Renascer

By ot7elo

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Jeon Jungkook passou sua infância e adolescência temendo a morte e fugindo da solidão. Por uma infelicidade d... More

AVISOS & CAST
Dentes de leão
Eu faria tudo por você.
Sinta o calor entre nós
Laços.
Sensação de vida.
Rejeição
Melhor sem mim.
Uma chance
Incomodo
Sentimentos confusos.
Uma concorrente?
Um amor por toda a eternidade.
Playlist.
Lilith.
Tenha bons sonhos.
Admiração
Fruto de um erro
Eu escolho ficar.
Dezenove anos depois
Surpresa!
Todo seu.
Páginas empoeiradas
Estrela cadente.
Entre sorrisos e lágrimas.
Linha do tempo.
A vida, ou a morte?

Motivos para dizer sim!

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By ot7elo


Cheguei com atualização dupla. 💜

Eu fui até as 6hrs da manhã escrevendo pq eu terminei os capítulos e deitei para dormir, porém, eu comecei a pensar "EU POSSO FAZER MELHOR " aí eu reescrevi eles tudinho... :(

Minha cabeça tá doendo muito hoje e eu mal consigo enxergar o celular sem ficar vesga kkkkkk

Eu não consegui revisar os capítulos, dei uma olhadinha por cima mas é bem provável que haja erros ortográficos ou na pontuação. Sei que isso pode ser chato, mas eu atiçei vocês com a att e não podia deixar de postar.

Me perdoem, por favor. 🥹


🦇

As cortinas balançavam suavemente devido ao ar que adentrava a pequena abertura da janela do quarto iluminado apenas pela luz da lua.

Jimin encarava o céu cheio de estrelas através do vidro enquanto abraçava o próprio travesseiro e tentava ignorar a voz sôfrega do vampiro vinda do quarto ao lado do seu.

Os pesadelos de Jungkook se tornaram mais frequentes e intensos. Jimin não fazia ideia do que havia acontecido para aquilo estar acontecendo, e mesmo que tentasse ignorar, a vontade de acalentá-lo sempre acabava falando mais alto. E assim como todos os dias daquela semana, ele forçou as pernas para fora do colchão e caminhou pelo corredor.

O cenário era sempre o mesmo, Jungkook se contorcia sobre a cama, chorando em agonia enquanto falava entre o sono perturbado. Os cabelos colados à testa e o peito encharcado.

Jimin foi até o banheiro, pegou uma toalha limpa no armário debaixo da pia e sentou ao lado dele na cama tocando em seu ombro para o despertar.

Jungkook abriu os olhos e sentou na cama assustado. Sem dizer uma palavra sequer, Jimin secou seu peito com o tecido macio da toalha, seguido da testa e pescoço. Quando terminou deixou a toalha no chão, juntando as cobertas aos pés da cama e deitando ao lado do marido.

— Vem, deita aqui. — Chamou baixinho, se aconchegando melhor.

O vampiro deslizou pelo colchão até deitar ao lado do garoto, passando os braços pela cintura fina e o trazendo para mais perto.

— Obrigado. — Jungkook agradeceu, fechando os olhos e deslizando o nariz pelo pescoço do ruivo.

Ao notar o semblante sereno e adormecido se Jungkook, Jimin levou os dedos as mechas soltas do cabelo dele prendendo-as atrás da orelha com suavidade antes de sussurrar baixinho a pergunta que martelava em sua mente:

— Quem é Liz, e por que você sempre chora quando chama por ela, vampirinho?

                                  [...]

Pela manhã, Jungkook acordava sozinho. Chegou a pensar que a presença do garoto não passava de uma alucinação, mas o cheiro dele sobre seus lençóis eram a prova viva de que foi tudo real.

Jimin no dia seguinte, fingia que nada havia acontecido. A princípio ele não se importava muito com aquilo, não desejava forçar o garoto, mas a atitude indiferente dele estava começando a deixar Jungkook magoado.

Era dia de buscar Mingau na clínica. Surpreendentemente, foi Jimin quem fez o convite para Jungkook o acompanhar.

Não deixou de notar a maneira frígida e distante dele. Jungkook costumava ser bem falante, quando não eram sobre coisas banais nas quais o garoto fingia desinteresse, era elogios e cantadas sacanas. Mas ele estava estranhamente calado.

O ruivo batucava os dedos contra os próprios joelhos sentindo-se extremamente incomodado com aquele silêncio.

— Pode passar em uma pet shop na volta? Vou precisar comprar umas coisas.

Jungkook abesteu-se em apenas assentir.

Jimin tentou outra vez. — Acho que vou pintar o cabelo. Loiro, talvez?

— Você fica lindo com qualquer cor de cabelo.

Jimin bufou, perdendo a paciência. — Por que está tão quieto? Tem dias em que fala tanto que minha cabeça fica dando eco com a sua voz até doer, e hoje você mal falou uma frase completa.

— Só não estou em um bom dia. — Explicou. Sua mão pousada na marcha do carro fez um breve carinho na coxa do garoto. — Desculpa.

Jimin se sentiu extremamente tentado a perguntar o que havia acontecido, mas antes de conseguir dizer qualquer coisa, o vampiro estacionou o carro em frente a clínica.

O veterinário foi muito atencioso e não se importou em responder às milhares perguntas de Jimin sobre o gatinho. O garoto ficou muito feliz ao ver Mingau todo animadinho correndo pelos corredores da clínica com Jungkook em seu encalço.

— Prontinho meu filho, chegamos. — Jimin falou deixando Mingau no chão.

O gatinho estava totalmente recuperado. Os olhinhos agora estavam bem alinhados e a visão perfeita. Jungkook e seus vasos caros agradeciam por isso.

— Até que ficou bonitinho. — Comentou o vampiro, se jogando no sofá enquanto seguia Mingau com os olhos. — Até parece o gato agora.

— Quando é que você vai parar de fingir que não gosta dele? — Jimin cruzou os braços e o encarou de olhos semicerrados. — Acha que eu não sei sobre os pacotes de petiscos que você compra toda a semana e dá pra ele escondido?

— Você não tem provas que eu faço isso. — Deu de ombros.

O ruivo soltou uma risada baixa e sentou ao lado dele no sofá.

— Não é que eu não goste de gatos. Eu só não queria um. — Jungkook murmurou.

— É, mas o Mingau também é seu agora. — Jimin o encarou sorrindo. — Pode admitir que você gosta dele tanto quanto ele gosta de você.

— Quando você admitir que gosta de mim, talvez eu faça.

— Bem convencido da sua parte achar que eu sinto algo por você.

Mingau parou aos pés de Jungkook, deitando a cabeça para o lado enquanto o encarava. O vampiro se inclinou e acariciou as orelhas dele. — Viu só, Mingi? Seu pai continua mentindo.

— Eu não estou mentindo. — O garoto se defendeu emburrado.

— Ele fala isso, mas cuida de mim todas as noites. — Jungkook ignorou o garoto enquanto se dirigia ao gato. — Você também acha que todo o meu esforço para conquistar ele está valendo de alguma coisa?

Mingau ronronou, miando alto em aprovação pelo carinho.

— Você fica toda a madrugada chorando como um garotinho assustado, se debatendo na cama com medo de sei lá o que, enquanto tem pesadelos ridículos. Eu vou até você para te fazer calar a boca e conseguir dormir em paz.

Ele falou sem pensar, não queria admitir que realmente se preocupava com o mais velho. Jungkook não falava sobre aquilo e Jimin tinha tocado em um assunto sensível ao falar sobre os pesadelos. Se arrependeu de imediato ao ser alvo dos olhos carregados e magoados do marido.

— Então não faça mais. — Jungkook levantou a voz, realmente magoado. — Não cuide de mim, não me abrace e não me deixe sentir seu cheiro até pegar no sono, e principalmente não me dê esperanças de que algum dia vai corresponder o que eu sinto. — Explodiu de vez. — Tem noção do quanto é difícil lidar com você? Você é tão orgulhoso que não consegue aceitar o fato de que gosta de mim.

— Cala a boca!

— Não, eu não vou calar a boca. — A voz do Jungkook vibrou em seus ouvidos, o levando a se encolher simultaneamente. — Não vou calar a boca até você entender que não quero porcaria de pena nenhuma. Todos aqueles pesadelos ridículos que você fala são frutos de toda a merda que me destrói por dentro. — A voz dele se tornou fria e indiferente. — Então, por favor, se você não pode me dar aquilo que preciso, não me dê nada.

Jimin foi obrigado a engolir as palavras quando Jungkook alcançou as chaves e a carteira que havia largado sobre a mesa de centro e caminhou até a porta, batendo a madeira com força ao deixar o apartamento.

Sua garganta se fechou dolorosamente e seu lábio inferior tremeu ameaçando um choro. Não queria machucar Jungkook daquela maneira, mas seus sentimentos em relação a ele estavam confusos demais. Jimin não queria sentir nada, mas sabia que não podia controlar, gostava de como era tratado por ele, gostava dos flertes descarados, dos sorrisinhos canalha que ele lhe lançava toda vez que falava algo com duplo sentido, e sobretudo, gostava dele.

Enquanto olhava ao redor da sala vazia, admitiu para si mesmo que foi um idiota.

Mas já era tarde demais para retirar o que tinha dito, tudo o que lhe restava era pedir desculpas com toda sua sinceridade. Pensando nisso, ele tirou o celular do bolso e digitou uma mensagem para o vampiro pedindo para que ele voltasse para casa.

— Está tudo bem?

Jimin limpou as lágrimas dos olhos e pigarreou antes de responder. — Está.

— Por que você e o Jungkook estavam brigando?

— Olha, Halsey. — Sua voz saiu visivelmente abatida. — Desculpa se isso soar grosseiro da minha parte, mas eu não te devo satisfação. Meus problemas e do Jungkook são algo que não te diz respeito. Eu sei que vocês são amigos e talvez até tenham sido algo a mais em algum momento a julgar pela intimidade de vocês, mas…—

— Jungkook e eu nunca tivemos nada. — Ela o interrompeu e caminhou até o centro da sala. — E você está certo, não é da minha conta. Com toda a gritaria foi impossível não ouvir vocês. E mesmo que não queira minha opinião, preciso dizer ainda assim. — Halsey abaixou para pegar Mingau no colo quando o gatinho se enroscou em suas pernas. — Ele gosta de você, faria tudo o que estivesse ao alcance dele para te fazer feliz. Jungkook é uma pessoa muito intensa, ele dificilmente se permite sentir algo por alguém por que tem medo, mas quando sente, ele não sente pela metade, ele se entrega por inteiro. Por isso é tão difícil ter metade de você.

— Se você o conhece tão bem, então me diz uma coisa. — Jimin fungou. — Quem é Liz?

A bruxa sorriu de maneira melancólica para ele. — Por que você não pergunta para ele?

                                   🦇

Jisung secou as mãos em um pano de prato e caminhou até a porta da frente.

— Jungkook? — Ele estranhou ao vê-lo ali, já passava das dez horas da noite. — Está tudo bem?

— Seu filho está me enlouquecendo. — Reclamou, e sem esperar por um convite entrou na casa.

— Você casou com ele, agora o problema é seu. — O homem o lembrou, fechando a porta.

— Vamos sair.

— Por que?

— Por que é isso que os amigos fazem. — Deu de ombros, guardando as mãos no bolso da jaqueta.

— Não sou teu amigo. — Jisung o encarou de cima a baixo.

Jungkook arregalou os olhos e entreabriu os braços de maneira exagerada. — Mas o que é isso? É o dia de pisar nos sentimentos do Jungkook e eu não estou sabendo?

Jisung pressionou o indicador e o polegar sobre a ponte do nariz. — Por que você tá aqui, Jungkook?

— Eu não sei, tá legal? Eu só queria sair para beber com alguém mas o Taehyung e o Yoongi estão na casa do namoradinho, e eu ainda estou muito chateado com o Seokjin.

Jisung soltou um suspiro. Ao longo daqueles dezenove anos, passou a suportar Jungkook, no fundo, no fundo, até podia dizer que gostava dele. E ele também não estava em seus melhores dias, Raiana continuava o ignorando sem motivos concretos, talvez sair para beber não fosse uma ideia tão ruim, precisava mesmo relaxar.

— Eu conheço um lugar.

Jungkook sorriu animado. Jisung pediu para que ele esperasse até que pudesse tomar um banho e trocar as roupas sujas. O vampiro sentou no sofá da pequena sala de estar e esperou pacientemente por ele.

O barzinho da esquina do bairro não era o tipo de lugar que Jungkook costumava frequentar, mas não lhe pareceu de todo desagradável. Qualquer lugar que ele pudesse sentar, beber e reclamar da vida era o suficiente. Jisung já estava habituado com o lugar, óbvio visto que ele cumprimentava todos de uma forma íntima e animada, Jungkook até comentou que ele poderia facilmente se candidatar a prefeito.

— O que vai querer beber? — Ele perguntou enquanto se sentavam em uma das mesas.

— Uísque importado.

Jisung sorriu debochado e se virou para uma das garçonetes. — Duas cervejas, e uma porção de amendoim, por favor.

— Então, você costuma vir muito aqui? — Jungkook olhou ao redor, a decoração era esquisita, havia uma mesa de sinuca no centro do espaço e algumas pessoas jogavam cantar no canto enquanto bebiam e fumam cigarros.

— A cerveja aqui é barata. — Ele disse, mas logo se virou para Jungkook. — Por falar nisso, você vai pagar a conta.

Jungkook o encarou indignado. — Você é um interesseiro.

— Você quem apareceu na minha porta e me convidou para sair. — Ele apontou o dedo. — É o mínimo você pagar a conta.

— Pobre é complicado.

A garçonete voltou trazendo as cervejas e a tigela com os amendoim. Ela se inclinou de maneira exagerada na mesa para deixar a bandeja, exibindo o decote profundo da blusa.

— Precisam de mais alguma coisa?

— Por enquanto, é isso. — Jisung sorriu para ela. Abrindo as cerveja na ponta da mesa e entregando uma para Jungkook. — Então, o que Jimin fez dessa vez?

O vampiro bebeu quase metade da cerveja de uma vez. — Ele está me enlouquecendo. Ele me beija e no dia seguinte foge de mim, cuida de mim e depois diz que foi por pena, vive com ciumento bobo e jura que não sente nada. É um orgulhoso.

— Então você andam se beijando?

— Duas vezes. — Ele mostrou com os dedos. — Se for contar com o dia da boate, foram três.

— E ele tem ciúmes de você?

— Ele diz que não, mas eu sei que sim. — Jungkook bateu a garrafa vazia na mesa. — E ainda por cima, vive de papinho com aquele amiguinho dele para me provocar.

— E você não gosta nenhum pouco, suponho.

— Da vontade de pegar o garoto pelo pescoço. — Admitiu entre-dentes.

— Jimin não gosta de verdade do Soobin. — Jisung confidenciou levando a garrafa aos lábios e bebendo um gole.

— Aé, e como é que você sabe disso?

— Por que conheço meu filho. — Deu de ombros. — Eu sei que tudo não passava de um capricho.

— E de quem ele puxou a teimosia?

— Você não pode culpá-lo por ser tão relutante, obrigar alguém a se casar não é uma prática muito aceitável nos dias de hoje. – Ele saiu em defesa do filho.

Jungkook bufou jogando as costas na cadeira e acenando para a moça no balcão a pedido de outra cerveja.

— E você, como anda com a médica?

— Não anda. — Ele pegou um amendoim da tigela levando a boca. — Ela não responde minhas mensagens têm três dias.

— Tomou um pé na bunda?

Jisung o acertou com um amendoim. — Eu não falei isso.

— É o que parece. — A moça deixou as cervejas na mesa, Jungkook agradeceu em um aceno ignorando a piscadela descarada dela. — Você fez alguma coisa para ela?

— No nosso último encontro, pode ser que eu tenha comentado que procurei por minha ex-mulher quando Jimin foi… você sabe, curado por você. — Ele maneou as mãos no ar.

— Pisou na bola, sogrão. — Jungkook estalou a língua no céu da boca negando com a cabeça. — Nunca fale sobre suas ex.

— Não, não foi isso. Raiana é uma mulher muito madura e não se afastaria de mim por isso. Tem alguma coisa a mais.

— Então você está sendo corno. 

— Você não está me ajudando. — Reclamou indignado.

— Você não pediu minha ajuda. — Rebateu.

Jisung rolou os olhos, enfiando um punhado de amendoim na boca, olhando ao redor e notando a mesa de sinuca desocupada. — Vamos jogar uma partida?

— Não sou bom com jogos.

— Ótimo, vai ser valendo dinheiro então.

A noite se estendeu com eles ali, bebendo e jogando enquanto reclamavam de seus relacionamentos. Jungkook perdeu as contas de quantas partidas havia pedido, mas sabia que tinham sido muitas já que sua carteira estava quase vazia.

Jisung não sabia que a companhia do genro poderia ser tão divertida, talvez fosse pela grana que estava tirando dele. Mas estava curtindo a noite como há tempos não fazia. A mesa já estava cheia de garrafas vazias de cerveja barata, e o álcool já embaçava a visão de ambos.

— Mas então, você ainda gosta dela? — Perguntou se inclinando sobre a mesa.

— De quem? Minha ex mulher? — Jisung fez uma careta, acertando em cheio a bola com o taco e encaçapando mais uma bola. — Credo, assim você me ofende!

— Mas que merda de mesa. — Reclamou indignado. — Essa porcaria tá fora de linha.

Jisung estendeu a mão para Jungkook. Emburrado, ele tirou as últimas notas de dinheiro da carteira e entregou para ele. — Isso é roubo.

— Aprenda a jogar então. — Debochou guardando as notas no bolso. — Vou pedir mais cerveja.

Jisung caminho até o balcão o deixando sozinho por um momento. Jungkook largou o taco na mesa irritado por perder mais uma partida.

Sentiu o celular vibrar no bolso da calça e resolver ignorar como das outras vezes. Não estava afim de lidar com nada nem ninguém naquele momento.

— Espero que nessa espelunca aceitem cartão porque meu dinheiro já se foi todo. — Resmungou fazendo bico, olhando para a carteira vazia.

A mesma moça que havia os atendido quando chegaram passou por ele, Jungkook a chamou.

— Precisa de alguma coisa, bonitinho?

— Tem algum caixa por aqui?

Ela parou atrás de si, apoiando as mãos ao lado do seu quadril enquanto colada o tronco em suas costas musculosas. — Eu posso abrir uma comanda se me prometer que vai voltar aqui.

Jungkook arqueou as sobrancelhas. — Olha só, moça. Você é muito bonita, não posso negar, mas eu sou um homem casado. — Ele ergueu a mão esquerda mostrando a aliança enquanto a encarava pelo ombro. — E mesmo que meu marido me odeie, eu sou muito fiel ao meu ruivinho. Então eu agradeceria se você parasse de esfregar os peitos nas minhas costas e respondesse a minha pergunta: Tem algum caixa por aqui?

As bochechas dela adquiriam um tom carmesim devido a vergonha. Ela se afastou dele puxando o decote do vestido para cima. — Tem um caixa no posto de gasolina no final da rua. — Disse caminhando até o balcão.

Jisung voltou com as cervejas. — Essa vai ser a última. Preciso trabalhar amanhã.

— Você disse isso nas últimas duas vezes. — Jungkook pegou o taco outra vez. — Vamos jogar, fere meu orgulho sair daqui sem ganhar de você pelo menos uma vez.

Jisung voltou para casa daquela madrugada com o bolso cheio de dinheiro. E Jungkook ficou tão bêbado que acabou desmaiando no sofá da casa do homem.

                                  🦇

Exatos dois dias haviam se passado e Jimin continua sem notícias do marido. Jungkook não tinha voltado para casa depois da discussão que tiveram e apesar do garoto ter enviado inúmeras mensagens a ele, todas continuavam sem respostas.

A princípio tentou não se incomodar, convicto de que não passava de um drama, mas conforme acordava pela manhã e encontrava a cama de Jungkook perfeitamente arrumada, sua preocupação se tornou crescente.

Mingau estava emburrado, miando feito doido pela casa toda enquanto procurava pelo vampiro. Jimin o encontrou várias vezes dormindo no quarto do mais velho, e em uma dessas vezes, até mesmo se rendeu e se juntou a ele. Dormiu sentindo o cheiro do perfume suave de Jungkook, agarrado ao travesseiro.

Halsey continuava hospedada em sua casa, no entanto, não trocaram muitas palavras, tampouco conseguiam ficar muito tempo na companhia um do outro. Jimin não gostava do fato dela se negar a contar a verdade sobre o passado do seu marido.

Tentou ligar no escritório, mas a recepcionista informou que Jungkook não aparecia a uma semana, também tentou falar com Taehyung e Yoongi, mas eles também não faziam ideia de onde ele estava. Como último recurso, e admitindo para si mesmo que estava preocupado, foi atrás de Seokjin.

— Oi.

— Hum… Seokjin está?

Namjoon abriu mais a porta o convidando a entrar. — Está no banho, deve descer em alguns minutos. Pode ficar à vontade.

Jimin agradeceu, seguindo Namjoon até a sala. — Você é o marido dele?

— Dizem que sim. — Brincou, ajeitando as mangas da camisa social. — Namjoon. Muito prazer.

— Eu sou Jimin.

— Sei quem você é. — Ele indicou o sofá. — Não tivemos a chance de nos conhecer pessoalmente antes, mas Jungkook fala tanto de você que eu sinto que já te conheço.

O garoto sorriu meio tímido. — Ele também me fala sobre você.

— Não acredite em nada do que ele diz. — Se defendeu. — Eu juro que sou uma pessoa legal.

— Vou acreditar em você. — Entrou na brincadeira. 

Namjoon alcançou a carteira sobre a cômoda e ajeitou os fios em frente ao espelho na parede.

— Tigrão, quem estava na porta? — Jin perguntou enquanto descia as escadas. — Ah, Oi, Jimin.

— Jimin veio te fazer uma visita. — Namjoon o segurou pelas bochechas deixando um selinho em seus lábios. — Preciso trabalhar. Volto antes do jantar, tudo bem?

— Vou cozinhar para você. — Ofereceu devolvendo o selar. — Te amo.

Namjoon socou o ar de maneira vitoriosa. — Eu te amo.

Observando o tratamento deles, Jimin sentiu uma pontada de inveja. 

Namjoon se despediu do garoto, prometendo que quando conseguisse um tempo faria uma visita. Seokjin esperou o marido sair e com curiosidade se voltou para o garoto.

— Então, Jimin, o que te trouxe até minha casa?

— Jungkook e eu tivemos uma briga e ele não aparece em casa há dois dias. — Revelou em um suspiro. — Eu pensei que você pudesse saber onde ele está. 

— Bem, se você tivesse me feito essa pergunta há dois meses atrás, minha resposta seria que, ou ele estava bêbado demais pra lembrar o caminho de casa, ou na cama de alguém. — Enquanto falava, procurava pelo celular. — Mas o Jungkook não faz mais esse tipo de coisa desde que vocês se casaram.

Jimin encolheu os ombros. A mera possibilidade do vampiro estar com outra pessoa embrulhou seu estômago.

— Tem certeza? Não tem ninguém que ele possa estar visitando ou algo assim?

— Tentou com Taehyung?

Assentiu. — Sim, mas nem ele e nem o Yoongi tem notícias.

Jin levou o celular ao ouvido, a chamada caiu na caixa postal. — O celular dele está desligado. Ótimo, agora eu também estou preocupado.

Jimin esfregou o rosto com as mãos e jogou as costas no estofado. A discussão com Jungkook martelava em sua cabeça o fazendo se sentir extremamente culpado. Passou os últimos dois dias se martirizando pelo que disse, tudo o que queria era uma chance de se desculpar e talvez, resolver de vez as coisas entre eles.

— Eu… — Começou meio incerto, não sabia como Jin reagiria. — Eu magoei o Jungkook. Fui um idiota com ele. Só quero pedir desculpas…

Jin entregou a ele sua atenção. — Jimin, no começo, quando ele contou sobre o casamento eu fui contra, muito, muito contra. Se eu tivesse alguma autoridade sobre isso, vocês nunca teriam se casado. Mas mesmo que eu estivesse achando a decisão do Jungkook ridícula porque afinal, você é um humano e vai morrer algum dia e isso vai destruir o Jungkook.

Jimin encarou as mãos sobre o próprio colo e apertou os dedos um no outro.

— Não posso negar que desde que ele te conheceu, quando ainda era um recém nascido, Jungkook vive, entende? Ele não só existe, ele realmente vive. — Ele sentou ao lado de Jimin. — Vai mesmo me dizer que não tem nada nele que você goste?

— Eu gosto do sorriso dele, é sempre verdadeiro. — Admitiu parecendo lembrar de todas as ocasiões em que contemplou o sorriso do vampiro. — Sempre se formam ruguinhas no canto dos olhos dele e as covinhas que ele tem na bochecha aparecem também.

— E os olhos dele sempre parecem brilhar. — Jin completou.

— Verdade. — Jimin bateu a palma da mão no sofá demonstração animação. — Parecem o céu quando está cheio de estrelas. E a cor! Os olhos são tão escuros que dá para vermos a gente mesmo no reflexo. — Ele semicerrou os olhos.— E também o Jungkook tem essa coisa de ser todo sexy e ao mesmo tempo tão fofo.

O mais velho se limitou em apenas assentir, deixando que Jimin continuasse, ele parecia tão disposto a falar sobre Jungkook que Seokjin não se atreveu a interrompê-lo.

— Ah, e ele é bem atencioso, gosto disso. Ele nunca esquece de pedir para tirarem a cebola da pizza e sempre compra o sabonete que deixa minha pele bem macia. — Ele falava e falava sem parar. — Eu gosto do cheiro dele também, e do cabelo, ah é tão bonito, eu adoro fazer carinho no cabelo dele.

— E o que mais?

— Tem algo que, bom, não é exatamente sobre ele, mas é algo que ele faz. — Jimin sorriu ladino. — Quando estamos no carro ele sempre deixa a mão dele na minha coxa, não importa se sou eu ou ele que está dirigindo, é um costume dele, e eu gosto quando ele faz.

Jin o encarou com as sobrancelhas arqueadas e um ar tedioso. Jimin ainda tinha um leve sorriso no rosto quando parou de falar, e o silêncio confortável pairou sobre eles.

E só depois de bons minutos, Jimin desfez o sorriso e sentiu os olhos se tornarem úmidos ao dar-se conta de que poderia listar milhares de coisas nas quais gostava em Jungkook com muita facilidade, porém, teria uma grande dificuldade em encontrar algo na qual ele não gostava.

— Jin… — Sua voz saiu mais afetada do que esperava.

O vampiro levou a mão até sua bochecha e usou o polegar para limpar a única lágrima que escorreu por ali. — Eu sei, Jimin.

                                   🦇

— Oh, porra!

Jungkook correu até a cozinha usando um pano de prato para tentar apagar o fogo. O cômodo estava inteiro tapado na fumaça e o cheiro de comida queimada já se espalhava pela casa toda. Jisung o mataria, de novo.

Desesperado para esconder os vestígios daquele desastre, abriu a janelinha pequena que ficava em cima da pia e jogou a panela em chamas embaixo da porteira, usando as mãos para abanar a fumaça.

Fazia dois dias que tinha se auto convidado a ficar ali, desde o dia em que foram ao bar, tomou a liberdade de fazer o antigo quarto de Jimin o seu.

E claro, como forma de tentar ser útil enquanto estava ali, tentava cozinhar para o homem, porém, não era nenhuma novidade que ele e a cozinha tinham um relacionamento péssimo. O jantar que ele tinha se empenhado tanto em fazer foi um fracasso total.

— Jungkook, que droga aconteceu aqui?

— Vou comprar um jogo de panela novo para você. — Disse. — Essas já estavam velhas mesmo.

Jisung suspirando fechando os olhos e buscando calma no fundo de sua alma para não bater com a cabeça contra a parede.

— Eu não quero panelas novas, quero que você vá para a sua casa.

Jungkook deu de ombros. — Vou ignorar sua sugestão assim como fiz das outras duas vezes que você me mandou embora.

— Por Deus. — O homem agarrou os cabelos. — Você e o meu filho precisam conversar e se resolver logo antes que eu — Apontou a si mesmo. — Acabe ficando careca.

— Se continuar a puxar os cabelos assim vai ficar careca antes do tempo. — Apontou o vampiro.

— Jungkook. — Jisung tocou em seu ombro. — Escute o conselho desse homem velho

— Tecnicamente, eu sou mais velho que você.

— Cala a boca e me escuta. — Ordenou. — Uma conversa sincera é tudo o que você precisa para resolver seus problemas. Vá para casa e fale tudo o que tem para falar, seja sincero com ele sobre o que sente.

— E se ele não quiser me ouvir?

Jisung abriu um sorriso caloroso para o vampiro. — Eu amo o meu filho mais do que tudo nesse mundo, Jungkook, mas não é justo com você, não é justo que você ame sozinho, que se doe sozinho. Deveria saber que deixar ir é melhor do que sofrer para sempre.

Aquele conselho fez o peito de Jungkook se apertar dolorosamente porque sabia que ele estava certo. Se Jimin não fosse capaz de corresponder seus sentimentos, qual o sentido de continuar a tentar? O amor jamais poderia ser forçado, e se todas as suas tentativas de conquistar aquele sentimentos foram falhas, não havia motivos para continuar a se machucar daquela maneira.

— Vou arrumar minhas coisas. — Disse por fim.



Pula para o próximo ...

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