Misty (Girl's Love)

By LidFlower

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(Obra Em Andamento) Títulos da obra: Misty; Nebuloso. Autora: LidFlower. Gêneros: Drama, fantasia, romance, a... More

Aviso
1 - O azul dos olhos medonhos
2 - A maciez daqueles belos lábios
3 - Vermelho como o vinho
4 - Os padrões espiralados
5 - As criaturas da montanha
5.1 - Extra: As íris azuis na pele alva
6 - Bondade justificada
7 - A pele morena refletida sob a luz
8 - O brilho cintilante das estrelas
8.1 - Extra: Os traços negros como azeviche
9 - O sorriso da beleza
10 - O homem espalhafatoso
11 - Desenterrando memórias
12 - Lembranças
12.1 - Extra: Sacrifício
13 - Artefato
14 - Os brincos perolados
14.1 - Extra 4: Treinamento
15 - Luz e água

16 - A beleza da natureza

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By LidFlower


Quando abri os olhos, a única coisa a me saudar era a escuridão. O esconderijo dentro da montanha era completamente isolado do lado de fora e, segundo Meish, a sua magia era a única capaz de ter acesso àquele lugar.

Eu estava um pouco melhor do que no dia anterior, e a dor nos músculos estava passando. Me espreguicei demoradamente, aproveitando os poucos segundos que teria antes de levantar. O lugar estava completamente silencioso, então eu sentei na cama calmamente e toquei as palmas das mãos uma na outra, materializando uma pequena esfera de luz, era quatro vezes menor do que o tamanho da minha mão, e pequeno o suficiente para que eu pudesse suportar a magia sem tanto esforço.

Logo, a luz fraca e azulada iluminou vagamente o ambiente. Ao meu comando, a esfera em minhas mãos flutuou para os arredores lentamente, até alcançar a poltrona no canto do quarto onde estava Meish, como uma estátua, com os olhos fechados e a expressão serene. Ela sempre fazia isso, todas as noites, passava as noites naquela poltrona e não parecia se importar em passar a madrugada inteira naquela posição.

Dei um bocejo curto e afastei o cobertor, saindo da cama em um pequeno salto e caminhando até ela, mas antes que eu pudesse alcançá-la a passos curtos, ela abriu os olhos e me encarou. O rosto terno e suave na minha direção, pegando-me desprevenida e fazendo-me estagnar no lugar.

"Vamos partir hoje." Ela disse.

Pisquei, ainda surpresa pela ação dela. "Eh, Tudo bem..." murmurei.

Meish levantou-se da poltrona e caminhou até seu armário.

"Precisamos organizar tudo aqui e nos prepararmos para a viagem." Ela disse enquanto tocava alguns pertences meus e os armazenava em seu anel mágico.

Meish não precisava levar tantas coisas, nem comia a mesma coisa que eu. Estava claro que ela havia dito isso especialmente para mim, deveríamos organizar as minhas coisas para que eu pudesse ter uma jornada mais tranquila.

Caminhei rapidamente até Meish e a ajudei a organizar os pertences, separamos algumas roupas que ela havia comprado e objetos de higiene que pegamos do esconderijo.

Algum tempo depois, tudo estava pronto.

Tornei a deitar na cama enquanto Meish caminhava pelo quarto, absorvendo toda e qualquer magia remanescente dentro do quarto. Ela então saiu, deixando-me com a promessa de que voltaria mais tarde, e que eu deveria comer logo. Eu já havia me acostumado com ela me dando informações incompletas e escondendo coisas de mim, não importava o tempo que estivemos juntas, ela não parecia realmente confiar em mim.

E eu não a culpava, sabia que em meu íntimo, também não confiava nela o suficiente, eu estava aqui por falta de escolhas, sabia que o mundo não era perfeito e que aqueles sem poder, como eu, dificilmente conseguiam alcançar seus objetivos. Eu tinha um problema e precisava de Meish para me ajudar a resolvê-lo, e eu estava colhendo até mais benefícios do que imaginei daquele trato de quatro meses atrás, não sentia mais as dores contanto que Meish as absorvesse. Vez ou outra, eu sentia um calafrio na espinha e dormêmcia em meus membros, mas logo Meish notava e me ajudava a acalmar os efeitos da maldição.

Encarei o teto, como todas as outras vezes em que estive aqui, Meish não voltaria tão cedo, ela havia feito isso muitas vezes antes. Certa vez, pedi para que ela me ensinasse magia mental, como ela havia prometido, mas não chegamos a lugar algum, eu não conseguia resistir à coerção de Meish, embora ela tenha me dito que era difícil acessar a minha mente devido à resistência que eu desenvolvi com a maldição.

Além disso, no entanto, não houve qualquer progresso, quando Meish encarava-me com aquele olhos escuros, e ao mesmo tempo brilhantes, tudo o que eu conseguia pensar era em satisfazer todas as suas ordens, era um desejo que parecia surgir de dentro de mim, como se fosse algo genuinamente verdadeiro, um desejo profundo que me coagia a fazer qualquer coisa, contanto que Meish dissesse para fazê-lo. Dentro de seu controle mental, eu sentia que não havia nada mais feliz do que acatar às ordens dela, mas quando ela finalmente me libertava de seu controle, me permitindo pensar racionalmente, eu não podia evitar temê-la.

E se tudo o que eu sentia perto dela fosse falso? Não fazia qualquer sentido, e eu estava consciente disso, mas eu ainda estava receosa, e foi assim que decidimos focar apenas em treinar minha magia elemental e esquecer sobre aprender magia mental, por enquanto.

Finalmente, Meish adentra o cômodo, parecendo despreocupada. Levanto-me rapidamente da cama, saindo de meus pensamentos para direcionar a atenção à ela. Caminhei até as bolsas com meus pertences e entreguei à Meish, havíamos combinado que ela levaria tudo em seu anel, assim, quando ela guardou os pertences e gesticulou para sairmos, eu apenas segui-a até a saída.

Estava tarde, o céu escurecendo e a noite ameaçando cair sobre a região nevada em que estávamos, haviam se passado horas sem que eu tivesse me dado conta, o tempo parecia voar quando eu estava dentro daquele quarto.

"Reforcei as magias de ocultação na montanha, poderemos voltar para cá no futuro." A voz de meish tirou-me do transe.

"Tudo bem." Respondi. "Como vamos sair daqui?" Perguntei, curiosa.

Ela sorriu. "Ora, da mesma forma que chegamos. Preparada para entrar em um portal?"

"Não." Eu também sorri, nervosa.

Rapidamente, Meish abriu um portal grande, segurou minha mão e me direcionou para a superfície translúcida. Eu ainda não havia esquecido da sensação desagradável que senti nas outras vezes, mas respirei fundo e enchi-me de coragem, a mão de Meish segurando a minha parecia trazer-me algum alívio, e assim nós adentramos o portal.

Me preparei para o enjôo que eu sabia que me atingiria, e de fato, assim que a sensação estranha da viagem passou, a onda de enjôo atingiu-me em cheio. E novamente, eu apertei o estômago, o corpo tremendo incontrolavelmente enquanto a sensação me dominava, era como se eu estivesse expelindo todos os meus órgãos internos, Meish me acalmou, passando as mãos na minhas costas.

Alguns minutos depois, levantei a cabeça, deparando-me com uma floresta verde e densa. Parecia mais bonito do que nunca, afinal, fazia quatro meses que eu não via uma única árvore viva, a vida naquela montanha era apenas um mundo alvo e nevado, entediante e assustador. Eu não pude evitar sorrir com a visão das cores vivas ao meu redor, de fato, a floresta parecia viva, eu podia sentir a vida escorrendo por entre os galhos das árvores e as pétalas das flores que conseguiam mostrar-se na floresta densa.

Havia algo diferente, até mesmo em comparação à última vez em que estive em uma floresta, era como se agora eu fosse capaz de sentir tudo, cada elemento presente ao meu redor, como se ao movimentar de meus dedos, a natureza se movimentasse de acordo com os meus desejos.

"Você vê? Há um talento natural em você, provavelmente algo que você herdou de seus pais, ou por influência da maldição." Meish cochichou próxima a mim, assustando-me um pouco. "Você é uma maga elemental, definitivamente."

Virei-me para ela. "Você também sente isso?" Minha voz estava maravilhada com a sensação vibrante da natureza.

"Não, eu só posso usar magia mental."

"Mas você me ensinou a manipular água." Franzi as sobrancelhas.

"É o único elemento que eu posso dominar, meu único talento para magia elemental. Não sou capaz de realizar qualquer magia além disso." Meish curvou os lábios em um sorriso sutil.

"Oh." Voltei meus olhos para as plantas. "E que tipo de magia é essa que eu acabei de sentir?"

"Não é exatamente magia, é apenas o seu potencial em dominar o elemento madeira. Se tudo for como o planejado, você vai aprender a dominar madeira na escola de magos. E vendo a sua capacidade agora, tenho quase certeza de que vão te aceitar, mesmo já tendo passado da idade, você será uma grande maga um dia."

Inconscientemente, meu sorriso aumentou, parecia irreal, algo que eu nunca pensei que aconteceria nem em meus sonhos mais selvagens. Magia era para aqueles que podiam estudá-la, e só a nobreza podia fazê-lo. Eles sempre diziam que o exame era aberto à todos, mas a taxa de inscrição era uma pequena fortuna, fazendo com que apenas aqueles que possuíam dinheiro pudessem pagá-la.

Meish uma vez disse que eles abriam exceções apenas para aqueles com magia abundante ao ponto de causar perigo às pessoas. Caminhei pela floresta, apreciando a paisagem ao meu redor e me perguntando se veria a floresta assim para sempre, a vida naquele lugar me trazia uma paz indescritível.

"Lyna". Desviei o olhar da floresta para Meish. "Vamos ter que dormir aqui hoje, ao amanhecer vamos conseguir cavalos."

Assenti para ela e caminhei em sua direção. Ela virou-se e começou a andar em uma direção específica, a escuridão da noite atrapalhava a minha visão, impedindo-me de segui-la apropriadamente, então Meish segurou a minha mão para me guiar até o local que ela planejava levar-me para dormir. Após alguns minutos, nós chegamos, era uma clareira, era bonita e radiante, algumas árvores se estendiam de modo a cobrir parte do céu, deixando uma pequena visão das estrelas no alto, o som dos insetos harmonizava perfeitamente com a visão magnífica da noite, trazendo-me uma sensação indescritível.

Meish retirou de seu anel mágico dois cobertores, e juntas, nós o estendemos sobre o chão coberto pelas folhas e grama. Demorei a pegar no sono, Meish e eu não conversamos nesse período, apenas deitamo-nos lado a lado, esperando que o sono me dominasse, e cerca de duas horas se passaram até que meus olhos se fechassem pelo cansaço da viagem.

No dia seguinte, levantei-me de súbito, como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo, um vazio profundo tomando conta de mim. Olhei ao redor, um verde infinito me rodeava, a floresta ainda era bela como sempre, mas eu não tinha humor para apreciá-la como deveria. Foi então que eu percebi a ausência de Meish, havia apenas eu e a solidão em meio à imensidão verde musgo. Sentei-me por alguns minutos, estranhando a sensação nova que estava crescendo dentro de mim, eu estava... sentindo falta de Meish?

Eu não sabia como descrever, sequer entendia o que estava sentindo, não era como a falta que eu sentia de Miranda, havia algo diferente. 

Fiquei de pé para me distrair, não queria pensar sobre aquilo, então caminhei pela clareira, o lugar era ainda mais bonito quando visto durante o dia. Continuei a explorar a floresta, era diferente da última em que eu havia estado, aqui a vegetação era menos densa, tornando a caminhada mais fácil. Afastei-me um pouco mais da clareira na esperança de encontrar água, mas diferente da última vez, não havia riacho por perto, então eu voltei e me sentei sobre o tecido fofo estendido no chão.

Finalmente, notei a minha bolsa no canto do cobertor, eu não havia levado nada comigo na viagem, Meish guardou tudo em seu anel, o que significava que ela tinha deixado a bolsa intencionalmente para mim. Estendi a mão para alcançar a bolsa e a abri, havia comida seca e um cantil cheio d'água, sorri em gratidão, e comecei a primeira refeição do dia.

Algum tempo se passou enquanto eu esperava o retorno de Meish, deitada no cobertor, sem saber o que fazem além de esperar, eu podia tentar continuar viagem sozinha, como havia feito nos últimos anos, mas com Meish tudo ficava mais fácil, ela sabia exatamente para onde ir e como ir, como se houvesse um mapa gravado em sua mente. Virei-me de lado para ficar mais confortável e fechei os olhos, e o tempo continuou passando.

De repente, um pequeno ruído soou, a primeira coisa que veio em minha cabeça foi Meish, mas retrocedi, Meish conseguia se aproximar sem emitir ruído algum, e quase sempre ela aparecia dessa forma. Abri os olhos subitamente e me sentei, olhando ao redor, o barulho parecia vir de algum lugar não muito longe de onde eu estava, eram como pegadas no solo, e eu sabia que estava certa, dado o tempo que passei viajando sozinha, eu tinha certeza de que havia alguém em algum local próximo da clareira, alguém que eu não conhecia. 

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