Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸ

By graywson

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【 adp. 𝗻𝗼𝗮𝗻𝘆. +💘 】 Para onde vamos quando morremos? Essa é uma pergunta que todo mundo já se fez em al... More

Prólogo - parte 1
Prólogo - parte 2
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Epílogo

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By graywson

NOAH U.

Eu estava em um estado pesado de sono quando senti alguma coisa me cutucando. Resmunguei, enfiando meu rosto no travesseiro e mantive os olhos fechados, mas voltei a ser cutucado, mais forte dessa vez.

— Já vou, mãe... — murmurei sonolento.

— Eu não sou a sua mãe.

Abri meus olhos ao ouvir a voz de Any e a encarei em pé ao lado da minha cama.

— Any? O que foi? — esfreguei meu rosto e sentei para olhá-la melhor.

— Eu... — ela estava claramente tímida. — Posso dormir com você?

— Que? — franzi a testa. — Por que?

— Eu sei que você não gosta de dormir com ninguém, mas eu tive um pesadelo e estou com medo de ficar sozinha. Prometo que vou ficar o mais longe possível, de costas e sem me mexer.

— Um pesadelo? — não sei se era o sono ou o pedido inusitado, mas eu estava bem confuso naquele momento.

— Sim. — assentiu.

Pensei em fazer uma piada, perguntar se ela tinha oito anos e se estava com medo do bicho-papão, mas dada a expressão de fragilidade no rosto de Any, eu deduzi que ela estava realmente com medo e que eu não deveria cometer a insensibilidade de brincar com suas fraquezas. Muitas pessoas tem medo de pesadelos depois de adultas, certo?

— Bom... — olhei ao redor para a cama.

Thor estava na parte de baixo, além disso, a cama era enorme, então não seria tão desconfortável. Nós não íamos ficar agarradinhos como um casal, eu não precisava me preocupar em elevar o nível de afeto dela.

Ajeitei-me mais para o lado e deixei um espaço livre para ela, depois fiz um sinal indicando que ela poderia se deitar. Any deu a volta na cama, levantou o cobertor e se aconchegou ao meu lado. Nós dois nos deitamos e no primeiro momento ficamos em completo silêncio, ambos encarando o teto sem olhar um para o outro.

— Com o que você sonhou? — perguntei para quebrar a tensão.

— Eu sonhei que tinha um demônio no quarto e que ele estava tentando me persuadir a fazer coisas ruins.

— Mas ele não fez nada de ruim com você?

— Não. Mas a presença dele era muito incômoda e perturbadora, a temperatura do quarto despencou só por ele estar ali. Além disso, ele tocou em pontos delicados da minha vida com o intuito de me fazer sentir mal comigo mesma.

— Isso parece terror psicológico.

— É. Eu acho que foi isso.

— E ele não te machucou mesmo?

— Não. Na verdade, ele me beijou antes de ir embora.

— O que? — estranhei.

— Eu também não entendi essa parte. — riu suavemente.

— Mesmo que tenha sido ruim, não era real. E o lado positivo dos sonhos é que a gente esquece eles depois de algumas horas.

— Vai ser difícil esquecer isso. — falou baixo, quase num sussurro.

Olhei sutilmente para ela e vi um vislumbre de tristeza. Alguma coisa me dizia que havia mais do que Any me contou. Talvez não tivesse sido só o sonho que a deixou agitada naquela noite. Mas se ela não iria me contar nada além disso, eu respeitaria e não faria perguntas.

— Há quanto tempo você tem o Thor? — perguntou talvez para mudar de assunto e se distrair.

— Três anos. Eu não costumava gostar de animais, acredita?

— É difícil de acreditar. — riu.

— Pois é, eu não gostava. — sorri. — Eu estava passando por um momento difícil da minha vida, tudo me irritava e eu não conseguia focar em nada porque a minha cabeça estava presa em outro lugar.

Em alguém.

— E aí eu acordei numa manhã e vi que tinham vários buracos na grama do meu quintal. Eu fiquei furioso e achei que seriam marmotas, sei lá. Mas aí eu vi um filhote preso em um buraco debaixo da minha cerca. Ele fez um buraco pra entrar e depois não conseguiu sair.

— Por favor, me diga que você não o machucou. — olhou-me seriamente.

— Eu jamais faria isso. — garanti. — Eu levei ele até o abrigo, mas estava lotado e eles não podiam receber mais nenhum animal. Então eu o trouxe de volta pra casa porque não podia deixar ele sozinho na rua, era só um filhote, seria perigoso. Fiz cartazes, espalhei pelas ruas e coloquei na internet perguntando se alguém havia perdido um filhote de rottweiler. Eu fiz de tudo pra me livrar dele. Em três dias que esteve comigo, o Thor destruiu três chinelos, dois sapatos de grife, urinou no meu sofá, na minha cama e no meu escritório.

— Nossa, eu queria ter visto você puto com isso. — gargalhou.

— Sim, eu fiquei bem puto. — ri também. — Mas aí tinham os momentos em que ele me fazia sorrir. Thor era um filhote estabanado e eu conseguia rir mais do que ficava bravo. E aí eu percebi que depois que eu o encontrei, parei de pensar nos meus problemas. Eu não estava mais sofrendo. Até os momentos em que ele me deixava irritado eram melhores do que todos os pensamentos terríveis que eu tinha quando estava sozinho. Antes eu não gostava de animais, mas agora se alguma coisa acontecer com o Thor eu mato todo mundo e depois me mato.

Relatei tudo aquilo olhando para o meu cão, que dormia aos nossos pés alheio a tudo que estava sendo dito. Minha atenção se voltou para Any quando ouvi ela soluçar.

— Você é tão... — tomou ar, mas não finalizou a frase. — Eu nem consigo te descrever. — enxugou uma lágrima solitária que desceu por seu rosto. — Fico feliz em ver que você encontrou um ótimo jeito de lidar com a saudade que sentia da Vanessa.

Entreabri os lábios ao ouvir Any citar aquele nome. Como ela poderia saber? Ao notar a sua falha, ela levou a mão aos lábios e arregalou um pouco os olhos como se tivesse sido pega fazendo algo errado.

— Como você sabe sobre a Vanessa? — tomei impulso e sentei, me encostando contra a cabeceira.

Any fez o mesmo, dobrando seus joelhos e abraçando suas pernas numa posição protetora.

— A sua avó me contou.

— Por que a minha avó te contaria isso? Ela sabe que é uma coisa muito pessoal. — eu estava sério e bem tenso.

Eu não queria que a Any soubesse sobre a Vanessa. Toda aquela história do passado me fazia sentir fraco por ter me deixado abater daquela forma.

— Bem, ela gostou de mim. Nós nos encontramos algumas vezes e eu comentei que estava sendo difícil lidar com você. Eu não entendia o motivo de você ser tão carrancudo, então ela me explicou. Saber sobre a Vanessa foi um dos motivos que me fez tentar me colocar no seu lugar e entender porque você é como é.

Mesmo ela tentando explicar com calma, eu não podia evitar de ficar irritado. Era a minha vida pessoal, meus assuntos delicados, pontos que eu nunca deixei que ninguém tocasse antes. Se minha avó tivesse mesmo contado aquilo para a Any, ela teria traído a minha confiança de um jeito absurdo.

— Não faz sentido. A minha avó não contaria isso pra ninguém. Não é como se você fosse a melhor amiga dela ou alguém da família, você é só a minha assistente. — não era para sair naquele tom, não era mesmo a minha intenção deixar explícito naquela frase que Any poderia ser insignificante. Ela não era, mas eu estava bravo e não controlei a minha fala.

No mesmo momento, o desapontamento e a mágoa tomaram conta do rosto de Any. Eu me arrependi de ter dito aquilo, porque eu não estava com raiva dela, ela não tinha culpa se minha avó havia resolvido fofocar sobre coisas que não deveria.

— Any... — eu ia me desculpar, mas ela ergueu a mão, fazendo sinal para que eu parasse.

— Não foi a intenção da Amelia revelar algo tão íntimo sobre a sua vida. Ela só estava tentando ajudar. — falou em um tom de voz baixo e sem olhar nos meus olhos. — Desculpe se eu fui invasiva de alguma forma, isso não é da minha conta.

Ficamos os dois em silêncio e o ambiente era constrangedor. Sem dizer mais nada, Any tornou a se deitar e virou-se de costas para mim, encolhendo-se sob o cobertor. Eu deitei do outro lado, tendo certeza de que não dormiria direito naquela noite. O calor corporal que Any emanava às minhas costas era desconfortável. Não dava para eu simplesmente fingir que ela não estava lá, pois sua presença podia ser sentida mesmo que ela sequer se mexesse.

Em vários momentos da noite eu pensei em levantar e ir dormir em outro quarto, mas eu não queria deixá-la sozinha. Any veio até mim porque estava com medo e se ela acordasse antes do sol nascer e eu não estivesse ali aquilo poderia abala-la. Era melhor ficar, mesmo que parte de mim estivesse incomodado por dividir a cama com alguém.

Como se sentisse que eu não conseguia dormir, Thor saiu de onde estava e se deitou em minha frente, aconchegando-se em meu peito. Eu sorri, beijei o topo de sua cabeça e o abracei, pegando no sono em poucos minutos.

[•••]

Acordei na manhã seguinte e vi que estava sozinho na cama. Nem sinal de Any ou de Thor. Levantei, tomei um banho e vesti uma roupa de ficar em casa, já que era sábado e eu não tinha que trabalhar. Desci para tomar café da manhã e encontrei Thor na cozinha destruindo um de seus ossos de borracha.

— Oi, campeão! — o cumprimentei. — Onde está a Any?

A casa parecia vazia. Talvez ela tivesse saído para uma caminhada ou algo do tipo. Tomei café da manhã e notei que ela não deu nenhum sinal. Resolvi subir até o seu quarto e quando abri a porta, vi que as coisas dela que antes estavam espalhadas por todas as partes haviam sumido. Fui até o armário e constatei que estava vazio. Ela foi embora.

Peguei o meu celular e liguei para o número dela.

— Oi, Noah. — ela atendeu rápido.

— Você foi embora? Por que?

— O seu problema já foi resolvido, eu não tinha mais motivos para estar aí, então eu voltei para a minha vida normal.

— Sem nem me avisar?

— Você disse que eu poderia ir quando eu quisesse.

— É, mas... — o que eu estava fazendo? — Sim. Ok. Tudo bem.

— Eu tenho que ir, ainda estou reorganizando o meu quarto. Se precisar de alguma coisa, você sabe, sou sua assistente vinte e quatro horas por dia, todos os dias da semana.

Any soava eficiente. Eficiente demais.

— Até mais, Any.

— Até.

Desliguei e soltei um longo suspiro. Por que eu estava incomodado? É óbvio que ela tinha que voltar para a própria casa e eu não deveria me sentir mal por isso. Mas depois desse telefonema explicativo eu fiquei ainda mais aflito. Ela parecia robótica, como se fosse uma assistente super competente e formal, mas eu sabia muito bem que isso não tinha nada a ver com a personalidade dela.

Logo o pensamento de que ela estava chateada comigo me atingiu. Eu disse que ela era só a minha assistente e agora ela estava se limitando a se comportar como tal.

Antes de sair do quarto, eu reparei em um colar solitário sobre a penteadeira. Ela nunca tirava aquilo do pescoço e foi a única coisa que esqueceu de levar. Resolvi levar até ela, afinal, parecia ser um acessório super importante. Peguei o colar e o coloquei em meu bolso, depois peguei as minhas chaves e saí de casa.

No meio do caminho eu tive que parar porque havia acontecido um acidente. As ruas não estavam muito cheias, as pessoas avisaram que os bombeiros já estavam vindo. Uma mulher estava presa dentro do carro capotado com o seu bebê no banco de trás. Infelizmente nada poderia ser feito já que movê-los dali seria perigoso demais, então a única alternativa era esperar que as autoridades chegassem.

Mas talvez o destino estivesse apressado, já que o motor do carro começou a pegar fogo. Lá de dentro, ouviu-se os gritos desesperados da mulher. As pessoas tiveram que abrir a porta dos fundos para tirar o bebê, mas a porta do motorista – onde a mãe estava – se encontrava amassada e travada, impossível de ser aberta. Pelo menos três homens tentaram forçar a porta ao mesmo tempo, mas nenhum deles conseguiu. Eles se retiraram para procurar por alguma ferramenta que pudesse abrir a porta, porém aquilo não daria tempo. O carro iria explodir.

Imediatamente, movido pela adrenalina, eu corri até lá e forcei a porta. Como se não fosse nada para mim, tirando forças de onde eu nem sabia, eu consegui arrancar a porta inteira muito rápido. Depois disso só deu tempo de pegar a mulher no colo e correr. Assim que eu me afastei, o automóvel explodiu, pegando fogo por completo.

— Ah, meu Deus! Meu Deus! — a mulher começou a chorar e me abraçou assim que eu a coloquei no chão. — Obrigada! Muito obrigada!

Ela saiu correndo assim que avistou o seu bebê, que estava no colo de uma mulher não muito longe de nós.

Um dos homens que tentou arrombar a porta do carro veio até mim.

— Ei, cara, como fez aquilo? — perguntou curioso.

— Eu não faço a mínima ideia.

Olhei para as minhas mãos, tentando ver algum machucado, um calo, um corte, qualquer coisa que indicasse que eu havia usado minha força além do normal. Minhas mãos estavam intactas, apenas levemente manchadas por causa da tinta do carro que se deteriorou com o atrito.

Logo os bombeiros chegaram e eles insistiram para que eu fosse até o hospital, mesmo eu repetindo que estava bem. Fui apenas para fazer um check up e liguei para a Any avisando do que aconteceu.

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