Toda Sua Fúria

By Ju-Dantas

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Essa história esteve completa aqui, até dia 10 de dezembro. Agora está somente para degustação. ** Livro comp... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10

Capítulo 7

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By Ju-Dantas


Bree

Seguro a carta da irmandade Beta Kappa entre os dedos quando entro no quarto e me jogo na cama. Lá está o convite que Audrey queria tanto receber, para participar da iniciação da irmandade mais famosa da faculdade, mas não é o nome da Audrey que está no convite, e sim o meu.

Minha primeira reação é rasgar e ignorar. Não tenho a menor vontade de entrar em uma irmandade. Mas as palavras do Blake vêm a minha mente e me sinto tentada a ir apenas para provar que ele não pode dizer o que devo fazer.

— Ei, não vai sair hoje?

Afasto os olhos do convite e encaro Audrey que acabou de entrar no quarto, após o banho, usando um roupão.

— Qual o problema? Acho que vou ler um livro.

Audrey revira os olhos.

— Ah não! Por que não faz como eu e vai a um encontro?

— Não tenho nenhum convite para encontro.

— Poderia ter! Está ignorando o Ryan?

Faz uma semana que beijei Ryan naquela festa e até agora não sei por que fiz aquilo.

Quer dizer, claro que eu sei.

Foi porque estava com raiva do Blake, o que é ridículo.

Mas Blake me tirou do sério quando insinuou que eu não deveria ficar com Ryan. Ele não tem o direito de opinar em nada na minha vida. Não quando não somos mais amigos. Quando faz questão de me tratar mal sempre que nossos caminhos se cruzam.

Mas ele não tem razão de ter raiva de você?

Eu sei o que fiz. Ainda me sinto culpada, tanto tempo depois, mas quatro anos se passaram. E Blake me acusa de ter sumido quando ele não fez o menor esforço para me achar. E não posso negar que principalmente nos primeiros meses na Escócia eu esperei um contato dele, quando eu mesma queria o tempo todo pegar o telefone e ouvir sua voz. Pedir desculpas e dizer que seriamos para sempre B&B, mesmo distantes.

Porém, eu nunca liguei, e sabia os meus motivos.

Mas e os motivos do Blake?

Nunca duvidei dos laços que nos uniam, mas agora não posso negar que sinto certo ressentimento por Blake ter seguido em frente muito fácil. Transformou-se naquele cara que eu nem sei quem é.

— Está mesmo, eu sabia! — Audrey começa a fuçar em seu armário.

— Sim, tem razão, estou, porque acho que fiz uma besteira beijando ele.

— Por quê? Não foi legal?

— Sim, acho que foi.

Não foi horrível beijar Ryan, mas foi... não sei explicar.

O tempo inteiro eu sentia que precisava gostar de estar com ele. Enquanto sua boca se movia sobre a minha, seus braços a minha volta, percebi que estava esperando sentir o que senti beijando Blake. O que foi como um balde de água fria sobre minha cabeça. E dali para eu me afastar do Ryan com a desculpa de que precisava ir embora foi um pulo. Ryan pareceu chateado, mas não forçou a barra, o que foi um alívio.

Porém, meu alívio durou pouco quando Audrey aceitou a carona do Blake que eu nem sabia por que ele ofereceu.

— Não sente atração pelo Ryan? — Audrey insiste.

— Não sei...

— Como não sabe? Sei que é virgem e tal, mas pelo amor de Deus, não é tão idiota assim!

Eu coro violentamente.

— Ele é legal e bonitinho, não foi ruim o beijo, mas... Não foi incrível, sabe?

— Hum, começo a entender. Já aconteceu comigo. Promete tudo e não entrega nada. Parece que as bocas não se encaixam direito e tal. Mas sabe que às vezes o primeiro beijo é assim, depois melhora. O Ryan está muito a fim de você, e deveria dar uma chance.

— Não acho que vai mudar. Acho que no fundo eu não me sinto atraída por ele.

— Então por que o beijou?

Desvio o olhar sem querer confessar que fiz movida por um impulso idiota de provocar Blake.

— Não sei, acho que foi um impulso.

— Passei por ele ontem e perguntou de você. E estava com um olho roxo!

— Olho roxo?

— Sim, me contou que brigou com Blake.

— O quê?

— Sim...

— Ele falou qual o motivo da briga?

— Sabe aquela coisa de luta e tal. Não entendo esses caras... Parece tão arcaico. Mas não posso negar que é meio sexy? Dois caras gatos, suados, trocando soco... O que é isso aí? — Ela nota o envelope na minha mão.

— Um convite da Beta Kappa.

Os olhos da Audrey quase pulam das órbitas quando ela avança e arranca da minha mão.

— Ah, que incrível!

— Não, eu não vou aceitar.

— Claro que vai!

— Era você quem queria, não eu!

— Mas tudo bem, já superei isso! Você vai sim.

— Audrey, não é meu lance.

— Seu lance é ficar trancada no quarto lendo e fugindo dos caras gatos, e de convites para fazer parte da irmandade mais foda dessa faculdade? Por que não foi para um convento?

— Não quero fazer parte desse tipo de grupo. Parece até meio assustador, na verdade, elas estão falando ali de iniciação...

— Isso é bobagem. São só brincadeiras.

— Não, não vou.

— Por favor, por mim?

— Não seja ridícula!

— Mas tem que ir hoje. Nem que seja pra dizer não, não pega bem você simplesmente ignorar um pedido delas!

— Você acha?

— Eu acho que você é esquisita demais, isso sim! — Ela se levanta começando a se vestir.

— Não sou esquisita.

— É sim. Uma boba!

Sei que Audrey não está falando por mal e no fundo ela tem razão, mas não posso ser obrigada a me mudar para uma casa cheia de garotas estranhas e jurar ser fiel a elas com um monte de regras ridículas, só para ser popular.

— Talvez eu seja boba mesmo.

— Carly e Tracy têm razão então.

— O que elas falaram?

— Almocei com elas ontem e elas estavam rindo da sua cara. Dizendo que não sabiam o que Ryan via em você.

— Nossa, para que são tão maldosas? E é com esse tipo de garota que você quer que eu me alie?

— Nem todo mundo lá é como Carly e Tracy, e elas não são tão ruins assim. E sinceramente elas não têm razão?

— Acha mesmo que sou uma idiota?

— Acho que deveria sair desse exílio autoimposto. Está agindo como se ainda morasse no fim do mundo e dormisse no colo do papai. Precisa viver. Se arriscar. Ou vai ser sempre essa menina boba.

— Alguém me disse que eu não deveria entrar na irmandade que não era pra mim. E talvez essa pessoa tenha razão.

— Quem?

— Esquece...

— Você pode provar a essa pessoa que é boa para estar aonde quiser, que tal?

Continuo digerindo as palavras da Audrey quando chego em frente à casa da irmandade.

Respiro fundo e me pergunto de novo que diabos estou fazendo. Ainda não sei se estou aqui para declinar do convite ou aceitar. Se eu fosse sensata apenas entraria e diria em alto e bom som que dispenso o convite de participar daquele tipo de grupo, mas as provocações da Audrey me incomodam.

Não quero ser essa menina boba para sempre. Eu já vivi fora do mundo tempo demais, como se a vida acontecesse apenas para os outros.

Veja Blake. Ele seguiu em frente, sem mim.

Dói imaginar todo o tipo de experiência que ele teve que o transformou em quem é hoje e eu nem faço ideia. Enquanto sinto que continuo congelada, como no dia em que saí do seu quarto pela última vez.

— Então você veio.

Eu me viro ao ouvir a voz do Blake e ele está encostado na parede do lado da casa da fraternidade, fumando um cigarro.

Sem pensar no que estou fazendo, avanço até lá, mas paro a uns dois metros de distância, seu olhar frio é como uma muralha que me impede de ir em frente.

— Por que brigou com o Ryan? — Não consigo evitar a pergunta.

Sei que aparentemente Blake está envolvido nesse negócio de luta clandestina por diversão, mas uma desconfiança permeia minha mente desde que Audrey contou que Ryan estava com o olho roxo.

— Você sabe por quê.

A resposta do Blake me pega desprevenida.

Eu esperava que ele negasse. Que dissesse que eu estava louca em achar que ele bateria em Ryan por minha causa.

Mas ainda não entendo totalmente todos os porquês.

— Por quê? Não faz sentido algum. Não pode ter se envolvido em uma briga com Ryan porque ele me beijou.

Ele dá de ombros, a fumaça escondendo sua expressão.

— Realmente, não faz sentido.

— E ainda assim, aconteceu. É ridículo! Não é como se fosse meu amigo ainda e precisasse, sei lá, me proteger de quem quer que seja.

— É o que eu digo a mim mesmo, mas acho que certos hábitos são difíceis se livrar.

— Hábito? Isso nunca aconteceu antes! Eu nem tinha encontros quando éramos mais novos.

— Claro que não. Eu quebraria na porrada qualquer um que se aproximasse de você.

— O quê?

Blake ri, como se fosse muito engraçado, mas não vejo graça nenhuma.

Eu me aproximo e bato em sua mão, fazendo o cigarro voar longe.

O riso morre em seu rosto e ele me encara com raiva de volta.

— O que você falou?

— O que ouviu. Eu não ia deixar nenhum cara brincar com você.

— Minha nossa, não acredito! Então era por isso que ninguém me chamava pra sair?

Blake não responde, mas a resposta está clara agora.

Eu mal consigo acreditar.

Então era este o motivo de eu nunca ter ido a um encontro quando éramos amigos.

Blake impediu.

Blake ameaçava qualquer garoto que quisesse me convidar pra sair.

— Por que fez isso comigo? Não foi justo!

— Você era uma criança.

— Eu tinha 15 anos, não era tão criança assim. Você já tinha saído com um monte de garotas e o que estava pensando? Até quando ia agir assim por minhas costas? Por que só você podia e eu não? Hein?

Ele desvia o olhar e sei que não tem resposta plausível porque não existe!

E agora estou furiosa com o antigo Blake que era meu amigo, além deste novo Blake aqui.

— Achava que era meu amigo!

— E eu também acreditava que estava protegendo minha amiga! Mas acho que errei, afinal, nem minha amiga era de verdade, deu no pé sem nem olhar pra trás!

— Ainda bem que fui embora, vejo agora! Imagina ficar do seu lado, sendo impedida de viver porque você não queria!

— Não era assim.

— E era como? Você foi um cretino, como está sendo um cretino agora, dizendo que não posso entrar na irmandade e não posso sair com o Ryan.

— Não estou te impedindo de entrar na irmandade, só disse que não acho que seja algo pra você.

— Não sabe nada sobre mim.

— Não sei mesmo. Não faço ideia quem é você.

— E nem vai saber!

Eu me viro e corro para a casa da irmandade, ainda ofegante de raiva.

Que tipo de amigo faz o que Blake fez?

— Ei, tudo bem? — Carly abre a porta pra mim me encarando com curiosidade.

— Sim, estou ótima — minto passando por ela e entrando na sala.

Hannah sorri ao me ver.

— Achei que não viria, novata.

— Por que não? Se acha que sou boba demais para fazer parte da irmandade por que me convidou?

Hannah ri e noto o olhar de deboche da Carly.

— É isso que queremos que prove.

— Como?

— Para ser aceita tem que passar por uma iniciação.

— Iniciação?

— Vai aceitar o desafio?

— Que desafio?

— Tem que aceitar primeiro.

— Está com medo? — Carly ri.

— Não, não estou. — Levanto o queixo.

— Então aceita.

— Sim, aceito.

Merda.

Eu não deveria aceitar nada. Mas estou com tanta raiva que me deixo levar de novo pelo impulso que é mais forte do que eu.

O que elas poderiam fazer?

Eu poderia sobreviver a alguns trotes idiotas.

— Muito bem. — Hannah para na minha frente. — Não pode voltar atrás.

E eu arregalo os olhos ao ver que uma menina entra na sala carregando uma mala.

— São minhas coisas?

— Sim, Audrey nos ajudou.

— Mas... Eu já tenho que me mudar para cá?

— Não tão fácil assim.

Hannah abre a porta e faz um sinal para segui-la. E noto que estamos indo em direção à casa vizinha.

Ah não.

Meu estômago embrulha.

— Ainda não acredito que Hannah vai aceitar essa idiota. — Escuto Tracy murmurar com censura atrás de mim.

— Foi o Ryan quem pediu, sabe as regras...

Espera... Tudo tem a ver com Ryan?

— O que estamos fazendo aqui, Hannah?

Ela se vira pra mim na porta.

— Seu desafio é morar um mês com os garotos da Alpha Gama.

Travis abre a porta e Hannah segura meu braço me levando pra dentro antes que eu tenha tempo de fugir daquele absurdo.

Como assim eu vou morar ali? Ela está louca?

Como na outra noite, os garotos estão espalhados pelo ambiente. Música alta explode nos alto-falantes e todos os olhares se viram para nós quando paramos no meio da sala.

Sinto como se estivesse em um mercado sendo avaliada para venda e coro de vergonha e certo medo.

Mas meu olhar percorre o ambiente e para em Ryan.

Ele não parece feliz e muito menos sorri pra mim, como sorria antes e eu me pergunto que diabos está rolando. Não foi ele quem pediu que eu entrasse na irmandade?

— Garotos, essa é a nova escrava de vocês.

— Escrava? — sussurro, horrorizada.

Ela está brincando, não é?

Hannah sorri pra mim.

— A partir de agora você está à mercê da fraternidade Alpha Gama. Tem que fazer o que eles pedirem.

— Como assim?

Carly ri ao meu lado, cochichando no meu ouvido.

— Vai ser a empregadinha deles, claro, mas não faça essa cara, todas passamos por isso e sobrevivemos, e algumas de nós até conseguimos mais do que um mês de humilhação de serviços forçados. — E ela aponta para Travis e Hannah.

Então foi assim que Hannah e Travis iniciaram um relacionamento? Ela sendo obrigada a passar um mês com ele?

— Estava mesmo precisando que alguém limpe minha privada — alguém diz e eles gargalham como se fosse engraçado.

— Espero que não nos decepcione. — Hannah solta meu braço e eu sinto que preciso correr dali, mas meus pés não se movem.

Será que ainda posso declinar daquela situação bizarra?

— Acho que ela vai sair correndo. — Tracy ri e seu riso acende a raiva dentro de mim.

Não, não vou fugir.

Já chega.

Levanto o queixo.

— Certo. Desafio aceito.

— Muito bem. — Hannah ri e as meninas a seguem porta afora e simples assim estou sozinha com eles.

Eu pego a mala que alguém passa pra mim e encaro os garotos na minha frente.

E de repente algo passa pela minha cabeça.

Ah não...

— Alguém pode me dizer onde vou dormir? — questiono de forma corajosa, embora esteja temendo o pior.

Será que eu vou ter que dormir com Ryan?

Eu o encaro, mas ele se vira e sai da sala.

— Você vai dormir comigo. — Eu paraliso de surpresa ao ouvir a voz do Blake atrás de mim.

O quê?

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