Código Abstruso

Από JessicaFaustino

27 4 0

Em "Código Abstruso" entramos em um mundo onde as pessoas não precisam fazer escolhas. Aqui tudo é selecionad... Περισσότερα

ᨒ Sinopse
ᨒ Capítulo 1
ᨒ Capitulo 2

ᨒ Capítulo 3

3 1 0
Από JessicaFaustino

             Sinto vontade de alterar a rota para casa, mas outra paranóia predomina por cima desta, a de que estou sendo monitorada. Checo outra vez o espelho retrovisor e novamente não percebo nenhum veículo suspeito. Se o doutor Lúcio quisesse me segurar no consultório, ele o teria feito quando me viu deixando o prédio. Será que ele sabe que eu o reconheci? Talvez tenha acreditado que realmente estou menstruada e que senti necessidade de retornar para casa.

Me prendo a essa ideia.

O gps me acompanha pelas ruas que já conheço de cor. Imagino que o dr. Lúcio está sentado na cadeira da dra. Russell acompanhando de alguma forma, apesar de que tal função não seria responsabilidade sua.

Sinto um grande alívio quando finalmente passo pelo portão de casa. Desligo o carro, ligo o alarme e entro.

— Rosa, acenda as luzes, por favor.

— Luzes acesas. Seja bem-vinda, senhorita, Hannah.

Tiro a roupa enquanto caminho até o banheiro. Olho-me no espelho e percebo o quão assustada pareço estar. Essa semana me deu pequenas olheiras e meu cabelo precisa ver um pente e shampoo urgentemente.

— Rosa? — Ligo a torneira da pia e lavo o rosto com sabão líquido, removendo o rímel, o corretivo e o gloss.

— Sim, senhorita. — A sua voz robótica e feminina tão normal quanto a minha humana ressoa no banheiro.

— Faça um resumo dos remetentes das minhas mensagens e e-mail, por favor.

— Certo, senhorita Hannah. Por ordem de chegada, há uma mensagem do conselho escolar enviado pela sua supervisora de estágio, uma mensagem da secretária da senhora Russell, um email do Oliver e três SMS dele.

Estou prestes a pedir que ela as leia para mim quando o celular toca. Tiro o resto do sabão do corpo e procuro o celular no bolso da calça. É a mãe de Alex. Em seguida uma mensagem de texto sem número surge na tela:

"Acho que tem alguém em minha casa.
- May. " | Criptografado

Visto a mesma calça e puxo a blusa de cima do sofá.

— Rosa, onde está a minha chave?

— No encosto do sofá, senhora.

Retorno para pegá-las e com as chaves em mãos parto com destino a casa da sra. May. Efetuou várias ligações durante o caminho e todas elas chamam até cair na caixa postal. Observo rapidamente o lado norte, meu bairro, com os seus predinhos ficarem para trás, e de cores distintas e modelos padronizados as casas do lado oeste surgem me abraçando à medida que entro cada vez mais no bairro.

Pego a rua paralela com a principal, as luzes brancas nos postes são acompanhadas por árvores a cada dois metros uma da outra. Já é noite e dirigindo o carro procuro algum sinal das pessoas, dos guardas ou de algum burburinho que a sra. May tenha causado por conta do invasor. Me pergunto se ele ainda está dentro de sua casa, se fez alguma coisa com ela e se eu deveria ter pedido por ajuda.

Manobro em frente a casa da sra. May fazendo os faróis atravessarem de um lado a outro da varanda. Antes que eu pudesse me recriminar por não tê-los apagado, vejo como um vulto, uma sombra se movendo com rapidez no telhado, então salta para o muro e com toda facilidade pula para o próximo telhado.

Após os segundos de estupor, com a arma empunhada, entro na casa. Chamo a sra. May, que surge descendo as escadas.

— Hannah!

— Senhora May, está tudo bem?

Ela corre para as janelas.

— Está tudo bem com a senhora? — pergunto novamente. — Viu se tinha mais alguém aqui?

— Eu estou bem. — Vira-se para mim. — Assustada, talvez. Mas estou bem.

Olho para o alto da escada e verifico silenciosamente o andar de baixo, ciente da localização de cada cômodo.

— Acredito que não tenha mais ninguém. Eu ouvi os passos apressados e então eu estava sozinha. — Ela afirma quando retorno para a sala. — Eu percebi quando seu carro parou e acredito que quem quer que fosse tenha visto também.

Ela olha para mim, suas mãos unidas rente ao peito. Seus olhos descem para as minhas segurando a arma. Guardo-a atrás da calça.

— Talvez tenha se assustado quando você chegou.

— A senhora chegou a ver quem era?

— Não, não. — Sacode a cabeça de olhos fechados. — Eu estava em meu quarto e fui até o quarto do Alex como faço todas as noites. A luz estava apagada, deve ter pensado que não tinha ninguém. Quando eu retornava para me deitar, vi a sombra da pessoa passando pela janela.

— Talvez fosse algum... — escolho melhor as palavras. — Baderneiro?

— Eu não sei.

— Por que não acionou a segurança?

A sra. May me encara com os olhos trêmulos e molhados.

— Porque eu não os aguento mais. — Seu corpo desaba. — Eu não sei se consigo aguentar mais.

Sentada no sofá ela chora com o rosto escondido entre a palma das mãos. Agacho-me à sua frente e seguro-as. Penso mais uma vez no Alex e em como ele deveria estar aqui nesse momento, mas ao invés de lamentar faço o que ele faria se realmente estivesse.

— A senhora não precisa passar por tudo sozinha. — digo para ela. Sento ao seu lado e a abraço.

Eu não precisava que ela me contasse o porquê não queria mais o Ministério Militar em seu encalço. Desde a morte do Alex eles viviam invadindo e levando coisas da casa da sra. May. Eles a interrogavam sobre o que Alex fazia no meio do protesto e ela estava cansada de dizer que era o trabalho dele. "Era o trabalho do Alex fotografar para o jornal local." Ele não estava protestando e não era um simpatizante dos externos. "Ele estava lá a trabalho e para registrar." Mas isso nunca parecia o suficiente para eles.

Espero a sra. May chorar até que seus soluços se tornem movimentos bruscos em meus ombros. Ignoro os alertas que o meu relógio envia informando o toque de recolher. Sou obrigada a ajustá-lo fazendo o sistema entender que aquele endereço onde estou é o meu destino final e prontamente os alertas cessam.

— Me desculpe por ter atrapalhado a sua noite. Eu não sabia mais para quem ligar.

— Está tudo bem, senhora May. Pode contar comigo sempre que precisar.

— Me desculpe também por ter feito você burlar o toque de recolher. — A senhora May inspira profundamente. Quanto a isso ela estava certa, era uma violação nível quatro. — Você pode dormir aqui se quiser.

Enxergo para além do ato de gentileza. Se fosse apenas isso, eu teria recusado e pensado em alguma alternativa. Porém, estava nas entrelinhas o seu desejo de ter mais alguém em sua casa além da sua própria figura solitária e assustada.

— Certo. Obrigada pela gentileza.

Ela sorri.

— A senhora sabe o que a pessoa queria ou estava procurando?

Ela nega com a cabeça.

— A senhora disse que o viu no quarto do Alex, não foi? Talvez algo que tenha sido dele? — pergunto.

O Externo na suíte do Oliver queria o meu colar e hoje a tarde o doutor Lúcio me disse para desapegar de coisas que eram do Alex para que eu possa seguir em frente. O que os Externos querem de mim e do Alex? Só podia ser eles porque o governo havia recolhido tudo que pertencia a ela e não tinham encontrado nada.

— Senhora May, a senhora acha que foram os Ext...

Ela põe a mão em minha boca.

— Levante-se. — ela diz. — Venha comigo.

Acompanho rapidamente os seus passos apressados e sigo-a até o quarto que foi do Alex. A sra. May apaga a luz e fecha a porta deixando tudo escuro. Ouço um chiado de dobradiças e um ranger de madeira.

— Por aqui, venha.

— Aonde estamos indo?

Uma luz branca surge e posso enxergar novamente. A senhora May está dentro do antigo guarda-roupa do Alex agachada e na sua frente no que deveria ser o piso do guarda roupa tem um buraco.

— Venha.

— O que é isso? — pergunto, analisando se aquilo era uma boa ideia.

Ela leva as mãos aos lábios e em seguida desaparece no chão, eu fico sozinha com aquela fresta de luz para seguir. Entro no móvel e me pergunto a quanto tempo aquilo está ali, se havia sido ela ou o Alex que o fez.

— Tem uma cadeira. — ela sussurra em algum lugar lá embaixo. — Sente na borda e salte.

Faço o que ela me diz e antes que eu reflita sobre já estou de pé em sua frente. É um ambiente pequeno de talvez dois por dois metros quadrados iluminado por uma lâmpada de emergência improvisada. Tem um colchão em pé e uma mesa de madeira antiga no canto da salinha, ao lado dela uma caixa semelhante a um baú fechado no chão de cimento queimado.

— Eles podem nos ouvir lá de cima.

— Quem, senhora May? — pergunto, intrigada.

— O Cônsul. — ela diz.

Procuro algum sinal de surto em suas feições, mas fora a preocupação e o comportamento de alguém que teve a casa invadida não noto nada anormal.

— Mas isso é para o nosso próprio bem. — Justifico. — Eles nos monitoram para a nossa própria segurança e para as dos outros.

Parecendo decepcionada com a minha resposta ela dá um sorriso sereno e puxa um banquinho de algum lugar que eu não havia notado.

— Você não entende, não é?

— O que eu não entendo? — pergunto. Agacho-me próximo a ela. — A senhora tem ido às consultas de terapia? Tem visitado a doutora Russel?

A senhora May puxa o que me parece ser um cigarro e o acende. Fico espantada, pois nunca havia visto um daqueles sem ser pela aula de história.

— Isto é...

— Um cigarro? Sim.

— Apague isso, senhora May. — digo espantada. — Ou o seu monitor vai enviar um alerta para a central.

— O sinal deles não funciona aqui embaixo.

Passo alguns segundos encarando-a boquiaberta.

— Eu estou ficando louca. — Cubro o rosto. — Eu só posso estar ficando louca. Isso não deve ser real.

Levanto-me para alcançar a escada.

— Eu também fiquei assim no começo. — ela diz. Apaga o cigarro esfregando-o na mesinha e o levanta para que eu possa vê-lo. — Viu? Está apagado se é isso que te preocupa.

Continuo de pé sem reação alguma. Penso se aquilo tudo realmente é real ou meu cérebro dependente está inventando coisas.

— Eu... Eu acho que preciso ir para casa.

— A patrulha já deve estar sobrevoando a ilha a essa hora. — Senhora May responde calmamente.

— Eu não entendo. — digo. — Que lugar é esse? No que a senhora se meteu?

— Não me meti em nada, foi o Alex que o fez.

— E como eu não sabia disso? Se ele tivesse feito algo assim, o que não era o seu tipo, digo, colocar a mão na massa, literalmente, ele teria me contado.

— Foi o que eu também pensei. — A senhora May respondeu com outro sorriso sereno. — Só descobri há poucos meses enquanto tentava remover um lápis preso no assoalho do guarda-roupa.

Cruzo os braços frente ao peito e me apoio na parede cimentada atrás de mim. O Alex havia cavado, mobiliado e preparado aquele ambiente, que por sinal não tinha o alcance do Cônsul.

— Por que ele faria isso? — pergunto.

A senhora May me dá de ombros.

— Não sei te responder, Hannah. Imaginei que você talvez soubesse me dizer alguma coisa, por terem... sabe? Noivado.

Balanço com a cabeça.

— Não tem nenhum ambiente assim na antiga casa de vocês?

Balanço com a cabeça outra vez.

— Acha que era isso o que aquele Externo estava procurando? A senhora acha que era um Externo?

— Sim. Talvez sim. — ela diz. Sua mão deslizou pela mesa. — Como você viu naquele dia, o Cônsul não precisa entrar sorrateiramente na casa de ninguém, tão pouco pedir permissão para levar nada.

Isso era verdade. Eu não me lembrava nada além de pequenos momentos, mas me lembro dos guardas entrarem em nossa casa sem mesmo tocar o interfone e dizer que tinham um mandado para levar todos os pertences do Alex para averiguação e purificação. Nós, eu e a senhora May, tinhamos acabado de receber a noticia do assassinato do Alex pelos Externos. No relatório e nas notícias mostraram o Alex sendo morto em uma manifestação enquanto fotografava para o jornal local.

— Por que ele iria querer invadir a sua casa, senhora May? — pergunto. — Por que agora depois de tanto tempo?

Por que aquele Externo iria querer o meu colar? Será que ele sabia que o Alex o tinha dado para mim? Eu também tinha certeza que o Externo a casa do Oliver era o doutor Lúcio, o que me atendeu esta tarde. Ele também pedia que eu me desfizesse das coisas do Alex.

— Talvez o Alex tivesse alguma coisa que eles queriam.

A senhora May não confirma e nem nega.

— Deveria avisar e acionar a segurança sobre a invasão.

— Por que acha que eu a trouxe aqui embaixo? Não podemos falar sobre nada disso lá em cima, Hannah. Eles estão me monitorando e me vigiando desde a morte do Alex. Eu sei, eu sinto. As perguntas que a doutora Russell me faz...

— A senhora a tem visto?

— Não. Dizem que ela entrou de licença há quinze dias.

— Quinze dias?

— Sim. Você precisa me prometer que não vai contar a ninguém sobre esse lugar e o que aconteceu aqui hoje, Hannah. — Senhora May se aproxima ansiosa tomando minhas mãos nas suas. — Eu já não estava mais aguentando guardar esse segredo e eu não tinha mais ninguém para pedir ajuda hoje. Se eu chamasse a segurança ou mandasse mensagem pelos meios normais eles voltariam a fazer muitas perguntas sobre o Alex e talvez levar todas as coisas dele novamente, as minhas... Eu não vou suportar passar por tudo de novo, Hannah. Seria como desenterrá-lo se isso fosse possível e cremá-lo novamente.

Eu a compreendia e por um instante cogitei contar do Externo que havia ido atrás de mim e da minha suspeita com o atendimento repentino com o doutor Lúcio.

— Eu não tenho mais com quem contar, Hannah. Se o Alex namorava você e pretendia se casar é porque ele viu algo de bom em você.

— Não se preocupe, senhora May. — Seguro suas mãos. — Eu não irei contar nada disso para ninguém enquanto a senhora mesma não se sentir à vontade para contar. Mas precisa tomar cuidado com sua segurança.

— Eu sei. Mas como viram você chegar talvez eles pensem antes de tentar entrar aqui de novo. — ela sorri. Como se eu servisse de garantia para alguma coisa. — Vamos subir para comer alguma coisa. Você já jantou?

— Não senhora.


            Na manhã seguinte, às sete horas, quando estava chegando em casa, me deparei com Oliver de pé em minha varanda tocando a campainha. Desliguei o carro e fiquei observando de longe ele guardar o celular no bolso e entrar no veículo. Quando seu carro desapareceu na esquina, liguei o meu novamente e entrei em casa.

— Olá, Rosa. Bom dia.

— Bom dia, senhorita Hannah.

Caminho direto para o banheiro para tomar um banho. Eu precisava estar na escola às oito horas para a minha primeira aula e faltava uma hora e meia.

— Cheque todas as minhas caixas de entrada, por gentileza.

— Há dez mensagens ainda não lidas, senhorita Hannah, sendo sete sms do Oliver, além de dois e-mails dele e um e-mail do doutor Lúcio.

— Leia as mensagens do Oliver para mim, por favor. — Pesso. — Em ordem cronológica.

"Oi, estou pensando em passar aí a noite para jantarmos." | Oliver

"Oii, tudo bem? Leu meu convite?" | Oliver

 "Oi, talvez esteja estudando ou organizando algum trabalho e não veja essas mensagens, então eu pensei em passar aí amanhã para tomarmos café da manhã." | Oliver

"Oi, Hannah. Você viu os e-mails que te enviei?" | Oliver

"Quando puder conversar me retornar, tá bom?" | Oliver

Uma Exposição organizada pela Assembléia e eles estavam me convidando, claro que como acompanhante do Oliver, mas estavam. Eu me arrepiava toda vez que me imaginava visitando a Casa Governamental.

Observo a água de sabão escorrer pelas minhas pernas, pés e se misturarem com a água até serem sugadas pelo ralo. Não sei quanto tempo me perco em meus pensamentos, mas dois alarmes soam, um sinalizando que atingi o limite de água e tempo de banho e o outro me lembrando que falta meia hora para chegar no trabalho.

Enrolo-me na toalha e deixo o box.

— Rosa, ligue para o Oliver.

Συνέχεια Ανάγνωσης

Θα σας αρέσει επίσης

371K 21.1K 61
E se Klaus e Hayley não tivesse apenas um bebê? E se Hope Mikaelson tivesse uma irmã? E se essa irmã fosse rejeitada por quase toda família? Katrina...
28.4K 3.3K 24
Charlotte Evans era mais uma garota típica e normal vivendo em sociedade num planeta chamado Terra. Uma jovem tímida, mas tagarela e criativa. U...
48.2K 4.9K 55
E se Percy Jackson, Annabeth Chase e Grover Underwood aparecessem de repente na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e se encontrassem com o Trio d...
55.7K 4.5K 54
𝐋𝐢𝐥𝐲 𝐏𝐞𝐭𝐫𝐨𝐯𝐚 é a famosa e temida 𝐛𝐫𝐮𝐱𝐚 𝐝𝐨 𝐜𝐚𝐨𝐬, além de ser a 𝐡𝐞𝐫𝐞𝐠𝐞 𝐨𝐫𝐢𝐠𝐢𝐧𝐚𝐥. Sua vida era uma completa paz quan...