Laura Marano
Atlanta, Geórgia
Abro meus olhos com dificuldade pela forte do luz. Percebo que estou em um quarto de hospital e as lembranças das últimas horas vem a minha cabeça. Levo minha mão ao meu nariz sentindo o pequeno curativo ali, em seguida levo a mesma a região do meu útero torcendo pra que meu bebê esteja a salvo aqui dentro.
Eu não sei o que leva alguém a fazer o que Jasmine fez pra mim e pro meu filho, mas sei que uma pessoa em sã consciência jamais faria isso.
Eu sinto pena dela por ser uma pessoa tão deplorável e triste por dentro. Mas no momento, eu desejo que ela apodreça no inferno por fazer o que fez a mim e ao meu bebê. Um bebê inocente que não tem culpa de nada, ele é só um pequeno pedaço de mim e Ross. Se eu pudesse eu acho que nesse momento daria socos nela até ver ela agoniando de dor e então a mataria.
Eu não sei como vim parar no hospital, mas espero que tenha sido Ross e espero que ele esteja sendo amparado pela nossa família. Se bem o conheço o mesmo está se culpando por tudo. Tudo que eu queria agora era dizer a ele que está tudo bem, mas não posso e estou tomada pelo medo de que se quer poderei dizer isso.
Desde que descobri a minha gravidez tudo tem mudado, tantas coisas aconteceram boas e ruins.
Eu estou vivendo coisas que nunca imaginei que viveria, apenas por estar gerando uma vida que é tão inocente, mas apesar dos dias difíceis e das complicações que vem surgindo no meio do caminho, eu o amo a cada dia que passa. Tê-lo descoberto em mim, foi um choque ainda mais por ser filho do Ross, mas hoje, eu vejo que ele é alguém que vai vir para nunca, deixar-me sozinha e é só faz com que o amor que eu sinta pelo pai dele se torne cada dia mais forte.
— Olá Laura — a voz masculina que logo reconheço ser de Damiano. soa me fazer correr os olhos até a poltrona que ele estava sentado.
Droga!!
Vejo o homem se aproximar de mim e começo a sentir meu corpo todo começar a estremecer. Nada do que esse homem fizer ou disser, irá fazer com que eu mude os meus pensamentos em relação a pessoa desprezível que ele é. Mas isso não impede que eu sinta o medo dominar cada pequena célula do meu corpo.
— Vejo que está acordada, por um instante achei que Jasmine tinha te dado danos permanentes.
— Como você entrou aqui?— pergunto ainda meio grogue.
— Você não faz ideia de como enfermeiras mães solteiras são facilmente manipuláveis — disse com desdém — Precisamos conversar.
- O que você fez comigo? O que você fez com meu bebê? — perguntou sabendo das coisas que Damiano é capaz — Se veio aqui me oferecer para matar o meu bebê eu sinto te dizer que a resposta ainda é não.
— Eu não fiz nada e você ainda nem sabe se ainda existe um bebê na equação — ele diz com um tom de deboche — Quer dizer, não fiz nada além de manipular aquela bobinha da Jaz...pobre garota burra. Tão bobinha pelo filho do Mark que nem se quer se importa em fazer o trabalho sujo por mim.
— O que você quer Damiano?
— Laurinha, Laurinha... — ele diz se levantando e se aproximando de mim — Você era tão doce quando criança, quando foi que virou essa leoa brava? Não vê que só quero o melhor pra você? tudo que eu quero é que você tenha sucesso na sua vida. E agora, você viu do que eu sou capaz e isso é só um terço do que eu posso fazer para que você consiga triunfar. Agora as duas opções são simples...você some da vida do Ross, ou você some da vida do Ross, estamos entendidos?
— Eu não vou fazer isso — falei firme — Eu o amo, não sumirei da vida dele.
— Laura, querida, não torne a vida mais complicada do que ela já é ok?! Você vai sumir da vida do Ross, principalmente se ainda estiver grávida. Eu não me importo se você seguirá com essa gravidez desde que você suma da vida do Ross com ele. Minta, diga que perdeu o bebê e vá pra bem longe onde irá manter essa criança escondida e trabalhar com a sua mãe.
Engulo seco, sentindo a minha saliva arranhar levemente a minha garganta. Imediatamente, eu trago o meu olhar até a minha barriga, porque antes de desmaiar, eu vi que eu estava sangrando, mas acredito com todas as forças que eu não o perdi, a não ser que esse homem... Encolho-me no canto da cama, sentindo medo, porque esse homem é capaz de tudo e ele mostrou-me isso no dia em que foi em minha casa. Nego com a minha cabeça, recordando-me perfeitamente deste dia em que ele foi até o hotel para humilhar-me da pior maneira. Ofereceu-me até mesmo dinheiro para eu tirar o meu filho, pelo simples fato de não aceitar que a sua filha engravidou do filho do concorrente.
Contudo, a vida de meu filho não tem preço, não há dinheiro que pague pela vida de meu bebê.
— Se não o que?! vai me matar?!
— Matar você seria muito fácil — ele ri — Eu acabaria com todos que você ama um a um, deixaria você por último agoniando em vida sabendo que tudo é culpa sua. E você sabe muito bem que eu sou capaz disso, certo?! — ele sorri de canto — Que ótimo! Estamos conversados, a decisão é com você. Espero receber boas notícias quando acordar pela manhã...
Ele vira as costas deixando o quarto e eu permito que lágrimas saiam do meu rosto.
Não quero fazer isso a Ross, não quero causar essa dor a ele mas eu não posso arriscar a vida de quem eu amo por conta disso. Eu não desistirei até acabar com Damiano e Jaz, obviamente. Mas por agora talvez o melhor a fazer seja me afastar.
Estou decidida a denunciar meu pai e Jasmine a polícia. Não importa o preço que isso terá em nossas vidas, com certeza será menor do que o que estamos pagando agora. Eu não manterei esse segredo do Ross muito tempo, só o suficiente pra pelo menos conseguir prende - los até um julgamento.
Eu não quero que Ross sofra e eu não quero sofrer.
Mas pelo visto eu não sou uma das favoritas de Deus e isso não deveria ser nenhuma surpresa pra mim. Gostaria que tudo fosse mais fácil. E como se já não bastasse tudo isso eu ainda tenho medo de que tenha perdido meu bebê. Isso seria coisa demais pra suportar, não sei se conseguiria.
— Laura — Doutora Humphrey entra na porta — Que bom que está acordada, como se sente?
— Um pouco dolorida, mas bem — respondo — como está meu bebê?
— Bom Laura, você pode respirar tranquila querida — minha médica me tranquiliza —Parece que esse bebê quer realmente vir a esse mundo. Seu bebê está bem, fizemos uma ultrassonografia e está tudo perfeitamente bem. Você teve um sangramento mas conseguimos para - lo apenas com medicamentos.
— Eu não perdi meu bebê? — falei sorrindo e ela negou — Eu não perdi meu bebê! — disse deixando algumas lágrimas de alegria escaparem.
DROGA COMO EU QUERIA ABRAÇAR ROSS AGORA!
— Não, não se preocupe com seu pequeno guerreiro ou guerreira. Está tudo bem com ele! Talvez essa seja a hora de chamar o papai lá fora e dar a boa notícia, ele está bem aflito lá fora - ela diz e isso parte meu coração
— Não! — falo — por favor, eu preciso que diga a ele que eu perdi.
— Laura eu não posso fazer isso...é contra as regras.
— Por favor, eu imploro...
Expliquei a ela toda a situação, que ficou chocada ao ouvir. A mesma disse que faria o que pedi, e que também me daria acesso as câmeras do quarto que eles possuem por conta de algum caso de violência hospitalar que aconteceu no hospital. Pedi a mesma que chamasse Geo e Louis, com certeza eles são os mais calmos ali e saberão como ajudar.
Eu estou aliviada e feliz de saber que meu pequeno grãozinho continua a crescer saudável dentro de mim. Gostaria que Ross pudesse sentir exatamente o que estou sentindo agora mas sei que lá na frente ele irá entender...ao menos é o que eu espero.
— Ei, sementinha — abaixo a minha cabeça e acaricio a minha barriga — Agora somos apenas eu e você, eu sei que vai sentir falta do papai porque eu também vou — respiro fundo, sentindo uma dor tão grande em meu peito — Você nem chegou e já está me dando um trabalho danado, mas não se preocupa não que eu amo você da mesma maneira e não irei poupar esforços quando o assunto é você, A. Eu prometo que vou dar o melhor de mim para ser uma ótima mãe para você — passo a minha mão no rosto, limpando as lágrimas que molham as minhas bochechas — Obrigada por ter sido forte e ter continuado aqui comigo, quando seu pai ouvir que você está bem tenho certeza que irá ficar tão feliz quanto eu. Você definitivamente é tão corajoso quando ele, me desculpe por não ter a coragem dele.
Jogo a cabeça para trás, mordendo o travesseiro ao meu lado, ainda com a mão sobre o meu ventre, onde cresce uma parte de mim.
QUE ÓDIO! eu só queria ter uma gravidez normal e feliz ao lado do homem que eu amo. Eu tenho a plena certeza de que o universo me odeia.
{...}
Os dias passaram lentos após o acidente e agora estou prestes a embarcar pra Toronto com a minha prima e Louis. Contamos a minha mãe de toda situação e a Pamela também, a única que não sabe é Vanessa pois seria arriscado já que ela mora na mesma casa que Ross. Shawn também está sabendo já que vamos ficar no apartamento dele e mesmo não sendo de acordo com isso, ele acabou cedendo e concordando em ajudar.
Eu conversei com a minha Tia Andrea, que não demorou a aceitar nos ajudar com o processo. Jasmine já foi presa na noite passada, após ter fugido da festa quando Ross notou a minha falta, ontem a noite a polícia a encontrou escondida em uma das salas da BMU.
Já meu pai está desaparecido assim como sua irmã. A polícia europeia está atrás deles e a americana também, com sorte eles serão encontrados logo e poderemos ter pelo menos um pouco de paz.
Eu não tive muitas notícias de Ross nos últimos dias. A última coisa que sei foi por Geo quando ela foi buscar nossas roupas em casa e disse que Ross estava muito mal.
Ela me contou que foi até o quarto dele e o encontrou chorando segurando um pequeno macacão amarelo que compramos, ela disse que conversou um pouco com ele mas que ele não estava a fim de papo. Ryland contou a ela que ele não anda se alimentando direito, e que tem sido uma luta pra faze - lo comer algo, ele também disse que Ross não sai do quarto desde que chegou do hospital.
Ross me mandou algumas mensagens dizendo que queria me ver, perguntando como eu estava e queria falar comigo mas ignorei todas. Geo disse a ele que eu estou bem e estou me recuperando, eu pedi que ela dissesse isso pra que ele não ficasse tão preocupado. Eu me sinto mal por isso, queria fazer todo esse sofrimento dele parar.
Levo minha mão até o pingente com a letra A em meu pescoço e a outra ao meu ventre. Me lembro do porque eu estou fazendo isso, e que essa dor será necessária pra uma vida feliz. Dou uma risada fraca, me lembrando de uma frase de Jane The Virgin: "mais cinco minutos de dor pra uma vida inteira de felicidade".
E embora o contexto da frase seja durante o parto do Mateo, se encaixa perfeitamente agora. Só mais um pouco de dor, pra um felizes para sempre.
E Deus sabe como eu desejo o meu felizes para sempre com Ross. Eu o amo tanto que as vezes acho que meu coração irá explodir dentro do meu peito.
— Eu espero que Ross me perdoe — falo.
— Ele vai — Shawn diz — Ele vai ficar puto pra caralho com você, mas vai entender.
— Por que a vida não é como um conto de fadas? a vida seria bem mais legal.
— São os momentos ruins que fazem os bons valerem a pena — minha mãe diz.
— Ross fala isso — me lembro — "Dias ruins fazem os dias bons melhores", espero que ele se lembre disso.
— Ele vai.
Eu não tenho a menor ideia do que irei enfrentar, ou se quer do que fazer daqui pra frente, mas prometi ao meu bebê e ao pai dele que faria o melhor por eles e é isso que irei fazer.
Serei corajosa pelos dois.