"Quando o mundo te empurra, você só tem que se levantar e empurrar de volta. Ninguém vai te salvar se você começar a murmurar desculpas." - One Piece
Com um sorriso estampado no rosto, Luffy saiu em direção às engrenagens das correntes em que a plateia estava presa quebrando e soltando a população que agradecia sem pesar. Ainda sem olhar para trás, Monkey continuou junto a Nami em direção a saída falando alto para todos ouvirem:
— Oh, Zoro... — chamou o espadachim — Traz a Yuki ai!
— Eu?! — o maior olhou a mulher ensanguentada que estendeu o braço para o mesmo.
— Vai negar ajuda a uma pessoa sangrando? — a mulher esperava um apoio pelos ombros mas não foi isso que aconteceu.
Abraçando a mulher com cuidado, Roronoa a pegou no colo como uma noiva após a saída de seu casamento. Segurando-a pelas dobras dos joelhos e pelas costas, levantou de forma fácil a mulher ensanguentada.
— Não precisa disso... — a mulher conseguia enxergar todos os detalhes do rosto de Zoro. Seja os olhos puxados, pretos como a noite, os cabelos verdes que pareciam mais claros observando tão de perto, o maxilar marcado ou até a boca vermelha e atrativa.
— Se continuar me olhando assim, vou achar que está apaixonada... — Zoro falou ainda com a expressão neutra enquanto caminhava para fora do lugar.
— Credo... — a mulher olhou para frente tendo vista do peitoral alheio, bem demarcado e um pouco bronzeado — Não tem nem pra onde olhar... — falou baixo
— Disse algo?
— Não, não falei nada! — a mulher falou com as bochechas rubras sentindo o toque quente de Roronoa pelas suas coxas e costas.
— Deram comida pra gente! — Luffy já estava dentro do navio que parecia mais cheio por conta dos sacos de alimento e bebidas.
— Pelo menos de fome nós não morremos... — Zoro entrou no barco com cuidado colocando Akira sobre o parapeito da janela fechada, onde costumava ser sua cama — Tira a blusa.
— É o que? — a garota falou em choque pela falta de filtro do mais velho
— Eu preciso tirar a faca, estancar o sangue e tratar a ferida... — o mais alto falou com a sobrancelha levantada — Ou você quer morrer de hemorragia?
— Tem que ser você? — a mulher relutou segurando a beirada da blusa feita de túnica branca, que agora estava vermelha por conta da ferida.
— O problema sou eu? — o espadachim perguntou em deboche — Prefere que seja o Luffy?
— O que? Claro que não! — negou rapidamente, o capitão não saberia tratar uma ferida desse tipo — Poderia ser a Nami, ela é uma mulher...
Zoro pela primeira vez entendeu o que a mais nova queria lhe dizer. Lembrava do que a mesma tinha dito a todos na noite em que se encontraram, sobre como os marinheiros a abusaram mentalmente e fisicamente. Por um momento decidiu deixar de lado, toda e qualquer insinuação de richa ou deboche, decidiu ser sincero com a de cabelos brancos.
— Yuki... — começou olhando para a janela com vista para o mar — Eu não irei lhe olhar ou lhe tocar com segundas intenções. Não irei em momento algum te abusar ou tentar algo contra seu consentimento. — o espadachim olhou a mulher que estava o encarando com olhos marejados — A Nami não sabe tratar uma ferida, por isso estou aqui. Não quero te ver morrer...
A mulher viu a sinceridade no olhar negro do esverdeado, viu como seu rosto era verdadeiro e como ele tentava passar confianca pelas palavras. Sem falar mais nada, a garota tirou a túnica de seu corpo revelando apenas a parte de cima que era tampada por uma peça íntima preta e comum.
— Só... — a mulher falou sem encarar Roronoa — Ande rápido.
O mais velho foi certeiro em jogar um tipo de soro sobre a ferida da garota, focando apenas no machucado ensanguentado. Com leveza colocou a mão esquerda sobre a bainha da pequena faca pronto para retirá-la.
— Quer segurar minha mão? — Zoro perguntou estendendo a mesma para a mulher que a segurou sem receio, esquecendo de tudo o que já passou com o mais velho. — Um... — começou a contar — Dois!
Sem esperar o três, Zoro puxou a faca com força fazendo a garota gritar de dor e agonia. Com um pano limpo estancou a ferida tentando fazer o sangue parar de jorrar.
— Está tudo bem, já acabou. — o maior falou vendo a mesma largar sua mão cansada — Durma um pouco, recupere as energias. Estaremos aqui quando acordar...