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── Eu já mandei me soltar, seu idiota! ── Jisung ronsou, tentando soltar-se, enquanto o outro sequer parecia escutá-lo ou então só não estava nem aí mesmo, porque continuava a caminhar, o segurando firmemente. De onde aquele desgraçado tirava tanta força? ── Seu maluco pervertido, eu juro que se você não me soltar agora eu vo-ah! ── arfou baixinho, se interrompeu quase que prontamente ao ser tirado de cima dos ombros alheios e posto no chão.
O acinzentado piscou algumas vezes, os cabelos claros um tanto bagunçados pela movimentação repentina. Rapidamente voltou o olhar confuso ao seu redor.
Estavam num parque, Jisung o conhecia, de vez enquanto passava por ali, era um espaço verde no centro da cidade, bem arborizado e que àquela hora, com o sol prestes a se pôr, era lindo.
Mas aquele definitivamente não era o foco.
Se voltou ao de cabelos avermelhados, na defensiva, tomando sua barra de ferro das mãos dele.
Minho ainda parecia um tanto afetado, com as respiração pesada e o rosto ruborizado, mas ainda assim sua expressão era séria.
── Mas que tipo de maluco é você? ── o mais baixo sibilou, enfezado.
── Eu? Que tipo de maluco é você? ── repetiu pergunta do outro, indignado. ── Que droga, você tem noção do quanto isso é perigoso? Você tá cio, garoto! E tem gente mal intencionada por aí.
Minho só conseguia pensar em como aquele garoto parecia não ter um pingo de noção e juízo. Nenhum ômega em sã consciência sairia na rua naquele estado por livre e espontânea vontade. Eles viviam numa sociedade infelizmente dominada por instintos. O avermelhado era completamente consciente do que era certo ou não, nunca faria nada de errado, nem com ele e nem com ninguém. E mesmo assim, mesmo que tivesse toda aquela noção, ainda se sentia entorpecido demais somente com a presença do outro naquele estado.
E se fosse uma pessoa de mal que estivesse com ele? E se...?
O mais alto respirou fundo, deixando aquele pensamento de lado, frustrado.
O menor encolheu os ombros diante da fala alheia, ainda que não tivesse sequer se movido do canto, o olhando de forma desafiadora.
── Tipo os seus amiguinhos? Não vem com essa pra cima de mim. Eu sei dos perigos do mundo, eu conheço bem o seu tipinho e dos seus amigos. E acredite, eu sei me defender.
Minho o olhou, arqueando uma sobrancelha, antes de respirar fundo, pedindo aos céus paciência.
Estava completamente desacostumado aquele tipo de atitude direcionada a si. Na maioria das vezes as pessoas tinham o maior respeito, o admiravam ou até mesmo o temiam. Não que ele tivesse pedido qualquer coisa do tipo, mas eram coisas que vieram com o passar do tempo.
Não lembrava de uma única vez que alguém o tivesse tratado de uma forma parecida. Tão respondão e atrevido, o olhando no olho, mesmo que pra isso tivesse que erguer um pouco a cabeça.
O frustrava ao mesmo tempo que o intrigava.
── Escuta... ── respirou fundo, tentando ser o mais paciente possível. ── Eu só estou sendo sensato. Você perceberia isso se parasse de ser tão agressivo. Olha só... ── fez uma pequena pausa, retirando de dentro do próprio bolso uma espécie de bolsinha, pequena, e toda estampada, estendendo ao outro.
Jisung encarou aquilo com a maior cara de tacho, antes de lentamente se voltar o rapaz, com a testa franzida.
De todas as coisas estranhas que tinham acontecido naquele dia, aquela era a mais aleatória. Seu olhar era de confusão e intimamente se perguntava o porque de ainda não ter ido embora dali.
O avermelhado acabou revirando os olhos meio impaciente, retirando o conteúdo de dentro da bolinha.
── É um supressor, vê? ── mostrando a seringa com o conteúdo transparente dentro. ── É de alfa e o efeito em você não deve ser o mesmo de um mais adequado, mas deve servir por hora...
O mais novo olhou aquilo por um momento.
── Em toda minha vida nunca precisei disso. ── voltou o olhar a ele lentamente. ── Não é agora que vou precisar. Acha que eu não usar a porra de um supressor é desculpa ser atacado?
── Não foi isso que eu disse.
── Claro. ── bufou. ── Sinceramente, não me interessa o que pensa. Não vou falar com você sobre isso e não aja como se fossemos amigos, porque não somos. Você me procurou porque queria brigar, então vamos, porque eu vim pra isso mesmo.
Aquilo só podia ser brincadeira,era o que se passava na mente de Minho enquanto observava o acinzentado a sua frente. Uma situação dessas, e esse cara pensando numa briga que nem faz mais sentido.
Era quase como lidar com uma criança.
O maior negou com a cabeça, respirando fundo.
── Olha, eu não vou brigar com você desse jeito. ── murmurou, enfiando o medicamente na bolsinha novamente. ── Pega e usa. E quando seu cio passar, se ainda quiser resolver algo comigo, é só me procurar. Não vou fugir nem nada assim.
Jisung o olhou por instantes, e tinha tanta vontade de socar o rosto daquele garoto que nem sabia explicar. Também não soube explicar o porquê de momento seguinte ter tomado das mãos alheias a bolsinha que lhe era era estendida, mas o fizera.
── Eu vou te procurar. E acho bom que não me invente mais desculpas, se fugir de novo não vai merecer nem a surra que vou te dar. ── o menor resmungou, enfiando a bolsinha no bolso de qualquer jeito, não pretendia usar aquilo de toda forma.
E logo em seguida deu meia volta, assim mesmo, como quem não quer nada, e seguiu pra longe de Minho.
O mais velho soltou o ar lentamente, mal conseguindo acreditar que ele havia mesmo aceitado enquanto o observava ir.
Deveria acompanhá-lo para garantir que chegasse seguro em casa?...
── E não ouse me seguir! ── como se lesse seus pensamentos, o acinzentado decretou, em alto e bom tom, sem nem mesmo olhar para trás.
E foi então que Minho suspirou, a observá-lo.
Aquele garoto era problema.
(...)
── Cheguei.
A voz soou pelo interior da casa, enquanto Jisung fechava a porta atrás de si, retirando os sapatos e calçando seus chinelos.
── Sungie? ── a voz calma e preocupada de seu pai surgiu no local, enquanto ele aparecia na porta da cozinha.
── Nada de "Sungie", Younghyun. ── não demorou muito até que seu outro pai tambem surgisse, ao lado do mais alto, visilmente mais irritado. ── Eu não acredito que você saiu desse jeito de novo, Han Jisung.
O então mencionado suspirou, fazendo um biquinho por baixo da máscara.
── Fui resolver algo, mas 'to bem. ── disse sem olhá-los, seguindo na direção do próprio quarto, a passadas um tanto rápidas. ── E não me esperem pro jantar, eu estou cansado.
O alfa e o ômega mais velhos trocaram um olhar preocupado, antes de seguirem o acinzentado com o olhar.
── Ei, amor. ── Younghyun chamou, mas somente ouviu um "estou bem" proferido pelo filhote, em seguida vendo a porta do quarto alheio ser fechado. ── Ele está estranho...
── Está. ── Sungjin concordou, suspirando. ── Mais tarde vou falar com ele...
O mais alto somente afirmou, abraçando o marido de lado, antes de beijar o topo de sua cabeça, o conduzindo em seguida a cozinha.
Enquanto isso, em seu quarto, Jisung se encostava na porta assim que a fechava, fechado os olhos por um momento, enquanto erguia a mão e abaixava a máscara, revelando o rosto completamente corado.
Mas que droga tava acontecendo consigo? Com certeza nada bom.
O menor soltou o ar lentamente, rapidamente jogando a sua inseparável barra de ferro para o lado e logo tratando de se livrar daquele casaco pesado que usava, assim com os sapatos, como se sua vida dependesse daquilo.
Sentia-se quente.
Muito quente. Mais do que lhe era normal sentir naquela época.
── D-droga... ── murmurou baixinho, assim que olhou pra baixo, instintivamente unindo as pernas, e grunhindo baixo, inquieto.
Automaticamente adentrou a mão pequena dentro da própria roupa, tocando a ereção e apertando de leve.
Estava completamente duro e molhado, sentia escorrer por sua entrada, e aquilo era frustante. Então tão...
── H-hm... ── mordeu de leve o lábio, antes de se livrar daquela calça idiota, a jogando pra perto do casaco.
Observou as peças de roupa ali jogadas, e em seguida o pequeno tecido que escapava para fora do bolso do jeans, não demorando a engatinhar até a mesma e pegar a bolsinha colorida.
── Maldito... ── murmurou, observando o objeto enquanto se aproximava da cama que estava ali do lado, subindo na mesma, sentindo as pernas bambearem um pouco.
Mas não demorou muito a deitar de lado, engolindo em seco. Sua mente estava tão enevoada, a quentura que sentia aumentando ainda mais ao aproximar o objeto do próprio rosto, aspirando de leve o cheiro marcante impregnado no mesmo, o líquido viscoso escorrendo ainda mais por suas pernas.
── Mas até parece. ── murmurou irritado, mesmo que a voz estivesse fraca, antes de atirar a bolsinha longe, respirando fundo e passando a mão nos fios escuros.
Tinha que manter o foco. Não iria fazer aquilo, não quando rosto daquele mané estava na sua mente, não mesmo.
Mas só estava acontecendo porque, mesmo mal o conhecendo, já o detestava, claramente. Era isso, e só por isso.
Fosse como fosse, era só mais um cio, e ele conseguiria enfrentar.