⚠️ TW: Automutilação; Bullying ⚠️
— Não sei se realmente pode gerar gatilhos em alguém, mas é melhor avisar para que fiquem espertos. Leiam cientes que avisei sobre e não me xinguem 🫵🏻
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“Posso ter o coração partido diversas vezes, mas continuarei tentando. Prefiro sempre arriscar, ao transformá-lo em pedra.”
— Lenilson Xavier 🍂
"A Decadência de Atsumu"
Por: Miya Osamu.
Recordo-me com clareza de como era Atsumu antes de tudo que aconteceu. Muitos acreditam que ele sempre foi arrogante e um belo merdinha egocêntrico. Não posso negar que ele era, pois seria passar pano demais para suas babaquices. Atsumu às vezes agia igual o Rei Kageyama, ou até pior que ele.
Há quatro anos, antes de entrarmos na Inarizaki, jogávamos em uma escola pequena que mal focava nos clubes esportivos. Mamãe tinha acabado de se divorciar do nosso pai, então as nossas condições não permitiam o pagamento de uma escola grande e super magnífica com um MEGA clube de vôlei. Apesar de ser ruim, ainda era um clube de vôlei e não iríamos ser idiotas de não entrar nele. E, cara, foi uma ótima decisão em certos pontos. Se não fossem os ocorridos, teria sido uma das melhores experiências de nossas vidas.
Apenas uma semana no clube e fomos considerados os melhores do time. Mas isso só porque todos juntos tinham a mesma experiência e conhecimento sobre vôlei que o primeiro time do Hinata. Nosso treinador, por notar que jogávamos há tempos, pediu que Tsumu e eu ajudassemos os garotos nos treinos. É nesse momento que ele começa a se parecer com o Kageyama.
Atsumu não era o ser mais paciente do mundo aos treze anos, e qualquer erro era um gatilho para ele gritar e brigar, mesmo sabendo que os caras eram inexperientes. Daí que surgiu sua má fama e todos pararam de querer jogar com ele. Por causa desse jeito idiota dele, nós perdemos alguns caras que se negaram a jogar com um "mauricinho babaca que só olha para o próprio umbigo". Jamais irei julgar, pois nem eu seria capaz de aguentar o Atsumu como ele era.
E sim, eu não aguentava. Atsumu nunca gritava comigo porque sabia que iria apanhar. Naquela época ele tinha menos coragem do que tem hoje em dia.
Puxei sua orelha diversas vezes para ele se tocar do que estava fazendo, mas esse jumento sempre foi o que ele é: Um jumento. Só notou que estava afastando todos quando apenas eu falava com ele nos treinos. Percebendo que agia igual nosso pai, Atsumu tentou se redimir e ser um cara mais legal com todos. Acontece que nenhum dos garotos tinha muita confiança nesse jeito dele, achando ser falso ou uma atitude temporária. Mesmo com as desconfianças e os olhares tortos, ele seguiu nas suas tentativas de mudar e ser melhor. Não queria de forma alguma parecer mais ainda com nosso pai. Um cara controlador, tóxico, irritado e um cão raivoso que não sabia o momento certo para parar de latir.
As tais tentativas até que funcionaram depois de alguns meses. Quando todos do time estavam amigos e trabalhando bem juntos, chegou um novo ace. Este que se tornou o ponto inicial para Atsumu ir de um idiota feliz, para um idiota que aceita migalhas de amor por não sentir que merece mais do que isso. O filho da puta que levou meu irmão ao completo vazio e quase fez Atsumu desistir da vida.
Kizakami Yatori.
Ele era ace em uma instituição pequena de Tóquio e se mudou para Hyōgo por causa do trabalho dos pais. Consequentemente precisou mudar de escola e veio parar na nossa. De cara tentou fazer amizade com Atsumu, já que meu irmão era o levantador do time. Yatori dizia que: Um ace precisa ser ligado ao seu levantador para as jogadas serem impecáveis. Então, fez de Atsumu seu melhor amigo, tornando-se praticamente uma sombra no pé dele.
Desse dia pra frente, tudo foi para trás.
Kizakami vivia pra elogiar Atsumu a cada segundo e por absolutamente qualquer coisa. Às vezes meu irmão estava apenas existindo e já ouvia o ace lhe lançar 412 flertes descarados. Sorte que o jumento era o que é: Um jumento. Nunca pegou as cantadas do garoto... Não até começar a se apaixonar por ele.
Atsumu descobriu que gostava de Kizakami no meio do nosso penúltimo ano naquela escola. Daí pra frente, ele começou a entender os flertes, mas não retribuía nenhum deles por vergonha. Em sua mente, Yatori não estava de fato cantando ele, mas apenas falando coisas que ele acreditava serem normais entre melhores amigos. Se fosse o caso, flertar de volta — e de maneira errada — poderia fazer o garoto estranhar e se afastar.
Um mês após meu irmão perceber que gostava do Kizakami, ele parou de me contar as coisas sobre a amizade dos dois. Saíam juntos quase todos os dias e estavam ainda mais grudados no colégio. Fiquei curioso para saber o que havia acontecido para eles estarem tão mais próximos do que antes, mas Tsum não me contava. Tempo depois que a desgraça aconteceu, ele disse que Yatori se declarou para ele. Confessou que gostava romanticamente do meu irmão e que gostaria de sair com ele. Atsumu disse não saber se sentia o mesmo — por medo do Kizakami estar brincando com sua cara — então jurou que pensaria numa resposta.
Acredito que o infeliz entendeu o que Atsumu estava fazendo, por isso ficou cada vez mais próximo dele. Jogava mais charme, dava presentes e sempre levava o Tsumu para encontros bobos de pessoas que estão se conhecendo melhor antes de entrar em uma relação.
A "amizade" deles estava parecendo um conto de fadas da Disney, e Atsumu cedia cada vez mais a tentação de falar pro Kizakami o que estava sentindo desde que ele se confessou... Essa foi de longe a pior decisão que o jumento tomou em toda sua vida. Tsumu tem 17 anos de experiência e nunca fez uma merda tão colossal quanto essa.
Aos seus 15 anos, um ano após descobrir o que sentia pelo infeliz de cabelo castanho e olhos azuis, Tsum teve seu coração completamente despedaçado na frente da escola inteira.
Kizakami se mostrou um arrombado do caralho, amiguinho de alguns garotos que saíram do time por não gostar do Atsumu. Desde o começo, tudo que ele queria era conquistar e destruir o meu irmão. Uma aposta? Não. Muito clichê. Muito simples. Ele queria fazer Atsumu se sentir o maior imbecil do universo. Um lixo ambulante que não merecia o amor de ninguém.
Vocês sabem como é... Algumas pessoas até hoje não são lá muito amáveis com os lgbt+, e nossa escola era cheia de pirralhos homofóbicos. Por saber disso, Kizakami fingiu que iria "provar seu amor pelo Atsumu" na frente de todos e sem ter medo dos comentários.
Porém, ao invés de fazer o que suas palavras disseram, ele expôs as mensagens de Atsumu falando que gostava de sair com ele. Não apenas isso, mas as fotos que meu irmão mandava. Fotos essas que eu nem sabia da existência! Confesso que ele não foi lá muito inteligente, afinal não se manda esse tipo de foto, mas quem pode julgar um adolescente de 15 anos apaixonado e tomado por hormônios?
Não satisfeito em fazer todos rirem do Atsumu e o olharem como se ele fosse um bicho extremamente nojento, Yatori ainda começou a fazer bullying. Chamá-lo por apelidos típicos de gente homofóbica; Jogar lixo nele; Derrubá-lo na lama quando chovia; Tacar as bolas de vôlei na cabeça dele; Trancar ele nos armários do vestiário e até mesmo bater no Tsumu! Agora, acham que eu sei disso por meu irmão ter dito? De forma alguma. Eu sei tudo isso porque vivi uma semana na pele do Atsumu.
Em uma noite, dois meses depois do ocorrido, encontrei Atsumu no chão de seu quarto completamente ensanguentado. Ele havia cortado seus braços e pernas, na tentativa de morrer por perda de sangue. Tsumu não estava mais aguentando todos os comentários e olhares feios, principalmente das pessoas do time. Tudo ficava ainda pior quando, infelizmente, ele ainda gostava do Yatori. Meu irmão sentia ódio de si mesmo por ter acredito nele, por não saber se defender e mais ainda por não conseguir remover aquilo que sentia.
Tsumu quis acabar consigo, mas eu não deixei. Liguei para uma ambulância e por graça dos céus eles chegaram rápido. Durante a semana que Atsumu esteve hospitalizado, fui para escola fingindo ser ele e dizendo que eu havia ficado doente. Apenas uma semana na pele do meu loirinho e eu já consegui entender porque ele queria desistir de tudo. As palavras eram horríveis. O olhar de desprezo era perfurante. Se eu, que nem estava com o coração partido, me senti horrível, imagine o meu garoto.
Kizakami destruiu Atsumu, e eu estava pronto para destruir a vida dele também.
Depois que meu irmão voltou para escola, fiz questão de não permitir que ele fugisse de mim nunca mais. Virei sua sombra e não deixei ninguém chegar perto dele. Não iria perder meu bem mais precioso por causa daqueles idiotas, então precisaria tomar atitude para não deixar ninguém machucar ele outra vez!
Durante as férias, estudei muito para conseguir uma bolsa na Inarizaki, pois assim poderia mudar com Atsumu para essa escola. Mamãe pagaria apenas a mensalidade dele e eu ficaria com a bolsa. Finalmente poderia ver meu garoto ser feliz outra vez.
Dito e feito, saímos da escola antiga. Nosso contato com todos daquele inferno foi cortado e Atsumu começou a fazer terapia para tratar seus problemas.
Insegurança.
Baixa autoestima.
Depressão.
Claustrofobia.
E principalmente, os pensamentos suicidas.
Senti que estávamos nos reerguendo e esquecendo do passado... Não poderia estar mais errado. Todos os dias meu irmão tinha pesadelos com tudo que passou e cortava seus braços como forma de aliviar a dor que se fazia presente em seu coração. Essa mania se tornou frequente, até eu implorar e fazer Atsumu nunca mais cortar-se com nada. Ele sempre foi de me ouvir e não querer me ver mal, então cedeu e tentou ao máximo parar. Demorou... Demorou muito, mas ele conseguiu.
Perto do final do ano, fomos chamados para um acampamento de treinamento em Tóquio. Acampamento esse onde conhecemos Sakusa-san e seu primo, Komori. Atsumu já estava voltando a ser o idiota chato que eu conhecia, então sua não-amizade com Sakusa foi quase imediata. Eles brigaram durante todo o acampamento. Komori e eu sempre estávamos perto tentando manter eles separados, enquanto os treinadores viviam dando sermão neles. Não sei o que demônios deu no Atsumu, mas ele cismou que Sakusa Kiyomi estava com algum tipo de interesse nele.
Na época eu não entendi por qual razão ele ainda insistia, apesar do Sakusa sempre dar um fora nele de forma clara e direta. Após a briga, quando fui falar com meu irmão, finalmente pude ver as coisas com clareza e entender.
Atsumu teve seu coração partido, mas isso não significa que ele vai desistir de achar um amor. Sua autoestima foi totalmente abalada e a única coisa que ele quer é se sentir amado de verdade. Por essa razão ele aceita as migalhas de "atenção" que o Sakusa lhe dá.
Na cabeça do meu irmão, Sakusa-san só o rejeita pra se fazer de difícil e que no fundo, bem no fundo, ele sente algo por si. Quando conheceu Terushima e viu que alguém estava disposto a lhe "amar de verdade" e não dar apenas migalhas que provavelmente nunca formariam um pão, ele abriu mão dos seus sentimentos para tentar senti-los por alguém que estava interessado neles.
Yatori fez Atsumu acreditar que jamais poderia ser amado de verdade, então a mínima atenção romântica que alguém lhe desse já seria suficiente para sentir que as palavras do Kizakami eram só para lhe machucar — e de fato eram, ele que não acredita nisso.
A rejeição criou um vazio em seu coração. E ele quer desesperadamente preenchê-lo.
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Esse capítulo tende a passar por revisão, pois sinto que deixei palavas erradas passarem despercebidas ✍🏻
De qualquer forma, é isso por hoje. Agora vocês entendem o lado do Sakusa e o lado do Atsumu 🤝
Até o próximo capítulo, bye~
Ps: Odeio como o Wattpad não deixa eu fazer a estrutura que quero 👺👺