_ Mas que droga!
Olhando pro chão coberto de sangue e Lori ali já sem vida , senti meu mundo desmoronar .
A algumas horas atrás estavamos falando sobre que brinquedo o bebê iria gostar , rindo juntas .Agora por culpa de um dos presos , Lori Carl e Maggy ficaram presos aqui enquanto os outros matavam os zumbis que invadiram .
Eu estava longe quando isso aconteceu , quando ouvi os tiros e os zumbis invadindo , corri com todas as minhas forças pra cá, mas já era tarde .
Lori entrou em trabalho de parto e sabia que não tinha outra alternativa senão tirar o bebê o mais rápido possível .
Olhei para Maggy que tinha os olhos vermelhos enquanto segurava um bebê recém nascido nos braços, o sangue ainda fresco em suas mãos.
Ela saiu para fora então eu e Carl permanecemos no local .
Ele segurava uma arma na mão e olhava para o corpo de sua mão já sem vida no chão.
_ Carl. Tentei chamar sua atenção.
_ preciso fazer isso rápido antes que ela vire uma daquelas coisas . Disse o garoto em um tom sério .
Ele iria fazer isso eu não tinha dúvidas , sai dali dando uma última olhada para trás , andei até Maggy e a abracei junto do bebê.
O som do tiro soou alto , senti meu coração acelerar e as lágrimas descendo por meu rosto .
Carl saiu de lá com uma expressão séria e passou por nós .
Seguimos ele até chegarmos onde os outros estavam , Rick viu Maggy com o bebê nos braços.
Sua expressão vacilou na hora , os olhos se encheram de lágrimas e andou até a gente .
_ não Carl , isso não.
Carl abaixou a cabeça, não queria olhar para seu pai no momento , sua mente estava tomada pela cena do tiro .
Rick passou por nós e correu até o local onde estava o corpo de Lori .
Limpei minhas lágrimas e peguei o bebê dos braços de Maggy que tremia .
_ eu cuido dela , vá se limpar .
_ tem certeza ?
_ tenho .
Ela saiu acompanhada de Glenn que abraçou a namorada e beijou sua testa em preocupação.
Carl também saiu , só estava eu e a pequena bebê em meus braços.
Embrulhei ela no pano e fui até minha cela , tinham algumas coisas de bebês lá.
Limpei o corpinho dela com um pano úmido e a vesti com roupinhas limpas .
Aqueles olhinhos inocentes me olharam iosidade , a pequena mãozinha segurou meu dedo e levou a boca .
_ desculpe por não conseguir salvar sua mãe, eu realmente tentei .
Abracei a bebê sentindo o calor em meus braços .
...................
Já haviam se passado alguns dias desde o incidente .
Rick estava estranho , falava sozinho as vezes e parecia atordoado . Finalmente ontem ele tomou a atitude de vir ver sua filhinha pela primeira vez .
Também teve uma conversa com Carl , sei que o garoto ainda tem muito gradado em seu coração, mas conversar com o pai parece ter ajudado um pouco .
Tenho passado a maior parte do meu tempo cuidando da pequena , agora com o nome de Judith, Carl escolheu esse nome , gosto muito , combina com ela .
Depois de dar a mamadeira pra bebê, fui até Beth e a coloquei em seus braços.
_ ela tomou tudo ?
_ sim, Judith estava faminta hoje.
A bebê descansou calmamente nos braços de Beth, sorri levemente ao ver a cena.
Tem sido muito difícil nos últimos dias, desde a morte de Lori, Rick parecia melhor, mas estava um pouco distante .
Carl era o mesmo, por mais que ainda sorrise ao ver a pequena Judith , seu olhar era vago , sinto que ele mudou e amadureceu muito desde então.
Mal tenho dormido direito, assim que fecho os olhos a imagem da morte de Lori me vem a mente, acordo suada e com a respiração acelerada.
Sinto que tudo que está acontecendo é minha culpa , mesmo não sendo ainda não consigo me perdoar.
Meu único ponto de apoio é o bebê nos braços da jovem loira , assim como um garoto com chapéu de xerife , e o xerife que considero um pai .
Minha família precisa de mim , não podia me dar o luxo de me tornar vulnerável nesse momento.
Tocando a bochecha macia do bebê, dei um beijo leve em sua testa e sai dali.
Tinha muita coisa pra fazer na prisão, começando pela limpeza do bloco mais afastado .
Era o último ponto até conseguirmos limpar toda a prisão, Rick faria isso amanhã com os outros .
Aproveitei que estava ocupado com outros assuntos e corri até lá.
O portão estava fechado com cadeados grossos , toquei virando para os lados para ver se tinha alguma forma de abrir .
_parece que vou ter que pular esse portão.
Arrumei a faca na cintura pra não cair e arregacei as mangas . Com as mãos enganchada na grade , olhei pra baixo e apoiei meus pés um de cada vez nas aberturas .
Depois de alguns segundos consegui escalar toda a grade e pulei do outro lado .
Andei até a porta de ferro , do outro lado sons de grunidos , supus uns vinte daquelas coisas.
Levantei a faca preta que ganhei de Carl, e abri a porta .
O barulho da porta sendo aberta chamou a atenção dos zumbis que cambalearam nessa direção.
Como sempre essas coisas passaram por mim, estiquei o pé fazendo um deles tropeçar e cair no chão.
O braço podre torceu em um ângulo estranho com o osso para fora da carne.
Não perdi tempo e logo perfurei sua cabeça com a minha faca.
_ faltam muitos ainda.
Dos vinte zumbis que matei , sobrou um último que batia na grade tentando sair.
Limpei o suor do rosto e caminhei até ele.
Atingi sua cabeça e o mesmo caiu no chão morto, dessa vez pra nunca mais se levantar.
_o que você tá fazendo aí?
Ouvindo a voz me virei surpresa , Carl me olhava do outro lado da grade .
_ limpando os zumbis . Respondi voltando a expressão normal .
abaixei para limpar minha faca na roupa de um zumbi morto.
Levei um pouco próxima ao nariz e cheirei.
_ droga agora minha faca está fedendo.
O sangue podre impreguinou minha arma , como poderia tirar isso .
Senti um olhar sobre mim e olhei pra grade.
_ você ainda não foi embora .
_ vou quando você for .
_ não precisa, eu sei me cuidar sozinha.
Desviei o olhar e andei em direção ao bloco , tinha que averiguar se havia mais algum zumbi.
Antes mesmo de entrar dei um passo para trás com a mão tapando o nariz.
_ droga.
_ o que foi?!
Carl que já estava em cima da grade pulou sem pensar duas vezes e correu até lá.
Ao sentir o forte odor podre vindo do bloco , se afastou com a testa franzida , uma grande vontade de vomitar mas se conteve.
A visão lá dentro mostrava diversas tripas e restos de carne podre , muitos mosquitos e larvas por todo lado, sem contar o cheiro insuportável que aquilo estava.
Fechando a porta com força, dei um passo para trás e olhei para o garoto com a mão que cobria o nariz.
_ por que está aqui?
_ eu quem pergunto , por que você está aqui, meu pai não disse que iria limpar esse lugar amanhã?.
_ eu posso fazer isso sozinha .
Respondi seria.
_ meu pai vai ficar muito bravo se souber disso .
_ não me diga que já vai ir lá me dedurar pra ele?.
Questionei o garoto olhando em seus olhos com um olhar irritado.
_ eu não disse que iria contar, mas se ele vir aqui amanhã vai saber que foi você quem matou os zumbis .
Ele tinha razão, pela forma como os zumbis foram mortos , só sendo muito rápido , ou invisível para acabar com todos eles sem perder a vida .
De qualquer forma fiz minha parte, agora tudo o que eu quero é me limpar e tirar esse cheiro ruim da faca.
_ amanhã me resolvo com o Rick .
Passei por ele e andei até meu " quarto" Carl me seguiu , ficando a alguns metros de distância.
Quando estava ao lado da cama pegando roupas pra me trocar, ele entrou .
_ preciso falar com você.
_ agora não, deixa pra depois.
_ Por favor.
Olhei para sua mão que segurou meu braço e depois para seu olhar tenso.
_ tudo bem.
Sentamos no chão um de frente para o outro , olhei em seus olhos , diferente do meu azul , os seus eram azuis tão claros que pareciam cristalinos .
Já vi um par assim que pertencia ao meu irmão mais velho na minha vida anterior.
Esses olhos eram fascinantes , quando não queriam demonstrar emoções, ficavam tão frios como o gelo, mas se quisessem, o mar azul em seu interior ocilava de uma forma que podia se ver todas as emoções contidas ali.
Os olhos de Carl me diziam que ele guardava muita coisa em seu coração, mas era cabeça dura demais para conseguir dizer .
Sabendo que o garoto queria dizer algo mas não sabia como expressar isso em palavras .
Suspirei levemente , estiquei a mão para levantar seu rosto e olhar para mim.
Os olhos azuis agora confusos olharam para mim .
_ está tudo bem Carl, eu estou aqui com você e sempre estarei .
Abracei ele para demonstrar minha sinceridade, esperando que de alguma forma isso possa consolar o coração do garoto .
Ele retribuiu o abraço e enterrou o rosto no meu ombro .
Senti as lágrimas quentes molharem minha roupa .
Um pensamento passou por minha cabeça nesse momento .
Carl era minha família, eu tinha que protegê-lo , assim como Rick e Judith .
Apertei meus braços em volta dele .
_ vou protegê-lo, custe o que custar.
Falei com firmeza em um tom baixo quase inaldivel .
Continua...............