Naquela noite eu desabei tudo o que eu tinha guardado durante essas semanas que eu bloqueei minhas emoções. Naquele sofá, abraçada com o Kevin, chorei desesperadamente me sentindo a pior pessoa do mundo.
Tudo tinha voltado para mim de uma forma tão desesperada que acabei dormindo no meio daquele abraço.
Quando despertei o dia já tinha amanhecido. Os raios de sol fraco vindo do lado de fora iluminava boa parte da sala.
Kevin estava deitado do meu lado, dormindo calmamente, depois de ter passado a madrugada inteira me abraçando.
Agradeci imensamente por ter aquela criaturinha do meu lado. É claro que tinha momentos que eu queria matá-lo, mas a nossa amizade era a única coisa que tinha restado na minha vida e era tudo que eu precisava. Kevin era como um irmão, uma família e eu nunca conseguiria agradecê-lo totalmente.
Tomei um banho quente naquela manhã, arrumei meu cabelo finalizando meus cachos, coloquei uma roupa de frio confortável e fui preparar o café da manhã.
Cantarolei umas músicas aleatórias, sentindo uma nova ideia surgir no meio de tanta cantoria e preparo. No meio de uma delas, Kevin acabou acordando e logo decidiu começar o dia com um banho.
No final, começamos a tomar café juntos enquanto eu anotava a ideia no pequeno caderninho que eu tinha para depois por em prática.
ㅡ Você me disse que hoje iríamos sair ㅡ Comentei, chamando a atenção do meu amigo. Ele deu um sorrisinho. ㅡ E também disse que Easton iria junto.
ㅡ Além dele, o Wiley vai ㅡ Kevin abriu um sorriso malicioso. ㅡ Também, algumas pessoas que eu acabei conhecendo ontem.
ㅡ Aliás, para aonde você foi mesmo? ㅡ Indaguei, observando a expressão neutra do meu amigo.
Kevin era doido. Não conhecia nada na cidade além dos quilômetros que andamos.
O mais longe que ele foi? A floresta de pinheiros. Não conhecia nada além do caminho até lá.
ㅡ Fomos visitar uma cabana que tinha no final da trilha da floresta ㅡ Kevin respondeu, passando a mão pelo queixo. ㅡ Easton disse que quem costumava ir lá o tempo inteiro era a Quinn, dona da confeitaria, e o marido dela Michael. Disse também que antes de ficarem juntos eles eram melhores amigos que foram separados repentinamente por uma viagem.
Ri, com aquela história romântica aleatória.
ㅡ Sério? ㅡ Soltei uma risada. ㅡ É uma bela história de amor.
ㅡ Adoro um bom romance de amigos. ㅡ Kevin riu. ㅡ E o seu romance?
ㅡ Nem começa a falar do Easton, Kevin! ㅡ Pedi, tentando mudar de assunto.
ㅡ O que? Mas eu não disse nada. ㅡ Ele forçou uma expressão de inocente. ㅡ Você que pensou nele.
Revirei meus olhos, sabendo que ele estava se fazendo de desentendido e tentando manter as aparências de inocente.
Só que, com anos de amizade, eu conhecia ele o suficiente para saber que ele estava aprontando.
E eu até tinha uma ideia do que poderia ser.
... ... ...
Caminhei atrás de Kevin, segurando a minha pequena bolsa olhando para todos os lados procurando qualquer alma viva que estivesse ali. Mas, já estávamos na trilha no meio da floresta de pinheiros indo atrás do grupo que Kevin tinha comentado.
Eu? Mais uma vez, estava seguindo ele sem saber de nada.
A confiança me levava longe.
ㅡ Ei! ㅡ Meu corpo estremeceu de repente ao ouvir a voz do Easton. Tínhamos chegado. ㅡ Finalmente vocês chegaram!
O sorriso dele cresceu assim que sai de trás do Kevin.
ㅡ Uma certa pessoa tinha que verificar milhões de vezes se não tinha esquecido de nada ㅡ Kevin cruzou os braços, olhando diretamente para uma pessoa que estava ali completamente agasalhado. Wiley.
Além do Easton e do Wiley que eu já conhecia, tinha duas garotas que estavam ali completamente agasalhadas e nos olhando com curiosidade.
ㅡ Tá falando de você, né? ㅡ Empurrei o ombro do meu amigo, choramingando.
Na verdade, ele tinha verificado várias vezes a bolsa dele. Eu só verifiquei inúmeras vezes se meu gato estava devidamente confortável para as horas que eu passaria longe de casa.
ㅡ Bom, o Wiley vocês já conhecem. ㅡ Easton se aproximou, com seu sorriso simpático.
ㅡ Ô se conheço... ㅡ Kevin sorriu maliciosamente.
Revirei meus olhos botando a mão na frente da minha boca, com a cara de pau do meu amigo.
ㅡ Essas são a Ruby e Payton. ㅡ Apontou para as duas garotas, que já sorriam. ㅡ Elas fazem parte do guia pelas floresta que tem aqui.
ㅡ Ah, Kevin!! ㅡ Ruby sorriu e gritou animada. ㅡ Eu sou uma grande fã sua!
ㅡ Awwwnn... ㅡ Meu amigo abraçou ela. ㅡ Obrigado! Eu amo encontrar os meus fãs. Só não explana que eu tô aqui, por favor, é segredo.
ㅡ Tudo bem.
ㅡ E eu sou apenas uma garota do interior da cidade ㅡ Payton murmurou, acenando para a gente. ㅡ Não sou muito achegada as redes sociais, mas pelo tanto que a Ruby fala eu conheço vocês um pouco.
ㅡ Não tem problema. ㅡ Neguei com a cabeça. ㅡ Eu até acho bom.
Olhei para Easton, que estava ao lado do Wiley conversando, mas os seus olhos voltavam a olhar para mim.
ㅡ Podemos ir? ㅡ Payton indagou, batendo as mãos.
ㅡ Sim!! ㅡ Kevin passou por mim animado caminhando ao lado do Wiley, que estava atrás da Payton e da Ruby que já estavam lá na frente.
ㅡ Elas que decoraram o caminho. ㅡ Easton começou a caminhar do meu lado, falando de um jeito calmo.
Encolhi meus ombros, olhando para todos os lados vendo os pinheiros que nos rodeavam.
ㅡ Tudo bem? ㅡ Easton enclinou seu rosto, para que pudesse me olhar melhor. ㅡ Não queria está aqui?
Arregalei meus olhos.
ㅡ O que? Não é isso! ㅡ Afirmei de supetão, tentando justificar. ㅡ É que não sou acostumada a esses passeios por florestas, sabe? Fui criada nas ruas chiques de Manhattan.
Easton me observou, umidecendo seus lábios. Fiquei paralisada olhando para ele, apenas caminhando lentamente tentando me manter de pé em cima das minhas pernas que já estavam moles.
Aquele olhar dele estava tão intenso.
ㅡ Quantas vezes vou ter que te chamar para sair até que aceite? ㅡ Easton questionou, quebrando o silêncio.
Um aperto no meu peito surgiu e eu não soube bem a decisão que eu queria tomar.
ㅡ Easton... ㅡ Ele me interrompeu.
ㅡ Tudo bem. ㅡ Easton tocou no meu ombro, abrindo um sorriso encantador. ㅡ Não vou desistir tão facilmente.
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