N/A: Depois de 6 meses, finalmente vim finalizar essa história. Peço desculpas pela demora, não sei se a galera vai ler porque provavelmente nem lembram mais o que se passou por aqui, então se esse for o caso, volte alguns caps e se atualize. Boa leitura, e até as próximas histórias! ❤️
Inclusive, quem tiver algum pedido, deixem aqui, posso considerar e destrinchar uma história especialmente pra você, quem sabe.
Capítulo Final.
POV |Narradora|
São 06:30 da manhã, Finn, S/n e os pais de Finn estão tomando café da manhã num silêncio extremamente constrangedor.
Neste momento, o silêncio nunca foi tão alto assim. É como se o barulho dos talheres ficassem mais altos, o barulho da mastigação mais estressante, até o vento incomoda e isso se dá a noite anterior onde ninguém da casa dormiu.
Motivo: a mistura de duas coisas viciantes que não funcionam juntas.
Droga e muito tesão acumulado.
— Então S/a, dormiu bem?
Mary pergunta, S/n engasga com o próprio suco. Finn que também bebia suco tem a mesma reação. Os pais de Finn se estreolham e Mary coloca um sorrisinho presunçoso no rosto.
— Dormi sim Sra Wolfhard, muito bem.
— Pare já com isso de Sra Wolfhard, eu já disse que pode me chamar só de Mary.
S/n sorri com os olhos.
— A cama estava boa? – Eric pergunta, olhando para o filho.
— Como? – Finn limpa a garganta.
— A cama. Faz algum tempo que nos mudamos, o seu quarto ficou sem uso, tem algumas coisas que mudam com o tempo.
— Ahhh. – Finn coça a nuca. — Tava sim, digo, tava ok, tudo certo.
— Bom saber.
E a interação fica por isso mesmo. Após o café, eles foram direto para o hospital onde a mulher de Nick receberia alta, S/n mal podia esperar para ver outra vez o bebê e passar algum tempo com Lília que é simplesmente a mulher mais doce do mundo, com certeza será uma ótima mãe.
***
Os dias foram se passando, as semanas, meses... logo chegou o tão esperado último dia de aula de S/n.
Esse dia já amanheceu estranho de imediato. Ela acordou mais cedo que Sadie e Millie, estava chovendo e mal havia amanhecido. Aquele seria o último banho tomado no internato, a última vez que ela vestia aquele uniforme, a última vez que penteava o cabelo em frente a penteadeira com uma bíblia sempre ao lado.
A última vez que desceu por aquelas escadas grudada nos braços das amigas, as últimas aulas com as freiras que são muito mais que professoras para ela, viraram suas amigas.
A última vez que almoçara naquele refeitório cheio de garotas, todas diferentes fisicamente, mas todas com o mesmo sentimento, o sentimento de dor e alívio por estarem fechando um ciclo longo.
Algumas, fariam faculdade e se tornariam excelentes profissionais.
Algumas já estavam prometidas, casariam logo e formariam suas famílias.
Algumas, fariam os votos e se tornariam freiras.
Outras, como S/n, não tinham a menor idéia do que fariam dali para frente. Apenas tinham essa vontade avassaladora de abraçar o mundo com os próprios braços.
Após a última aula, rolou um encerramento com um coral feito pelas meninas, além de um banquete digno de rei.
As meninas trocaram os laços e as tiaras da cabeça pelo capelo, estavam de mãos dadas sentadas sobre os assentos da igreja, onde o padre acabara de dar a benção e Mary tomara o altar.
Mary está linda e radiante, ela fez um discurso enorme de quase uma hora e foi chamando garota por garota para pegar seu certificado e falar algo caso queira. Até chegar a vez de S/n.
— S/n Pardo.
S/n aperta ainda mais forte a mão de Sadie e de Millie e sorri extremamente nervosa, subindo no altar. Ela recebe o certificado e abraça Mary.
— Existe algo que queira compartilhar, minha linda?
— Sim. – S/n acaba por ver Finn pela primeira vez naquela noite, ele havia acabado de entrar e se escorou no fundo, ao lado do inspetor. Mesmo de longe, o sorriso dele parecia iluminar todo o lugar. S/n limpa a garganta e pega o microfone. — Quando você é criança, sempre te perguntam o que você quer ser quando crescer. Qualquer menininha normal responderia; médica! veterinária! ou sei lá, astronauta!
As garotas riem brevemente, assim como o padre.
— Mas essa não foi minha resposta. Eu disse que queria ser freira. A minha pré adolescência foi um pesadelo, ser diferente num mundo onde todos são tão iguais te põe em situações embaraçosas. Na minha adolescência, eu segui firme com o meu sonho, sempre quis agradar a minha família, mas em especial Deus, até eu encontrar o amor da minha vida e o meu sonho ir por água abaixo. – Ela fecha os olhos e sorri. Mesmo que não tivesse olhando na direção, podia sentir os olhos de Finn Wolfhard a queimarem. — No início, eu me sentia suja, impura, uma grande farsa, simplesmente por ir contra os meus ideais. Eu sentia que estava decepcionando todos, até perceber que a única pessoa que realmente esperava algo assim de mim era eu mesma. O que eu estou tentando dizer aqui é que; de fato, o mundo, as pessoas, a religião... eles pegam na tua mão e tentam te forçar a escrever uma história que não é sua, num ponto que você começa a acreditar que precisa daquilo pra ser digna de algo, mas não precisa! Não tenham medo de errar, de se contradizer, de aceitar os riscos. Aceitar riscos é bom, significa que você está usando a coragem que Deus colocou em cada um de nós. Ninguém além de mim é dono da minha história. E aqui estou eu, crescida. Mary perguntou a muitas de nós como achamos que vamos estar daqui 5 anos, então aqui vai a resposta: Eu não sei como vou estar daqui 5 anos, a única coisa que sei é que vou estar feliz por estar em qualquer outro lugar que não seja um convento, mas com o homem que eu escolhi pra passar o resto da minha vida. Obrigada.
Assim que ela entrega o microfone e desce do altar, todos se levantam para aplaudi-la de pé, inclusive seus pais.
— LINDAAA! - Millie grita assobiando, Sadie ajuda a fazer barulho.
S/n abraça os pais, logo em seguida corre para os braços de Finn que a esperava de braços abertos.
— Eu te amo. – Ele sussurra no ouvido dela, com os olhos ligeiramente marejados.
— Eu te amo mais. – Ela põe um sorriso lindo no rosto, fechando os olhos, se entregando completamente aquele abraço que diz mais que mil palavras.
***
5 anos depois...
— S/n Pardo, você aceita se casar com Finn Michael Wolfhard, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, jurando diante de Deus e essas pessoas, amá-lo e respeito-lo, até o último dia de sua vida?
S/n que estava de mãos dadas com Finn, olhando-o nos olhos, ambos olhos cheios de lágrimas, chega perto do microfone do padre.
— Sim, eu aceito.
— Finn Michael Wolfhard, você aceita se casar com S/n Pardo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, jurando diante de Deus e essas pessoas, amá-la e respeita-la, até o último dia de sua vida?
-— Claro que sim.
O padre sorri completamente encantado com a forma como eles se olham e suspira, fechando a Bíblia.
— Então acho que meu trabalho está concluído, você tem a permissão para beijar a noiva.
— Finalmente chegou a melhor parte do casamento.
Finn brinca e beija ela com ternura, os muitos convidados os aplaudem de forma barulhenta, incluindo o padre.
Antes que o beijo terminasse, S/n geme de dor e empurra Finn, segurando o vestido, olhando para o chão com o cenho franzido.
— O que foi? Você está bem?
— Finn. – Ela segura no braço dele e abre espaço, arrastando a cauda do vestido para mostrar o chão da igreja com uma poça de líquido amniótico.
— Você se mijou? – Ele franze o cenho, assustado.
— Não seu imbecil! A sua filha vai nascer!
Caleb e Sadie se entreolham de olhos arregalados e a mãe de S/n falta ter um infarto.
Rojas segura a barriga e se contorce de dor, logo Mary e Isabel se aproximam, a segurando pelos braços.
— Filha, respira. Eu sei como é, vai ficar tudo bem.
— Finn, liga o carro! – Mary berra, desesperada. Finn nasceu de uma cesariana, não tinha a menor idéia de como é sentir contrações de um parto.
Finn corre para ligar o carro, Mary e Isabel acompanham S/n até fora da igreja. Acaba que Eric e o pai de S/n agradecem pela presença dos convidados, mas afirmam que enquanto o bebê não nascer, eles não podem dar inicio a festa.
Caleb, que agora é marido de Sadie, consegue a localização do hospital e corre para lá junto de Millie.
S/n chega no hospital com 5 centímetros de dilatação, meio caminho andado. Na sala de parto não havia ninguém além de uma enfermeira, o médico que está realizando o parto dela, Finn e sua mãe.
— Tudo bem mãezinha, eu preciso que você faça mais força ok? Eu preciso que seja forte. – O médico não podia fazer nada além de afagar as costas dela, infelizmente todo o trabalho ela tem que fazer sozinha.
— Eu não consigo.
– S/n chora desesperadamente. — Não consigo. Dói tanto.
— Eu sei, mas logo vai passar. Lembra do que te ensinei? Sente o cheiro do bolo, em seguida apaga a velinha e espera a contração vir.
Pardo inspira fundo e expira, então a contração vem e ela faz força, mas nada.
— Não dá! Tira ela de mim, porfavor, eu não consigo. Eu não consigo...
Finn que estava agachado ao lado da esposa, que estava agachada abraçada a bola, agarra as mãos dela, tirando alguns dos fios de cabelo do rosto de Pardo.
— Meu amor, já está acabando, eu prometo. O mais assustador já passou, eu sei que parece impossível mas você é a mulher mais forte que eu conheço e sei que consegue fazer qualquer coisa. O pesadelo vai passar e logo vamos ver o rostinho da nossa menininha. Você não está ansiosa pra ver o rostinho dela?
S/n assente freneticamente com a cabeça.
— Pois então. – Finn beija a testa dela. — Eu não posso imaginar pelo o que está passando mas eu estou aqui. Vocês duas são as mulheres mais importantes da minha vida e eu não vou soltar sua mão. Pode quebra-lá se quiser, pouco me importa.
Mesmo naquela situação, ele ainda consegue faze-lá rir. Outra contração forte vem, S/n aperta com toda a força do mundo as mãos de Finn e empurra, a enfermeira acomoda o bebê e logo aquele chorinho dramático ecoa por toda a sala de parto.
— Oh meu Deus. – Isabel leva as mãos a boca, se pondo a chorar junto com o bebê.
Finn beija mais uma vez a testa de sua esposa, deixando duas lágrimas de felicidade descerem pelo seu rosto.
A enfermeira entrega o bebê nos braços da mãe que a agarra como se um pedaço de seu coração estivesse sobre seus braços.
Finn corta o cordão umbilical e se põe por trás de S/n, que deita a cabeça no peito dele. Ele acaricia o rosto dela e observa a bebê com ternura, que agora, não chora mais desesperadamente, apenas solta alguns ruidinhos fofos.
— Tá vendo só? Eu disse que conseguiria. – Ele sussurra no ouvido de S/n que fecha os olhos e deixa um beijinho na testa da bebê.
—Minha filha. – S/n chora com um sorriso no rosto. — Deus, como ela é linda... você é tão amada meu amor, tão pequenininha mas tão amada. Finn, ela é como um sonho realizado.
— É sim. É o nosso sonho realizado. – Finn olha nos olhos de S/n, limpando o rosto avermelhado dela pelas lágrimas. — E eu não poderia estar mais feliz. Eu amo vocês, minhas meninas.
♡
Existem pessoas que odeiam romance pelos clichês e finais felizes que são sempre muito previsíveis.
Mas eu digo que nem todo final feliz precisa de uma casa em búzios, viagens mirabolantes e sexo o dia todo.
As vezes o clichê, o previsível, é tudo o que as pessoas mais precisam e desprezam por ter medo dessa felicidade inimaginável ser irreal ou passageira.
Aristóteles dizia que o fim último de todas as coisas é a felicidade. Flosoficamente isso explicaria porque estamos sempre tão insatisfeitos com nossa realidade atual, logo, ansiando de forma recorrente por mais.
Contudo,
No caso de S/n e Finn, esse é o fim último perfeito. O fim em que eles se amam incondicionalmente, e mesmo com tantas diferenças, tantas desavenças, puderam realizar o único sonho em comum que tinham e nenhum dos dois sabiam que era um sonho até se realizar;
Se casaram.
Tiveram uma filha linda. Helena, que assim como sua mãe disse, não sabe o quão amada e desejada foi. Filha essa que preencheu um buraco que foi deixado desde que S/n perdeu seu primeiro filho.
Compraram uma casa próxima de seus amigos e alí construíram a sua vida.
Uma vida cheia de amor, reciprocidade e responsabilidade afetiva.
Não recomendo esse capítulo para aqueles que são diabéticos, porque esse final foi tão doce que vai levar a sua glicemia ao limite.
Fim.