Ipseidade [ Kth + Jjk ]

By LeeVtk

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Embora Jungkook e Taehyung morassem de frente um para o outro, nunca se encontraram. Era como se vivessem em... More

Tópicos Sensíveis
Pequenas Explicações

Uma Ajuda Inesperada

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By LeeVtk

Reckless - Madison Beer

O telhado enferrujado não combinava com a noite estrelada, a neblina ofuscava grande arte da lua, tirando todo o seu esplendor e, talvez, apenas por um momento, eu imaginei como minha vida seria se eu não tivesse acabado de pegar meu namorado me traindo com mais duas garotas na nossa cama, a mesma cama que passamos inúmeros momentos juntos, a mesma cama que trocamos palavras de consolo e carinho o tempo inteiro. Soprei a fumaça do cigarro para longe, era a minha calma e por conta dele que eu adquiri esse vício, por ele eu fazia coisas que odiava, mas passava amar porque ele me falava o quanto tudo era perfeito quando eu estava ao seu lado. 

Neguei com o rosto, sentindo novamente as lágrimas descerem, o que eu fiz para ser deixado novamente dessa forma? Nascemos sozinhos, mas por que tentamos a todo momento ter alguém? Por que sempre tentamos preencher o que falta no outro? 

Por um momento, cogitei pular do prédio, tenho inúmeros motivos para não continuar; primeiro que fui demitido do meu emprego, segundo que eu não tenho como sustentar o aluguel do condomínio e terceiro e não menos importante que, o dinheiro do meu último salário, eu havia gastado com uma festa para o meu ex, ele havia sido promovido em seu trabalho e me fez gastar tudo o que eu tinha e o que não tinha para comemorar. 

Respirei fundo, jogando pelo prédio abaixo a bituca de cigarro, mas logo meu coração esfriou, não só pelo meio ambiente que eu estava prejudicando, mas sim pela multa absurda que eu vou pagar se não for recolher o resíduo. Inclinei o corpo para frente, tentando enxergar melhor, mas a visão ficou desfocada por conta da altura e eu senti tudo rodando, no entanto, antes que me afastasse, meu pé escorregou em uma pequena poça de água. Ouvi alguém gritando antes do escuro tomar conta. 

Dizem que quando algo dá errado na sua vida, as coisas tendem a ficarem pior ainda do que já estavam, nunca acreditei nessa teoria da conspiração, mas vendo a luz fluorescente em cima do meu rosto e o meu corpo inteiro dolorido, me fez acreditar. 

— Ele está despertando, enfermeira — uma voz ao longe ditou, encarei a sala branca e, por um momento, as flores de cerejeiras na janela davam ao ambiente um contraste etéreo, elas balançavam com o vento, se a janela estivesse aberta poderia sentir a fragrância refrescante, no entanto, o único cheiro que sentia no momento era o de álcool e remédio. 

Olhei para o lado e um homem com cabelos pretos me encarava, sua feição carregando desespero, as roupas escuras não combinavam com o ambiente, parecia um anjo com feições delicadas. 

— Você está bem? Está sentindo alguma dor? — Sua voz era angelical e o tom preocupado preenchia cada centímetro do seu rosto. Eram muitas perguntas de uma vez e a minha cabeça ainda rodava para processar todas elas. Um homem de jaleco branco entrou na sala, sua mão com uma prancheta e o pescoço rodeado por um estetoscópio. 

— Não faça muitas perguntas, senhor Jeon, ele ainda está confuso com a queda. — Ele pressionou o aparelho no meu peito e logo depois da costela. — Está tudo ok com a  respiração, pode me dizer o seu nome? 
— Kim Taehyung. — O médico assentiu, anotando algo na prancheta. — Eu quero água. 

Observei o moreno ir até uma mesinha, colocando um pouco do líquido em um copo e pronto para me entregar, no entanto, quando fiz menção de levantar o meu braço, doeu para caralho. Fiz uma careta de dor e encarei o meu corpo, o braço direito estava apoiado em uma tipoia e a minha roupa era a mesma, presumi que eu não havia ficado aqui por muito tempo. O moreno, vendo a minha situação, inclinou-se. 

— Licença. — O copo foi parar na minha boca e, por um momento, cogitei negar, mas a sede era muito grande, ele tomava cuidado para não me molhar, mas mesmo assim escorregou uma fina linha de água, que foi limpa rapidamente por um guardanapo. 

— Senhor Kim, você se sentiria confortável com algumas explicações? — Assenti depois do moreno ter afastado o copo, senti minha mente clareando aos poucos e retornando os sentidos. — Você caiu de um prédio de aproximadamente quinze andares, no entanto, foi amparado no décimo terceiro por uma cobertura de lona bem resistente, o senhor Jeon estava na hora e chamou o corpo de bombeiros juntamente com a equipe médica, fizemos um panorama no seu corpo e apenas o seu braço direito teve uma luxação no ombro, colocamos na tipoia para melhorar. Está sentindo algo além do ombro?

—  A minha cabeça está rodando um pouco — relatei, levantando a minha mão esquerda, ela estava um pouco formigando. 

— A cabeça está rodando por conta dos remédios fortes para o ombro. — Respirei fundo, jogando o rosto para trás, mais um problema na minha vida. — O senhor já está de alta, a receita para os remédios está aqui. 

Ele depositou uma folha em cima da mesinha que estava com água e um jarro de flores. 

— Vai se sentir cansado nos próximos dias, mas uma boa alimentação e descanso ajudam bastante, depois pode fazer fisioterapia do ombro. 

— Vou poder pintar quadros com o braço direito? — Ele me olhou com pesar no rosto, mas assentiu. 

— Depende da sua dedicação em seguir o recomendado, normalmente ameniza a dor em três meses, mas, dependendo dos casos, chega a seis. Compressas de água gelada ajudam quando a dor está intensa. — Assenti, queria xingar e gritar para pedir um sim ou não para a minha pergunta, mas eu sabia que não resolveria nada. 

— O pagamento do hospital, eu faço na recepção? — Para falar a verdade, eu nem sabia como iria pagar a conta do hospital, eu falei como se estivesse cheio de dinheiro, mas a minha conta bancária estava mais furada que bolso de mendigo, nada contra os mendigos. 

— Já está pago, não se preocupe, meu plano cobriu — dessa vez, o homem que estava ao meu lado respondeu. 

Encarei aquele desconhecido, franzindo o cenho com tamanha gentileza, com certeza ele queria alguma coisa, eu sabia que esse hospital é caro só pela hospitalidade, com certeza ele iria cobrar juros em cima da conta que ele pagou, pessoas não são boas de graça, sempre tem algo em troca. 

— Olha, Jeon… — Deixei em aberto para ele revelar seu nome todo. 

— Jeon Jungkook. — Assenti, tentando sentar direito naquela cama para levantar e ir embora. 

— Obrigado mesmo por ter pagado a conta do hospital, eu tenho zero wons na minha carteira nesse momento, mas juro que irei te pagar, você pode esperar pelo menos três meses enquanto eu me recupero e arranjo um emprego? Você pode até colocar juros… — Fui interrompido por um acenar de mãos, negando com o rosto.

— Taehyung, não fiz isso em busca de dinheiro ou juros e coisas do tipo, estou realmente preocupado com você. Se sente mesmo bem? — Inclinei o rosto para o lado, assentindo de leve, ainda não me sentia cem por cento bem. — Eu moro no mesmo prédio que você, pode vir de carona comigo. 

Repensei mil vezes, não queria incomodar, mas no final assenti e na mesma hora lembrei do meu ex, ele odiava quando eu pegava caronas, principalmente com amigos do trabalho. Seria muito difícil esquecê-lo e nem eu sabia se estava disposto a realmente esquecer.

Jungkook me ajudou a calçar os sapatos e a sorte é que não era tênis e sim um mocassim, quando fiz menção de levantar ele segurou meu cotovelo devagar, como se estivesse com medo de que brigasse com ele, mas eu admitia que precisava de ajuda e aceitaria a oferta, mesmo tendo uma impressão de que nada era de graça e poderia me prejudicar lá no futuro. Não peguei a receita em cima da mesa, afinal não iria ter condições de comprar os remédios, o pouco dinheiro que eu tinha pegado emprestado era para pagar o condomínio, e a comida eu iria me virar depois. 

O Jeon me ajudou até a entrar no carro e o cinto de segurança, os dedos latejavam e a minha cabeça rodava demais, ele não perguntou nada e nem disse absolutamente nada durante o percurso, mas eu podia sentir sua inquietação, seja por mudar a estação de rádio frequentemente ou até mesmo tamborilar os dedos no volante, ele inspirava constante como se estivesse criando coragem para dizer algo, mas nada saía. O cheiro de canela e maçã preenchia o carro por conta do aromatizador no painel de vidro pendurado e a música me fez relaxar, um relaxamento que eu não tinha há muito tempo, perto de um homem que eu nem sabia quem era. 

— Você mora em qual andar? — perguntou e seu semblante não transmitia outra coisa a não ser preocupação enquanto andávamos devagar pelo hall de entrada, ele estacionou em frente ao prédio e disse que depois desceria para colocar o carro no estacionamento certo do seu apartamento. 

— Moro no décimo quinto, apartamento dezesseis. 

— Sério? — Ele sorriu, os olhos se franzindo em ruguinhas e os dentes branquinhos. — Eu moro no mesmo andar só que no apartamento vinte e seis. 

Franzi o cenho quando ele disse isso, o apartamento vinte e seis era em frente ao meu, e eu nunca tinha visto ninguém ali, achei por um tempo que estava à venda. Fora que aquela cobertura era uma das mais caras então possuía apenas dois vizinhos ao lado, pois os outros ficavam no andar de baixo

— Eu nunca te vi aqui — argumentei, chegando na porta do meu apartamento e encarando o seu em frente, eu não sabia como iria abrir a porta do meu, eu tinha deixado aberta da última vez, mas a vida é tão "justa" que me fez machucar as duas mãos de vez, a esquerda por mais que não tivesse dado nada, doía. 

— É muito raro eu ficar no meu apartamento, trabalho viajando. — Empurrei a porta do meu apartamento e o Jeon, vendo a minha dificuldade, se prontificou a abrir. 

— Jungkook, mais uma vez, muito obrigado mesmo! Prometo que vou te pagar. 

— Eu não preciso do seu pagamento, só você estando vivo pra mim já basta. — Neguei com o rosto, entrando na sala, mas ainda com a porta aberta dando visão ampla dele agora na porta do seu. 

— Eu faço questão. — Ele sorriu de lado, dando de ombros. 

— Qualquer coisa pode tocar a campainha, vou estar em casa. — Indicou com o dedo o botão. Assenti, mesmo que nunca fosse chamar, não saía da minha mente que ele era muito gentil e pessoas assim tendem a se mostrar as piores. 

Fechei a porta e andei de forma mais rápida que o meu corpo aguentou até o meu quarto em busca do celular, tentei pegar o aparelho com a mão esquerda, mas doía pra caramba os dedos. Desisti da ideia, mexendo na tecla em cima da mesa de cabeceira com o dedo mindinho e anelar, eram os que menos doía. O contato de Jimin brilhou na tela. 

— Tae? — O barulho do outro lado era ensurdecedor. 

— Jimin? Onde você está? — Ele gritou algo ilegível para logo depois fazer-se um silêncio, mas ao fundo dava para escutar o barulho. 

— Estou em Veneza, eu te disse que teria um desfile de três semanas. — Droga, havia esquecido disso completamente. — Aconteceu alguma coisa? Você normalmente envia mensagem. 

Como explicar para o meu melhor amigo que, em menos de vinte e quatro horas, havia encontrado meu namorado me traindo com mais duas no oitavo andar desse mesmo prédio, sim, ele ainda morava no mesmo local que eu, então a qualquer momento iríamos nos encontrar, fora que cair de um prédio enorme e a minha sorte foi ter sido amparado pelo telhado/lona da vizinha de baixo? 

Suspirei, tentando encontrar uma forma de resumir tudo isso, mas a minha cabeça ainda latejava. 

— Taehyung? Estou ficando preocupado, você sabe que qualquer coisa eu volto pra Coreia. — Aquilo me deu vontade de chorar, meu ex fez de tudo para me afastar do Jimin e ele foi um dos poucos que lutei para continuar ao meu lado. Mesmo que tivéssemos se falado a mais de duas semanas, ele sempre se preocupou e eu sabia que ele realmente largaria tudo para me ajudar na recuperação. 

Eu não queria que o Park largasse tudo, eu sabia que ele tinha lutado muito para conseguir esse desfile em Veneza, era o seu maior sonho, poder sair uma vez para desfilar em outro país. 

— Só senti saudade de você. — Ele riu do outro lado e eu imaginei direitinho seu corpo dobrado para frente e os olhinhos desaparecendo dentro das pálpebras. 

— Volto daqui a três semanas e o primeiro lugar que irei passar vai ser na sua casa, estou morrendo de saudade também. — Meus olhos encheram de lágrimas, ele sempre insistia em me ver quando estava na Coreia, mas eu sempre dava desculpas porque não queria problemas com meu relacionamento. 

— Traga lembranças para mim. — Ele riu mais uma vez e eu deduzi que já havia tomado alguns drinks. 

— Você sabe que aonde eu for, levo lembranças para você, agora eu preciso ir, estão me chamando para uma prova de roupa. Qualquer coisa me liga, beijo. — Ele desligou antes que eu respondesse. Respirei fundo, encarando o celular, não sabia mais o que fazer. 









Avisos:

Olá, pessoas, sejam bem-vindos a Ipseidade!!

Espero que tenham gostado do primeiro capítulo!  Não esqueçam de votar e comentar muitooo, ajuda muito a autora aqui ⭐

Diante disso gostaria de dar algumas informações;

- No começo da fanfic, tem o nome de uma música, ela é linda e combina com o decorrer da história, as vezes vou colocar algumas indicações no começo dos capítulos.

- A fanfic vai conter capítulos curtos (para ficar mais fácil a atualização frequente).

- Os personagens vão ser trabalhados gradativamente e tudo tem uma explicação ao decorrer da história, ou seja, é uma fanfic slowburn.

- Contém menção a adultério.

- O romance vai ser algo gradual ao decorrer da fic.

- Contém lemon.

- Violência psicológica.

- Menção a relacionamento abusivo ( algumas partes vão ser narradas).

- AU, ou seja, os personagens escritos na história são em um universo alternativo, ficcional. Não interferindo no mundo real.

- Quero agradecer muito pela capa e banner ao projeto MarsGraphics e a designer @saturnjoong.

- Muito obrigada também a Korigamii por ter aceitado betar a história!!

Espero que gostem e deem uma chance para Ipseidade, um beijo e até a próxima 💜

✈🎨

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