Acaso prometido | Suayeon

By somniabr

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Cansadas de ter que aturar suas melhores amigas em um pé de guerra há dois anos, as namoradas, Minji e Yoohye... More

O plano perfeito
Macarronada e farpas trocadas
Abandonadas e cheias de fome
Silêncios e sinônimos
Atos inesperados e a vizinha
Apagões e calmaria
Vizinha forçada e amigos estranhos
Inconveniências e estalos
Desabafo e orgulho
Conversa direta e tempestade
Trauma e conforto
Cachoeira e olhares indiscretos
Sete cortes e sorrisos sinceros
Relacionamento e Titanic
Novos ares e constrastes perfeitos
Elkie e bichinhos de pelúcia
Passado e Acasos Prometidos
Piadas Sem graças e decisões tomadas
Polaroid e empurrãozinho
Riacho e efeitos
Sonhos e entregas
Receios e recomeços
Carinhos e aconchegos
Torradas e geleias
Acampamento e Dúvidas
Retorno e lágrimas
Surpresas e incertezas
Insegurança e o outro lado da moeda
Conclusões precipitadas e de volta a realidade
Distrações e tempo perdido
Saudade e Respostas
Começo e Fim
Epílogo

Cafuné e toque aveludado

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By somniabr

Particularmente, eu amo esse capítulo. É muito fofo.

E agora eu finalmente consegui resolver o problema dos buracos, então não vou passar mais raiva 🙌

. . .

Os olhos castanhos acompanhavam uma gota solitária escorrer no vidro da janela pelo lado de fora. A garoa trazia consigo um vento mediano, mas que era suficiente para fazer os galhos das árvores ao redor da grande casa chacoalharem um pouco. As almofadas postadas sobre o estofado da janela de sacada estavam intactas em seus lugares, enquanto a Kim permanecia com os braços cruzados em frente a mesma, torcendo mentalmente para que aquilo não passasse de uma chuva fraca.

— Eu desliguei as luzes do andar de baixo. — Ouviu a voz da morena atrás de si e virou-se para ver a mesma encostada no batente da porta de seu quarto. — Precisa de algo?

Ambas notaram que seus moletons combinavam — os mesmos que ganharam de Yoohyeon — e um rubor leve foi desenhado nas bochechas das garotas. Depois de um longo dia na Floresta desfrutando das águas do riacho, o fim de noite estava presente.

— Acho que... — Bora estava prestes a negar, mas se lembrou da garoa que caia do lado de fora. Olhou de soslaio por cima dos ombros e notou algumas folhas se soltando dos galhos. — Na verdade, será que poderia ficar aqui hoje? — A pergunta saiu de forma sincera.

Siyeon pendeu a cabeça um pouco para o lado e observou a chuva caindo atrás de Boda, logo entendendo o motivo. Os lábios formaram uma linha fina, quase como um sorriso compreensivo, e assentiu. Ela queria estar ali, mas não apenas porque a outra precisava, e sim porque simplesmente queria.

Mesmo que não entendesse exatamente o porquê ou se negasse a tentar entender.

A morena adentrou ao cômodo em passos lentos e com as duas mãos dentro do bolso do moletom, caminhando até sentar sobre a cama macia. Um sorriso sincero moldou os lábios de Bora, em um agradecimento silencioso por Siyeon não a deixá-la sozinha naquela noite.

— O que quer fazer? — A morena indagou. — Tenho certeza que o seu programa favorito não é encarar essa janela — Riu nasalmente.

Definitivamente, não. Bora pensou.

— Podemos ver um filme qualquer — Bora apontou para a televisão na parede em frente à sua cama. — Costumo dormir tarde e isso tem sido a minha distração esses dias — Prosseguiu.

A Kim caminhou até a mala posta sobre a sua cama e tratou de colocar algumas camisas que tinha espalhado sobre a mesma dentro do objeto. Possuía a mania de não desfazer completamente a mala em suas viagens.

— Insônia?

Bora sorriu envergonhada e negou com a cabeça enquanto fechava a mala com um pouco de dificuldade.

— É um pouco constrangedor explicar... — O olhar da Kim encontrou o da outra. Ela parecia estar curiosa. — Sempre que chove muito forte, a Yooh corre para a minha casa porque sabe que eu não durmo muito bem, então ela me faz cafuné para que eu adormeça mais rápido — Boradeixou sair.

Bora sentia falta da melhor amiga.

— Ah... — Fora tudo o que saiu dos lábios da morena.

Um breve silêncio instalou-se e a de cabelo rosa pode sentir suas bochechas esquentarem novamente. Envergonhada, ela tratou de fingir que nada aconteceu e calmamente guardou a sua mala embaixo da cama para, em seguida, apagar as luzes e ligar a televisão — sem esquecer de programá-la para desligar sozinha. Antes de deitar, notou que a morena parecia querer falar algo, mas a sua boca fechava, abria e nenhum som dela saia.

— Você está bem? — O tom de voz da Kim era preocupado. Estava sentada sobre a cama e os dedos agarravam o edredom.

— E-eu posso... — Siyeon praguejava-se mentalmente por não conseguir falar e ainda mais por aquela ideia ter passado em sua mente. — Posso...

— Pode... — Bora não queria admitir, mas achava a situação engraçada. — Pode o que?

— Eu posso fazer... — Anda, você consegue, Siyeon. A morena pensou. A Kim a encarou, esperando pacientemente. — O cafuné — A última palavra saiu de sua garganta. A morena podia jurar que estava entalada. — Eu posso fazer o cafuné.

Certo, a frase por inteiro soava ainda mais patética. Assim que falou, Siyeon quis esconder a cabeça em qualquer buraco.

Se antes as bochechas estavam quentes, agora com toda certeza queimavam a pele alva de Bora. A morena fugiu do olhar da mais baixa, o que não foi muito difícil, pois o ambiente estava sendo iluminado apenas pela luz que vinha da televisão. A Lee quis voltar no tempo para alguns segundos atrás e sequer tentar dizer algo, ao menos sabia o porquê propôs aquilo.

Na verdade, não só aquilo como muito do que vinha fazendo.

Nenhuma das duas ousou falar algo mais. Um novo silêncio então se fez presente dentro daquele quarto que agora parecia tão pequeno. Nervosas e envergonhadas demais para que qualquer palavra saísse de seus lábios, ambas deitaram sob as cobertas ao som baixo de um programa qualquer e dos pingos de chuva caindo sobre o teto, soando quase como uma bela melodia.

A morena engoliu em seco e focou apenas nas imagens passando a sua frente. Talvez assim fosse mais fácil disfarçar o constrangimento que passou. Os braços repousando atrás de sua cabeça serviam como travesseiro, mesmo que já possuísse um.

Mas por que ela não disse nada? À pergunta circulava a mente da Lee.

Era simplesmente melhor negar e não me ignorar. Siyeon pensou.

Não soube exatamente quantos minutos passaram-se. Talvez um ou dois no máximo, mas em certo momento sentiu o movimento ao seu lado sobre o colchão, não tendo coragem o suficiente para ver o que poderia ser. Sua respiração tornou-se quase imperceptível quando sentiu o calor do braço da outra repousando em seu tronco e um leve arrepio percorrer a sua pele quando os fios dourados fizeram cócegas em seu pescoço.

Bora estava deitada em seu ombro.

Kim Bora.

Siyeon soltou a respiração que sequer sabia estar prendendo. O perfume do cabelo de Bora a embriagava e ela se sentia aliviada pela mais baixa não estar deitada sobre o seu peito ou escutaria os seus batimentos completamente descompassados.

— E-eu... — Perguntava-se por que diabos gaguejava tanto em frente a outra.

— Não diga nada — Bora disse baixo, quase como se contasse um segredo. A mão trêmula permanecia repousada sobre o troco da morena, tentando a todo custo não ceder a vontade de acariciá-la por cima do grosso moletom cinza.

A frase saiu como um pedido silencioso que dizia:

“Por favor, não estrague esse momento?

A morena pareceu entender bem e apenas levou a mão — antes repousando atrás de sua nuca — para os fios rosados. Um sorriso satisfeito desenhou os lábios cheios da Kim.

— Você acha que vai chover muito? — Bora perguntou, em um tom baixo enquanto sentia o toque carinhoso em seus fios.

— Eu não sei — Siyeon tentava não soar nervosa, mas sabia que as carícias feitas, mesmo que um pouco sem jeito, a denunciavam. — Espero que não.

— O clima nesse lugar muda da noite para o dia — A Kim respondeu. Os dedos magros da morena deslizavam entre as suas madeixas de modo lento, causando-a leves arrepios.

Siyeon apenas murmurou algo em concordância. Suua mente estava longe demais para formar qualquer outra frase.

Seus dedos tocavam os fios macios, trilhando caminhos por entre as mechas de forma suave e lenta. Acariciava não apenas as madeixas, mas vez ou outra, seu toque triscava suavemente sobre a pele de Bora. Fosse na nuca exposta ou na ponta da orelha, causando arrepios que a mais baixa manteria em segredo.

— Ainda temos uma semana pela frente — A voz de Boea tinha um tom ainda mais baixo, indicando a sua sonolência. — Tanta coisa mudou...

Siyeon riu baixo.

— Como eu estar te fazendo cafuné? — A morena brincou. Com certeza aquilo era completamente inesperado. — Ou como eu estar dormindo aqui? Talvez também como não discutimos há alguns dias.

A Kim escondeu o rubor sob o edredom e assentiu lentamente, não podendo ver o sorriso que foi desenhado nos lábios da morena. Não sabia se eram as carícias ou o perfume suave de Siyeon, mas sentiu o sono chegar cedo pela primeira vez dentro daqueles tantos dias.

— Ou você estar me fazendo bem — Sussurrou antes de adormecer nos braços da garota que era dona do seu mais secreto sentimento.

Siyeon tentou por diversas vezes dormir depois de um tempo. As suas carícias cessaram assim que a respiração da mais baixa tornou-se pesada, mas a sua mente permaneceu trabalhando. A morena viu
a televisão desligar-se sozinha conforme programada, e a sua única companhia passou a ser a chuva — um pouco mais forte do que antes —, e a respiração da garota que dormia profundamente.

Lado a lado com Bora, observava cada um de seus traços como se fossem a obra de arte mais rara que seus olhos já puderam ver. Não sabia quando aqueles efeitos começaram, quando as borboletas ganharam lar dentro de si ou quando seus batimentos se tornaram tão rebeldes e sem o menor controle.

Talvez fosse por todas as vezes que a Kim ia para a faculdade com os seus cabelos presos em um rabo de cavalo, deixando-a com um ar adorável que a morena nunca teve coragem de admitir. Ou quem sabe os momentos que pegava a última maçã do refeitório quase sempre, apenas para ver a garota praticamente implorar pela fruta sob os olhos atentos das amigas.

Siyeon nunca gostou de maçã, ela gostava apenas de ceder a mesma para Bora.

Lembrava-se perfeitamente do dia que a garota estragou a sua pesquisa antes das férias. Ficou tão irritada que sequer mediu as palavras ao brigar com a mesma, em pleno refeitório, e seguir rumo a sala de aula. No final daquele dia, quando Yoohyeon e Minji foram embora, ela ficou na biblioteca até um pouco mais tarde e surpreendeu-se quando Bora apareceu em sua frente.

Aquele foi o dia em que ficou de recuperação, mas também fora a primeira vez que ouviu um pedido de desculpa sair dos lábios da mais baixa.

Sua mão trêmula foi guiada quase que automaticamente até o rosto sereno de Bora. As pontas de seus dedos trilharam a pele macia em um carinho lento. Por um momento, recordou da noite em que foi o porto-seguro da garota em meio a tempestade. E alí estava ela novamente, disposta a passar quantas noites fossem necessárias ao lado da garota para que ela dormisse bem.

“E ela? Nunca notou o que você sentia?”

A voz de Elkie ecoou em sua mente. O dia em que acordou durante a viagem de volta e ouviu a conversa que a Kim tivera com a tatuada.

“Ela nunca me notou.”

Eu queria ter notado você. Jimin pensou.

A verdade é que a morena realmente não lembrava da maioria dos seus colegas de classe. Conheceu Minji no primeiro ano e logo a amiga precisou mudar de escola por ser um pouco longe do novo trabalho da sua mãe, deixando-a sozinha durante os dois anos seguintes. Siyeon passou a se fechar em sua própria bolha e, mesmo que muitas vezes não passasse despercebida por algumas pessoas, ela acabou apagando qualquer memória daqueles anos. Mas saber aquilo foi como um estalo em sua mente e ela notou o quanto foi cega e burra durante tanto tempo.

Se Minji não tivesse ido embora no primeiro ano, talvez a amiga lembrasse da loira e as coisas poderiam ter sido diferentes.

O polegar tocou suavemente os lábios rosados de Bora ao seu lado e seus olhos estavam presos naquilo que tanto desejou tocar mais cedo no riacho. Quando o seu olhar subiu novamente para o rosto da outra, buscando continuar a admirando, foi surpreendida ao ser capturada pelos olhos recém-abertos da Kim.

A morena ficou sem graça por ter sido pega no flagra, mas não desfez o toque e muito menosquebrou o contato visual.

Elas estavam tão perto.

— Eu quero fazer algo e vai parecer loucura... — A frase saiu da garganta da morena em um sussurro, quase como uma confissão. E realmente era.

Siyeon, pela primeira vez, não se sentiu intimidada ou envergonhada pelo olhar da outra sobre si. Mas todas as borboletas agora davam um longo passeio em seu estômago e seu coração batia descompassadamente. A Kim nada disse, apenas deixou um selar carinhoso contra o polegar da Lee — ainda depositado sobre os seus lábios.

Os dedos de Siyeon trilharam o caminho até a mandíbula bem desenhada de Bora e seu polegar agora repousava sobre o queixo da mesma. A morena encerrou a pouca distância que ainda existia entre elas, ficando tão próxima que suas respirações se misturaram em meio ao silêncio e a ponta de seus narizes roçavam carinhosamente.

O olhar da Lee caiu novamente para os lábios rosados e ela pôde sentir a mão quente e pequena da garota fazer carícias sobre a sua. Viu Bora fechar os olhos, ansiando pelo contato, e logo seus lábios trêmulos tocaram os dela, fazendo todas as borboletas explodirem dentro de si e um suspiro escapar entre o ósculo. Siyeon sentiu-se inebriada pela maciez dos lábios da mais baixa. Um beijo que não passou de um breve toque.

Não existia nada além de um segredo sendo compartilhado através do toque mais sincero entre ambas. Um toque lento e suave, entre batimentos acelerados e como testemunha apenas a chuva forte que caía do lado de fora e seus desejos por tanto tempo escondidos.

Siyeon não teve coragem de abrir os olhos quando, em um último selar demorado, encerrou o contato. Sua testa encostada carinhosamente na de Bora e o hálito fresco da mesma contra o seu rosto foram as últimas coisas que sentiu antes de finalmente entregar-se ao sono naquela madrugada, deixando Bora, no mesmo estado, adormecer com a o gosto dos seus lábios sobre os dela — um toque repleto de tanto carinho e cuidado que poderia facilmente ser confundido com um sonho.

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