Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸ

By graywson

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【 adp. 𝗻𝗼𝗮𝗻𝘆. +💘 】 Para onde vamos quando morremos? Essa é uma pergunta que todo mundo já se fez em al... More

Prólogo - parte 1
Prólogo - parte 2
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Epílogo

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By graywson

NOAH U.

Não consegui me concentrar durante a manhã, então passei a maior parte do meu tempo observando a cidade pela vidraça. Ao menos eu almoçaria com a Any e usaria aquele tempo para ter uma conversa madura e esclarecedora. Assim que o horário de almoço começou, eu saí da minha sala disposto a levá-la para algum restaurante, mas fiquei desapontado ao ver que ela já havia saído.

Peguei meu celular e lhe enviei uma mensagem.

Achei que almoçaríamos juntos hoje.

Any:

Estou com a Heyoon, não posso deixá-la na mão por dois dias seguidos.

Então nós podemos jantar em minha casa à noite? Por favor...

Any:

Tenho um compromisso.

Any, não me evite.

Any:

Não estou fazendo isso.

Ela era teimosa e eu não tinha muita paciência. Precisava mesmo ter aquela conversa com ela, nem que eu tivesse que obrigá-la a ir até a minha casa.

Ok, então eu sinto muito pelo seu compromisso, mas terá que desmarcar. Preciso avaliar algumas planilhas e não tenho condições de fazer tudo sozinho. Esteja na minha casa às 19:00h. É uma ordem.

Any:

Voltei a ser babá? Precisa que eu leve fraldas limpas?

Sorri com essa última mensagem. Se ela estava me provocando significava que ainda não me odiava tanto assim.

Bom, talvez você precise de um babador, Soares.

Any:

🙂 *fingindo que não li isso*

Estamos combinados.

À tarde, não mantive qualquer contato com a Any, mesmo ela estando do outro lado da porta. Achei que seria melhor deixá-la em paz por enquanto e evitar de ser um incômodo. Eu não sabia muito o que diria durante o jantar, mas sabia que eu gostava dela e que não queria embarcar em mais nenhuma relação sem sentido. Eu não queria me envolver achando que aquilo terminaria em algum momento. Para isso, Any teria que me prometer que seria um livro aberto dali em diante e eu faria o mesmo por ela. Isso tinha que ser mútuo para funcionar.

Naquela noite, eu preparei o jantar além de ter dado uma limpeza geral na cozinha. Não costumava fazer essas coisas, geralmente eu tinha uma diarista que vinha duas vezes por semana para limpar e sempre pedia comida em algum restaurante porque não era bom com as panelas. Pensei que seria legal fazer aquilo e que o YouTube me ajudaria. Se eu pedisse a sugestão de Any, ela aprovaria que eu assistisse um tutorial já que ela mesma vive perguntando ao Google e à Siri como as coisas funcionam.

Quando a campainha tocou eu havia acabado de colocar os últimos talheres na mesa de jantar. Apressei-me e fui atender. Quando abri a porta, sorri de maneira instantânea ao vê-la ali. Confesso que o meu subconsciente imaginou que ela estaria vestida em um vestido caro e usaria o seu melhor perfume, mas só porque eu criei as expectativas para uma noite romântica. Isso não era um problema, já que eu gostava bem mais de vê-la no seu natural mais confortável: uma calça jeans larga e uma camiseta preta levemente desbotada.

Ela trazia uma mochila nas costas e seu cabelo estava preso de qualquer jeito em um coque. Seu perfume era fraco, tão suave que parecia ser o seu cheiro natural. Eu adorei isso.

— Tudo o que você precisa é de um bom churrasco e de um cão. — falou.

— O que? — franzi a testa.

— O seu avental. — apontou para o meu peito.

Só então eu percebi que ainda estava usando o avental.

— Você gostou da frase? Eu achei bem a minha cara. — sorri divertido.

— É fofo. — curvou os lábios em um pequeno sorriso. — A gente pode começar a trabalhar?

— Antes vamos jantar. — a puxei para dentro e depois tranquei a porta da frente. — Tomei a liberdade de preparar algo eu mesmo. — comecei a guia-la até a sala de jantar. — Seguindo o seu exemplo, eu usei um tutorial na internet para isso. — ri.

— Doutor Sprouse, eu vou te processar por intoxicação alimentar.

— Está incrível, eu juro. — puxei uma cadeira para ela e indiquei que ela se sentasse.

Any pareceu pensativa sobre se deveria ou não ceder ao meu jantar romântico quase forçado. Alguns segundos de silêncio depois e ela estava se acomodando na cadeira.

— Eu já volto. Não saia daí. — dei um beijo em sua bochecha e fui para a cozinha.

Comecei a levar as porções até a mesa de jantar enquanto Any analisava tudo.

— Arroz com cenoura, milho e vagem, bife de vaca, batata frita, purê de batata e sanduíches de peru. — falei fazendo minha melhor imitação de garçom.

— E o que temos para beber? — me olhou como se me desafiasse, com um pequeno sorriso brincalhão no canto da boca.

— Vinho para mim e cerveja para a senhorita.

— Finalmente você entendeu, parabéns! — foi irônica.

Depois de servi-la e de me servir, sentei ao seu lado e nós começamos a comer. Olhei para ela esperando sua reação sobre o que achou da comida. Any forçou uma cara de crítica de restaurante muito engraçada e se demorou no seu "hummmm" positivo.

— Você quer me matar de ansiedade? — reclamei.

— Você foi bem, isso está muito bom. — elogiou abrindo o primeiro sorriso sincero da noite.

— Fico feliz que tenha gostado. — coloquei minha mão sobre a dela.

Any olhou para nossas mãos com uma expressão séria e depois olhou de volta para o meu rosto.

— Sério, o que está tentando fazer? — arrastou sua mão para longe da minha.

— Estou tentando ter um jantar agradável com você. — falei o óbvio.

— Não é exatamente sobre isso que eu estou falando e você sabe.

— Você disse que eu não deixei claro onde nós dois estamos e eu acho que te devo uma conclusão.

De repente, ela ficou com uma postura mais atenta e até se virou mais na minha direção.

— Prossiga. — pediu.

— Quando você me viu com a Vanessa você viu duas pessoas conversando sobre coisas do passado, relembrando momentos, como amigos fazem. Admitir as boas lembranças não significa que queremos voltar a vivê-las. A Vanessa foi sim muito importante para mim, mas ela não é mais. Eu ainda tenho carinho por ela, mas do mesmo jeito que tenho carinho pelo Josh, por exemplo.

— E você não quer transar com o Josh. — brincou.

— Definitivamente não. — dei risada.

— Ok, eu entendi a parte da Vanessa, mas e eu?

— Eu quero ficar com você de verdade. Quero que isso dure e que seja sempre tão bom quanto foi todos os dias até hoje. Para isso a gente tem que ser franco um com o outro sobre tudo. Eu quero saber tudo sobre você, Any, e quero que saiba tudo sobre mim. Me promete que não vão haver mais segredos?

— Por mim tudo bem. — sorriu fraco. — E pra oficializar isso eu preciso te contar uma coisa, mas não é nada demais. — desviou o olhar.

— Pode me contar o que quiser.

— Você contou para a Nour sobre o meu apartamento e ela me expulsou da casa dela.

— O que? — arregalei os olhos. — Eu realmente não achei que ela fosse fazer isso, pensei só que ela conseguiria descobrir alguma coisa.

— Pois é, enfim... — suspirou. — Eu estou morando no meu apartamento agora.

— Ok. — assenti incerto sobre o que ela queria me dizer. — É só isso?

— Eu estou morando com o Jack.

— Oh! — ergui as sobrancelhas surpreso.

Tive que tomar um gole de vinho para processar essa informação e também para ter mais tempo de pensar no que eu deveria falar e se o que eu estava sentindo em relação a isso era correto.

— E então...? — Any me olhou esperando por uma resposta.

— Por que você não pediu pra ele sair? É a sua casa.

— Ele tem um contrato, mesmo que eu tente e insista muito ele não vai sair de lá. Então eu resolvi apenas aceitar que ele seja meu colega de quarto temporariamente.

— E por que você não fica em outro lugar? — não conseguia disfarçar o meu incômodo.

— Eu não estou com muita paciência emocional pra arranjar outro lugar e seria perda de tempo agora. — olhou para baixo ficando levemente desanimada de repente. — Além disso... — voltou a olhar para mim com o rosto mais animado dessa vez. — O Jack é um excelente colega, ele de fato me surpreendeu nesse ponto.

— Excelente o quanto?

— Bem, ele não me deixa desconfortável e isso já é muito pra mim. — riu. — E ele também faz tudo o que eu peço, então mais um ponto.

— Ele não está saindo com a Bree?

— Eu não sei, ele não fala sobre ela desde que eu comecei a morar lá. Talvez eles tenham dado um tempo. — deu de ombros.

Fiquei quieto pensando no que mais dizer. Eu não queria ter uma crise de ciúmes logo agora que estávamos tentando ser claros um com o outro, mas sim, eu estava me roendo de ciúmes.

— Por que você não fica aqui comigo por enquanto? Só até o contrato acabar e o Jack arranjar outro lugar. — tentei parecer o mais natural possível.

Mesmo com a minha aparente calma, Any me lançou um olhar desconfiado.

— Você está com ciúmes?

Como ela conseguia me ler tão bem?

— Não.

— Está. — afirmou. — E isso é bem contraditório pra alguém que recentemente disse que confiava muito em mim.

— Eu confio em você, mas ele...

— Ele não tentou se aproximar de mim dessa forma. — ela disse como se cogitar aquilo fosse absurdo. — Alguns dias atrás, eu diria um grandioso sim para a sua proposta sem pensar duas vezes, mas agora eu acho que você não está fazendo isso pelos motivos certos.

— Eu quero que isso dê certo.

— Tentar tomar decisões por mim pra que você se sinta confortável não é o que eu chamo de dar certo. — suspirou. — E eu quero desesperadamente estar com você, mas se isso não for perfeito não vai valer à pena.

— Como acha que eu deveria me sentir com a minha namorada morando com um cara que ela mal conhece?

— Muitas pessoas dividem apartamento com... Espera, namorada? — entreabriu os lábios.

— Não, eu não... Eu disse? — senti como se estivesse pálido.

— Disse.

— Rápido demais?

— É que... Não pra mim, mas... A gente estava meio que discutindo e aí você... Você disse... — suas palavras se perderam e ela puxou o ar talvez na esperança de mais uma frase surgir, mas o silêncio foi mais forte.

— Ok, a gente não sabe reagir a isso, então vamos deixar essa coisa de namorados um pouco de lado agora.

Ela assentiu imediatamente, concordando comigo.

— Estamos sendo claros um com o outro. — continuei. — E sendo muito sincero, me incomoda que você fique morando com o Jack.

— Sendo muito sincera, a Vanessa vai estar aqui por alguns meses e eu sei que vocês vão continuar se vendo, mesmo que como amigos. Isso me incomoda.

— Eu não posso simplesmente ignorar ela.

— Bom, então eu não posso sair da minha casa pra agradar você. Se for pra morarmos juntos, Noah, que seja apenas porque você quer estar perto de mim.

— Mas eu quero estar perto de você.

— E também quer me afastar de outros homens. Deixe que eu tome as minhas decisões. — com um lenço, ela limpou sua boca e ficou de pé. — A gente vai trabalhar ou é melhor eu ir embora?

Não imaginei aquele desfecho quando pensei na resolução daquela conversa. Era para estarmos sorrindo e nos beijando, prestes a irmos para o meu quarto fazer amor. A realidade era uma decepção e no final tudo o que conseguimos foi criar mais obstáculos.

— A conversa vai terminar assim? — perguntei, incapaz de olhar para ela.

— Noah, eu... — a voz dela embargou e isso foi como um soco no meu estômago. — Não posso me comprometer se você não fizer o mesmo. Só vamos estar perdendo tempo e essa é a última coisa que eu quero. Você precisa ser mais seguro nessa relação. — ela tocou o meu queixo, fazendo eu erguer a cabeça para olhá-la. — Nem tudo é sexo, jantares e risadas. A gente precisa pensar nas coisas que nos incomodam e tentar mudar isso juntos, os dois.

— Você acha que eu sou inseguro?

Ela se esquivou na minha direção, mantendo seu rosto próximo, sua mão ainda segurando o meu queixo. Seus olhos pareciam lindos agora que estavam brilhando pelas lágrimas, mas aquela era uma beleza triste. Eu queria que ela parasse de chorar por minha causa, na minha frente ou mesmo sozinha em seu quarto.

— Eu acho que você tem que confiar em si mesmo, sempre te disse isso. Pare de pensar que eu vou te deixar em algum momento, porque eu nunca pensei em fazer isso desde que me apaixonei por você. — encostou sua testa na minha. — É loucura eu fazer isso, mas vou te dar alguns dias para aprender sozinho. E por favor, não demore.

Any encostou seus lábios nos meus e eu fechei os meus olhos sentindo o toque. Foi um beijo breve e suave, tão doce que me deixou com muita vontade de mais.

Ela abriu um sorriso fraco, deu as costas e eu a observei sair da sala de jantar. Me mantive no mesmo lugar por longos minutos digerindo cada palavra que ela disse. No final, eu precisava admitir que ela tinha razão. Eu me achava tão insuficiente que qualquer detalhe me deixava inseguro e isso me fazia incapaz de merecer e ser bom em qualquer relacionamento. Eu deveria cogitar também a opção de aceitar morrer sozinho.

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