Apenas Minha

By EmyllySanttos3

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O que você faria se começasse a ter sonhos dias antes do seu aniversário, com um homem que nunca viu na vida... More

/✿/Epígrafe/✿/
/✿/personagens/✿/
/✿/Prólogo/✿/
/✿/Capítulo 01/✿/
/✿/Capítulo 03/✿/
/✿/Capítulo 04/✿/
/✿/Capítulo 05/✿/
/✿/Capítulo 06/✿/
/✿/Capítulo 07/✿/
/✿/Capítulo 08/✿/
/✿/Capítulo 09/✿/

/✿/Capítulo 02/✿/

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By EmyllySanttos3

Abri os olhos e vi um vasto campo cheio de flores. A visão distante era ainda mais deslumbrante, podia ver o sol se pondo atrás das montanhas, deixando o cenário ainda mais bonito contra o céu laranja. Dei um passo à frente, sentindo o frescor da terra penetrar entre os dedos sob meus pés descalços. Antes que eu percebesse, um enorme sorriso se espalhou pelo meu rosto, eu me senti livre, uma sensação que nunca havia sentido até aquele momento. Caminhei pelo caminho entre as flores e admirei a bela paisagem ao meu redor.

Tudo transmitia paz.

Ouvi um galho quebrar e me virei em direção à floresta a alguns metros de distância. Da escuridão entre as árvores, grandes olhos laranja me encararam, e dei um passo para trás com medo quando a criatura deu um passo à frente, revelando-se. Um lobo enorme, tão alto quanto um cavalo, só que mais pesado e musculoso, com pêlo branco como a neve, olhos como faíscas de brasas, tão laranjas e brilhantes, um focinho longo e um sorriso à mostra mostrando uma longa linha de pontas afiadas. dentes, como a lâmina de uma faca.

A fera estava cada vez mais perto e cada vez que eu dava um passo para trás, seus dentes rugiam ferozmente, rasgando o ar e me fazendo estremecer.

Num piscar de olhos, senti o lobo a centímetros de distância, tão perto que pude ouvir sua respiração. Meus olhos pareciam que iam saltar quando o vi tão perto de mim, fechei-os esperando ser atacada, mas para minha surpresa não aconteceu e quando abri os olhos novamente, ele ainda estava lá, parado olhando para mim, e eu o vi se afastar e se transformar em um homem. Ele era alto, talvez com um metro e noventa de altura, bronzeado e musculoso. O cabelo era escuro, curto e bagunçado. Seus lábios carnudos e olhos deslumbrantes me tiraram o fôlego. Ele tinha sobrancelhas grossas, barba rala e uma expressão fechada. Meus olhos percorreram seu peito, com seus cabelos finos e escuros, até chegar ao seu abdômen esculpido, seguindo o V até seu grande pênis. Meus olhos se arregalaram. Deus, eu não acho que conseguiria superar essa imagem mesmo se quisesse. Eu nunca tinha visto nada tão grande, não que eu já tenha visto um, mas o tamanho era simplesmente absurdo.

- Já terminou de babar pelo meu pau? Devo admitir que a vista que tenho também é magnífica. - Ele disse. Seus olhos examinando todo o meu corpo. Olhei na direção do seu olhar, e agora percebi que estava nua. Senti meu rosto queimar de vergonha. - essa pele clara me fez imaginar algo muito impuro.

- Não estou olhando para nada - menti sem medo algum.

Seus olhos estavam vidrados em meu corpo, e rapidamente me escondi com as mãos.

- Não adianta se esconder, já olhei cada pedacinho ferinha.

- Como isso é possível? - perguntei surpresa.

O sonho de ontem. A mesma voz. O mesmo apelido.

- Eu ter visto cada pedacinho? Você está pelada - Seus olhos reviraram.

- Eu sonhei com você na noite passada... como é possível? - pergunto novamente.

- Você lembra?- questiona demonstrando surpresa.
- É claro que sim - reviro os olhos - como entrou em meus sonhos.

- Talvez seja meu lado vampiro, talvez seja meu lado bruxo, ou talvez seja porque sou seu companheiro -- seus ombros balançam como se o que acabou de falar não tivesse importância.

- Vampiro? Companheiro? - O olhei atordoada.

Fiquei tão assustada que não percebi que toda a paisagem havia mudado e agora estávamos diante de uma árvore de folhas vermelhas. Nunca vi uma árvore assim.

Eu agora usava um vestido preto com mangas de renda, e o homem ao meu lado também estava vestido, mas apenas de calça. Como alguém podia ser tão belo?
- Onde estamos?

O chão todo era de pedra, a havia água para todos os lados. O ambiente úmido e silencioso dá um aspecto sombrio. As paredes eram de pedra e um pouco escondida, tinha uma escada que levava para algum lugar acima de nós.

- Você pode não acreditar, mas eu sou um tribrido. Lobo, bruxo e vampiro.

- Isso não existe- pensei que talvez o cara ao meu lado estivesse brincando, mas quando me virei para ele, seus olhos estavam focados na árvore, sua expressão fechada - você não poderia ser um bruxo, muito menos um vampiro. Eu vi um lobo.

- Você já deve saber que tudo é possível neste mundo.
- Como você entrou no meu sonho?

- Os companheiros podem se comunicar uns com os outros através da mente. Estou inconsciente há anos, então a única maneira é através dos seus sonhos.

- Companheiro? Você é meu companheiro? - Eu não conseguia acreditar.
- Um companheiro tribrido para deixar tudo mais claro.
- Eu já disse que isso é impossível. Não existem híbridos, muito menos tribridos.

- Então, que explicação você daria para a pessoa que está na sua frente? - Ele perguntou com as sobrancelhas levantadas - Você viu um lobo, mas um vampiro mordeu seu pescoço na noite passada.

- Isto é um sonho. É tudo apenas minha imaginação.
- Qual é a sua explicação para nunca ter um sonho? Quando finalmente seu aniversário está perto, você começa a ter vários.

- como você sabe?
- Sua vida inteira você teve sonhos, Aylla. Você só não se lembra de nada e infelizmente não sei a resposta.

- É tudo difícil de entender.
Como eu posso ter esquecido meus próprios sonhos durante uma vida? Não tinha explicação para isso.

- Eu sei minha ferinha - diz.
- Eu não sei quem é você, eu não sei nada nem sobre mim mesma.
- Meu nome é Atlas.

Atlas. Combina com ele, mesmo que eu nunca tenha ouvido esse nome na vida, era único, especialmente para ele.
Minha cabeça estava um turbilhão, mas de repente tudo desapareceu e deu lugar à escuridão

Sentei-me na cama assustada olhando para todos os lados à procura de algo, mas não havia nada a não ser neve por todos os lados. Assim como todas as noites anteriores.

Depois que saí do quarto de Berat voltei direto para o meu quarto e, graças aos deuses, não encontrei meus pais. Eles já deveriam saber da minha visita à ala dos soldados e talvez estivessem apenas esperando que eu saísse para fazerem um discurso, tenho certeza, mas é algo que já estava acostumada há muito tempo.

"Aylla você é minha filha e eu sou um general do exército. Você não deveria ser amiga de soldados."

"Aylla você é filha da conselheira da rainha, sou a pessoa que ela mais confia, não pode se associar a qualquer pessoa, isso manchará nossa imagem."

Tudo para os meus pais se resume a isso, status, aparência, poder, nada é mais importante. Quando saí do quarto tive a certeza de que eles estavam me esperando. Os dois estavam lado a lado no sofá de couro preto, olhando um para o outro com expressões sérias. Como esperado, eles sempre estavam sérios.
Eles estão competindo para ver quem consegue piscar primeiro?

- Podem começar - chamei a atenção deles. Sentei-me no sofá, de frente para os dois, cruzando os braços, esperando as mesmas palavras de sempre.

"Você deve ficar longe desse mestiço"

- Vieram até nós e nos disseram que você foi para a área dos soldados. Parece que não adianta proibir você de fazer as coisas. Você sempre faz o que quer. - O tom do meu pai era muito severo. Não me atrevi a dizer nada porque sabia há alguns anos que tinha que ouvir tudo em silêncio, caso contrário haveria consequências.

- Agora está falando de assuntos que envolvem o rei, que, pelo que pude entender, são proibidos - disse minha mãe.

- Se o rei descobrisse, ele poderia poupar você, mas seu amigo mestiço não.
Meu pai tinha razão, eu era filha de um general facilmente seria perdoada por tentar encontrar coisas proibidas, mas com Berat a história seria completamente diferente.

- Então sugerimos que você pare de enfiar o nariz em lugares que não lhe interessam - O sorriso da minha mãe era tão falso que chegava a ser irritante - Não queremos que seu amiguinho morra, minha filhinha, e isso seria horrível, eu e seu pai ficaríamos muito triste.

A voz dela estava cheia de sarcasmo, ela conseguia enganar qualquer um menos a mim. Eles conheciam a história e tinham medo que eu descobrisse, o que só aumentou minha curiosidade. Não envolveria meu amigo porque não queria que ele se machucasse, mas isso não significava que eu mesma não procuraria respostas para minhas perguntas.

- Não se preocupe - talvez em suas mentes eu pare, mas quando tenho uma ideia na cabeça, nunca mais retiro.
Eles foram embora sem dizer mais nada e eu consegui relaxar minha postura quando me vi sozinha, tinha que ser perfeita perto deles mesmo que nenhum deles fosse pais perfeitos.

Andei pelos corredores subterrâneos sabendo que estava sendo vigiada. meus pais não confiavam muito em mim e eu não confiava neles.
Quantas vezes eu menti? Eu perdi a conta.

Subi as escadas até o castelo e segui em direção à biblioteca - ignorando todos que passavam por mim - dessa vez voltando com o livro em mãos para pegar outro. Milagrosamente não havia muitos guardas nos corredores, o que para mim estava ótimo, odeio o jeito que eles olham para mim e às vezes sussurram, supondo que eu não escuto. Eles deveriam estar mais preocupados com a invasão de caçadores em todo o continente, mas parece que minha vida é mais importante.

Guardei o livro e imediatamente comecei a procurar outro, não que tivesse muitos para escolher, já tinha lido a maioria deles. O rei não permite que nenhum livro escrito por humanos entre no castelo, por isso temos tão poucos, mas do que isso importa não é mesmo, acho que eu e a senhora Minerva somos as únicas que vêm aqui.

Pego um livro qualquer e ando até a mesa no final do corredor. Algo chama a minha atenção, é claro que eu tenho a opção de ignorar e deixar para lá, mas não é algo que eu faria. Uma carta. Estava um pouco amassada, talvez a pessoa não tenha gostado das palavras ali. Já disse que sou curiosa? Bem, minha curiosidade não me permite sair sem ler as palavras ali.

Os tempos não são bons e as coisas não estão tão boas como antes. Agora o mundo está dividido e uma guerra sangrenta está acontecendo entre mortais e imortais. Dizem que o próprio diabo veio ao mundo e causou a guerra. Existem muitas histórias sobre ele. Ainda me lembro daquela noite, toda vez que fecho os olhos, vampiros e lobos atacaram o castelo para matá-lo.. Mas o que eles não sabem é que meu mestre não pode ser morto por essas criaturas de baixo nível, ele está acima da imortalidade e não tem como ser morto. Ele nasceu assim e ninguém poderia matá-lo. De alguma forma, eles conseguiram enfraquecê-lo e fazê-lo adormecer, enquanto eu estava ali na frente dele, indefesa, amarrada, drenada de toda a minha magia. Eles o levaram embora e nunca mais o vi depois daquele dia, sei que ele está preso em algum lugar, com fome e sede, provavelmente sendo torturado.
Passei anos procurando e recentemente descobri que a bruxa que lançou o feitiço também foi responsável por esconder sua localização.
Ainda não encontrei a bruxa, mas não vou desistir. Ele me salvou. Jurei ser leal pelo resto da minha vida. Desistir seria o mesmo que traição. O mundo é um lugar grande, mas usarei minha imortalidade a meu favor. Sua missão é encontrar provas contra Constantine. Ele esteve lá há mais de dois mil anos e sei que sabe onde está nosso mestre. Continue investigando, Atlas é nosso verdadeiro rei, Constantino é apenas um traidor e quando ele voltar mostrará que ninguém pode traí-lo. Espero que você ainda seja leal a ele, não quero te matar, você tem sido um grande amigo. Atlas retornará e reconstruirá tudo o que foi destruído, e aqueles que forem leais serão recompensados.

Tinha um espião aqui no castelo? Acho que de tudo que li o que mais me chamou a atenção foi, claro, o nome Atlas. Eu não sabia se ficava assustada ou feliz com essa descoberta.

- Aylla! Aylla! - Me virei para a voz, assustada.

Minerva olhou para mim com uma sobrancelha levantada. Ela estava a dois metros de mim, segurando dois livros nas mãos.

- Chamei você cinco vezes, querida. Tudo está bem? Você parece assustada.

- Sinto muito, meus pensamentos estavam distantes... em outro século - Olhei novamente para os dois papéis em minha mão - Eles são seus?

- Não, mas o que diz aí que te chocou tanto?

Eu não sabia se podia confiar nela ou se ela era a espiã. Mas o que isso tem a ver comigo? Eu deveria ser a mais interessada porque essa pessoa pode me dizer quem é o garoto dos meus sonhos.

- Há um espião no castelo - seus olhos pareciam prestes a saltar do rosto.
Minerva olhou em volta, ergueu a mão livre e lançou algum feitiço, pegou a carta de minha mão e leu. Sua expressão mudou de medo para surpresa.

- Onde você encontrou isso, menina? - apontei para a mesa - Atlas está vivo!
Percebi felicidade e surpresa em sua voz, o que me deixou ainda mais curiosa para saber quem ele era.

- Quem é Atlas?
- Esse é um assunto proibido nesse castelo, mas posso dizer que ele e o rei se conhecem. Pelo menos foi o que me disseram.

- Você pode me contar essas histórias? Ela exitou por um momento, mas por fim ela decidiu dizer.

- Atlas foi o rei antes de Constantine. - Naquele momento não acreditei - Vamos, vamos sentar.

Caminhamos até o sofá e nos sentamos uma de frente para a outra. Fiquei preocupada, não sabia o que iria descobrir, mas ao contrário de mim, a senhora Genoveva era um misto de descrença e felicidade.

- Meus antepassados contam a história de um homem que foi amaldiçoado por um membro da sua própria família, ele se tornou um híbrido, o rei dos reis, que governava três especiais, bruxos, lobos e vampiros. Por anos e anos ele foi um rei cruel, mas mesmo assim era respeitado. A guerra entre os humanos e imortais já acontecia, Constantine conspirou contra ele. Naquele tempo ele era o general do exército, alguém que atlas confiava, ele o entregou para os humanos o matarem, em troca não haveria mais guerra. Atlas desapareceu nesse dia, e a guerra nunca acabou. O que antes era um grande reino, se transformou em três.

- Companheiros podem entrar no sonho um do outro? Mesmo que nunca se tenha visto na vida?

- É algo que não acontece todo dia, para isso tem que ter uma forte ligação, mas é possível.

- Acho que sonhei com ele. Bom, no sonho ele disse que seu nome era Atlas, mas poderia ter sido outra pessoa com o mesmo nome.

- Ninguém mais tem esse nome. Este foi um nome dado pelos deuses, e depois do que aconteceu, todas as pessoas com o mesmo nome foram mortas pelo rei.

O rei mataria alguém por ter o mesmo nome de Atlas?
Sim, mataria. Como alguém pode matar pessoas só por ter um nome igual a outra pessoa?

- Na cabeça do rei essas pessoas estavam fazendo uma homenagem a Atlas, famílias inteiras foram mortas.
Nunca pensei que o rei pudesse ser tão cruel, ele parecia tão inofensivo, estava sempre sorrindo, sempre foi amigável com todos. Eu entendo que as aparências enganam. Às vezes, pessoas que parecem boas são na verdade cruéis, e pessoas que parecem a personificação do mal são, na verdade, pessoas gentis.

- Ele disse que era meu companheiro - Por fora eu estava firme em minhas palavras, mas por dentro eu me tremia toda em apreensão. Seu rosto não demonstrava surpresa, mas sim compreensão.

- Minha mãe me contou sobre uma profecia que foi revelada há mais de dois mil anos.

- Profecia? Isso existe? - Se sim, por que não previram sua queda?

- Só os deuses podem fazer isso, minha querida. Eles determinam como e quando nossas vidas mudam. Eles revelaram que uma mulher apareceria na vida de Atlas e mudaria toda a sua vida e destino. Muitas pessoas esperaram por sua chegada durante anos. No dia em que foi morto, todas as esperanças foram frustradas, assim todos pensavam. Atlas era o único que não estava ansioso com o momento da profecia, mas mesmo assim respeitava as crenças de todos.

Seu rosto estava calmo, mas eu era um turbilhão de emoções. Não conseguia me concentrar em uma única emoção. Sinto ansiedade, medo, surpresa, curiosidade, descrença e decepção, esta última porque por pensar que ele não me queria.

- Mas ele ainda está vivo. Já ouvi muitas histórias sobre ele ser um rei calculista, mas nas histórias que minha família conta, ele é um ser gentil que salvou inúmeras pessoas. Estou feliz que ele não esteja morto e estou ainda mais feliz por você ser sua companheira.

- Não entendo como ele entrou no meu sonho.

- Vocês são companheiros, menina. É uma conexão que ninguém consegue explicar, e ele era o bruxo mais poderoso do universo.

- E o espião? Quem será que é? - Pode ser alguém próximo ao rei, ou pode ser alguém de baixo status.

- Não sei Aylla, o melhor a fazer é destruir essa carta, pode causar grandes problemas se alguém encontrar.

Ela estava certa, o rei começaria a investigar todo mundo e eu não escaparia do interrogatório.

Fui até a lareira e joguei-a no fogo, me sentindo aliviada ao ver as chamas engolindo cada letra que dizia que Atlas estava vivo e ninguém saberia além de mim e da senhora ao meu lado. E é claro o espião.

- O que fez você jogar esses documentos no fogo?

Dei um pulo, assustada com o som vindo atrás de nós. Coloquei a mão no coração acelerado e me virei para olhar para o conselheiro do rei parado na porta. Ele olhou para nós dois seriamente, a senhora Minerva não disse nada e estava tão pálida que tive medo de que ela caísse dura no chão.

- Apenas pensamentos bobos que escrevi e que é melhor guardar para mim mesma - Nem percebi a mentira saindo, mas fiquei surpresa com a facilidade com que menti.

Ele tinha mais de mil anos e parecia ter quarenta, com a pele tão pálida quanto a minha, cabelos loiros quase brancos e olhos azuis, escuros e profundos como o mar. Há uma aura sombria nele, e suas íris revelam um perigo que não estou disposta a enfrentar, pelo menos por enquanto. Quando olhei para ele, tive uma estranha sensação de que ele poderia ser um espião, ele tinha quase a mesma idade do rei e poderia ter conhecido Atlas. Talvez ele seja, mas como posso saber?

- Você deveria ter mais cuidado com o que escreve... ou lê. Não queremos que segredos sejam revelados, não é mesmo?

- Absolutamente.

- Então foi bom que você os tenha queimado. - Ele olhou para o meu lado, como se tivesse acabado de perceber que havia outra pessoa - Está tudo bem? Parece assustada.

- O senhor me assustou. Não tenho mais idade para passar por essas emoções.

O sorriso dela era tão falso que suas mentiras eram fáceis de detectar. Felizmente, o conselheiro a ignorou e saiu por onde veio.
Exalei e olhei de volta para as chamas, agora sem uma carta ou qualquer coisa que provasse sua existência além de seu dono.

- Ele ouviu nossa conversa? - Olhei para a bruxa que ainda estava olhando a porta.

- Não se preocupe, coloquei uma barreira ao redor da sala para que as pessoas de fora não possam nos ouvir.

- Ele é um espião? Viu como ele falou sobre segredos? E se for ele?

Estava começando a ficar nervosa com tudo isso e que os Deuses me ajudassem a não enlouquecer.

- Esqueça isso por enquanto garota, volte para o seu quarto e continue o resto do dia como se nada tivesse acontecido. Temos que esperar o próximo sonho para saber o que Atlas quer, não podemos levantar suspeitas de ninguém.

- Tudo bem. - Posso fazer isso ou não posso fazer isso?

Finja que nada aconteceu.
Não conte nada a ninguém.
Não haja de forma estranha.
Não levante suspeitas.
Estava enlouquecendo antes que a noite chegasse, com muitas hipóteses, muitas perguntas.

Voltei para o meu quarto atordoada. Minha vida era muito sem graça e agora estava mudando rápido demais. Eu só queria me trancar no meu quarto e não sair o dia todo, mas isso ia contra o jeito que sempre me comportei.





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