"Pode ser difícil agora, mas você deve silenciar esses pensamentos! Pare de contar apenas as coisas que você perdeu! O que se foi, se foi!" - One Piece
No coração do vasto jardim de Kaya meticulosamente cultivado, residia um poço de pedras. No fundo deste, em um recanto esquecido pela luz, erguia-se uma gruta envolta por uma escuridão imensa. Plantas rasteiras, delicadas e persistentes, se agarravam às paredes de pedra com força, suas folhas em verde profundo e brilhante em contraste com a escuridão ao redor. Gotículas d'água escorriam pelas raízes, alimentando aquele oásis. Cipós se entrelaçaram como serpentes adormecidas, formando desenhos naturais que se perdiam na sombra.
Nele, três corpos foram jogados caindo em um baque seco no fim do poço. Após alguns minutos, um homem de cabelos verdes começa a demonstrar sinais de um despertar. Zoro abre os olhos e ergue a cabeça devagar olhando em volta. Com força, ele se apoia nas mãos e ergue o tronco lentamente, colocando a mão esquerda na cabeça sentindo latejar. O mesmo olha ao redor com as sobrancelhas franzidas e vê o corpo de Akira caído ao seu lado.
Com rapidez o mesmo se levanta sentindo a coluna doer e se aproxima da garota desacordada, segurando a cabeça da mesma com a mão esquerda, toca seu pescoço com dois dedos conferindo a pulsação. Ela estava viva e logo começou a acordar. Os olhos pretos se abrem e observam Roronoa por um momento, piscando várias vezes para se acostumar com a luz do luar que entrava por ali.
— Onde estamos? — a garota falou se levantando com ajuda de Zoro
— No poço do jardim. — falou vendo Akira girar no lugar observando tudo — Devem ter nos jogado aqui para se livrar do corpo. Você consegue nos tirar daqui?
— Minha Akuma no Mi tem limites... — a garota falou olhando para o esverdeado — Eu apenas posso mudar a realidade quando estiver em um tipo de sala.
— Sala? — Zoro cruzou as sobrancelhas tentando acompanhar.
— Sim, como um círculo... — a garota andou para frente parando no fim da pequena gruta — Eu criei uma sala na casa quando lutamos com Klahador.
— E por que não cria outra? — Roronoa pegou as katanas que estavam no chão e as colocou nas costas
— Só posso criar salas de doze em doze horas... — Akira viu uma corda no chão com um tipo de gancho — Podemos tentar lançar isso...
— Me de aqui...
A corda é jogada para fora do poço por Zoro que a puxa esperando que ela tenha se fixado em algum lugar, mas a mesma cai aos pés dele.
— Não vai rolar... — Roronoa amarrada a corda pelo seu braço — Vou escalar e jogar a corda pra você.
— Verdinho, você vai cair! — Akira se preocupou com o homem que já subia pelas rochas.
A parede do poço era formada por diversas peças mal colocadas e mal presas, que por conta do musgo e plantas rasteiras, ficavam mais escorregadias. Zoro já estava na metade do caminho, enquanto Yuki o olhava nervosa, o mesmo olha para cima e procura a próxima pedra para colocar a mão. Com o pé direito, ele se apoia devagar em uma pedra que está a alguns metros dele. Entretanto, a mão direita acabou escorregando fazendo o mesmo se desequilibrar e se segurar apenas por um braço.
— Roronoa! — a menina gritou — Puta que pariu, eu falei que você ia cair!
Zoro desliza pela parede do poço, após a única mão que estava apoiada escorregar da rocha. Com medo do esverdeado se machucar gravemente, Akira usa seu corpo como proteção para a queda e pega o garoto que acaba a levando junto ao chão. O mesmo estava desacordado, Yuki, não querendo deixá-lo desconfortável não se mexeu, apenas deixou aquele tempo para observar o mais velho.
Zoro tinha algumas pequenas cicatrizes no rosto, a pele morena as deixava menos aparente. Os cílios caídos, típicos dos olhos puxados, eram pretos como a sobrancelha, levando Akira a pensar que o cabelo estava tingido. O respirar calmo logo se tornou mais desesperado, como se o mais valor estivesse sonhando. O rosto se remexeu no busto de Yuki, onde o rosto do mesmo estava apoiado e Roronoa acordou em um susto olhando rápido para os lados e para Akira.
— Calma! Zoro se acalma, sou eu! — a garota segurou os braços torneados que levantavam o tronco.
— Yuki... — o chamado saiu como um sussurro.
— Quer ajuda para levantar?
— Posso ficar mais um pouco aqui? — Zoro deitou a cabeça entre a curvatura do pescoço da menor escutando um "sim" da mesma.
— Você parecia desconfortável enquanto dormia... — tentou puxar um assunto perante ao silêncio.
— Sonhei com o passado... — o esverdeado mexeu o quadril se acomodando no meio das pernas da mais nova.
— Um passado ruim?
— Ruim, não... — o garoto suspirou pesado — Apenas... Pesado.
— Quer conversar sobre isso? — a garota tentou ajudar.
— Acho que nunca falei disso com ninguém... — por um momento os dois fizeram silêncio, apenas para Zoro entender seus sentimentos e os seus quereres — Quando eu era menor, tinha certeza que era o melhor espadachim do mundo, até conhecer ela...
— Ela? — Akira sentiu um aperto no peito.
— Kuina, era o nome dela... Ela era uma das melhores guerreiras que eu conheço. Nós prometemos um ao outro que algum de nós seria o maior espadachim do mundo. — o homem parou por um momento, relembrando o passado — Mas ela faleceu no dia seguinte. Desde então sigo esse sonho por nós dois.
— É bonito seu gesto, verdinho... — a garota acariciou os cabelos verdes tentando passar conforto para o mais novo — Você já superou o passado? Ou está nesse processo?
— Não sei se um dia vou superar. — Zoro falou ainda perto do pescoço da mulher — Espero pelo menos me acostumar com a falta dela...
— Você não precisa se acostumar, Zoro. — a garota sentiu o maior suspirar em seu pescoço — Apenas se adaptar. O mundo sempre vai tomar pessoas importantes de nós, mas essas perdas nos tornam humanos.
— Obrigada por me escutar, gelinho! — o garoto beijou o pescoço da menina que suspirou surpresa. Vendo a reação, Roronoa deixou beijos pelo pescoço da mesma a arrepiando completamente.
O homem subiu os beijos chegando aos lábios da mesma os atacando em um beijo lento. Zoro segurou a cintura apertando e sentindo a mesma encaixar perfeitamente em suas mãos. A garota levou as mãos à nuca do homem puxando-o para mais perto, fazendo o peso cair sobre si. O beijo evoluiu cada vez mais, Roronoa puxou os lábios de Yuki com os dentes para depois descer beijando seu pescoço.
— Zoro... — a mulher manhou ao sentir uma sucção na clavícula.
A garota estava se deixando levar pelo momento, sentia o quadril do esverdeado se ondulando e causando sensações maravilhosas ao seu corpo. Entretanto sentiu algo duro se prensar em si e se pôs a falar de forma baixa em meio aos suspiros.
— Zoro, sua katana está machucando minha perna... — o garoto parou o que fazia olhando com um sorriso malicioso a mulher embaixo de si.
— Não é ela que está te tocando, Yuki...
Demorou um pouco para o raciocínio lento da garota entender a situação. Com rapidez a mesma tirou o esverdeado de cima de si o jogando ao chão e se levantou. Com vergonha ela olhou para cima e olhou para o corpo morto ao seu lado.
— Meu Deus, a gente tava se pegando do lado de um morto! — a mulher falou assustada e logo se lembrou de todos dentro do casarão — A gente tem que sair daqui! Todo mundo está lá dentro junto do maluco de cinco lâminas!
— Eu estava tentando fazer isso antes de entrarmos em um papo de passado! — Zoro olha novamente a corda e a amarra no braço pronto para escalar outra vez.
— Pode deixar a corda aí! — a mulher falou enquanto amarrava o cabelo em um rabo de cavalo — Nós vamos subir juntos.
— Mas nem a pau! — o homem se virou com o indicador apontado para a menina — Se você cair de lá de cima, vai morrer!
— É só eu não cair. — a mesma falou após se preparar para escalar o muro.
Hello guys, its me, Valeria Almeida...