chegar na entrada da UTI.

ㅡ Eu sinto muito por tudo isso. ㅡ Ele abaixa a cabeça faz um gesto de negação, parece prestes a chorar. ㅡ ... Por não ter sido pacífico como deveria ser.

Seus olhos voltam a encontrar os meus, carregados de tristeza.

ㅡ O Hook está muito machucado, ele... está correndo risco de morte. Bateram muito nele, atiraram e... eu estou com medo. Não queria que nada disso tivesse acontecido.

Sinto muito mesmo que Jimin esteja se sentindo assim, no entanto, não consigo sentir pena daquele marginal.

ㅡ O que você esperava? ㅡ questiono sem esconder minha desaprovação. ㅡ É o que acontece sempre que eles estão em cena. Esse caos, essas tragédias. Eles mesmos procuram por isso e estão te arrastando junto.

ㅡ Eu pensei que você tivesse entendido tudo o que estão fazendo com aquelas comunidades, mas não, você não quer ver. ㅡ Jimin arregala os olhos, horrorizado com o que eu disse. ㅡ Por que você odeia tanto os ômegas?

Nunca contei a forma como perdi a minha família para ele. Por mais doloroso que seja, talvez seja a hora de revelar.

ㅡ Meus pais foram tomados de mim quando eu só tinha dez anos. Um grupo de ômegas que se intitulava como "Justiceiros" invadiu a nossa casa e esfaqueou os dois na minha frente e na frente da minha irmã. ㅡ Engulo seco, cada palavra dita pesa uma tonelada. ㅡ Eles levaram tudo de valor que acharam, e ainda disseram que iriam poupar minha irmã e eu da morte, não por pena, mas pra que a gente vivesse pra lembrar que não importava o que a sociedade fizesse com eles, os ômegas dariam um jeito de retribuir de forma pior.

ㅡ Jungkook... eu sinto muito... ㅡ Jimin murmura, boquiaberto.

ㅡ A gente só tinha uma tia viva e ela ganhou a nossa guarda. Moramos cinco anos com ela. O erro da minha tia foi ter se envolvido com um ômega, foi aí que desenvolveu Vicissitude e não resistiu. ㅡ Respiro fundo ao lembrar de mais uma fase difícil da minha vida. ㅡ Quando ela faleceu, o "tio" ômega expulsou a mim e a minha irmã de casa. Desde então tivemos que nos virar sozinhos, sem família e sem amparo, porque nos foi tirada a opção de escolha.

ㅡ Eu quero muito te abraçar agora e eu lamento mesmo por tudo que você passou. ㅡ Jimin junta as mãos, como se coubesse alguma explicação nesse momento. ㅡ Mas eu quero que você entenda que todos os ômegas não são iguais.

ㅡ Será mesmo? A minha irmã está na UTI. Mais uma vez sou ameaçado de perder a minha família. ㅡ O medo e a mágoa alcançam cada palavra dita por mim. ㅡ Estou correndo o risco de perder a única família que eu tenho, mais uma vez por causa de ômegas.

ㅡ Eu não sabia. Achei que você tivesse vindo ver o Namjoon porque ele está de plantão aqui. ㅡ Jimin fica boquiaberto, olha para o interior do setor, através das portas de vidro, depois volta a me encarar. ㅡ Jungkook... tem alguma coisa que eu possa fazer?

ㅡ Consegue voltar no tempo? Pra aquele momento em que você me fez o pedido que deu início a tudo isso? Pra aquele momento em que você prometeu que ninguém se machucaria? ㅡ Minha voz não se altera, não é necessário. Ele já está chorando.

ㅡ Me perdoa...

Não consigo sentir raiva do Jimin, talvez seja a nossa marca de almas agindo, talvez seja esse amor imensurável que não consigo remediar. Todavia, também não consigo fingir que está tudo bem.

ㅡ Não me peça perdão, mas torça pra que nenhum ômega desgraçado cruze o meu caminho.

ㅡ Não fale assim, essas pessoas são a minha família ㅡ pede com a face contorcida em angústia.

ㅡ Você não é um ômega! ㅡ vocifero, no fundo não querendo discutir, mas com o emocional abalado demais para me controlar.

ㅡ Mas eu tenho o mesmo objetivo que eles. Existe algo que une mais as pessoas do que propósitos?

ㅡ Eu achei que sim, o amor, mas eu estava enganado. ㅡ Dou uma risada seca, sem qualquer humor, enquanto escondo uma mecha que escapa do meu cabelo preso.

ㅡ Você fala de amor, mas o seu coração está manchado pelo ódio. ㅡ Seu tom de voz diminui, quase como se não quisesse que eu ouvisse.

ㅡ Não fale como se você soubesse o que eu sinto agora. Não é ódio, Jimin, é dor. E a dor física da minha doença sequer chega aos pés da dor de perder a minha família pelas mãos dessa raça. A Lisa é a única que me resta.

ㅡ Não diz isso, você também tem a mim. ㅡ Ele aponta como se fosse óbvio.

ㅡ Não, quem tem você são eles. Eu posso ter os seus sentimentos, mas quem tem a sua lealdade são eles ㅡ digo a realidade mais amarga, sentindo ela ferroar meu peito.

ㅡ É pouco ter os meus sentimentos? Tudo entre a gente é sempre tão intenso.

ㅡ Essa é a fraqueza da nossa relação. Nós temos intensidade demais e consistência de menos. ㅡ Com toda a dor que o meu coração é capaz de suportar agora, admito: ㅡ No fundo, nós sabemos que não é a Vicissitude que nos separa.

Jimin fica em silêncio, sabe que é verdade. Se ele mesmo não faz questão de mostrar o contrário é porque essa constatação lateja em nós dois.

ㅡ Me deixe sozinho, por favor.

ㅡ Não posso te deixar sozinho agora que a sua irmã está na UTI. ㅡ Ele dá um passo à frente; eu um para trás.

ㅡ Por favor... ㅡ Não consigo mais encará-lo.

ㅡ Certo. Vou respeitar, mas se precisar de mim, liga que eu volto. ㅡ Enquanto olho para o chão, ouço seus passos se aproximando, antes de sentir o toque sutil da sua mão em meu peito. ㅡ Eu sinto muito mesmo por tudo isso.

Sem que eu volte a lhe dedicar minha atenção, Jimin vai embora. Passo a noite no hospital, apesar de não conseguir dormir nas cadeiras da sala de espera. Talvez, se tivesse uma cama confortável eu ainda não conseguisse. Agora está de madrugada, mas não sei quanto tempo se passa até que Namjoon venha me ver, acompanhado de um neurologista.

ㅡ Como ela está? ㅡ Levanto da cadeira de imediato.

ㅡ Eu não queria te dar essa notícia... ㅡ Namjoon engole seco e hesita falar como nunca vi antes. ㅡ A Lalisa entrou em morte encefálica, constatada por dois neurologistas diferentes. Sinto muito, Jungkook.

Não, eles estão enganados. A minha irmã, a mulher forte que é, não. Por que o Ankor está tão angustiado? Ele não pode acreditar nisso.

Não sinto mais a presença dela, Jungkook.

ㅡ Ela só precisa de um tempo pra se recuperar ㅡ alego, tentando manter a esperança. Namjoon troca um olhar com o médico ao lado dele.

ㅡ Eu me chamo Lacerda, sou um dos neurologistas que fechou o laudo dela. Com a morte encefálica, os órgãos da sua irmã vão entrar em falência dentro de algumas horas. Talvez você queira saber que a sua irmã é doadora, ela era muito generosa.

ㅡ Ela é muito generosa! É! ㅡ vocifero, sentindo minha vista embaçada com as lágrimas que surgem.

Quando uma pessoa entra para o corpo policial de Karmania, ela preenche um formulário informando se quer ser doadora de órgãos. É a isso que ele se refere. Lalisa optou por ser doadora, mesmo sabendo que qualquer um poderia ser beneficiado, alfa, beta, ou ômega. A escolha foi dela, mas não consigo aceitar que essa é a sua realidade agora.

ㅡ Recomendo que você se despeça dela. Você precisa disso. ㅡ Namjoon toca em meu ombro.

⟩⟩ If By Chance - Ruth B ⟨⟨

Como se estivesse anestesiado, eu acompanho Namjoon pelo corredor branco e impessoal da UTI. Não consigo acreditar que a mulher que vejo quando abro a porta do quarto de enfermaria, respirando com suporte de ventilação mecânica, é a minha irmã. A mulher forte que, tendo a mesma idade que eu, cuidou de mim como se eu fosse mais do que o seu irmão, como se eu fosse um filho.

A dor que se alastra em meu peito é muito maior do que a que senti quando tinha dez anos. Agora sou adulto e entendo melhor tudo o que envolve o fato de perder alguém que amo. Convivi por mais tempo com a Lisa do que com qualquer outra pessoa.

Aproximo-me do leito, toco em seus cabelos, sinto vontade de gritar o seu nome para que ela acorde, mas sei que é em vão. Ankor se encolhe, chora, grunhe, pela perda de Azura. Humanos não vivem sem seus lobos, essa é a confirmação de que minha irmã não voltará.

Retiro a pulseira que ela me entregou do bolso do meu sobretudo e olho para os pequenos diamantes amarelos em minhas mãos. Penso no quanto o significado dessa pulseira não faz mais sentido se não está com a sua dona.

ㅡ Quando eu vou poder velar ela? ㅡ pergunto, sabendo que Namjoon está logo atrás, espera na porta.

ㅡ Vai poder velar assim que os órgãos forem doados, cumprindo assim a vontade dela ㅡ responde, mas ainda não acredito que estamos falando dela. ㅡ O corpo policial de Daelim já está sabendo e todos querem fazer uma homenagem à subtenente. Com a sua autorização, é claro.

Não consigo pensar em nada agora, principalmente sentindo a dor do Ankor junto da minha.

ㅡ Preciso sair daqui.

ㅡ Jungkook, não fique sozinho. Você não está sozinho.

ㅡ Sim, eu estou sozinho. ㅡ Olho para trás, observando o seu olhar preocupado sobre mim.

Namjoon também sempre esteve com os ômegas. Apenas o ignoro e volto a olhar para a minha irmã.

ㅡ Eu te amo e sempre vou te amar mais do que tudo. Vou honrar todo o seu esforço até aqui, de ver um mundo justo ㅡ sussurro com a voz oscilando em cada sílaba. ㅡ Eu juro...

Tento engolir o bloco de concreto que está em minha garganta, ao mesmo tempo em que passo por Namjoon para sair do setor. Ele não me impede. Saio do prédio e caminho a pé na direção da minha casa. Na verdade, sequer sei o que estou indo buscar lá de madrugada, mas continuo andando, mesmo quando começa a chover e as gotas se misturam às minhas lágrimas.

Sempre tive que aguentar todas as minhas dores pela minha profissão, pelos meus alunos, para mostrar autocontrole às pessoas do meu convívio social. Mas quando eu me abrigava no colo da minha irmã eu podia ser apenas um menino. Nunca precisei ser além do que eu podia ser, com ela. Sempre fomos nós dois contra o mundo.

Agora sou apenas eu.

⟩⟩ Dark Angel - Phil Rey Gibbons ⟨⟨

A dor que contamina o peito é tão dilacerante, que me sufoca e me impede de puxar o ar para dentro dos pulmões. Meus olhos ardem, meu corpo estremece e minha cabeça dói. Tantas sensações enfraquecem minhas pernas e eu desabo de joelhos sobre a pista molhada.

A minha irmã, a minha única família. O que vai ser de mim agora, como eu vou viver sem ela?

Eu só queria desmaiar, morrer um pouco e não sentir essa dor que me corrói de dentro para fora, mas não é o que acontece. Aos poucos o desespero vai dando lugar a um sentimento tão intenso quanto ele. Sinto ódio, ele corre em minhas veias, meu sangue está mais infectado do que nunca e queima o meu corpo, levando-me a lembrar, da pior forma, que ainda estou vivo.

Um grito rasga a minha garganta, quando projeto as minhas garras e rasgo o sobretudo do meu corpo. Consigo ver, pela camisa preta que visto, que minhas veias já não têm um aspecto arroxeado, elas exibem uma coloração preta, assim como os meus olhos. Meu peito sobe e desce rápido, pela ira, pela ânsia de reduzir a sangue aquele líder maldito, que idealizou o golpe que deu fim à vida da minha irmã.

Agora eu sei qual é o estágio final da Vicissitude. Ela acorda o lado mais animal do ser humano e contamina o seu lado piedoso, mas isso não é loucura. Sinto um certo prazer no ódio. Percebo a infecção do meu corpo se estendendo ao Ankor, vejo como ele sente o meu rancor, como foi corrompido pelo veneno que irá nos destruir um dia. Minha vida não faz mais sentido, mas antes de morrer vou me vingar.

Espero que o meu lobo, minha alma, a parte de mim que ainda era compassiva, não tente me impedir dessa vez.

Não vou te impedir. Vamos moer os ossos daquele ômega e de todos que ficarem no nosso caminho.

Gostaro?

Aqui vcs presenciaram um personagem passando pelo arco de queda. Eu já tinha falado sobre isso no Instagram. Que o nosso professor ia passar por esse arco.

Obs: Na vida real você não precisa assinar nada pra alegar que quer ser doador de órgãos, basta deixar sua família ciente sobre a sua vontade. Doe sangue, doe medula, doe órgãos, doe vida. 💜

O mês de novembro vai ser todo pra eu editar o manuscrito do 3° volume de 88° ANDAR, e escrever o capítulo extra do livro, então em Novembro não teremos att de Essência. Mas sempre que der vou escrever um pouco. Peço a compreensão de vcs e já agradeço, pq sei q vcs são maravilhoses. 😍

Um bjo e um tapa na bunda. 💜

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