Rapidamente procurei em minhas gavetas a chave do quarto de Freen, e achei depois de muito tempo. Sai do meu e fui diretamente para o dela. Quando abri a porta vi seu corpo virado na cama. Ela estava apenas de camisola.
Parecia dormir.
Fechei a porta com calma, e me aproximei um pouco da cama, receosa do que eu faria. Pensei em voltar logo para meu quarto e amanhã falar com ela melhor.
Mais eu ouvi a sua voz.
-Me deixe sozinha Rebecca.-Ouvi sua voz soar pelo quarto. Me aproximei um pouco.
-Quero conversar com você.-Falei. Vi seu corpo se mexer um pouco, mesmo diante do escuro e me aproximei dela. Pegando em sua perna, a mesma se moveu, afastando seu corpo das minhas mãos.
Liguei a luz do quarto e vi ela se mexer mais, ficando sentada na cama. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, assim como a ponta do seu nariz também.
Ela havia chorado.
-Freen, eu posso explicar aquela foto.-Falei com calma.
-Não se trata da foto Rebecca. Não namoramos, não temos nada sério.-Ela disse, eu sentia raiva em sua voz.-Se trata de eu ficar como uma idiota todo dia esperando que você note à mim. Fiquei horas esperando você aparecer, você não teve a consideração nem de desmarcar. Tem sido assim a dias, você fica sempre ocupada demais em mentir pra mim.
-Como assim?-Perguntei preocupada.
-Acha que eu não sei que esta mentindo pelas minhas costas? Fazendo o que eu pedi pra você não fazer?-Ela disse alterada se levantando. Prendi a respiração e arregalei um pouco os olhos.-Muita hipocrisia pra alguém que me pediu sinceridade no primeiro dia. Ai eu fico esperando feito uma otaria, você ser sincera comigo. Mais ao contrario, eu recebo um chá de espera pra você ta em um salão de festas se beijando com uma mulher que ate hoje eu nem sabia que existia.
-Desculpa, Freen.-Falei tentando apenas afirmar meus erros e não justifica-los. -Me perdoe.
-Quero que saía do meu quarto. Ficarei aqui apenas
mais 3 dias. Que é o tempo que eu encontro um lugar pra mim, irei mudar os dados de pagamento da faculdade para minha conta. E só permanecerei no emprego em que me deu. Por que eu preciso muito. -Ela disse me olhando seria.-E eu te agradeço muito Rebecca, por tudo. Prometo que um dia lhe devolvo tudo que foi gasto comigo. Peço desculpas ao trabalho que te dei. -Não Freen. -Falei começando a me desesperar, tentando falar com calma, para fazer ela mudar de ideia.
-Por favor, saía do meu quarto. Ja te pedi.-Ela falou novamente, vi o quanto falava sério. Concordei segurando a vontade de chorar e sai do seu quarto, puxando a porta comigo.
2 meses depois..
Havia se passado meses, pra mim foi bem mais difícil do que eu esperava que fosse. Nunca bebi e fumei, coisa que nem tinha costume. Tanto quanto nesses meses.
Me sentir sozinha nunca foi tão insuportável. Tão
ruim.
Eu tentei muito me reaproximar de Freen novamente, tentava chamar sua atenção, a convidava para algo, ou ate mesmo pedia desculpas bebada. Ela não deu atenção ou ouvidos, respondia por educação e talvez gratidão por tudo que eu fiz por ela. Mas nada mais.
Ela havia de fato trocado a forma de pagamento da faculdade. Em vez de debitar de minha conta, agora o valor descontava da dela, o que eu sabia que era bem complicado, ja que o que ela recebe bate praticamente com a mensalidade da faculdade.
Eu pedi ate um aumento de salário para ela. Tive que mandar oferecerem mais funções a ela por isso, ja que se fosse diferente, ela não aceitaria.
Ela não saiu do hotel, Irin conseguiu convencer ela a ficar. So que agora ela ficava no andar de baixo em um quarto mais simples, junto aos outros hóspedes e deixou meu andar de lado.
Irin me esculhambou muito durante esses dias. Falou tanta coisa pra mim que eu nem tinha percebido que tinha feito ou deixado de fazer.
Me sentia arrependida.
Eu não tinha deixado pra la o assunto Joe. So tinha diminuído a minha frequência de estar entretida com o assunto. Vi o homem 2 vezes depois do evento
beneficente e apenas para vigiar seus movimentos.
Eu tava tentando ser calma, precisava primeiro conhecer seus movimentos para poder avançar para o próximo passo.
Eu tava agora no meu carro, indo buscar Lucca na casa de Austin, que no caso era minha, foi paga com meu dinheiro. O idiota conseguiu arrancar de mim no divórcio, não que a mesma que faça falta, ja que não quero nada que foi minha junto a aquele homem. Mais so de imaginar que ele usufrui de algo que foi pago com meu dinheiro, me irrita.
Quando cheguei, uma mulher abriu a porta, não a conhecia.
-Ola, vim buscar meu filho, Lucca.-Falei, ela sorriu
simpática e concordou.
-Prazer. Rebecca certo? Me chamo Elena. Entra, aceita algo pra beber? É bom te conhecer, Lucca me fala bastante de você.-Ela disse, concordei e a cumprimentei também. Simpática até.
-Sim, Rebecca, Prazer Elena. -Falei sorrindo de forma amigável.
-Veio sem sua namoradinha?-Ouvi Austin falar entrando na sala com Lucca ao seu lado.
-Minha vida não te interessa. -Falei me segurando para não lançar a ele um dedo do meio. Logo peguei
Lucca com sua mochila e me despedi da Elena.
Coitada..
Quando ia entrar no meu carro com Lucca já dentro, vi Freen próximo, ela parou de andar quando me viu. Franzido um cenho.
-Pensei que eu ia vir buscar Lucca hoje, me confundi.- Ela falou de forma normal, estava linda, toda de branco. Provavelmente tinha saído da faculdade agora pouco.
-Não se preocupe, hoje era meu dia. -Falei sorrindo pra ela, que apenas concordou com a cabeça.
Olhei para o outro lado da rua próxima. E vi um carro luxuoso e todo preto. O vidro estava fechado, mais logo o vi abrindo, mostrando um rapaz, cabelo preto e arrumado. Vi de longe a marca de seu óculos.
Caríssimo.
-Amigo da faculdade?-Perguntei pra ela, que olhou para o menino e me encarou novamente.
-Talvez.-Ela disse, aquilo apertou meu coração de maneira estranha.
Como assim talvez?
-Pensei que respeitaria nosso término por mais tempo.-Falei sentindo tristeza.
-Pare de falar loucuras Rebecca. Você não foi mulher nem para me pedir em namoro.-Ela começou a falar,suspirei passando a mão no rosto.-Ok Rebecca, chega. Boa tarde, ate mais.
Suspirei passando a mão no rosto agoniada e entrei no carro querendo gritar, privei por conta do meu garoto.
-Mãe, você e a titia Freen não estão mais namorando? Ela não quis me responder quando a perguntei.. vocês não olham mais filme comigo juntas.. só separadas.-Lucca perguntou enquanto eu via o carro do tal cara se afastar.
-Nunca namoramos filho..-Falei respirando fundo.
-Você vacilou mãe. Agora ela ta com o tio Zayn.-Lucca disse, olhei pra trás vendo o garoto que estava com o cinto no peito.
-Ela esta namorando aquele rapaz?-Perguntei, ele deu de ombros.
-Acho que sim mãe. Ele veio com ela me buscar na ultima vez, se despediram com uma bitoquinha. E ele a chamava de "amor".-Ele falou me encarando.-É mãe, você vacilou.
-Não fala assim comigo.-Falei, ele concordou -Não fala assim comigo.-Falei, ele concordou sussurrando um desculpa.
Coloquei a ligação automática no carro junto com Irin e comecei a dirigir sentindo meu sangue ferver em agonia.
-Oi Rebec..-Irin começou a falar, mais eu nervosa a interrompi.
-Por que não me disse que ela estava namorando?- Perguntei de forma rápida.
-Ela não tá namorando Becky. Ela esta somente ficando com ele. Passando noite, encontro, essas coisas.-Ela falou, arregalei os olhos surpresa.
-Passando a noite?-Perguntei me ajeitando no banco e prestando atenção no trânsito.
-Ue Rebecca, se você não faz. Tem quem faça.-Ela disse sorrindo. -Quando ela me apresentou ele, ela dormiu na casa dele, pelo que eu sei. Então ja deve saber que ele não dormiu que nem você todas as noites ne.
-Da pra você parar?-Perguntei sentindo raiva e ouvindo ela sorrir. Desisti de tentar falar com Irin e encerrei a ligação.
Inferno.
A noite ja havia chegado. E eu estava na recepção assinando algumas coisas que precisavam ser resolvidas muito cedo. Quando terminei ouvi a voz de Freen se despedindo do tal rapaz, vi a hora em meu celular. Que ja marcava 23:00.
-Boa noite Eduardo. Quando aquele rapaz quiser subir ate meu quarto, você pode deixar tá ? Não precisa me avisar.-Freen chegou falando ao Eduardo na recepção. Ergui a sobrancelha.
Ela fingia que eu nem estava aqui.
Quando Eduardo ia a responder, eu rapidamente o interrompi.
-Negativo Eduardo. Qualquer chegada, deverá ser
avisada.-Falei, vendo Free dar de ombros.
-So estava evitando que Eduardo ficasse ligando todos os dias de maneira desnecessária, ja que todo dia meu namorado irá subir pro meu quarto. -Freen falou pondo as mãos no bolso da calça.
-É o trabalho dele. -Falei cerrando os dentes. Olhei para o Eduardo que estava paralisado e terminei de o entregar as coisas, me despedindo.-Me acompanhe senhorita Chankimha, por favor.
Pensei que ela negaria, mais me acompanhou. Quando entramos no elevador, vi ela apertar o botão para seu andar. Encarei seus olhos.
-Pensei que iríamos viver em paz.-Falei, ela fez cara
confusa.
-Estamos vivendo em paz Rebecca.-Ela disse, parecia deboche.
-Isso é paz pra você?-Perguntei, ela agora parecia realmente confusa.
-Não estou te entendendo.-Ela disse.
-Você está realmente namorando? Olha Freen, não era para nada disso tá acontecendo.-Falei quase em sussurro.
-Aquele assunto morreu pra mim. Acabou Rebecca.- Freen disse. Me aproximei um pouco vendo ela recuar um pouco, ate sentir a parede do elevador a impedir.
-Não sente nada por mim?-Perguntei tocando em seu rosto, fazendo seus olhos vidrarem nos meus.-Diga pra mim, mi amor.
-Não Rebecca. Saía de perto de mim, por favor.-Ela falou de olhos fechados, engolindo em seco.
Mentira.
-Tem certeza ?-Perguntei cheirando seu pescoço, beijando e sentindo ela amolecer um pouco.-Me dê uma chance de te mostrar, que eu sou capaz de mudar tudo de ruim que nos aconteceu.
-Me esqueça Rebecca. -Ela disse tentando se afastar de mim. Olhei em seus olhos novamente e rocei um pouco minha boca na dela.
Encostando.
Ela não tentou afastar.
-Diga que me quer. Que gosta de mim.-Falei dando um selinho em sua boca, vendo ela suspirar um pouco, sorri.
-Eu amo você.-Ela sussurrou, quase não deu para ouvir. Eu acabei afrouxando um pouco o aperto percebendo o que eu tinha escutado. Freen aproveitou o barulho da porta abrindo e percebeu o que tinha dito. Sem palavras e reação a mulher saiu quase correndo para fora do elevador, antes que eu pudesse dizer algo. As portas do elevador se fecharam novamente
Me ama?