Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸ

By graywson

5.8K 772 131

【 adp. 𝗻𝗼𝗮𝗻𝘆. +💘 】 Para onde vamos quando morremos? Essa é uma pergunta que todo mundo já se fez em al... More

Prólogo - parte 1
Prólogo - parte 2
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
41
42
43
Epílogo

40

149 18 13
By graywson

ANY G.

Eu queria que Noah tivesse boas lembranças de mim depois que eu fosse embora. Agora que decidi flechar a Vanessa não há mais motivos para tentar afastá-lo. Vanessa iria reacender sua chama e Noah se lembraria do que o fez amá-la um dia. Eu reencarnaria e nada sobre essa vida seria um problema, pois eu não me lembraria de como havia sido.

Nós passamos a manhã juntos e ele foi muito respeitoso ao notar que eu não estava aceitando nenhuma de suas investidas. Ao invés de flertar, agimos como dois amigos e nada mais. Foi até divertido, preciso admitir. Assistimos dois filmes e comemos o que sobrou do meu bolo de aniversário, já que a maior parte foi para o lixo após ser atingida pelo meu sangue.

Faltavam alguns minutos para o meio dia quando eu o acompanhei até a porta.

— Obrigada por me fazer companhia. — eu disse.

— Obrigado por me deixar ficar. — sorriu. — Se precisar de qualquer coisa, ou se acontecer qualquer coisa, me liga.

— Pode deixar. — assenti.

Ele ficou parado como se pensasse sobre algo e eu deduzi que ele desejava me abraçar. Tomei a iniciativa de me aproximar de braços abertos e ele me recebeu no mesmo instante, confortando-me em seus braços em um abraço carinhoso e longo. Antes de se afastar, ele deixou um beijo em minha testa.

— Você está fazendo isso com frequência. — comentei sobre o beijo.

— Acho que é automático.

— Me sinto protegida quando você faz isso.

— Então eu vou continuar. — ele segurou minha nuca, me puxou para perto e beijou minha testa outra vez. — Até depois, Any.

— Até.

Voltei para o meu apartamento e fui até a minha bolsa onde havia guardado o presente que Noah me deu. Eu estava curiosa sobre aquilo, mas tinha medo de abrir e acabar amolecendo com o que quer que estivesse lá dentro. Deixei a caixinha intacta e a guardei novamente.

[•••]

Era domingo e a confraternização da empresa estava acontecendo. Por algum motivo que eu não entendi, os funcionários votaram por uma noite acampando em uma clareira. Ficava em um bosque dentro da cidade e ninguém pretendia realmente passar a noite ali. Iríamos apenas beber, comer churrasco e olhar as estrelas. Parecia romântico para quem tinha um par, mas para quem estava ali só por obrigação profissional era só uma noite de mordidas de insetos.

Vanessa estava lá também pois eu fiz questão de convida-la. Ela ainda estava com a ideia de se aproximar de mim e eu resolvi unir o útil ao agradável. Poderia flecha-la naquela noite. Bom, isso seria mais fácil se Noah não dedicasse toda a sua atenção apenas para mim. Era como se as outras pessoas fossem irrelevantes e talvez fossem mesmo.

Estávamos sentados em um tronco perto da fogueira e eu o observava enquanto ele olhava para o céu e apontava para as estrelas, dizendo o nome das constelações. Eu não estava prestando atenção de verdade, era impossível olhar para outro lugar que não fossem os olhos dele, que refletiam aqueles pontinhos brilhantes acima das nossas cabeças.

— Entendeu? — perguntou.

— O que? — pisquei, voltando à realidade.

— Você estava prestando atenção? — riu.

— Sim, definitivamente. — sorri de canto.

Ele soltou um suspiro e tocou meu cabelo, fazendo um carinho com os dedos enfiados nas mechas. Agora ele olhava em meus olhos de forma tão intensa que eu me senti atraída como um imã.

— Esse cenário é tão clichê, não acha? — brincou. — Mas é mesmo um clima agradável. — seu volume de voz diminuiu sugestivamente.

Noah se esquivou na minha direção e eu travei enquanto ele se aproximava. Seus lábios tocaram os meus e eu senti aquele calor familiar em meu peito, a mesma sensação que eu tinha todas as vezes em que nos beijávamos. Eu tinha direito a um último beijo, certo? Tudo bem deixar acontecer.

Devolvi o beijo com a mesma vontade. Ele segurou meu rosto e aprofundou o toque, encaixando sua boca tão bem na minha que parecíamos termos sido desenhados um para o outro. Nada mais importava, nem mesmo o fato de que os funcionários estariam vendo o presidente da empresa beijar a sua secretária.

Quando finalizamos o beijo, Noah estava com um sorriso enorme, tão lindo que me deixou com um peso no peito. Eu queria que tivéssemos mais do que duas semanas para tentar.

— Any, você não imagina o quanto eu queria fazer isso. Estava difícil ficar perto de você sem poder te tocar. — acariciou minha face.

— Também foi difícil pra mim. — respirei fundo. Essa era a hora. — Eu preciso fazer uma coisa. — me afastei de suas mãos e fiquei de pé.

— Como assim? — ele levantou também e me olhou preocupado.

— Está tudo bem. Eu já volto. — sorri, fiquei nas pontas dos pés e lhe dei um selinho.

Ele relaxou e assentiu.

Sem que ninguém notasse, entrei em uma trilha na mata e peguei uma mochila que havia escondido em um arbusto mais cedo. Dentro dela estavam o arco do cupido e duas flechas especiais, modificadas por Klaus.

Uma das flechas tinha a ponta vermelha e a outra a ponta azul. Uma para o Noah, outra para a Vanessa. De início eu não entendi, mas Klaus me garantiu que daquele jeito seria muito mais eficaz e que com certeza eles ficariam definitivamente juntos o mais rápido possível. Rapidez era o que eu mais precisava naquele momento.

Me embrenhei na mata e acabei encontrando uma cena não muito agradável para os olhos e muito menos para os meus ouvidos.

— Sim... Isso, Josh! Ah, você é incrível! — Heyoon gemia alto enquanto Josh estava ajoelhado na frente dela com a cabeça debaixo de sua saia.

Tentei passar despercebida, mas Heyoon acabou abrindo os olhos antes que eu sumisse dali. Ela soltou um grito e Josh ficou de pé atordoado. Os dois olharam para mim com os olhos arregalados.

— A-Any? — Heyoon gaguejou. — O que você...

— Pra que essas flechas? Você vai caçar? Não tem nada aqui além de coelhos e lebres. Vai caçar coelhos? — Josh perguntou com estranheza.

— Eu não vi nada e vocês não viram nada. — falei apenas, seguindo meu caminho.

— Acho uma ótima ideia! — Heyoon declarou.

Afastei-me dali e caminhei mais um pouco até chegar a um local escuro, do outro lado da clareira. Havia uma enorme pedra onde eu poderia subir e ter uma boa visão dos meus alvos sem ser vista. Escalei até o topo e me preparei. Noah estava em um canto e Vanessa no outro.

— Flecha vermelha para o Noah. — fui dizendo enquanto a posicionava no arco.

Mirei direto nele, respirei fundo e soltei o arco. Observei enquanto a flecha atravessava até chegar em suas costas, onde sumiu e se uniu a ele ao tocar sua pele. Noah ergueu os ombros e fez uma careta, sentindo um incômodo nas costas. Aquilo durou só alguns segundos e logo ele parecia bem de novo.

— Flecha azul para a Vanessa.

Fiz a mesma coisa e acertei o alvo. Agora era só esperar. Sentei-me sobre a pedra e observei enquanto os dois se procuravam. Ao se olharem, sorriram um para o outro e começaram a se aproximar. Estava fazendo efeito.

— Não. Não. Não. Não. — um resmungou soou abaixo de mim.

Franzi o cenho e olhei para baixo, vendo Jack escalar a pedra até me alcançar.

— Você fez isso? Me diga que não fez isso!

— Eles estão conversando agora e parece uma conversa interessante. — apontei para eles.

— Que porra, Any! Não que eu me importe com os humanos, eu quero que todos eles morram, mas isso vai dar muita merda!

— Do que está falando? Flechei dezenas de pessoas por anos. Pare de dramatizar só porque eu não te escolhi. — revirei os olhos.

— Não é isso. Bem, é isso também, claro, eu estou muito chateado com você, espero que na próxima vida você nasça na Coreia do Norte.

— Jack! — o repreendi.

— Não é sobre isso que eu estou falando agora. Você sabe de onde vieram essas flechas?

— Do céu. — falei como se fosse óbvio.

— Klaus as fez de um jeito que não é permitido. Ele burlou o protocolo só pra você reencarnar, tentou reproduzir o amor na fórmula delas. O amor deve ser uma escolha, sempre um livre arbítrio. Acha que o seu Deus vai deixar que flechas que obrigam as pessoas a se amarem surtam efeito? Aquilo ali... — apontou para Noah e Vanessa, que sorriam um para o outro o tempo todo. — Se aquilo durar três dias eu me mato. E olha que eu sou imortal.

— Então você está me dizendo que o efeito das flechas é rápido? — me desanimei.

— Se Noah e Vanessa tivessem algum apelo emocional um pelo outro elas funcionariam, mas nenhum dos dois quer ficar juntos de verdade. Você desperdiçou as suas flechas, deveria ter deixado eu destruí-las.

— Se isso fosse verdade o Klaus teria me avisado. Você está tentando me fazer sentir mal!

— Nem eu e nem o Klaus sabíamos disso há uma hora atrás. Achávamos que as flechas eram eficazes.

— E o que aconteceu há uma hora atrás?

— Ah, isso foi muito bom. — riu. — Ele foi chamado no andar de cima. — apontou para o céu. — Quando voltou me contou tudo e disse que foi banido temporariamente.

— Ah, não! — lamentei.

Jack respirou fundo e sentou ao meu lado.

— E agora, uh? Acha mesmo que ele foi a escolha certa? Eu nunca arriscaria as suas chances dessa forma.

— Não tem o que arriscar quando se é um demônio.

— E esse é mais um ponto positivo.

— E agora? — senti o desespero começar a me invadir. — Aquele amor vai durar três dias e depois? O que o Noah vai fazer depois?

— Morrer sozinho. — falou naturalmente.

— Foi uma pergunta retórica! — berrei com ele.

— Relaxa aí. — da bolsa tiracolo que carregava, ele tirou um saco de marshmallows de padaria. — Melhores e mais eficazes do que os que precisam ser assados. — abriu o pacote e me ofereceu.

Eu queria me encolher em posição fetal e chorar, mas por ora era melhor me encher daqueles doces junto com Jack. Ele começou a falar sobre as maravilhas de ser um demônio e relatou todas as coisas engraçadas que já fez, a maioria não pareia tão ruim assim e eu até ri.

Fiquei mais de uma hora naquela pedra jogando conversa fora com Jack. Quando retornei para onde os outros estavam, notei que Noah nem sentiu a minha falta, efeito da flecha que só o fazia enxergar meio metro em torno da Vanessa.

Aquilo não durou apenas três dias. Na verdade esse sentimento foi se mastigando, se esticando e se espremendo por uma semana que pareceu longa demais. Nos primeiros quatro dias eles pareciam ótimos. Saíram para encontros, falavam ao telefone um com o outro o tempo inteiro e estavam sempre rindo juntos. Ela ia quase todos os dias até a empresa para vê-lo.

E eu, no meio disso tudo, pela primeira vez era só a secretária. Era tão notável o efeito da flechada que Noah mal se comportava como um ser humano comigo. Era como se um dos efeitos daquilo fosse ignorar ao máximo a existência de qualquer pessoa que fosse alguma espécie de ameaça para o relacionamento com a Vanessa. Chegava a ser assustador o modo automático com a qual ele me tratava. Mas isso não era culpa dele, disso eu tinha certeza.

Os últimos três dias daquele relacionamento relâmpago foi ruim para ambos e para qualquer pessoa que presenciasse uma das brigas do casal. Tudo o que eles faziam era isso, brigar. Eles não se suportavam, mas não conseguiam se separar. Era o efeito algema das flechas. Foi durante esses momentos conturbadas que Noah voltou a me enxergar de verdade. Ele reclamava da Vanessa na maior parte do tempo, mas também estava voltando a ser mais atencioso comigo, interessado em tudo que se referia a mim.

No oitavo dia, quando as coisas finalmente voltaram ao normal e o efeito das flechas acabou, os dois tiveram uma conversa amigável e se perguntaram por que diabos haviam decidido tentar de novo. Bom, eu sabia a resposta para isso.

— A gente pode nomear esse evento como "Romance expresso: uma cortesia de Klaus, o arcanjo". — Jack estava amando fazer piadas sobre isso.

— Você tem que torturar as almas no inferno, não a mim. — Klaus respondeu.

— Deixem isso pra lá, já passou. — falei colocando os pratos na mesa para o jantar. — Vamos aproveitar minha última noite de pizza.

— Você ainda tem opções. Vamos lá, demônio ou limbo? O que vai ser? — demônios não desistiam nunca.

— Limbo. — fui direta.

— Você é tão ingrata. Eu até parei de te deixar irritada, deveria me agradecer.

— Era você que estava me deixando puta da vida!? — cerrei os olhos para ele.

— Palavrões, Any... Palavrões. — Klaus alertou.

— Você foi banido, rato. — Jack revirou os olhos. — Então vai se foder e se quiser me mandar ir à merda fique à vontade.

— Eu ainda sou um arcanjo e não preciso de palavras pra te machucar. — forçou um sorriso.

Soltei uma risada enquanto eles ainda brigavam. Isso tornava a minha última semana mais divertida.

Ouvi a campainha tocar e fui atender enquanto os dois seguiam com aquela discussão eterna. Eu não esperava que Noah fosse até a minha casa, mas ele estava bem ali parado na minha porta e com um olhar de cão arrependido.

— Oi. — ele disse sem jeito.

— Oi, Noah. — sorri.

— Então... — pigarreou. — Eu não faço ideia do que dizer, você deve estar super puta comigo e você tem toda a razão. Eu não sei porque eu fiz o que eu fiz. Olhando para trás não parece fazer sentido eu ter ido atrás da Vanessa a essa altura do campeonato. Se você quiser que eu vá embora, eu vou, mas antes eu quero te pedir perdão. Eu não ajo assim, você sabe. Não tem explicação pra isso.

Vê-lo tão desesperado e com aquele olhar derrotado fez meu peito doer. Aquilo era culpa minha, não dele. Eu mexi com a cabeça dos dois e agora Noah estava perdido achando que tinha feito alguma merda das grandes.

— Eu perdoo você.

— Que? — ergueu as sobrancelhas em surpresa. — Você tem certeza?

Se eu estivesse no lugar dele, também acharia estranho, mas só eu entre nós dois sabia realmente o que estava acontecendo.

— Tenho. — ri e segurei a mão dele, o puxando para dentro do apartamento e fechando a porta depois. — Nós vamos comer pizza, nos acompanhe.

— Nós quem? — ele ainda estava atordoado.

— Eu, você e meus dois bichinhos de estimação.

— Ok. — sorriu fraco e me acompanhou até a cozinha.

— Noah Urrea! — Jack cantarolou. — Creio que tenha vindo atrás do décimo nono perdão da Any. No vigésimo a gente deixa você pedir uma música.

— Ele está brincando. — Klaus se adiantou em dizer.

— Posso ver. — Noah riu sem jeito.

— Seja legal, Jack. — falei enquanto puxava uma cadeira para Noah. Ele se sentou e eu o abracei por trás. — Eu nem precisei te perdoar tanto assim. — ri.

— Você está bem mesmo com isso? — mesmo ainda não acreditando, agora ele sorria.

— Relaxa. — beijei o seu rosto. — Espero que goste de muito queijo.

— E que não se importe com o Jack mastigando alto. Ele não tem um pingo de educação. — Klaus completou.

— Pelo menos eu não como igual uma senhora de oitenta anos com má digestão. — o demônio retrucou.

— Isso é rude, nós temos convidados. — falei ao me juntar a eles na mesa após buscar a pizza.

Nós quatro começamos a conversar de maneira divertida durante o jantar. Em dado momento, eu e Noah seguramos as mãos um do outro de maneira natural. Quando notou isso, ele olhou para mim como se estivesse tentando me ler de alguma forma. Eu só queria ter nossos últimos momentos felizes e ser lembrada como uma breve parte boa de sua vida.

Continue Reading

You'll Also Like

6.9K 484 24
Eles se gostavam quando eram crianças! Pena que uma mudança conseguiu estragar tudo, finalmente um reencontro?
57.2K 3.5K 30
+ noart | Onde Noah, um famoso cantor norte-americano, prepara 24 surpresas para o aniversário de 24 anos de sua namorada, Sina Original by: deinertg...
796K 24.2K 30
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
59.5K 2.1K 19
Matteo é irmão da garota mais nerd da escola, Nina, que por acaso tem uma queda por seu amigo Gaston um segredo quer só Luna, sua melhor amiga sabe...