Rosé se encontrava no trem sentada em uma das cadeiras em silêncio. Para ser mais exato a jovem parecia estar em uma espécie de choque pós-traumático. Ela tinha uma das mãos sobre o braço ferido enquanto lembrava de tudo o que havia acontecido na plataforma do metrô.
A jovem estava distraída em seus pensamentos quando o trem parou em uma das estações abrindo as suas portas. Logo um grupo desesperado de cinco pessoas adentrou o local aparentando estar muito assustados. Receosa Rosé encarou o grupo.
- Vocês estão bem? - Perguntou a jovem.
Os outros se assustaram ao ver que havia alguém alí.
- Você também usou o trem para fugir dos loucos? - Perguntou um dos homens que era calvo.
Rosé acenou com a cabeça em afirmação.
- Nós também. A cidade toda enlouqueceu e esse era o local mais seguro. - Disse ele.
Completando o grupo havia uma mulher que aparentava ser secretária ou trabalhar em um escritório, um rapaz magro com o cabelo ruivo que parecia ser um universitário ou algo do tipo, um homem alto e gordo que parecia ser um ex-lutador ou atleta, e uma senhora de uns cinquenta e poucos anos que parecia assustada.
- Para onde você está indo? - Perguntou o homem calvo.
- Eu estou indo para a Faculdade Nacional De Seul. - Respondeu Rosé.
- Nós também estamos indo para lá. Eles avisaram na tv que era um local seguro. - Disse o homem animado.
Rosé deu um leve sorriso, aliviada ao ver que não iria fazer o trajeto sozinha.
- Eu me chamo Seung-ho. O rapaz magrelo é o Min-ho, o fortão é o Ji-hoon, a moça é a Hyo-jin, e a senhora é a Kyung-mi. - Disse o homem calvo apresentado todos do seu grupo.
- Eu me chamo Rosé. - Disse a loira.
- Espera um minuto, você não é aquela cantora? - Disse Seung-ho, apontando para a jovem.
- Sim, sou eu. - Disse Rosé, um pouco sem graça.
- A minha filha irá surtar quando souber que eu a encontrei pessoalmente. - Disse o homem parecendo animado apesar de toda a situação.
- Vocês são amigos? - Perguntou Rosé.
- Não, nós todos nos conhecemos quando estávamos fugindo de uma das estações de trem. Estava um caos e os ataques começaram do nada, foi horrível. - Contou Seung-ho.
- Eu fui atacada enquanto fugia junto com a minha amiga. Nós nos separamos e eu acabei aqui. - Disse Rosé.
A jovem pensou em contar sobre o ataque na plataforma da estação de trem, mas por algum motivo ficou com receio de revelar que havia sido mordida. Nesse exato momento o rapaz de cabelo ruivo resmungou parecendo estar sentindo dor.
- O que ele tem? - Perguntou Rosé.
- O Min-ho foi mordido por um dos loucos. - Disse Seung-ho.
Rosé então olhou para o rapaz sem saber como reagir aquela informação.
- Está doendo muito, aquele louco quase arrancou um pedaço do meu pescoço. - Disse Min-ho.
O rapaz então tirou a mão do pescoço revelando um ferimento no local o qual sangrava.
- Está um pouco feio. - Disse Hyo-jin.
- Deixe-me ver. - Pediu Ji-hoon.
O homem alto então se aproximou do rapaz dando uma olhada no ferimento que não parava se sangrar. Ele então tirou a sua gravata a amarrando com cuidado ao redor do pescoço do mais novo.
- Ela está doendo, e ardendo como fogo. - Disse Min-ho, sentindo dor.
- Deve ser porque a boca humana é cheia de bactérias e elas devem ter entrado no seu ferimento. - Disse Kyung-mi.
- Por favor senhora, não o assuste. - Pediu Ji-hoon.
- Eu não quero que o meu ferimento tenha bactérias. - Disse Min-ho, fazendo um biquinho.
- Não se preocupe meu rapaz, assim que chegarmos na faculdade alguém irá cuidar do seu ferimento. - Disse Ji-hoon, tentando tranquilizar o jovem.
Logo após a breve conversa todos ficaram em silêncio enquanto esperavam pelo fim da viagem. Rosé tinha os seus pensamentos distantes quando olhou para Min-ho que aparentava não estar muito bem.
- O seu ferimento ainda estar doendo? - Perguntou a jovem.
- Não, na verdade eu não sinto mais a região do pescoço. - Disse Min-ho, pálido.
- Talvez fosse melhor você se deitar. - Disse Rosé.
- Boa ideia. - Disse Min-ho, se deitando sobre as cadeiras do trem.
Rosé agora se perguntava se também iria ficar igual ao rapaz. Até aquele momento a jovem não sentia nada de estranho, ela então imaginou que o ferimento no pescoço do rapaz fosse mais grave do que o seu no antebraço.
Nesse exato momento todos puderam ver Min-ho caindo das cadeiras em direção ao chão. O rapaz agora se debatia parecendo estar tendo um ataque. O coração de Rosé logo começou a bater acelerado, pois a cena a lembrou do ocorrido na plataforma da estação de trem.
- O que está acontecendo com ele?! - Perguntou uma das mulheres assustada.
- Eu acho que é um ataque epiléptico. - Disse Ji-hoon.
- Então vamos ajudar. - Disse Seung-ho.
Eles então se aproximaram do rapaz tentando segurá-lo, foi quando Rosé se levantou da cadeira aonde estava.
- Se afastem de perto dele! - Disse ela.
Todos então olharam confusos para a jovem.
- Nós precisamos ajudar o Min-ho. - Disse Ji-hoon.
- Ele irá ficar igual aos outros. - Disse Rosé, nervosa.
- Como assim? - Perguntou Ji-hoon.
- Eu já vi isso acontecer antes. - Disse Rosé.
Todos agora se olhavam tentando entender o que estava acontecendo, foi quando Min-ho abriu os olhos repentinamente avançando contra o grupo. O rapaz então atacou Hyo-jin mordendo o rosto da mulher arrancando um pedaço da sua bochecha. Logo em seguida ele mordeu o pescoço da mulher a fazendo perder muito sangue de uma vez só. Todos então entraram em pânico ao verem a cena. Ji-hoon como era o mais forte segurou o rapaz o empurrando para longe.
- Você está louco?! - Disse ele.
Min-ho então deu um berro avançando em direção ao outro. O resto do grupo então aproveitou para correr saindo em desespero pelos vagões. Enquanto isso Rosé se encontrava em choque parada no mesmo lugar. A jovem sabia que se não ajudasse Ji-hoon também seria mordido, ela então respirou fundo tentando pensar em algo. A jovem então olhou aflita ao redor avistando um extintor de incêndio pendurado. Sem pensar duas vezes a loira pegou o objeto o acertando no rosto de Min-ho que caiu no chão. Rosé então olhou para Ji-hoon que parecia não acreditar no que estava acontecendo.
- Fique de pé, nós precisamos sair daqui! - Disse a jovem.
Ji-hoon então obedeceu se pondo de pé tentando se recompor do susto, foi então que eles viram Min-ho se levantar.
- O que nós fazemos agora? - Perguntou Ji-hoon.
- Corre! - Disse Rosé, jogando o extintor.
Os dois então começaram a correr pelos vagões do trem enquanto eram perseguidos por Min-ho que se encontrava completamente descontrolado. Logo eles haviam chegado no último vagão avistando o restante do grupo que batia desesperados em uma das portas do trem.
- As portas só irão abrir quando o trem parar. - Disse Rosé.
Faltava pouco para o trem chegar na próxima estação todos então pareciam ansiosos. Min-ho já se aproximava do grupo quando o trem parou finalmente abrindo as portas. Todos então pularam para fora da locomotiva. No desespero Rosé tropeçou caindo no chão, Min-ho então saiu do trem feito um cão raivoso avançando em direção a jovem. Nesse exato momento todos puderam escutar o barulho de um tiro. Eles então viram quando Min-ho caiu no chão ao ser atingido por uma bala na testa. Em choque eles olharam para trás avistando alguns soldados que se encontravam fortemente armados.
- Nós estamos salvos! - Disse Seung-ho, indo feliz em direção aos soldados.
Nesse exato momento um dos oficiais deu um tiro de aviso assustando o homem que caiu sentado no chão. Todos então ficaram surpresos com a reação dos soldados.
- O que vocês pensam que estão fazendo?! - Disse Seung-ho, apavorado.
Logo um homem surgiu em meio aos soldados fazendo um sinal para que eles baixassem as armas.
- Nos perdoe, mas eles só estão seguindo o protocolo de segurança. - Disse o homem de farda que usava óculos de grau.
- E quem é você? - Perguntou Ji-hoon.
- Eu sou o general Lee. - Disse o homem.
- Nós somos cidadãos coreanos, você tem que nos ajudar não atirar em nós! - Disse Seung-ho, choramingando enquanto ainda se encontrava no chão.
- Nós temos que ser cuidadosos, pois vocês podem estar infectados. - Disse o general Lee.
- Ninguém aqui está infectado. - Disse Ji-hoon.
- Tem certeza? - Disse o general.
O homem então caminhou em direção a Rosé se aproximando da jovem que parecia receosa. Em seguida ele se agachou ao lado da loira segurando o seu braço. O homem então retirou o lenço que estava ao redor revelando a mordida. Todos alí olharam para a cena surpresos com a revelação.
- Qual o seu nome? - Perguntou o general a jovem.
- Rose... Roseanne Park. - Disse a loira nervosa.
- Roseanne, a quanto tempo você foi mordida? - Perguntou o homem sério.
Enquanto isso, longe dalí. Jisoo havia finalmente chegado a Faculdade Nacional De Seul. A jovem agora seguia a procura de Lisa, e Jennie que provavelmente já se encontravam no local. Logo após pegar algumas informações com os responsáveis pelo local a morena, e o seu segurança seguiram rumo a o refeitório da faculdade aonde se encontravam a maioria das pessoas. Logo que adentrou o local os olhos da jovem vagaram pelo refeitório avistando ao longe duas fuguras conhecidas.
- Lisa! Jennie! - Disse ela acenando.
As outras duas mais novas então correram ao encontro da amiga a abraçando com força.
- Nós estávamos preocupadas. - Disse Jennie, chorosa.
- Eu também. - Disse Jisoo, aliviada ao ver que as duas estavam bem.
- Espera, aonde está a Rosé? - Perguntou Lisa, notando a ausência da loira.
Jisoo então olhou para as outras dando um pesado suspiro.
- Eu a perdi no caminho. - Disse a morena.
- Como assim?! - Disseram as outras ao mesmo tempo.
- Eu irei contar tudo. - Disse Jisoo.
A jovem então relatou com detalhes tudo o que havia acontecido aquela manhã. Lisa, e Jennie haviam ficado desesperadas com a notícia.
- E agora como nós iremos encontrá-la? - Disse Lisa, em uma expressão chorosa.
- A culpa foi toda minha, eu não deveria ter perdido a Rosé. - Disse Jisoo, com raiva de si mesma.
- Não se culpe, isso não irá ajudar em nada. - Disse Jennie, tentando tranquilizar a amiga.
- A Rosé pode estar na triagem. - Disse Lisa.
- Eu, e o meu segurança passamos por lá e enquanto os soldados conferiam a nossa temperatura e nos analisavam eu perguntei se eles haviam visto alguém com as características da Rosé porém eles disseram que ninguém igual a ela havia passado por lá. - Disse Jisoo.
- Isso não é nada bom. - Disse Jennie.
- Talvez ela só esteja a caminho daqui. - Disse Lisa, tentando ser otimista.
- A Lili tem razão, a Rosé é inteligente e deve ter arrumado uma outra forma de vir até aqui. - Disse Jennie.
- Todos que trabalham conosco conseguiram chegar aqui em segurança? - Perguntou Jisoo.
- Sim, até os nossos pets estão aqui. - Respondeu Jennie.
- Bem, agora só falta a Rosé. - Disse Jisoo, preocupada.
A jovem então pegou o seu celular vendo que o sinal ainda estava fora de área.
- Eu vou para a triagem e ficarei lá esperando pela Rosé. - Disse Jisoo.
- Nós também iremos. - Disse Jennie.
- Está bem, vamos. - Disse Jisoo.
Ela, Jennie, e Lisa então deixaram o refeitório da faculdade seguindo para a área de triagem torcendo para encontrarem a amiga.
Enquanto isso, longe dalí. Rosé havia sido algemada, e agora ela seguia juntamente com os outros sobreviventes para fora do metrô.
- Isso é mesmo necessário? - Perguntou Ji-hoon, preocupado com a jovem.
- Ela foi mordida, então nós não podemos arriscar. - Disse o general Lee.
- Mas ela não se transformou. - Disse Ji-hoon.
- Ainda não, mas poderá. - Disse o general.
Rosé escutava a conversa sentindo medo. A jovem não queria ficar igual os outros loucos, além disso a loira estava preocupada com Jisoo, pois não sabia se ela estava em segurança.
- Com licença senhor, eu poderia ligar para as minhas amigas? - Perguntou Rosé.
- Nem um sinal está funcionando. - Disse o general.
- Eu realmente preciso saber como elas estão. Por favor entre em contato com a Faculdade Nacional De Seul, para saber se elas estão lá. - Pediu Rosé, aflita.
- Não se preocupe, nós estamos indo para lá. - Disse o general.
Logo eles haviam saído da estação de trem. No lado de fora haviam veículos do exército e mais soldados armados.
- Entrem no veículo. - Ordenou o general.
Rosé então seguia junto com os outros quando o oficial a segurou.
- Você irá em um outro veículo. - Disse Lee.
- Por que ela não pode ir com a gente? - Perguntou Ji-hoon, encarando o general.
- Protocolo de segurança. - Disse Lee.
- Dane-se o protocolo. - Disse Ji-hoon, encarando o general.
Nesse momento os soldados apontaram as armas para o homem.
- Não atirem nele! - Pediu Rosé, aflita.
- Ninguém irá atirar em ninguém. - Disse o general Lee, em uma voz calma.
- Sr. Ji-hoon está tudo bem, não se preocupe comigo. - Disse Rosé, tentando acalmar o homem.
Ji-hoon então olhou para a garota respirando fundo.
- Se algo acontecer com ela eu irei denunciar para as autoridades. - Disse ele para o general.
- Nada irá acontecer com ela, agora entre no veículo. - Disse Lee, sério.
Ji-hoon então deu uma última olhada na jovem loira entrando dentro do veículo militar. Lee então fitou Rosé que parecia estar assustada.
- Você também, siga para o seu veículo. - Pediu o general.
Rosé então obedeceu sendo guiada por um dos soldados em direção a um outro veículo. Assim que abriram a parte de trás a jovem sentiu um ar gelado vir do local constatando que se tratava de um veículo refrigerado.
- Por que é tão frio? - Perguntou Rosé, tremendo.
- O frio retarda a infecção. - Disse Lee.
- Eu não gosto muito de frio. - Disse Rosé.
O general então pegou um dos casacos do exército o colocando sobre a jovem.
- Pronto, agora entre. - Disse ele.
Mesmo receosa Rosé obedeceu. Ela sabia que seria impossível fugir dalí sem levar um tiro, além que ficar no lado de fora sozinha seria muito perigoso. A jovem então adentrou o veículo militar vendo fecharem a porta. A loira então torcia para que em breve pudesse ver as suas amigas novamente.