— Como é bom vê-lo de volta, Kim! — O comandante falou enquanto entrava na sala do cientista, notando-o com o costumeiro jaleco branco e várias papeladas espalhadas sem ordem específica na mesa, assim como outras coisas penduradas em quadros vazios de montagem. Então observou, em um canto escondido, a foto dele com o outro homem que estava sendo mantido como prisioneiro numa sala distante. — Você tem trabalhado bastante, eu vejo — observou as olheiras debaixo de seus olhos vermelhos e as diversas canecas com resquícios de café espalhados pelo escritório.
— Sim, cumprindo com as ordens — respondeu de maneira vazia, sentindo a exaustão após passar tantas noites acordado tentando cumprir com as demandas e exigências dadas a si, que dobraram após ser capturado. — Me deixe vê-lo desta vez... — implorou, após passar mais de dois meses tentando inutilmente conseguir acesso à Jungkook como algumas vezes tem com Jimin.
— Hoje é um dia de sorte. — Se aproximou do outro, mantendo as mãos atrás das costas e ficando de frente ao maior. — O garotão tá doente. Precisamos que verifique.
Taehyung se agitou mais uma vez, soltando o ar trêmulo entre os lábios ressecados e mordidos depois de descontar sua ansiedade neles. Coçou seus pulsos manchados de vermelho, com alguma reação dada ao seu emocional instável.
— Siga-me — ordenou, dando às costas e imediatamente sendo seguido. Caminhou nos corredores bem vigiados, mantendo três homens armados ao seu redor e prontos para agirem caso Taehyung aprontasse qualquer coisa, mesmo estando em péssimas condições.
O Kim observou a porta de aço e encarou o mecanismo de senha digital, porém antes que observasse o comandante dar o primeiro passo, sentiu a ponta de uma arma conduzindo sua cabeça na direção contrária. Prendeu sua respiração e não resistiu, cedendo às ordens deles, por enquanto.
Quando a sala foi aberta, sentiu seu ombro ser segurado por Lee. Se virou para ele, encontrando sua expressão amena, lhe analisando por alguns segundos antes de decidir abrir a boca:
— Não pense em fazer nada imprudente, estaremos observando minuciosamente cada um de seus gestos. O Alpha está ligado diretamente à controles que, ao serem acionados, podem colocá-lo para dormir quase que imediatamente. Porém, você sabe... sem dor, não há aprendizagem. — Se aproximou assustadoramente do ouvido alheio para, então, sussurrar: — Se não quer vê-lo se contorcer de dor, aja como um verdadeiro profissional vendendo seus serviços bem feitos.
Kim gemeu ao ser jogado para dentro de uma minúscula sala, com apenas uma porta centralizada. Olhou para o canto superior direito, enxergando uma câmera posicionada ao lado de um transmissor de voz.
— Entrada permitida. — Um timbre grosso soou através dela antes que um barulho familiar fosse emitido e as trancas da grossa porta fossem soltas.
Respirou fundo e deu passos à frente, apertando os punhos ao observar Jungkook agachado no chão, com novas cicatrizes por todo o seu corpo. O cabelo havia crescido e estava, novamente, desarrumado. Os pelos corporais ainda cresciam, porém suas unhas pareciam ser frequentemente cortadas para que ele não as usasse para tentar escapar ou ferir alguém.
Sorriu pequeno ao ouvi-lo farejar o ar e levantar a cabeça, mostrando seus olhos permanentemente vermelhos. Foi possível ver sua agitação enquanto o corpo se esforçava para levantar, ignorando seus machucados e cirurgias.
Segurou suas emoções e se manteve parado, não querendo preocupar Jungkook ou causar mais ansiedade naquele cômodo, sabendo dos riscos. Portanto, se aproximou com cautela e ficou calado enquanto tentava lidar com o nó em sua garganta. Mesmo ouvindo os avisos, não achou que fosse demais ao envolver o rosto bem marcado de forte expressão com suas mãos longas, acariciando as bochechas quentes ao mesmo tempo que mantinha o contato visual intacto.
— Senti sua falta — revelou a fera, temendo tocar em Taehyung antes de analisá-lo minuciosamente, preocupado com seu estado. Temia vê-lo como Jimin. — O Ji-
— Shh... e-eu sei. — O falou rapidamente, pois desta forma não aguentaria mais ser forte pelos dois. Teria que arranjar novos meios de escape, pois tudo agora parece ainda mais perigoso e bem protegido. Se mantém ciente de que eles não deixarão o mesmo erro acontecer novamente. — Apenas me deixe ver você. Me disseram que estava mal... — Voltou a analisar o corpo, mordendo o lábio inferior ao encontrar mais cicatrizes.
— Taehyung...
— Por favor, sente-se. Eu preciso ver-
— Taehyung! — O parou, segurando suas mãos e olhando profundamente em seus olhos. Por fim, o outro parou para prestar atenção em si. Suspirou de alívio, formando caretas dolorosas em suas expressões. — O que eu f-faço? — sussurrou, trêmulo. Não se sentia mais tão potente como antes e se perguntava como que pessoas tão fracas haviam conseguido lhe segurar, sendo que consegue jogar carros contra os outros e se transformar em um animal. Além disso, estava vendo as pessoas que mais ama sofrerem por sua mutação e não consegue agir para impedir.
— ...Me deixe ver os seus machucados e irei resolvê-los — respondeu, sem dar a resposta desejada ao outro. Notando sua expressão surpresa, manteve o contato visual, para que ele entendesse o segundo sentido da frase. Finalmente o viu obedecer, em silêncio, então voltou a respirar, querendo saber se ele havia entendido. Contudo, não havia como questionar e logo começou com o seu trabalho. — Tem febre durante à noite? — Foi respondido com um gesto, ainda sem olhar para si. Ficou parado, analisando a expressão dele, esperando por mais algo, mas nada veio. Prosseguiu: — Tem se alimentado direito? Bebeu água? — Ele negou. — Dor em mais algum lugar? — Apenas um gesto apontando para a cabeça dele foi o suficiente para perceber que Jungkook não havia entendido suas palavras e agora estava desolado, bravo consigo. Apertou os punhos, ciente de que não poderia lhe explicar nada. — Por favor, beba e coma para que isso possa passar rápido. Eu irei recomendar remédios para dores e descobriremos se a falta de nutrientes é a única causa.
Deu às costas para ele, indo em direção à porta do outro lado e mirando para a grande parede de vidro escura. Respirou fundo, com o coração agitado em seu peito. No entanto, arregalou os olhos e se assustou quando escutou barulhos bruscos de correntes se movendo. Ao virar-se para trás, se deparou com a estrutura de Jungkook se inclinando para si, com o rosto perto do seu. Ele bufava ar quente em suas bochechas, com aquelas profundas orbes vermelhas e irritadas, demonstrando raiva.
Manteve a calma, ainda que estivesse apavorado. Ele apenas estava tendo uma crise depois de não obter as respostas desejadas e nem o conforto de quem mais queria naquele momento. Não o culparia, pois estava certo.
No entanto, o senhor Lee tem razão em uma coisa até agora: alguns sacrifícios são necessários para que objetivos sejam alcançados.
[...]
Dentro de uma sala escura, Jimin se mantinha encolhido na pequena cama dura, abraçando seus joelhos e mantendo a cabeça escondida entre eles. Jurava que se continuasse observando apenas branco por todos os lados, enlouqueceria.
Assim que ouviu a porta ser aberta, elevou sua atenção, enxergando um homem estrangeiro e fardado entrar. Notou sua pele branca, queixo bem marcado e olhos azuis. Então ele seguiu em direção à única mesa do cômodo e deixou ali uma bandeja com pouca comida e água. Tinha uma aparência horrível.
Quando achou que ele sairia, ele veio em sua direção enquanto colocava a mão no bolso. Se desesperou e tentou sair da cama, caindo quando a corrente que prendia seu calcanhar o parou. O baque não conseguiu ser escutado por ninguém, além dos dois.
— PARE!! — berrou, trêmulo, derrubando lágrimas por todo o rosto. — E-EU NÃO AGUENTO MAIS! POR FAVOR, PARE! PARE, POR FAVOR!! — implorou, não tendo suas preces atendidas.
Sua cabeça foi segurada para longe do ombro esquerdo, revelando seu pescoço cheio de furos feitos por outros cientistas, com a pele irritada e as veias dilatadas com sangue escuro percorrendo toda aquela região. Gritou em desespero quando foi furado lentamente mais uma vez, recebendo o líquido que ardia e fazia seus sentidos ficarem loucos.
— Vocês ainda tem uma chance — sussurrou o militar em sua orelha, aproveitando o único momento em que estaria com controle de si mesmo para entender suas atitudes.
O homem loiro sorriu, continuando a encarar as cicatrizes, não percebendo mais Jimin lutar por liberdade após ouvir o que tinha para dizer.
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Oficialmente, este é o penúltimo capítulo, gente! Eu tenho muito para agradecer, mas deixarei isso para amanhã. Estou muito ansiosa para publicar tudo de uma vez, mas tenho que ser paciente, kkkk.
Lendo a fanfic novamente, pensei em fazer um bônus para vocês futuramente. Claro, quando houvesse disponibilidade de tempo maior para que eu pudesse desviar dos meus próximos projetos.
Enfim, essa é uma obra muito focada na ação e gostei de desenvolvê-la. Eu não esperava tantos leitores, já que não é um shipp comum. Ainda assim, muito obrigada por estarem acompanhando!
Não deixem de me seguir: SoloLunarC
Até amanhã! Se cuidem.