Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸ

By graywson

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【 adp. 𝗻𝗼𝗮𝗻𝘆. +💘 】 Para onde vamos quando morremos? Essa é uma pergunta que todo mundo já se fez em al... More

Prólogo - parte 1
Prólogo - parte 2
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Epílogo

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By graywson

ANY G.

As brigas entre o céu e o inferno certamente eram as piores. Posso jurar que senti tremores sob os meus pés a cada vez que Klaus e Jack gritavam um com o outro. Jack não conseguia aceitar que eu havia escolhido flechar a Vanessa e Klaus estava tão impaciente que só repetia para o demônio desaparecer.

Não lembro em que momento eles pararam de discutir, mas lembraria se eu não tivesse desmaiado. Quando acordei, senti um incômodo em meu peito, mas estava me sentindo melhor do que quando acordei pela manhã. Meus olhos demoraram a se acostumarem com a luz, mas logo tudo ficou mais nítido. Tentei me mover, mas alguém me impediu.

— Apenas relaxe. — Nour, que estava ao lado da cama, disse.

— Por que eu estou numa cama de hospital? — estranhei.

— O doutor Jackson fez alguns exames. Ele disse que é anemia, mas não é grave. Você precisa se alimentar direito. — era estranho ver que ela estava bem mais doce agora.

— O que você está fazendo aqui?

— Me ligaram daqui. Você disse a eles que eu era sua parente mais próxima e eles pediram para que eu viesse fazer um teste de compatibilidade caso você precisasse de uma doação de sangue.

— E você fez esse teste. — constatei.

— Fiz. E só por curiosidade eu pedi um exame de DNA. Deu positivo. O doutor Jackson sugeriu que testássemos o nosso ADN mitocondrial. Eu não sei explicar direito como isso funciona, mas basicamente ele diz se temos a mesma mãe ou o mesmo pai. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que somos irmãs maternas? — suspirou. — Você falou a verdade, não falou?

Apenas assenti, pois se falasse alguma coisa acabaria chorando.

— Eu falei com a Amelia e ela me explicou um pouco sobre o porquê você está aqui. Mas ela não sabe o quê exatamente você é. — sentou-se ao meu lado na cama e segurou minhas mãos. — Pode me contar?

— Você não pode saber o que vem depois da morte.

— É ruim?

— Eu não diria dessa maneira. — sorri de canto. — Não se preocupe com isso, Princesa Mad.

— Você nunca esqueceu isso? — riu. — Eu pareço mais velha do que você agora.

— Mas vai ser sempre a minha princesa.

Os olhos dela embargaram e de repente ela me envolveu em seus braços e me abraçou de maneira apertada. Era bom ser reconhecida finalmente como sua irmã e poder tratá-la como tal.

— Você me trouxe flores? — perguntei depois de nos soltarmos e eu notar um jarro com orquídeas dentro.

— Não. Foi o Noah. Ele esteve aqui a tarde inteira e saiu há poucos minutos pra comer algo. Já deve estar voltando.

— Ah, droga... — esfreguei os olhos.

— Qual o problema? Você tem que fazê-lo encontrar sua alma gêmea e me parece que ela é você.

— Não, não sou eu. Para todos os efeitos, eu nem deveria estar aqui. Não me sinto mais parte disso.

— Pare de ser teimosa consigo mesma! — revirou os olhos. — E daí que você não deveria estar aqui? Você está. Você é a falha no destino e isso te dá poder pra fazer o que quiser, como ser a alma gêmea dele.

— Você é doida por essas teorias da conspiração, não é? — sorri. — Vai ficar tudo bem. Eu vou flechar a Vanessa, a pessoa mais compatível com ele até hoje.

— Ela vai embora em alguns meses.

— Se eu acertar aquela flechada, e eu vou, ele vai embora com ela ou talvez ela fique. Almas gêmeas fazem de tudo para ficarem juntas.

— Ele está fazendo de tudo pra ficar com você.

Aquela frase me calou. Não tive a chance de dizer nada, pois a porta do quarto foi aberta e Noah entrou. Quando olhou para mim, seu sorriso apareceu e ele correu na minha direção, agarrando minha mão assim que chegou ao meu alcance.

— Como se sente? — perguntou cheio de preocupação.

— Eu vou deixar vocês dois a sós. — Nour disse antes de levantar e sair.

— Como se um carro tivesse me atropelado. — literalmente.

— Tem muito tempo que você vem se sentindo mal?

— Qual é, Noah, vai bancar o médico agora? Deixe isso para o Jack.

— Eu só estou preocupado. — levou sua mão até o meu rosto e o acariciou. — Eu estou aqui para o que precisar.

Ao invés de continuar a ser ruidosa, eu assenti pacificamente. Ele merecia uma trégua naquele momento.

— E como ainda é seu aniversário... — do seu bolso, ele tirou a caixinha com o laço que tentou me dar pela manhã. — Eu insisto que aceite o meu presente.

— Noah, por favor...

— Sou eu quem peço por favor, Any. — colocou a caixinha em minha mão. — Não precisa abrir agora se não quiser, mas mantenha com você.

— Tudo bem. — cedi.

— Jack disse que você vai receber alta ainda hoje. Eu posso te levar pra casa. — em seus olhos, era notável que ele estava pronto para implorar caso eu dissesse não.

— Ok. Você pode me levar pra casa. — resolvi não dificultar as coisas.

Talvez fosse a morfina agindo, mas eu não estava mais tão brava.

— Eu preciso falar com você sobre uma coisa. — ele ficou sério. — A Nour me contou que vocês são irmãs, mas ela não me explicou muito sobre.

— Não há muito o que saber. — dei de ombros.

— Certo. — assentiu, vendo que eu não entraria em detalhes. — É por isso que você optou por morar com ela?

— Exatamente. — pelo menos uma verdade no meio das minhas mentiras.

— Eu entenderia perfeitamente se você tivesse me explicado.

— Eu não pensei direito. Eu nunca penso direito. — ri fraco.

— Você está com fome? Sede? Quer que eu ajuste a cama? Ligue a TV? É só falar.

Sorri observando o quão fofo ele estava sendo. Eu o queria perto de mim daquele jeito, me fazia sentir bem.

— Uma gelatina seria legal agora.

— Ok, eu já volto. — ele se esquivou e beijou minha testa. — Qual sabor? — perguntou antes de abrir a porta.

— Morango.

Noah parecia feliz com a minha abertura e muito animado em me ajudar com a recuperação. Isso me deixou feliz pela primeira vez naquela semana.

Poucos minutos depois que ele saiu, a porta foi aberta novamente e Klaus entrou.

— Oi, anjinho! — sorriu e se aproximou. —Ainda sente dor?

— Bem pouco.

— Os medicamentos vão ajudar a tornar esses últimos dias mais confortáveis. E eu detesto ter que admitir, mas Jack sabe administrar essas coisas muito bem e vai ajudar você a não parecer doente.

— Isso é ótimo. — comecei a ficar sonolenta.

— A morfina está agindo. Durma um pouco. — acariciou minha cabeça.

— Não... eu... — bocejei. — Gelatina de morango... — murmurei ficando inconsciente.

Ouvi Klaus rir.

— Boa noite, anjinho. — foi a última coisa que eu ouvi antes de apagar.

[•••]

NOAH U.

Quando retornei ao quarto de Any, fiquei surpreso ao ver um homem ao lado de sua cama. Ele olhava para ela com carinho. Ao me aproximar, eu comecei a achá-lo familiar. Sim, era o mesmo homem com quem eu vi Any conversando naquele mesmo hospital no dia do meu incidente com o carro. Lembro-me bem de ela dizer que os dois tinham um passado complicado.

— Oi? — o cumprimentei com desconfiança.

— Oi! — sorriu largamente. — Noah, certo? — estendeu-me sua mão.

— Certo. — segurei a mão dele ainda incerto.

— Eu sou o Klaus. Sou amigo da Any, ela deve ter falado sobre mim quando nos vimos brevemente aquele dia.

— Sim, ela falou. — estava difícil disfarçar o meu incômodo.

Klaus olhou-me como se me analisasse e de repente abriu um sorriso divertido e desviou os olhos para Any.

— Ela falou besteira, não falou? — riu. — Sério, Any? Usar ciúmes como arma de conquista? — suspirou. — Eu sempre alerto ela sobre ficar falando pelos cotovelos.

— Arma de conquista? — franzi a testa.

— Pois é. — deu de ombros. — Eu e ela não temos nada, nunca tivemos e nunca teremos. Any é quase como uma filha.

— Vocês parecem ter a mesma idade. — eu ri.

— Ah, ela não é tão jovem quanto parece. — brincou. — Enfim, eu já vou indo. Prazer em te conhecer. — curvou a cabeça. — Acho que ela não vai querer isso por enquanto. — falou antes de sorrateiramente pegar o potinho de gelatina da minha mão. — Au revoir!

Klaus saiu e eu me peguei rindo do quanto aquele cara era excêntrico. Estava curioso para saber onde Any encontrou aquela figura.

Sentei-me ao lado da cama e segurei a mão dela enquanto a observava dormir serenamente. Era a mulher mais linda que eu já vi, sem dúvidas.

Do bolso da minha calça, eu tirei uma foto que havia pegado das relíquias da minha avó. A foto da formatura de 1968. Olhei da imagem em minhas mãos para Any diversas vezes. Eram incrivelmente idênticas.

Prendi meu olhar na foto por mais tempo, prendendo-me no sorriso que Ny mostrava. Tenho certeza de que foi uma grande noite para ela. Guardei a foto novamente ao ouvir alguém entrando.

— Parece que os medicamentos surtiram efeito. — Jack sorriu e se aproximou de Any, analisando seus olhos com o auxílio de uma pequena lanterna. — Provavelmente ela não acordará hoje. Por que não vai para casa descansar, Noah? Amanhã pela manhã ela terá alta.

— Eu prefiro fazer companhia. Sei que ela está dormindo, mas mesmo assim não quero que ela fique sozinha.

— Isso é muito gentil de sua parte. — sorriu. — Any não tem muitas pessoas na vida dela.

— Ela tem a mim.

— Eu tenho certeza disso. — deu um tapinha amigável em meu ombro. — Vou pedir para uma das enfermeiras lhe trazer um cobertor. Aqui fica muito frio de madrugada.

— Obrigado por isso.

— Disponha.

Fiquei a noite inteira conversando com Any, mesmo que ela não estivesse a me ouvir. Falei sobre as viagens que fiz antes de focar-me totalmente nos negócios da empresa, detalhei as pessoas e culturas que conheci, além de listar aquilo que havia gostado e detestado em cada país que pisei. Falei sobre a minha adolescência e de como eu e meus amigos adorávamos jogar ovos nos carros das pessoas de que não gostávamos. Até sugeri que fizéssemos isso com o carro de Bree algum dia.

Terminei falando sobre os países para onde queria viajar com ela. Enquanto segurava sua mão, eu dizia o que pensava em fazer para nos divertirmos na França e logo mais na Grécia. Podíamos até conhecer o Havaí caso ela não se importasse muito com o sol.

Por falar em sol, ele começou a nascer sem eu nem notar. Fechei totalmente as cortinas do quarto, dei um beijo no rosto de Any e me acomodei no pequeno sofá de maneira desconfortável. Ao menos o cobertor que a enfermeira me trouxe era quentinho.

— Noah? — a voz doce de Any invadiu os meus ouvidos e eu sorri. — Acorde. — ela acariciou meu rosto enquanto pedia. — Eu vou te derrubar desse sofá em três segundos.

Abri um dos meus olhos e soltei uma risada. Ela estava usando jeans e camiseta. Já havia tido alta, deduzi.

— Que horas são? — me espreguicei.

— Oito da manhã.

— E que horas você acordou?

— Às seis. Tomei café da manhã, tomei banho, me mediquei e conversei com o Jack sobre os cuidados em casa. Ele me deu uma receita. — me mostrou o papel em sua mão. — Depois eu fiquei olhando você dormindo.

— Você não me cheirou, cheirou? — brinquei, relembrando o incidente em Washington, quando ela achou bizarro o fato de eu invadir o seu quarto no meio da noite.

— O bizarro aqui é você.

— Falou a mulher que há dois meses e meio não sabia o que era uma rede Wi-Fi. — retruquei, tomando impulso para me sentar.

— Supere isso. — revirou os olhos.

Ela me encarou e abriu um sorriso divertido. Franzi a testa como quem pergunta "o que?"

— O seu cabelo está inapagável. — ela riu.

Ver que ela voltou a zoar comigo me deixou muito feliz.

— Sou lindo de qualquer forma. Um gostoso sortudo, lembra-se?

Any estreitou o olhar para mim.

— Acordou nostálgico? — ela pegou minha jaqueta, que eu havia deixado sobre o braço do sofá, e a atirou para mim.

— Um pouco. Mas estou com ainda mais vontade de criar novas memórias.

Alguma coisa se tornou triste no sorriso de Any, mas aquilo foi breve.

— Ainda vai me dar aquela carona pra casa? — perguntou.

— Se quiser eu até posso te fazer companhia. Jack está de plantão até o meio dia, não está?

— Sim, ele está. — assentiu.

— E então? Podemos ver Netflix e eu te ensino mais sobre o que são plataformas de stream. — a alfinetei.

— Acordou cheio de graça, uh? — começou a caminhar até a porta.

— Any. — a chamei.

— O que? — ela parou na porta e se virou para mim.

— Quer que eu vá para a sua casa ou não?

— Eu ia te perguntar por qual motivo você não está me seguindo.

Algum anjo tocou na alma dela? Se foi isso, que Deus seja louvado.

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