Reaper ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ

By graywson

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【 adp. 𝘃𝗶𝗻𝗻𝗶𝗲 𝗵𝗮𝗰𝗸𝗲𝗿. + 🔪 】 Scarlett Powell é uma psiquiatra especialista em transtornos de per... More

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Epilogo

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By graywson

SCARLETT

Em dado momento da festa, notei que Vinnie estava demorando demais a terminar sua conversa com a Savannah, então resolvi me aproximar. Quando ele me viu, abriu um sorriso e esticou o braço na minha direção, segurando a minha mão. Os olhos da mulher foram direto para nossas mãos unidas e ela não pareceu gostar tanto assim da cena.

— Savannah, eu quero que conheça a minha esposa. Essa é a Scarlett. — ele me apresentou.

— Oi, é um prazer conhecê-la. — estendi minha mão para ela.

— O prazer é meu. — abriu um sorriso forçado e apertou a minha mão com uma firmeza duvidosa. — E há quanto tempo estão casados?

— Pouco mais de três meses. — respondi.

— Então é bem recente. Meus parabéns. — ela disse olhando apenas para ele.

— Obrigado. Scarlett é minha maior inspiração. É a paisagem que eu mais amo pintar. — olhou para mim.

Não evitei de soltar um suspiro involuntário e sorrir feito boba para ele.

— Excelente... — Savannah disse. — E então, estávamos falando sobre o seu estilo.

Eles começaram a falar sobre arte e todas as coisas que envolviam pintura. Eu não entendia nada daqueles termos e me senti sobrando na conversa. Pelo menos agora ela não podia mais se aproximar dele propositalmente já que Vinnie me mantinha na frente de seu corpo, com seu braço em volta da minha cintura.

Achando a conversa toda entediante, eu cansei de me sentir uma figurante e pedi licença, saindo de perto deles, mas não sem antes beijar o Vinnie de um jeito apaixonado. Eu precisava mostrar que tínhamos uma conexão forte e que aquela vaca poderia parar de olhar para o meu marido como se ele fosse um pedaço de carne.

Peguei mais uma taça de champanhe e sentei no sofá sozinha. Cumprimentei algumas pessoas que passavam, mas só. O que eu queria mesmo era ir embora.

— Senhora Thompson. — fui chamada.

Olhei para cima e dei de cara com Thomas.

— Não me chame assim. — cerrei os olhos para ele.

— Desculpe. — riu. — É aquela educação formal de sempre. Difícil fugir de alguns hábitos.

— É. — assenti concordando.

— Então... — sentou ao meu lado. — Por que tão sozinha nesta festa extremamente divertida e cheia de pessoas que não parecem estátuas de cera? — foi irônico.

— Eu não estou sozinha. Vinnie está aqui.

— Ele parece bem focado na conversa com Savannah Wilson. — desviou o olhar para eles.

— Você a conhece?

— É Springdale. Todo mundo se conhece. É só questão de tempo até que você saia de casa em uma manhã tendo que dar bom dia a umas cinquenta pessoas.

— Que saco. — bufei. — Quer dizer, eu sou uma pessoa legal, mas...

Me interrompeu.

— Não precisa se explicar. Às vezes eu também só queria entrar em um buraco e não falar ou ver ninguém por um dia inteiro.

Sorri fraco para ele.

— Acho que você é uma das poucas pessoas aqui que não parecem estar fingindo ser alguma coisa. — eu disse.

— Digo o mesmo sobre você.

Ah, garoto, se você soubesse...

— Que tal ir lá fora? O céu está tão limpo esta noite. Eu adoro ver as estrelas. — sugeriu.

— Eu acho melhor não. — resolvi cortar as ideias dele.

— Qual é, Scarlett, não é nada demais. Seu marido nem vai notar, ele está bem ocupado falando sobre "arte de verdade" com a Savannah. — fez aspas com os dedos.

— Vejo que não se ofendeu nenhum pouco com o que o Vinnie disse. — ironizei.

— Tudo bem, eu não ligo pra isso. — deu de ombros. — Todo artista defende a própria arte com unhas e dentes. Eu particularmente acho livros muito mais interessantes do que quadros. Um livro pode te entreter por meses, mas imagens se tornam monótonas em poucos minutos.

— Eu gosto dos desenhos do Vinnie, principalmente quando eu sou a inspiração.

— Ah, esse tipo de quadro eu com certeza adoraria ver por dias. — a forma como ele naturalmente me cantava era engraçada.

— Você está ciente de que eu sou casada, não está? — eu ri.

— E eu deveria te achar menos bonita só porque você assinou uma certidão que te amarra a alguém?

Fiquei sem palavras. Aquele garoto tinha tanta atitude que me deixou meio encabulada com sua maneira de falar comigo sem nenhum filtro. Senti minhas bochechas corarem e desviei o olhar torcendo para ele não notar que eu havia ficado tímida. Não queria que ele achasse que isso era uma brecha para ele continuar.

— E as estrelas? — insistiu.

— O que tem as estrelas, Thomas? — continuei sem olhar para ele.

— Você quer ir lá fora comigo ou não?

— Eu não deveria.

— Não perguntei se você deve. Eu perguntei se você quer.

— Você tem muita autoconfiança para um garoto de vinte e dois anos. — arqueei uma sobrancelha.

— É verdade. — ficou de pé e me ofereceu sua mão. — E então?

Ele não iria parar de insistir e eu queria mesmo sair daquele ambiente sufocante. Olhei uma última vez para Vinnie que ainda estava concentrado na conversa como se sua carreira dependesse daquele momento para acontecer. De fato, dependia.

Segurei a mão de Thomas e fiquei de pé também. Nós dois saímos da casa e fomos até o jardim da frente. Não tinha ninguém lá, nem mesmo no bairro. A noite estava um pouco fria e o céu realmente era de tirar o fôlego com todas aquelas estrelas e a lua cheia maior do que eu me lembrava que era. Qual foi a última vez que eu tirei alguns minutos tranquilos para observar o céu à noite?

Senti Thomas colocar a sua jaqueta sobre meus ombros ao notar que eu estava com frio. Aceitei aquilo apenas porque não queria começar a tremer.

— Parece que eu acabo de descobrir como finalizar o meu poema. — ele disse olhando para mim.

— Poema?

— Sim. Você disse que queria ler algo meu e eu disse que escreveria pra você. A inspiração veio assim que nós conversamos esta manhã. — de seu bolso, ele tirou um bloco de notas. — Só mais algumas linhas... — começou a escrever.

Enquanto escrevia, ele desviava seu olhar do bloco para mim, assim como Vinnie fazia quando me desenhava. Caramba, isso era um detalhe que me deixava um pouco mexida, eu tinha que admitir. Mas só porque me lembrava o meu marido, certo?

— Posso recitar? — ele perguntou e eu assenti. — "Manhãs ensolaradas têm sido o meu momento favorito. Mas como todas as paisagens que já apreciei antes, esta também se tornou repetitiva. A luz do sol já não brilhava tanto quanto antes há dias e eu me perguntava o que faltava. Foi quando eu olhei além do meu jardim e a vi. Doce como seu nome já dizia, ela tinha uma particularidade que a fazia parecer o ser mais belo que a luz do sol tocava. Manhãs ensolaradas voltaram a ser especiais depois dela. Surpreendo-me ao vê-la à noite sob a luz do luar. Raios lunares a deixam bela tanto quanto os solares. Isso me fez perceber que minha nova paisagem preferida era ela, que trazia mais brilho do que qualquer manhã ou noite clara."

Eu fiquei de queixo caído. Eram as palavras mais lindas que alguém já disse sobre mim. Thomas olhava para mim com um sorriso esperançoso, aguardando que eu desse meu veredito sobre o poema.

— Eu... Eu não sei o que dizer. — continuei boquiaberta. — Isso foi lindo. Mais que lindo, isso foi... Eu realmente não sei como expressar. — ri nervosa. — Obrigada, Thomas. Não sei como agradecer.

— Seu sorriso já é o melhor agradecimento pra mim.

Continuei a sorrir, mas esse sorriso se foi quando eu olhei por cima do ombro de Thomas e avistei Vinnie parado na entrada da casa. Ele tinha um olhar sério, as mãos nos bolsos do casaco e nos encarava estático.

— Eu acho que o Vinnie quer ir embora. — retirei a jaqueta de Thomas dos meus ombros e entreguei de volta para ele. — Obrigada de novo pelo poema. — sorri sem jeito.

— Depois eu faço uma cópia e te dou.

— Ok. Bem, boa noite.

— Boa noite, Scarlett.

Me afastei e caminhei até onde Vinnie estava.

— Quer ir embora? — perguntei.

— É. — ele disse apenas, depois entornou meus ombros com seu braço e nós começamos a caminhar pela estradinha de pedras do jardim em direção à saída. — Eu te procurei e a Dixie disse que você estava aqui fora.

— Lá dentro estava sendo bem sufocante. E com você longe de mim, então...

— Eu estava cuidando de algo importante. Agora tenho muito mais chances de fechar um contrato com a galeria Wilson do que teria se não tivesse esbarrado com a Savannah aqui.

— Você fez mais do que esbarrar com a Savannah. — não disfarcei meu tom incomodado.

— Foi por isso que veio aqui fora sozinha com aquele adolescente?

— Ele não é adolescente e, não, não foi por isso.

Ele respirou fundo como se me cheirasse e se afastou de mim ao passarmos pela cerca da nossa casa, caminhando na minha frente a passos largos.

— Está com o cheiro dele. Não deveria usar a jaqueta de estranhos. — foi até a porta e colocou a chave na fechadura.

— Estava frio. — expliquei, parando atrás dele.

— Se estava frio, que voltasse para dentro da casa. — abriu a porta e foi entrando sem me esperar.

— Não precisa ficar puto só porque eu estava conversando com o filho do vizinho. Ele é dez anos mais novo que eu, o que acha que vai acontecer!? — fechei a porta e a tranquei.

Vinnie girou em seus calcanhares, ficando de frente para mim. Ele mantinha o maxilar pressionado de modo que eu conseguia ver os músculos de seu rosto ficarem tensos. Estava com raiva, pura raiva.

— Além disso... — dei um passo à frente. — Você e a Savannah estavam se dando tão bem. Eu não queria incomodar sendo uma completa leiga em qualquer tipo de arte. — o provoquei.

— Não faça isso. — rangeu os dentes.

— Fazer o que? — sorri de canto, ainda o provocando.

— Não seja impulsiva.

— Não estou sendo. — revirei os olhos. — As pessoas sentem ciúmes.

— Lembra do que me disse uma vez? Quando quiser resolver alguma coisa, converse! Se a Savannah te incomodou, você podia simplesmente me dizer ao invés de se distrair com aquele moleque de vinte anos.

— Você fala como se eu tivesse flertado com ele. — falei como se a ideia fosse absurda.

— Eu tenho certeza que ele flertou com você.

— E daí? Eu não dei corda. Que diferença faz se ele me olha diferente ou não?

— Ah, então que diferença faz se a Savannah me olha diferente ou não? Eu também não dou corda. — retrucou.

— Puta que pariu... — resmunguei e dei as costas pra ele.

— Sabe o que eu mais odiei? — aproximou-se e começou a falar em meu ouvido. — Você estava olhando pra ele como se ele fosse um filhote de panda. O que ele disse?

— Nada.

— Não minta pra mim. — falou pausadamente, me causando arrepios.

— Ele fez um poema.

— Sobre você?

— Sim. — engoli em seco. Sentia que estava andando sobre ovos.

— O que tinha no poema?

— Ele só disse que eu era bonita de um jeito metafórico.

— Como eu poderia fazer ele parar de flertar com você? — seu tom era sugestivo e me fez entrar em pânico.

— Não. — virei de frente para ele. — Não faça.

— Fazer o que? — sorriu de canto. — Eu não disse nada, minha querida.

— Ele não fez nada de errado. Como você disse, é só um moleque. Você é o único para quem eu tenho olhos.

— Olhou para ele exatamente da forma como você olha pra mim quando eu faço um desenho seu. — agora ele parecia triste. — Achei que o que eu fazia era importante. Mas basta qualquer um fazer e você vai estar sorrindo feito boba.

— Claro que é importante. — comecei a me entristecer também. — Você é a pessoa mais importante da minha vida. Sua arte é a minha favorita e sempre vai ser, porque você me ama e coloca isso nos seus desenhos. — segurei seu rosto entre minhas mãos. — Por favor, vamos deixar isso pra lá.

Ele assentiu devagar, mas continuou com uma atitude distante e deu um passo para trás, afastando-se das minhas mãos.

— Eu vou me deitar tarde hoje. Quero terminar o quadro ainda esta noite. — começou a caminhar até a escada. — Não me espere.

Isso não foi exatamente uma resolução do problema, mas pelo menos eu acho que Vinnie não está pensando em matar o garoto. Eu acho. Não era para tanto, ciúmes era um sentimento normal, só tínhamos que aprender a lidar com ele da melhor maneira. Mas não apenas por Vinnie, meu incômodo por Savannah também me preocupava. Que isso continuasse sendo apenas um incômodo e não se transformasse em raiva ou eu não sei o que seria capaz de fazer.

Dormi pesadamente naquela noite e nem notei quando Vinnie veio para a cama. Acordei cedo pela manhã e ele estava ali ao meu lado. Em sua bochecha, uma pequena mancha de tinta amarela. Eu sorri e beijei sua testa antes de levantar. Queria fazer uma corrida matinal para manter a saúde em dia e o corpo em forma.

Antes de sair de casa, peguei as correspondências na caixa de correios e um envelope rosa estava endereçado para mim. Abri e vi que era o poema que Thomas recitou na noite passada. Ele havia reescrito em outra folha. Temendo arranjar mais problemas, eu escondi o poema dentro de um dos meus livros. Não tinha problema guardar algo que eu gostei, certo?

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