Definitivamente, nosso encontro foi por água abaixo naquela noite.
Ficamos, irrevogavelmente, presos na neve dentro daquele carro que parecia congelar a cada segundo que se passava.
Perdi a noção do tempo, mas Easton parecia tentar achar uma solução para a situação que nos encontrávamos. Até que ele conseguiu falar com um reboco, mas tivemos que esperar mais até que eles chegassem e nós tirassem dali.
Agora estávamos em completo silêncio no carro, ainda devidamente frio, na frente do edifício onde estávamos hospedados. Olhei para minhas mãos, brincando com meus dedos, me perguntando o que eu falaria para quebrar aquele silêncio entre nós.
ㅡ Esse foi o encontro mais inusitado da minha vida ㅡ Comentei, quebrando o silêncio, me virando para olhar Easton.
Ele fez uma careta, erguendo a sobrancelha curvando um sorriso no canto dos seus lábios.
ㅡ Isso foi um encontro pra você?
ㅡ Por que não seria? ㅡ Indaguei, pendendo minha cabeça para o lado. ㅡ Não que eu seja uma mulher repleta de encontros, mas em todos que eu fui foram nas ruas chique de Manhattan. Tipo, Eleven Madison Park.
ㅡ Um dos mais famosos.
ㅡ Exatamente. ㅡ Afirmei, soltando uma curta risada. ㅡ Nem aproveitamos, ne?
ㅡ Não chegamos nem perto do lugar que eu queria te levar ㅡ Seu tom era triste, com um tom de decepção, fazendo meu peito se apertar por isso. ㅡ Urg. No nosso primeiro encontro já deu errado. Imagina os outros?
Encarei ele na mesma hora, apertando meus olhos.
ㅡ Então, vai ter outros?
ㅡ É uma possibilidade, Rain. Não achou que, depois do primeiro, iria desistir de ficar perto de você? ㅡ Seu tom era sarcástico. Sinceramente, sabia que depois do primeiro iria rolar outros seguintes. Não era uma surpresa para mim. ㅡ Foi tudo pro ralo. Sinto muito. Queria poder te levar para jantar.
Mordi meu lábio inferior abaixando a cabeça, me perguntando se eu conseguiria ficar ali sem fazer uma mínima sugestão sequer.
Easton estava sendo incrível. Além de me tratar com toda a gentileza, todo cavalheirismo, ele me deixava confortável de um jeito tão especial que aquecia meu coração.
Sinceramente, nunca pensei que um homem poderia me fazer tão bem a não seu meu amigo. Kevin costumava dizer que ele era o único, devido a nossa aproximação, que tinha o direito e o livre árbitro de se aproximar de mim. Óbvio, como eu estava namorando, era apenas um ciúme de amizades ou de pessoas desconhecidas que tentavam me conhecer.
Agora com Easton era bem diferente. Ele apoiava, ainda mais depois de achar que ele era meu novo interesse romântico.
ㅡ Você... Você quer subir? ㅡ Ergui meu rosto para ele de novo, sugerindo e tentando abrir o sorriso mais simpático que eu consegui.
Por dentro eu estava temendo pela resposta dele. A nossa noite tinha sido estragada pela neve e pelo fato de termos ficado presos, mas ainda sim não estava tão tarde. Ainda queria ficar na companhia dele.
ㅡ Você tá falando sério? ㅡ Indagou, surpreso pelo meu convite. Assenti. ㅡ O Kevin não vai estranhar?
Soltei uma risada, balançando minha cabeça negativamente.
ㅡ Nesse momento, meu amigo está aproveitando a ilustre companhia do Wiley. ㅡ Sussurrei o nome dele, vendo Easton rir em seguida. ㅡ Eu quero que você suba, Easton, mas só se você quiser. Nada mais.
Continuei olhando para ele, com meu coração palpitando tão rápido dentro do meu peito que fiquei com medo que ele pudesse ouvi-lo.
ㅡ Eu posso cozinhar algo ㅡ Acrescentei, mas logo fiz uma careta ao lembrar que eu não levava o maior jeito para cozinha. ㅡ Ou eu posso pedir algo para nós dois. A cozinha não é minha vibe.
ㅡ Eu posso fazer isso no seu lugar ㅡ Sugeriu, abrindo um sorriso tão encantador para mim que eu paralisei no mesmo lugar. ㅡ Eu amo cozinhar. Se você quiser, é claro.
Retribui o sorriso, sabendo que não resistiria o dele.
... ... ...
ㅡ O que você tá preparando mesmo? ㅡ Perguntei, abraçando meus próprios braços me aproximando do Easton que estava na frente do fogão.
Era estranho ter alguém na sua cozinha preparando algo para você, principalmente um homem. Quando eu namorava com o Caleb vivíamos brigando por isso, porque nenhum dos dois sabia cozinhar e sempre saímos para os restaurantes de Nova York.
Era uma ótima opção, eu admito. Mas era outra sensação ter alguém, como Easton, fazendo algo para você assim tão de repente.
ㅡ Batata assada ㅡ Respondeu-me, se girando para mim. ㅡ Recheada.
ㅡ Batata recheada? ㅡ Meu estômago roncou de fome, mas ao mesmo tempo me fez pensar o que mais ele tinha de talento.
Sendo sincera, me espantava o quanto tudo diferente entre nós. Nós mulheres somos predominantemente, segundo os homens machistas, feitas para a cozinha e feitas para cuidar da família. No meu caso, era bem ao contrário.
Não levava o maior jeito para a cozinha, detestava a ideia de ficar sem trabalhar para apenas ficar dentro de casa cuidando de alguém. Já Easton...
ㅡ O que você tanto pensa? ㅡ Voltei a mim com a pergunta do Easton.
Soltei uma risada, me encostando no balcão.
ㅡ Em como somos diferentes. ㅡ Afirmei, soltando mais uma risada. Estranho mesmo era como eu não percebia os sinais que o Caleb deixava na cara. ㅡ Eu não levo o maior jeito para cozinha, sendo mulher. E você gosta de cozinhar sendo homem.
Easton torceu os lábios, parecendo indignado.
ㅡ Meu pai me ensinou isso. ㅡ Cruzou os braços descobertos, deixando a mostra seus braços que eram musculosos. Não daqueles que vivem na academia, apenas parecia o físico que era normal. ㅡ Tarantino, como irmão mais velho, me ensinou que não era para eu seguir a linha de raciocínio do meu pai. A futura geração, segundo ele, deve ser melhor que a anterior.
Sorri observando Easton, percebendo que ele conseguia me surpreender mesmo não tendo a intenção.
ㅡ E olhar para você agora é como um tapa na cara da sociedade machista ㅡ Easton gargalhou, parecendo feliz em dizer isso. ㅡ Meu pai me mataria ao me ouvir dizer isso, mas eu gosto de saber que você é bem diferente do que os homens estão acostumados.
Encolhi meus ombros me sentindo tímida pelo sorriso que acompanhava suas palavras.
ㅡ E é isso que me deixa atraído por você.
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