Acaso prometido | Suayeon

Por somniabr

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Cansadas de ter que aturar suas melhores amigas em um pé de guerra há dois anos, as namoradas, Minji e Yoohye... Más

O plano perfeito
Macarronada e farpas trocadas
Abandonadas e cheias de fome
Silêncios e sinônimos
Atos inesperados e a vizinha
Apagões e calmaria
Vizinha forçada e amigos estranhos
Inconveniências e estalos
Desabafo e orgulho
Conversa direta e tempestade
Trauma e conforto
Cachoeira e olhares indiscretos
Sete cortes e sorrisos sinceros
Relacionamento e Titanic
Novos ares e constrastes perfeitos
Elkie e bichinhos de pelúcia
Passado e Acasos Prometidos
Piadas Sem graças e decisões tomadas
Polaroid e empurrãozinho
Riacho e efeitos
Cafuné e toque aveludado
Receios e recomeços
Carinhos e aconchegos
Torradas e geleias
Acampamento e Dúvidas
Retorno e lágrimas
Surpresas e incertezas
Insegurança e o outro lado da moeda
Conclusões precipitadas e de volta a realidade
Distrações e tempo perdido
Saudade e Respostas
Começo e Fim
Epílogo

Sonhos e entregas

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Por somniabr

A morena remexeu-se sob as cobertas de forma lenta enquanto seus olhos eram abertos com certa dificuldade por conta da suave claridade adentrando o cômodo. Siyeon soltou um suspiro preguiçoso, esticando cada músculo do corpo, sentindo-se leve naquela grande cama.

Ela estava sozinha em meio aos edredons.

O gostoso perfume levemente doce fez-se presente quando a morena tateou o lado em que a outra dormiu, fazendo-a lembrar do acontecimento da noite anterior e as borboletas em seu estômago despertarem, assim como ela naquela manhã.

Um sorriso bobo desenhou os lábios da morena, um misto de nervosismo combinado a algo que ela ainda não sabia definir, mas que a fazia sentir-se nas nuvens. Com os cabelos um pouco desgrenhados, a morena sentou-se na cama, finalmente abrindo completamente os olhos e encarando cada canto daquele quarto.

Nenhum sinal de Bora.

Ela provavelmente acordou mais cedo. Siyeon pensou.

Embora estivesse envergonhada, ela teria que encarar a mais velha hora ou outra, mas isso não a impedia de gastar o máximo de tempo possível por ali. Siyeon arrastou-se para fora da cama, sentindo o assoalho frio sob os pés descalços e caminhou de forma preguiçosa - quase arrastando-se - até o banheiro.

— E se ela voltar a me odiar? — Perguntou de forma baixa para si mesma após lavar o rosto com a água gelada.

Não se arrependia de ter beijado Bora, mas admitia que agiu por impulso e agora sentia-se insegura sobre como a outra reagiria.

Siyeon encarava a própria imagem no espelho, como se esperasse que seu reflexo realmente a respondesse com alguma frase motivadora ou conselho milagroso. O que não aconteceu, obviamente.

Alguns momentos da madrugada preencheram a mente da morena, fazendo-a vacilar na tentativa de tentar não focar naquilo por ao menos um minuto. Mas quando ela lembrava das sensações, era como se estivesse deitada novamente de frente para a Kim. Lembrou do olhar castanho sobre o seu, pegando-a de surpresa e fazendo suas pernas fraquejarem - ela provavelmente cairia se não estivesse deitada. Suas bochechas esquentaram quando lembrou do quanto os lábios de Bora eram macios, mesmo que o beijo não tenha passado de um selar demorado, foi o suficiente para fazê-la ansiar por mais.

Ela iria enlouquecer.

Há duas semanas atrás, acreditava com todos as forças que detestava a garota. Há uma semana, pareceu a ideia mais infernal de todas estar presa em uma casa de campo com a mesma. E agora... Ela desejava que os dias se arrastassem lentamente.

Passou mais alguns minutos no banheiro, gastando tempo entre escovar os dentes e arrumar coragem para caminhar pela casa. O andar de cima encontrava-se em pleno silêncio, fazendo-a descer as escadas rumo ao andar inferior. Seus pés pareciam pisar em ovos, estava nervosa e andava de forma tão lenta que o assoalho da escada sequer rangia.

Na cozinha, Bora encarava a torradeira sobre o balcão como se aquele fosse o objeto mais inusitado que já pudera ver, perdida demais em seus pensamentos, como um gato observando um aquário com alguns peixinhos. As mãos apoiavam o queixo, enquanto a sua mente vagava por lembranças de um sonho que tivera na noite anterior e dominava seus pensamentos desde que acordou.

Um sonho.

O toque, a respiração, o gosto... As borboletas em seu estômago voaram ao lembrar-se de cada detalhe do que a sua mente criou. Escondeu o rosto entre as mãos quando sentiu o rubor em suas bochechas, uma linha fina desenhou seus lábios em um sorriso bobo. Sentia-se como a adolescente apaixonada do ensino médio.

- O que está fazendo? - Bora foi pega de surpresa pela voz de Siyeon atrás de si. Virou o corpo rapidamente para encará-la, encontrando a morena com os cabelos presos em um rabo de cavalo e ainda parecendo estar com um pouco de sono.

Fofa.

Por fora, a Lee parecia estar normal. Por dentro, sentia como se estivessem soltando fogos de artifícios em sua barriga.

- Torradas - A Kim disse, de forma simples. Sequer parecia que estava tendo um pequeno surto segundos antes.

- Você dormiu bem? - Siyeon indagou, aproximando-se da cafeteira. Bora parecia tranquila.

Tranquila demais.

- Sim - Bora virou-se novamente, encarando a torradeira. Não queria queimar suas torradas. - Mas tive um sonho esquisito. - Acabou deixando escapar.

- Sonho? - A morena ficou curiosa.

- Isso - Bora limitou-se a dizer. Já havia falado demais, não queria correr o risco de acabar contando com o que sonhou.

Siyeon ponderou por alguns segundos. Vom a xícara de café em suas mãos, ela se encostou no balcão enquanto Bora estava de costas para si.

- Com o que? - Perguntou antes de dar um gole na bebida quente. Perguntava-se mentalmente o porquê da Kim estar agindo como se nada tivesse acontecido.

- O que? - Bora disse de forma nervosa, olhando-a por cima dos ombros rapidamente. - Nada demais - Ela deu um riso nervoso. - Isso apita quando fica pronto? - Perguntou, referindo-se a torradeira, resolvendo mudar bruscamente o assunto.

Siyeon nada disse, encarando o líquido escuro em sua xícara. Sentia-se ainda mais nervosa do que quando havia saído do quarto. Seus dedos magros seguravam firmemente a lateral do objeto como se o mesmo pudesse cair a qualquer mínimo movimento.

- Siyeon? - Bora a chamou, estranhando o silêncio repentino. Ela tirou a atenção da torradeira novamente e virou-se para a morena.

- Oi? - Ela saiu de seus devaneios, encarando os olhos castanhos da outra com seu olhar um pouco perdido.

- Você parece estranha.

Siyeon apenas assentiu lentamente.

A mente de Siyeon buscava entender algum motivo para a garota a sua frente estar agindo normalmente daquela forma. Ela tinha planejado conversar e esclarecer alguns pontos, mas agora sentia-se perdida no que fazer ou dizer. Se havia sido ruim para a outra, esperava ao menos que a mesma dissesse e não agisse daquela forma. Estava completamente frustrada e podia sentir um incomodo em seu âmago.

Um silêncio constrangedor instalou-se naquele cômodo. Bora procurava entender o porquê da morena estar daquela forma, enquanto Siyeon buscava não demonstrar demais o quanto aquela situação estava a incomodando.

Demorou cerca de um ou dois minutos para algo finalmente surgir na mente da mais alta, fazendo-a franzir o cenho com a possibilidade. Talvez, o nervosismo acabou a deixando lenta o suficiente para não perceber um ponto muito importante naquela manhã.

Ela acha que foi um sonho?

- O sonho foi... Bom? - A morena finalmente quebrou o silêncio, fazendo um certo esforço para não gaguejar.

Bora ruborizou por ser pega de surpresa con aquela pergunta estranha.

- S-Sim - Se Siyeon conseguiu não gaguejar, Bora falhou completamente.

Ela realmente acha que foi um sonho. Siyeon constatou ao ver as bochechas da mais velha ficarem extremamente vermelhas.

Queria sorrir em alivio por perceber que não estava sendo completamente ignorada.

- Você gostou desse sonho? - Ela deu ênfase na última palavra, não sabendo de onde estava tirando coragem para fazer aquelas perguntas.

Bora apoiou as mãos sobre o balcão atrás de si, apertando de forma firme. Sentia-se extremamente nervosa. A morena estava agindo estranho e fazendo perguntas ainda mais esquisitas. A Kim nunca foi rápida para captar certas coisas no ar, mas também não era tola.

Era o que Siyeon estava pensando?

Seu olhar desviou do da outra, procurando por alí um outro ponto para focar, ignorando a pergunta da morena a sua frente.

Talvez fosse apenas bobagem da sua mente ainda afetada.

Siyeon suspirou, deixando a xícara sobre o balcão atrás de si. Seus olhos buscavam os de Bora, que pareciam estar em fuga.

- Bora... - Siyeon ia iniciar algo, mas fora interrompida.

- Não foi um sonho, 'né? - À pergunta deixou de sufocar a garganta da Kim. - Aquilo realmente aconteceu? - Bora tinha medo da resposta.

- E se tiver acontecido? O que você sentiu? - Elas conversavam de forma baixa, como se compartilhassem um segredo que qualquer um poderia ouvir.

A Kim sentiu um calafrio em sua barriga. Por um momento, parecia não haver chão embaixo de seus pés, e temia que a qualquer momento ela pudesse afundar ali mesmo.

- Siyeon, eu preciso... - Bora não sabia como reagir, o que fazer ou o que dizer. O beijo durante a madrugada tinha sido real e ela não entendia  como e o porquê aquilo tinha acontecido. 

Nervosa, ela faz menção de se afastar, mas a morena a sua frente acabou dando alguns passos em sua direção, impedindo-a.

- O que sentiu quando eu te beijei? - Siyeon reuniu toda a sua coragem para fazer aquela pergunta. Estava ainda mais próxima de Bora e podia sentir o olhar da mais baixar queimar o seu com tamanha ousadia.

- Por que fez aquilo? - A Kim esperou por aquele momento por muito tempo, mas agora que tinha acontecido ela sequer entendia o porquê daquilo.

- Você não respondeu a minha pergunta, por que eu deveria responder a sua? - À morena parecia sempre ter uma resposta para tudo.

- Siyeon... - Bora suplicou, em nervosismo.

A morena suspirou pesadamente, ainda mantendo firme a troca de olhares.

- Eu estou nervosa, Bora. Não pense que foi fácil para mim descer as escadas e encarar você agora, mas não quero que ache que aquilo não aconteceu - Siyeon disse tudo de uma vez, como se aquilo estivesse a sufocando.

- Eu não entendo o porquê - Aquilo poderia soar repetitivo, mas para a Kim, não era fácil simplesmente acreditar no fato de que havia beijado a garota que por tanto tempo foi apaixonada e que a semanas atrás parecia convencida a odiá-la.

- Certas coisas não possuem um porquê.

- Você ainda é como uma incógnita para mim - Bora admitiu.

- Eu não sabia exatamente o que estava fazendo, apenas pareceu certo e eu me deixei levar pelo momento. Não me arrependo, SuA - A Lee disse da forma mais sincera que conseguiu, sentindo suas pernas quase bambas com aquela quase confissão.

Bora ficou em um breve silêncio assimilando tudo aquilo, mas foi tempo suficiente para fazer toda a confiança da outra sumir.

- Você parece ofendida. Eu sinto muito se confundi tudo - A morena sentiu um gosto amargo em sua boca ao dizer aquilo. Um passo foi dado para trás, a última coisa que queria era pressionar a Kim.

- Não estou ofendida - Bora disse de forma quase automática. Sua mão segurou timidamente a barra do casaco da morena a sua frente, impedindo-a de afastar-se ainda mais.

Siyeon se aproximou novamente da mais baixa, dessa vez não contendo um sorriso sem graça desenhado nos lábios. A morena apoiou uma das mãos sobre o mármore do balcão atrás da Kim e, com a outra mão, ela retirou alguns fios rosados do rosto da mais baixa, prendendo-os atrás da orelha da mesma, fazendo a mais baixa suspirar.

- Você tem mexido comigo - Siyeon admitiu frente a frente com Bora.

- Siy...

- Me sinto estranhamente nervosa perto de você - A frase saiu como melodia para os ouvidos de Bora. Aquilo realmente soava como um de seus mais secretos sonhos.

- Não é a única a se sentir assim - Bora resolveu abaixar a guarda e sentir o carinho das mãos da outra.

- O que acha de descobrirmos juntas o que estamos sentindo? - Siyeon perguntou em um tom baixo. As borboletas a essa altura faziam festa em seu interior.

Siyeon sentiu o aperto na barra de seu casaco e lentamente deu mais um passo para frente, fazendo a mais baixa encostar-se completamente no balcão atrás de si e seus corpos ficarem a apenas centímetros de distância. A morena desceu o seu toque até a mão pequena de Bora - que ainda segurava o tecido da sua roupa -, segurando-a e entrelaçando seus dedos, fazendo um suave carinho com a ponta de seu polegar, tentando fazer a Kim ficar menos nervosa, mesmo que ela também estivesse da mesma forma.

Por alguns segundos, a Kim manteve-se em silêncio, não ponderando o que responder, apenas admirando a garota a sua frente. Encarava os lábios entreabertos da garota tão perto de si, vendo-a umedecer os mesmo com a ponta da língua, em um convite silencioso.

Com um impulso de coragem, Bora largou todas as suas armaduras e defesas, pondo-se na ponta dos pés e levando a mão livre até a nuca da morena, capturando os lábios macios em seguida.

O beijo aconteceu lento e profundo. A Kim pôde sentir o gosto doce do café que a morena tomara antes a inebria. Fazia um leve carinho com a ponta dos dedos sobre a pele da morena e sentia o toque da mesma ainda permanecer em sua mão. Siyeon se inclinou um pouco para frente, permitindo que Bora sentisse novamente o chão sob os seus pés, colocando a mão livre - antes sobre o balcão - na cintura dela, apertando-a levemente fazendo com que seus corpos agora estivessem completamente unidos.

Os lábios tocavam-se de forma delicada e elas não tinha a menor pressa para quebrar aquele contato. Um sorriso foi desenhado durante o beijo por parte de Bora, que em seguida capturou os lábios da morena novamente em um ósculo que seguiria por ainda mais tempo, se não fosse pelo barulho ensurdecedor da torradeira atrás de si.

Bora se assustou. Não o suficiente para se afastar do corpo da outra, mas acabou quebrando o toque dos seus lábios.

À morena a sua frente riu baixo, fazendo seus olhos quase sumirem em uma meia lua. Siyeon aproximou seus rostos mais uma vez para deixar um selar suave nos lábios que tinha acabado de beijar. Logo deixou outro e depois mais outro, arrancando uma risada baixa e envergonhada de Bora, que ainda tinha as bochechas rosadas.

- Acho que ficou pronto - Siyeon brincou, referindo-se as torradas, causando um sorriso sem graça por parte de Bora.






















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