Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸ

By graywson

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【 adp. 𝗻𝗼𝗮𝗻𝘆. +💘 】 Para onde vamos quando morremos? Essa é uma pergunta que todo mundo já se fez em al... More

Prólogo - parte 1
Prólogo - parte 2
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Epílogo

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By graywson

ANY G.

Ao invés das coisas melhorarem com o tempo, tudo se tornava ainda mais difícil. Eu não iria me acostumar com o lado autoritário de Noah e não conseguia ficar quieta quando ele era rude ou irônico. Nós estávamos entrando em um joguinho de sarcasmo que acontecia o tempo todo. Eu gostava de pensar que era o nosso lance interno, algo que nos unia de certo modo. Apesar de querer parecer irritado quando eu o respondia, dava para ver que aquilo o agradava.

Meu trabalho como secretária começou e além de cuidar da vida pessoal de Noah eu também cuidava da profissional. Heyoon até me apelidou de "babá de empresário", o que eu achei muito engraçado porque era verdade. O homem não iria dar um passo em sua vida sem que eu soubesse e cuidasse de tudo. Era um ótimo jeito de conhecê-lo ainda mais, mas também era um jeito terrível de ficar ocupada o tempo todo e não ter tempo para flertar. Talvez as nossas discussões sarcásticas fossem um tipo de flerte diferente. Será que ele também pensava assim?

O expediente estava quase terminando e eu não parava de olhar o relógio. Estava morrendo de sono e precisava ir para casa dormir um pouco. Olhar as horas me fazia lembrar do meu prazo e eu me sentia vivendo os dias mais ansiosos da minha existência. As coisas estavam indo devagar demais e eu não sabia mais o que fazer para me destacar a ponto de Noah dar um passo à frente. O que mais eu poderia fazer além de tratá-lo diferente de como as outras pessoas faziam?

A porta da sala dele foi aberta e eu saí dos meus pensamentos. Noah segurava sua maleta, estava prestes a ir embora. Levantei para poder ir até sua sala deixar tudo em ordem, mas ele ergueu a mão para me parar.

— Eu já organizei tudo. — falou.

— Ah, céus, o doutor sabe fechar as cortinas? — dramatizei uma expressão de espanto.

— Eu sei fazer muitas coisas com as mãos, Soares. — sorriu de canto de forma perversa.

Eu esqueci de mencionar as piadinhas de duplo sentido que ele passou a fazer comigo. Porra, isso tinha que significar algo!

— Parabéns por isso. — ironizei, voltando até minha mesa para pegar minha bolsa e ir embora também.

Caminhamos lado a lado até o corredor e entramos no elevador juntos. Ele apertou o botão do térreo e as portas se fecharam, deixando apenas o silêncio como protagonista. Ficar excitada em um elevador ao lado de seu chefe gostoso era um clichê que eu estava gostando de conhecer. Olhei para ele de relance e ele fez o mesmo, mantendo-se sério e me encarando até desviar o olhar rapidamente de novo.

— Eu tenho que repassar a sua agenda? — comecei um assunto para quebrar aquele silêncio.

— Não, mas eu quero ver se você se lembra. Repasse a minha agenda, Soares. — tornou a me encarar.

Alguma coisa pulsou entre as minhas pernas e eu engoli em seco.

— O doutor tem uma reunião às três da manhã com alguns acionistas do Japão. E depois de eu quase formatar todo o meu computador, consegui ativar um lembrete no seu notebook. Amanhã cedo eu devo levar o Thor para passear porque o doutor vai estar dormindo por causa da reunião.

— Você deveria fazer aulas de informática. Como alguém da sua idade não sabe o básico?

— Eu sou uma pessoa vintage. — literalmente.

— Você quis dizer antiquada.

As portas do elevador se abriram e ele saiu na frente, esquecendo qualquer cavalheirismo que mandava deixar a moça se retirar primeiro.

— O doutor não pode me culpar por não gostar dessas modernidades. — fui dizendo enquanto o acompanhava.

— Não gosto do seu tom quando me chama de doutor. É sempre desdenhoso. Mude isso. — mandou como se fosse apenas uma tarefa que eu deveria cumprir.

— Não gosto quando me chama de Soares. Mude isso. — retruquei.

— Mas é o seu nome.

— Meu nome é Any.

— É pequeno e nada formal, eu não gosto.

— Ei! — me senti ofendida. — Eu também não gosto do seu nome, doutor Urrea! — fiz questão de usar o tom mais desdenhoso possível dessa vez.

— Você iria gostar de dizer o meu nome bem alto em algumas situações. — sua voz soou rouca e baixa.

Fiquei quieta e o vi rir consigo mesmo, sem fazer nenhum som. Ele sabia como me deixar quieta com suas piadas de mal gosto.

Chegamos até o estacionamento e cada um foi para o seu devido carro. Nada de "boa noite" ou "até logo". Quando se tratava de Noah nenhum cumprimento existia. No início, isso me incomodava, mas eu já estava acostumada agora e por incrível que pareça, gostava daquela parte de sua personalidade em não terminar uma conversa convencionalmente. Eu me achava estranha, mas ele conseguia ser mais estranho que eu.

Quando abri a porta de casa senti o cheiro de bolo recém saído do forno e fui direto para a cozinha, onde encontrei Nour e Heyoon cozinhando.

— A babá de empresário chegou! — Heyoon sorriu. — Aqui. Prova. — ergueu uma colher com recheio de chocolate para mim.

Comi um pouco do doce e murmurei em aprovação, assentindo positivamente.

— Eu fico cada vez mais cansada com o trabalho, mas até que estou gostando. — comentei.

— Está se saindo muito bem. — Nour me elogiou.

— Obrigada. — sorri. — Vou pular o jantar, meninas. Preciso tomar um banho e ir dormir. Boa noite.

— Boa noite! — as duas disseram em uníssono.

Fui até o meu quarto, tomei um banho quente e depois capotei na cama, pegando no sono rapidamente. Depois de quarenta e cinco anos sem sentir sono, eu nunca imaginei que iria gostar tanto de poder dormir outra vez. Essa era uma das tantas coisas boas da Terra.

O som do meu celular tocando me fez despertar. Abri meus olhos e notei que tudo ainda estava escuro. Eu estava atordoada e ainda sem entender direito o que estava acontecendo. Finalmente fiquei mais ciente e estiquei meu braço até a mesinha de cabeceira para alcançar o meu celular. Tinha que ser o meu chefe pra me ligar às 02:30.

— O que? — falei ao atender.

— É assim que você atende uma ligação, Soares? — me repreendeu.

— É assim que eu atendo quem me liga às duas da madrugada. — mantive o tom grosseiro.

— Venha até a minha casa. Preciso que documente a reunião.

— O que? — eu ri. — Só pode estar brincando com a minha cara!

— Eu nunca brinco.

— É de madrugada!

— Tem que estar disponível para mim vinte e quatro horas por dia, Soares. Está no seu contrato. — eu podia imaginar o sorriso cínico no rosto dele agora.

— Eu sei, eu sei. — cocei a nuca com mais força do que deveria, machucando um pouco a minha ferida ainda cicatrizando. — Ai... — resmunguei, olhando minha unha que agora estava com um pouco de sangue. — Poderia ter me avisado mais cedo, assim eu não teria preparado o meu corpo para uma noite inteira de sono. — levantei da cama e fui até a cômoda procurar alguma roupa.

— Pare de reclamar e venha logo. — e depois dessa frase sem nenhuma educação ele desligou na minha cara.

— Vá se foder, Noah! — falei olhando para o celular como se ele ainda pudesse me ouvir.

Dirigi até a casa de Noah e usei a minha cópia da chave para entrar. Quando bati a porta da frente, aquela fera incontrolável correu até a sala e parou sentado me encarando. Eu parei também e o desafiei com o olhar.

— Você não vai querer mexer comigo, Thor. — eu disse em tom de ameaça, agarrando meu colar com força.

Andei devagar, me certificando de não dar as costas para ele. O cachorro ficou quietinho acompanhando meus movimentos até que eu sumisse do seu campo de visão. Eu ainda estava andando de costas quando meu corpo se chocou contra alguém. Eu dei um pulo me virando rapidamente e encontrei Noah olhando para mim com o cenho franzido.

— Oi, doutor Urrea. — sorri sem mostrar os dentes.

— O que estava fazendo?

— Me certificando de que o seu doce cão não iria me atacar.

— Ele não ataca ninguém.

— Ah, tá bom. — ri. — A gente tem que ir trabalhar agora, certo?

Fiz menção de passar por ele para que ele me desse espaço, mas Noah continuou parado onde estava, olhando para mim de forma séria. Por que ele gostava tanto de ser um brutamontes mal educado? Eu fiquei de lado e passei no pequeno espaço entre a parede e seu corpo, roçando meus seios em seu braço enquanto mantinha os meus olhos grudados nos dele, que me acompanhava a cada movimento.

— Você e seu cachorro têm muitas semelhanças. — murmurei ao dar as costas. — Ficam encarando as pessoas.

— Qual de nós dois te faz tremer mais?

Parei de caminhar e o olhei por cima do ombro. Ele sorria de maneira provocativa para mim. O ignorei e segui em direção ao seu escritório. Sentei na cadeira de frente para a mesa e fui tirando meu notebook da bolsa tiracolo.

— Sente-se ao meu lado, Soares. — mandou ao dar a volta na mesa.

— Por que?

— Porque você precisa prestar atenção em tudo.

Não contestei e apenas fiquei de pé e arrastei minha cadeira para o lado da dele, me acomodando logo depois.

— O que exatamente eu tenho que documentar? — perguntei pousando meus dedos sobre o teclado do meu notebook.

— Tome nota de tudo.

— Ah, fala sério... — resmunguei baixinho, mas não o suficiente para que ele não ouvisse.

— É o seu trabalho, pare de resmungar. — me olhou com seriedade.

Fiz sinal de zíper em meus lábios e suspirei pesadamente.

A reunião começou e eu digitei cada detalhe importante, tentando me concentrar para deixar os olhos abertos e os ouvidos atentos. Foi a coisa mais chata que eu fiz desde que voltei para a Terra e olha que a Nour me obrigou a meditar com ela por duas horas naquela semana. Outro obstáculo era ficar olhando para Noah, me perdendo em sua postura séria e cheia de autoridade. Devo ter suspirado uma vez ou outra involuntariamente.

O relógio do meu notebook marcava 04:22 quando Noah finalizou a reunião despedindo-se dos demais. Eu quis fazer uma piada sobre ele saber se despedir de alguém, mas estava cansada demais para isso.

— Revise o relatório e mande para o e-mail oficial da empresa. — foi dizendo com toda a sua arrogância inabalável.

— Agora? — ergui as sobrancelhas.

— Claro que não, Soares. — rolou os olhos. — Tem até o fim do dia.

— Ótimo. Acho que posso dormir por uma hora no banco de trás do meu carro e depois eu entro e saio para passear com o seu monstrinho.

— Não o chame assim. — irritou-se.

— Que seja. — fiquei de pé.

Senti uma tontura e parei fechando os olhos e colocando a mão na testa. Ouvi um zumbido dentro do ouvido e achei que apagaria, mas não aconteceu de imediato.

— Você está bem? — a voz de Noah soou mais suave quando ele tocou o meu ombro.

Abri meus olhos e olhei para ele ali parado ao meu lado e pela primeira vez demonstrando algum tipo de preocupação por mim. Se eu não estivesse prestes a desmaiar meu coração teria acelerado.

— Eu... — ofeguei, perdendo o resto de consciência que ainda tinha.

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Abri meus olhos devagar apenas por alguns segundos. Eu estava sendo carregada para algum lugar. Olhei para cima e a imagem de Noah veio até mim. Seu rosto estava apavorado, com mais expressões do que em qualquer outro momento em que o vi antes. Ele respirava fundo, seu peitoral se movendo contra o meu corpo enquanto ele me segurava com firmeza em seus braços. Eu ainda estava tonta e achei que aquilo poderia ser só um sonho, então eu apenas apaguei novamente.

[•••]

Acordei novamente, meus sentidos um pouco mais alertas, mas eu ainda estava um pouco grogue. Senti que alguém tocava as minhas pernas, as elevando para cima. Abri os olhos de vez e me deparei com Noah erguendo as minhas pernas enquanto olhava para mim atentamente.

— O que está fazendo? — perguntei em um sussurrar, sentindo que meu rosto estava começando a ficar vermelho.

— O que se deve fazer quando uma pessoa desmaia. — ele abaixou as minhas pernas delicadamente.

Eu estava deitada em uma cama enorme. Olhei ao redor e fiquei abismada com o tamanho e o luxo daquele quarto. Apesar disso, não parecia que alguém dormia ali, pois não haviam fotos ou qualquer objeto além dos móveis. Talvez fosse um quarto de hóspedes.

Olhei para o meu corpo e franzi o cenho ao notar que o zíper da minha calça estava aberto, além dos primeiros botões da minha blusa. Sentei rapidamente e comecei a fechar as minhas roupas enquanto encarava Noah com estranheza.

— Não me olhe assim, eu só queria me certificar de que você conseguiria respirar bem. — rolou os olhos com tédio.

— Ok. — assenti, corando ainda mais.

— Por que você desmaiou?

— Como eu vou saber?

— Você tem comido direito?

— Bom, eu não jantei ontem, mas eu costumo me alimentar bem.

— Deve ter sido isso, muitas horas sem comer.

— E muitas horas sem dormir. — completei.

Noah bufou e ficou de pé, fazendo menção de sair do quarto.

— Eu vou pegar alguma coisa pra você comer. Não saia daí.

Eu quis gritar quando ele me deixou sozinha, mas temi que ele pudesse me ouvir. Aquilo estava mesmo acontecendo? Era uma situação completamente diferente e eu deveria aproveitar a oportunidade para me aproximar mais, cavar mais fundo na personalidade de Noah e fazer com que ele mostrasse o lado sensível que eu sabia que ele tinha. Ele pareceu mostrar esse lado quando se preocupou comigo e apavorou-se com o meu desmaio.

Noah retornou com uma bandeja de café da manhã. Eu não mexi nenhum músculo até ele se sentar na cama ao meu lado e colocar a bandeja sobre as minhas pernas. Tinha muita comida ali, eu claramente não iria comer tudo.

— É coisa demais. — falei.

— Coma o quanto quiser. — me encarou.

— E você vai ficar me assistindo? — franzi a testa.

— Você quer que eu saia?

— Não! — fui rápida em responder. — Quer dizer... Se eu passar mal de novo, eu... É bom ter companhia caso...

— Entendi, Soares. — cortou minha fala.

Comecei a comer sob o olhar penetrante dele. No que estava pensando? Será que tinha fetiche em alimentar mulheres? Bom, estranho o suficiente para isso ele era. Independente do que fosse, havia uma pontada de curiosidade em seu olhar.

— Quer dizer alguma coisa ou vai ficar só me encarando igual um sociopata?

— Por que você é tão estranha? — franziu o cenho.

— Eu? Estranho é você!

— Parece que você não gosta de ter um emprego. Tem uma língua afiada demais.

— Se quer que eu pare de ser afiada, pare de ser grosso comigo. — retruquei, o deixando em silêncio por alguns segundos.

— Como você se machucou?

— Uh? — estranhei a pergunta.

— Tem um corte na sua nuca e ele está bem profundo.

O pedaço de bolo que eu acabei de colocar na boca desceu mais seco do que o esperado pela minha garganta. Pigarreei e tentei pensar em alguma coisa, mas nada me veio. Mas enfim, por que eu tinha que pensar em uma desculpa? Para todos os efeitos, ele era só o meu chefe e não deveria estar a par da minha vida pessoal.

— Isso obviamente não é da sua conta. — usei a mesma frase que ele usou comigo no meu primeiro dia de trabalho.

Esperei que ele se irritasse, criasse uma carranca no rosto e me repreendesse, mas ao invés disso ele sorriu. Sempre um sorriso cínico e provocador. Estava se tornando mais comum que ao invés de lhe causar raiva eu o divertisse. Lia estava certa quando disse que aquele jeito de agir o dobraria.

— Vou te dar a manhã de folga, mas quero que esteja na empresa à tarde. Passeie com o Thor depois do almoço. — ficou de pé.

— Obrigada. — falei com um semblante surpreso. — Eu só vou terminar de comer e depois volto para casa.

— Durma aqui.

— O que? — fiquei boquiaberta.

— Além de aulas de informática você também precisa ir ao médico pra ver essa sua gigantesca falta de atenção. — caminhou até a porta e simplesmente saiu sem se certificar de que eu havia mesmo entendido.

Mas eu entendi. Ele disse para eu dormir ali na casa dele. Uma ideia passou pela minha cabeça e eu tratei de colocar um despertador no meu celular para algumas horas antes do horário de almoço. Já que eu iria ficar sozinha a manhã inteira em sua casa, não perderia a chance de bisbilhotar.

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