Shark Tank (Concluída)

De OlivinhaRodrigo

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Fanfic Hot (18+) Lauren Jauregui queria desesperadamente alavancar as receitas de seu spa. Por sua vez, Karla... Mais

Capítulo 1 - Piloto
Capítulo 2 - Nosso Segredo
Capítulo 3 - Colegas
Capítulo 4 - Primeira vez (C)
Capítulo 5 - Mentirosa
Capitulo 6 - Jaçanã
Capítulo 7 - Spar (L)
Capítulo 8 - Combinado (F)
Capítulo 9 - Baile de Favela
Capítulo 10 - Programa
Capítulo 11 - Trato (C)
Capítulo 12 - Contrato
Capítulo 13 - Linha Amarela
Capítulo 14 - Banho (F)
Capítulo 15 - 25 de março
Capítulo 16 - Vinho, Leblon e...
Capítulo 17 - Conveniente (C)
Capítulo 18 - Flamengo x Vasco
Capítulo 19 - Rio de Janeiro (F)
Capítulo 20 - Confraternização
Capítulo 21 - Méier
Capítulo 22 - Buenos Aires
Capítulo 23 - Mitomaníaca
Capítulo 25 - Reconciliação (L)
Capítulo 26 - Decisão
Capítulo 27 - Aniversário (L)
Capítulo 28 - Pedido Perfeito (C)
Capítulo 29 - Natal
Capítulo 30 - Encontro

Capítulo 24 - Shark Tank

16.8K 1.4K 4K
De OlivinhaRodrigo

VOLTEIIIIII (agora com capítulo de vdd!) COM O MELHOR CAP DE TODOS AAAAAAAAAAA

Mais de 10k de palavras escritas para vocês degustarem cada momento e aprenderem muitooooo!

Hoje eu quero levar vcs na disputa. Quero que sintam a tensão, que se divirtam e apaixonem assim como eu me apaixonei ao criar o enredo da fic. Obrigada a todos que comentam, curtem e divulgam a fic. Esses mais de 170k de views são graças a vcs!❤️ O CAP 24 ENTRA OFICIALMENTE PARA A HISTÓRIA!

Por fim, uma maravilhosa leitura para vcs❤️

QUEM USAR A FOTO DA DUARTE OU DA LAUREN (ICONS) NO TWITTER E COMENTAR, EU VOU SEGUIR DE VOLTA

🦈🦈🦈🦈🦈

"Antes de colher os frutos, é preciso preparar a terra".

É possível que você já tenha se deparado com este ditado alguma vez na vida. A frase enfatiza a importância de realizar um planejamento adequado e de tomar as medidas necessárias para garantir o sucesso de um projeto. 

Lauren havia o conhecido há pouco tempo, aos trinta e dois anos, através de uma pessoa cara de pau e insistente que há mais de uma semana não a deixava em paz.

Por sua vez, acabava de chegar em seu apartamento em Higienópolis após um intenso dia de trabalho. Ela adorava o seu emprego, mas sabia o quanto ele a exigia física e emocionalmente às vésperas de se apresentar no programa Shark Tank Brasil.

Ao cruzar a porta de entrada, Lauren soltou um suspiro aliviado, sentindo o acolhimento do seu lar lhe abraçar.

Eram já altas horas da noite, e as luzes das janelas dos apartamentos e postes iluminavam a paisagem urbana ao redor. Lauren caminhou pelo apartamento, descalçando os sapatos e deixando a bolsa no sofá, apreciando a sensação de liberdade após um dia inteiro usando sapatos de bico fino e um sutiã que lhe apertava para incomodar, deixando seus seios naturais empinados.

Com o aroma suave de óleos essenciais espalhado pelo ambiente, ela sabia que estava em casa. O apartamento refletia sua personalidade, com uma decoração moderna e toques de aconchego. Pode suspirar aliviada ao decretar o final do dia, estava em paz, desfrutando de sua própria companhia.

Após alguns minutos mexendo no celular, Lauren decidiu descansar um pouco antes de esquentar sua janta. Ela tomou um banho quente, deixando a água relaxar seus músculos cansados, e então se vestiu com roupas confortáveis, sem calcinha e sutiã. Saiu do banheiro após trinta minutos lá dentro. A paulistana adorava esse momento de desafogo, era sua terapia diária. 

Enquanto esquentava a marmita descongelada que preparava aos domingos, o toque de seu celular se fez presente, indicando uma chamada de um número desconhecido. 

Novamente uma chamada de um número desconhecido. Coincidência? 

Lauren apontava que não.

Ela pegou o aparelho e, revirando os olhos por já conhecer a peça, atendeu.

:. Alô? — sua voz pontual, séria. Não queria dar brechas para não demonstrar-se indecisa, pois quando deixou o hotel e sua oportunidade com Valentina na Argentina, Lauren sabia bem o que estava fazendo. 

Embora ainda hoje não conhecesse as intenções de Valentina, ou Marcela.

:. Lauren? — era uma voz feminina. 

:. Quem está falando?

E todos os dias ela se lembrava disso. Do quão humilhante fora ter que ouvir da boca de uma das ex amantes de Karla o quanto a mulher  "fodia bem". Se sentiu usada e constrangida e era por isso que se mantinha firme, decidida e calada desde 15 de maio de 2023.

:. Sou eu, a Keana.

Óbvio que era ela. A memória de Lauren sempre foi muito boa, onde até os dias de hoje se gaba das gincanas de memorização que ganhou no Ensino Fundamental e Médio. Ela jamais iria esquecer da voz de Keana. Não após ficar dias, semanas, meses com aquelas falas específicas da mulher rodeando sua mente, fazendo-a se martirizar o quão idiota foi. 

:. O que você quer?

Hoje era quarta-feira, porém na última segunda já havia recebido uma ligação de Sanchéz, motorista particular de uma pessoa ao qual não estava podendo ou querendo mencionar o nome, tentando lhe explicar sobre algo referente a traição. Seu espanhol já não era o dos melhores, então Lauren desligou a ligação na cara do senhor ao constatar que este estava tentando safar a barra da carioca ao ligá-la para explicar algo que ele sequer estava envolvido. Inadmissível. Pensava.

:. Eu estou sabendo do que aconteceu entre você e a Camila, queria falar que ela anda muito abalada desde que vocês duas... érr.. se separaram. Ela nunca te traiu, Lauren.

"Diz agora que eu só estive com ela e com mais ninguém. Que eu só gosto dela"

:. Ah, jura? — Jauregui ouvia a frase sendo sussurrada ao fundo da ligação. Achava patético as tentativas, dado que já estava decidida. Em sua mente, isto até poderia ser considerado cômico, senão fosse tarde demais. — :. Me conte, Keana.

Escorou a barriga na quina da bancada, se "divertindo" ao ter aquela conversa com a pessoa que a alertou desde o inicio sobre a sem vergonhice da jurada. 

:. Sim, Lauren, ela nunca te traiu.

Lauren acreditava mais ou menos nessa afirmação. Era difícil não se sentir usada ou traída quando a mulher que você se deitava e amava mentiu até o último instante sobre você ser a primeira mulher que ela transou.

Observava-se então que o silêncio de Jauregui não era nem pela suposta traição que avistou no hall do hotel argentino, era pelas mentiras compulsivas da jurada carioca e isso Lauren jamais conseguiria mudar.

:. E por que está me ligando agora, a este horário, sendo que eu sequer lhe passei número algum para contato? — mataria a assessora na unha. Se havia uma coisa que pessoa alguma seria capaz de lhe tirar, era o caráter e a dignidade. Lauren não ia abaixar a cabeça agora. — E faz o favor, fala pra essa cretina ter vergonha na cara, porque eu não vou falar com ela! Peça AGORA para ela parar de pedir para terceiros me ligarem porque a minha resposta ela já tem! Passar bem!

Encerrou a ligação, voltando a sua rotina normal após perceber que a comida estava quente e pronta para consumo.

Do outro lado, após desligar a chamada que se mantinha o tempo inteiro em viva-voz:

— Pelo menos dessa vez ela me chamou de cretina, e não de desgraçada, puta, arrombada e outras nomes... Temos um avanço, né, Keh... — Duarte comentou em tom sátiro, negando a cabeça ao se jogar de costas no grande sofá de sua sala. Estavam em São Paulo, Alphaville. — Eu falei que você não precisava falar das outras mulheres. Semana que vem peço para a Dinah lig-

— Não adianta, Camila, ela não quer falar com você. Desista e espere até o dia do programa.

— Sei que só vamos nos falar no dia do Pintch, mas eu estou mostrando para ela que me importo. — olhou para as unhas que havia feito minutos atrás no salão de uma grande amiga e reparou em como elas estavam lindas. Em contraparte, não deu a mínima para a opinião de Keana.

— Você está importunando a mulher, Camila, isso sim.

— Importunando? — rapidamente seus olhos concedendo a devida atenção a outra mulher — Eu? — colocou a mão no peito, ofendida com o que acabara de ouvir. — Pois fique sabendo que eu sou Karla Duarte, é sempre uma honra ter uma ligação minha no telefone.

— Oh, claro.

— E ela também precisa saber que eu me importo. Estou mandando toda semana os bombonzinhos que ela gosta, que tipo de importunação é essa, Keana, me  diga?

Para fazê-la ficar boquiaberta, a fofoca deveria ser boa, edificante. Logo, Keana ficou não acreditou no que ouviu.

Sabia que Duarte era apaixonada por aquela paulista, mas antes disso achara que era apenas uma obsessão e até por isso fizera o que bem fez meses atrás. Assim como muitos outros, certamente jamais imaginou que esta mulher um dia seria capaz de amar e bem tratar alguém.

— Ela não me pareceu gostar da ligação. — pegou a bolsa que estava em cima da mesinha. Tinha ficado até este horário apenas para realizar o plano maluco que a mais velha a atormentou a tarde inteira para fazer. 

— Óbvio que não gostou, você não falou nada do que pedi, além de que usou um tom super indiferente de voz para falar com a minha princesa... — pegava no celular, procurando saber se Lauren havia visto seus stories que tinha postado no restaurante mais cedo. Todos os dias buscava pela paulista em sua rede social. — Dinah fará direito, diferente de você, que fez com má vontade. 

— Você vai assustar ela se continuar pedindo para os seus amigos ligar para explicar um erro que na verdade é seu.  — rolou os olhos ao que se encaminhava em direção da porta de saída.

Camila novamente fingiu que não estava lhe ouvindo, farta dos sermões.

Keana parecia não compreender que ela já tinha ligado de não sei quantos números para a outra e em nenhuma delas fora atendida. Era Jauregui ouvir sua voz para encerrar a ligação. A ansiedade em vê-la novamente ou em pelo menos ter a chance de poder se explicar estava lhe consumindo desde o dia 15.

— Eu sei o que estou fazendo, ok? Me deixa em paz.

— Claro que sabe.

— Eu sei sim! — disse mais alto, para Keana ouvir antes de abrir e bater a porta ao deixar sua residência. — Vou arrumar essa situação.

— Então comece parando de mentir.

Disse também se referindo a surpresa que estava preparando para uma convidada de honra.

— Não sei do que você está falando. — e mais uma vez fez-se de desentendida, praticando aquilo que era especialista: seguir o rumo da conversa, sem se importar com aquilo que estavam falando.

"Au! Au!"

Keana parou antes de sair pela porta  para virar-se de calcanhar e observar Duarte, que se encolhia atrás do telefone, como se aqueles latidos não fossem com ela. 

— Fale isso para o seu novo cachorro, Camila.

Um Golden.

Camila alugou um cachorro devido à visita que recebeu de Allysson e seu esposo nesta manhã. Não sabia se viriam apenas hoje, ou se voltariam a frequentar seu sobrado até o próximo final de semana. Para não restar dúvidas, alugou-o por uma semana.

— Adeus.

O cachorro, fruto de sua mentira que havia feito há quatro meses atrás, estava latindo animadamente no amplo quintal do luxuoso sobrado de Karla Duarte em Alphaville.

— Tchau! Vai embora logo!

O quintal é um verdadeiro paraíso para o cão, com áreas gramadas perfeitamente aparadas e canteiros de flores coloridas que exalam fragrâncias adocicadas. O cachorro parecia completamente à vontade e feliz em seu ambiente de vida luxuoso. Não podíamos falar a mesma coisa de sua "dona", que além de não gostar de cuidar de animais de estimação, não estava conseguindo se concentrar enquanto o ouvia latir do lado externo.

Camila enchendo o pote de ração do cãozinho à medida que pedia para ele ficar em silêncio, o colocando para dentro de casa assim que Keana saiu.

Subiu as escadas, pois de meia em meia hora precisava visitar seu guarda-roupa, checando se tudo estava nos conformes.

Ah, o guarda-roupa...

Ali guardava o traje que usaria no dia 05 de agosto, mais conhecido como amanhã a tarde. Camila alisava aquele vestido. Tocava o tecido como se houvesse magia no gesto. Ela sabia que a cor preta com cabimento inxuto de comprimento longo iria valorizar suas curvas. Estava se preparando para vê-la, louca para ser notada. Pele, maquiagem, unhas. Estava tão ansiosa por isso, que até descolorir algumas mechas do cabelo para se mostrar mais jovial, sexy, Karla o fez. Foram mais de vinte e cinco dias apenas de preparo pensando no reencontro.

Porém, nem só de aparência vive um tubarão, não é mesmo?

Os jurados do Shark Tank, também conhecidos como "tubarões" ou "sharks", geralmente não têm contato prévio com os empreendedores antes do programa. O formato do Shark Tank é projetado para tornar as interações entre os tubarões e os empreendedores o mais espontâneas e autênticas possível. Para tanto, Duarte deveria encenar. Deveria jogar suas apostas, flertes, sem que nenhum dos outros jurados desconfiasse de sua intimidade com a participante, dado que ninguém da produção tinha se recordado do evento de Ferrari.

Os empreendedores que participam do programa são selecionados por meio de um processo de seleção rigoroso e passam por uma triagem antes de chegarem ao palco para fazerem suas apresentações. Durante a gravação do programa, os empreendedores entram na sala e fazem suas propostas de negócio aos tubarões sem que estes tenham conhecimento prévio sobre as empresas ou os empreendedores em questão, visando simular as verdadeiras negociações de investimentos, onde os investidores precisam tomar decisões rápidas e baseadas nas informações fornecidas durante a apresentação.

Isso cria um ambiente desafiador e emocionante para os empreendedores, que têm a oportunidade de conquistar o interesse e o apoio financeiro de um ou mais tubarões.

Mas não para Lauren.

Não haveria disputa porque para haver concorrência teria que ocorrer ofertas acirradas e isso certamente a carioca não permitiria que acontecesse.

Suas propostas já estavam muito bem encaminhadas antes mesmo do discurso ser proferido por Lauren. Tiraria rapidamente os outros jurados de cena ao oferecer sempre o dobro do que pediam. Estava confiante de que o pintch seria dela. Tinha que ser.

Ou então ela não se chamava Karla Camila Cabello Duarte.

Dia 05 de agosto de 2023.

O seu despertador tocou sem necessidades, afinal, não tinha conseguido dormir a noite inteira pensando tão ansiosa em tudo que faria na tarde de hoje.

Era sabádo e ninguém tiraria o sorriso do rosto daquela carioca. Ouvia Jorge e Mateus no que se aprontava após tomar o café da manhã, cheia de confiança. Contratou uma babá para cuidar de "Money", o Golden alugado. O nome partiu de duas iniciativas: a primeira, porque custara cerca de dezoito mil reais alugá-lo por uma semana; a segunda, porque não gostava de latidos e bagunça, mas adorava desde pequena dinheiro.

Camila partiu horas mais cedo que o comum para os estúdios da Sony Channel, localizado em São Paulo. Lá, encontrou seus bons e velhos colegas de trabalho. Todos muito elegantes, repletos de expectativa para essa oitava edição do programa.

Correu direto para seu camarim, pedindo à maquiadora e já colega, Aline, para caprichar, visto que usaria um vestido de gala neste episódio e sua maquiagem deveria obrigatoriamente estar em conformidade com aquilo que esperava causar em outras pessoas.

Nos bastidores de Shark Tank Brasil, há um espaço designado como camarim para os empreendedores participantes se prepararem antes de fazerem suas apresentações aos tubarões. Esse camarim é um ambiente reservado onde os empreendedores podem se reunir, revisar seus pitches, ensaiar suas apresentações e também relaxar antes de enfrentarem os tubarões. Além disso, é um espaço onde os participantes podem receber as últimas orientações da produção do programa e tirar eventuais dúvidas antes de fazerem suas apresentações.

É importante ressaltar que o camarim é um ambiente restrito apenas aos participantes do programa e à equipe de produção, garantindo que as informações confidenciais das apresentações e negociações sejam mantidas em sigilo até o momento da gravação e exibição do episódio.

Os jurados não poderiam entrar neste espaço antes dos pintches. Mas nenhuma regra mencionara o nome dos assessores, não é mesmo? Para tanto, Duarte convocou sua assessora pessoal, Keana Marie, e a fez levar às escondidas um pequeno e delicado buquê de rosas no camarim que por direito deveria ser o de Lauren e Thiago. Queria ser a primeira a lhe dar as boas vindas e para isso comprou um buquê de Astromélias, simbolizando a saudade que sentia da presença e companhia de Lauren em sua vida. Torcia os dedos para Jauregui se lembrar que era ela, e mais ninguém, que a presenteava sempre com um buquê repleto de significados.

— Fofos... — Thiago pegou o buquê com as duas mãos, cheirou as flores e depois as devolvou para o lugar anterior, à mesinha de penteadeira. — Muito fofos. — Suas mãos tremiam e seu coração bombeava forte.

Costumava gaguejar quando falava em público ainda que tivesse se preparado para a apresentação há meses. E por conta disso, havia deixado o trabalho da explicação do pintch para sua sócia, que o treinava sem parar desde que chegaram no camarim, sem notar o presente que haviam deixado para ela.

Thiago e Lauren devidamente uniformizados, estampando na camiseta btanca com gola e com o logo da Blissful Spa. Lauren de cabelos presos em um rabo de cavalo, calça jeans e sapatilha. Estava suando frio desde que se dera conta de onde estava e da relevância que este lugar possuía ao mundo dos negócios.

— Preciso de um copo de água. — disse após esquecer-se do valuation de sua própria empresa. O nervoso custava consumir seu bem mais admirável: a memorização.

— Calma, amiga, não é como se fossemos pedir aquele valor inicial.

Oh, o valor inicial.

O valor que, antes de Lauren conhecer Camila e frequentar o evento de Ferrari, beirava perto dos um milhão e duzentos mil reais.

Em dois meses desde aquele evento em que Karla Duarte lhe arrumou alguns contatos importantes, tinha conseguido aumentar exponencialmente suas receitas.

Em agosto, já tinha aberto horizontes com seus novos investidores. A título de exemplo, inaugurou cerca de dois Spas em São Paulo, motivo este que a fazia nunca se esbarrar com a carioca das vezes que a jurada frequentou a sede, na Consolação.

Quando por ventura Camila estava no spa da Consolação, Lauren e Thiago estavam gerenciando outro, em Pinheiros.

Então, se antes seu discurso era de um Spa carente de investimento, de que precisava de reconhecimento no mercado, hoje Jauregui e Thiago já conseguiam apresentar uma série de diferenciais.

Lauren tratou com cuidado os contatos que Camila lhe arranjou naquela noite. Os cativou com sua inteligência e posicionamento, sabendo se portar perante as anomalias do mercado. Ela encaminhou seu Spa ao monopólio da área. Estava recebendo gente importante em seu estabelecimento e se orgulhava de tudo o que tinha conquistado.

Para hoje, iriam pedir R$ 150.000,00 para a bancada dos sharks. Esta proposta era 87,5% inferior a que estavam planejando fazer em janeiro e representava um dos bens mais preciosos que qualquer investidor gostaria de encontrar antes de investir em um negócio: fluxo de caixa positivo e receita marginal crescente.

Um Spa que em termos contábeis e econômicos valia seiscentos mil reais em janeiro, agora beirava a marca dos três milhões e seiscentos mil.

Isso demonstrava que, como gestora, Lauren sabia aplicar seu capital, dado que dos investimentos iniciais captados ao longo de junho, tinha apenas um milhão e setecentos mil.

Até tentou convencer Thiago a desistir do programa, haja visto que não precisavam mais do investimento de R$1.200.000,00, mas o rapaz estava com sede de sucesso, com sangue nos olhos e sabia que poderiam ir mais longe com essa quantia de R$150.000,00 aplicados.

Em janeiro, nem ele e nem Lauren via oportunidade em fisgar algum dos tubarões com seu pintch, mas agora que estavam em agosto, sabia que a proposta seria feita por ele e que muito provavelmente todos os jurados se interessariam em seu Spa.

Lauren perdeu a briga e por isso, agora, estava se preparando para discursar.

— Licença — uma mulher da produção, a mesma que os encaminhou até este camarim, bateu à porta e entrou sem pedir permissão. — Vocês são os próximos, poderiam me acompanhar?

— Pronta, amiga? — Thiago puxou a respiração para só depois pegar na mão de sua sócia. 

— Pronta. — entrelaçou sua mão com a  de seu melhor amigo. Estava nervosa.

Em seguida, colocou a folha de anotações em cima da mesinha que ficava de frente para o espelho da enorme penteadeira com luzes.

Alguns centímetros ao lado, o buquê de astromélias que Duarte havia comprado a ela e que sequer notou. 

Os três deixaram o camarim. 

— Vocês caminharão pelo corredor. As portas principais se abrirão sozinhas e a partir deste momento já possuirão o contato com os jurados. Alguma dúvida?

— O que trouxemos já está montado?

— Sim. Tudo o que trouxeram, já foi montado. Os brindes, a tela da apresentação, tudo já está certinho no palco.

E enquanto andava, Lauren admirava e observava os bastidores de um programa que vinha se preparando há meses. Era engraçado para ela entender que há alguns meses atrás este programa seria sua única solução de aumentar as receitas de seu spa. Estudou tudo sobre o programa Shark Tank e sobre os jurados. Tudo, absolutamente tudo, e portanto se mantinha animada em poder, pela primeira vez, interagir com alguns dos empresários brasileiros que mais admirava.

Mas, afinal, o que era o Shark Tank Brasil? Qual era seu propósito?

Nas palavras mais simples de Jauregui, o Shark Tank Brasil é uma série televisiva que coloca empreendedores frente a frente com investidores experientes, os "tubarões".

O propósito do programa é oferecer aos empreendedores a oportunidade de obter investimento financeiro em troca de participação em suas empresas. É um espaço de aprendizado sobre negócios, estratégia e negociação, inspirando o espírito empreendedor. Também promove o networking e a visibilidade para os empreendedores, mesmo que não fechem um acordo. Em resumo, o Shark Tank Brasil é um ambiente desafiador e empolgante onde sonhos de negócios se encontram com investidores dispostos a apostar em ideias inovadoras.

Lauren e Thiago sabiam que para se tornarem interessantes aos tubarões, antes precisariam praticar o propósito de sua marca.

Em primeiro lugar, sabiam que as pessoas não comprariam produtos, comprariam ideias. Portanto, antes de construir a marca, eles pensaram se o Spa seria um Spa de uso da classe média alta ou para a classe média baixa. "O que prezavam mais? Quais eram seus valores?". E ao responder todas essas e muitas outras perguntas, eles criaram um propósito e o Blissful Spa nascia. 

— Já é nosso, Lo. — disse Thiago, coçando uma mão na outra logo após ter puxado sua amiga para um abraço.

— Já é nosso... isso. — a mulher respondeu um tanto temerosa ao finalmente dar-se conta de quem ia encontrar naquele palco.

Em segundo lugar e também muito importante para o pintch com os sharks, os dois conheciam o mercado que estavam competindo. Antes de abrirem seu primeiro Spa na Consolação, estudaram os antigos ofertantes do mesmo serviço e encontraram alguns pontos que poderiam atuar com maior eficiência no ramo de massoterapia. Em seguida, criaram um diferencial, demostraram-se melhores seja pela forma que o serviço foi disponibilizado, seja pelo preço inferior pago pelos clientes por uma massagem idêntica que receberiam na concorrente.

Não o bastante, eles calcularam o valor financeiro do negócio. Tinham no papel todos os custos previstos não só para a abertura da empresa, bem como para ela se manter aberta nos próximos 5 anos, o que incluiu os custos de abertura da empresa, contratação de colaboradores e aquisição de propriedades e insumos. Logo, esse valor de reserva criado por Thiago e Lauren no começo, possibilitou maior tranquilidade durante a pandemia do Covid-19, momento em que precisaram fechar as portas dado a instabilidade sanitária inserida. 

Graças a margem de erro e imprevistos calculada, não precisaram demitir ninguém e usaram uma parte da renda para lançar conteúdo sobre o Spa nas redes sociais. 

— Quando quiserem, pessoal. — a jovem assistente de produção orientou em um sussurro. As luzes do palco onde se daria o pintch estavam apagadas e a porta de onde entrariam, fechada. Lauren respirou fundo. — O estúdio é de vocês.

Eles sabiam também que a resiliência fazia parte do DNA empreendedor. Lauren, especificamente após estudar a história de cada um dos jurados, sabia que, antes de fazer sucesso com a Chilli Beans, o tubarão Caito Maia falhou com a Blue Velvet. Gostava de se espelhar em histórias assim, pois aprendia a não cometer os mesmos erros e seguir por um caminho diferente.

— Vamos nessa, Thiago. — novamente tomou uma respiração. — Agora é com a gente.

E não menos importante...

Eles dois sabiam negociar.

As enormes portas que davam acesso ao palco principal se abriram. Era um trabalho difícil, mas eles pararam assim que pronto, tentando não se deixar intimidar ao ficar frente a frente com algumas das cinco pessoas mais influentes deste país.

— Olá, Sharks. 

É preciso saber argumentar para empreender. Você precisa negociar com clientes, desenvolver seu relacionamento com fornecedores e fechar parcerias lucrativas.

Não obstante, era negociando que se ganharia bons investidores como os do Shark Tank Brasil.

— Eu me chamo Michelle e este é o meu sócio e melhor amigo, Thiago. 

Seu peito apertava e fazia de tudo para não mirar a jurada carioca. Para não se perder nas próprias palavras, encontrou três pontos fixos onde revezava o local que deveria olhar.

Thiago estava ao seu lado, com as mãos para trás, também muito ansioso.

— Somos os fundadores do Blissful Spa, um oásis de beleza e bem-estar localizado no coração de São Paulo. Estou aqui hoje em busca de um investimento de R$ 150.000,00 em troca de 3% da participação no nosso negócio.

Com exceção de apenas uma jurada, os demais anotaram o valor da proposta de Lauren em suas cadernetas.

Costumavam fazer isso para comparar se o percentual concedido fazia jus ao valor de R$150.000 e a tudo que poderiam agregar no negócio.

— O Blissful Spa é uma verdadeira escapada da agitação da cidade, oferecendo serviços premium de estética e relaxamento. — Thiago ia passando os slides da apresentação enquanto sua colega falava. — Nosso espaço é um refúgio sofisticado e tranquilo, cuidadosamente projetado para proporcionar uma experiência única aos nossos clientes.

Duarte, que geralmente mantinha-se sempre atenta ao pintch, sobretudo gostava de propor uma reproposta mediante ao valor que sua pessoa agregava na companhia, desta vez não estava prestando muita atenção no que a sócia dizia.

Em outras palavras, estava admirando a empreendora a frente. E admirar... admirar Lauren era tudo o que menos fez ao longo desses dois meses devido a distância, por isso sua fome em tomar aquele momento para si. Cortejava e exaltava em silêncio a mulher de postura confiante, empreendedora, que discursava bem a sua frente. Olhava em todos os olhos, menos no seu, que justamente era o mais orgulhoso e surpreso de todo o estúdio.

— Oferecemos uma variedade de tratamentos exclusivos, desde massagens terapêuticas até tratamentos faciais de última geração, utilizando tecnologias inovadoras. Além disso, trabalhamos com produtos naturais e sustentáveis, alinhando nossos valores ao bem-estar dos nossos clientes e do meio ambiente.

Duarte vibrava por dentro pelo simples fato da Lauren, a mulher que amava, estar apresentando a empresa com tamanha propriedade. Não sabia se era pela saudade, ou pela expertise que Lauren inseriu nas palavras, fato era que estava orgulhosa e queria levar aquele investimento, independente do valor apresentado por Lauren.

— O mercado de beleza e bem-estar em São Paulo é próspero e estamos estrategicamente localizados em uma área de grande movimento, atraindo uma clientela fiel e diversificada. Nosso crescimento tem sido constante ao longo dos últimos três anos, alcançando uma média de 20% ao ano e 300% nos últimos dois meses.

Os olhos de todos os tubarões presentes saltaram. Olharam uns aos outros, desconfiados de terem escutado o percentual errado para um segmento que, em síntese, não deveria apresentar tamanha faixa de crescimento.

— Com o investimento que procuramos, pretendemos aprimorar ainda mais a experiência dos nossos clientes. Planejamos investir em novos equipamentos e tecnologias, além de expandir nossa equipe de profissionais altamente qualificados.

Camila estava afoita na poltrona. Enquanto todos os Sharks anotavam os pontos apresentados por Lauren, ela não sabia se cruzava as pernas, se apertava as próprias coxas, visivelmente mexida pela presença tão imponente daquela mulher que uma vez a enfeitiçou em um evento no Alphaville.

— Tubarões, convido vocês a fazerem parte dessa jornada conosco e a aproveitar a oportunidade de investir em um negócio promissor e com grande potencial de crescimento. Estou pronta para responder a todas as suas perguntas e espero que juntos possamos levar o Blissful Spa ao próximo nível. Obrigada pela atenção.

— Trouxemos presentes. — Thiago lembrou-a, pegando as pequenas caixas embaladas que estavam enfileiradas ao lado da tela de apresentação.

— Oba... — Carol foi quem comemorou.

Os representantes do Spa sabiam que os tubarões adoravam ser presenteados antes de aceitarem o pintch. Ademais, era uma regra básica da persuasão envolvendo a negociação, mais conhecida como a regra da reciprocidade.

Thiago era quem seria o responsável a entregar os presentes aos cinco jurados, mas naquele momento em que obtinha a atenção das cinco pessoas mais importantes que já cruzou na vida, o jovem rapaz travou.

Olhou imediatamente para Lauren e não a viu contestar quando o próprio lhe entregou os pacotes de presentes, pedindo em gesto silencioso que ela, e mais ninguém, levasse os presentes até as mãos dos jurados.

Posteriormente, Lauren se direcionou na região oposta da de Duarte, que em nenhum momento desviou o seu olhar. Entregou os brindes primeiro a Caito, depois para Carol, João Apolinário e, por fim, ao Semezato até voltar ao seu lugar.

— Não está se esquecendo de alguém não?

Perguntou aquela que estava com a língua coçando dentro da boca desde que a de olhos verdes adentrou o estúdio.

— Eita, esqueceram da Duarte. — brincou Caito. Piadas e alfinetadas entre os Sharks era algo comum de se observar durante os episódios.

Então os colegas jurados caíram na maior gargalhada, pois a paulista de braços tatuados definitivamente tinha entregado os quatro presentes e voltado a região principal do palco assim que pronto.

Voltou com a caixa de Camila em mãos.

— Você é sempre a primeira a receber as coisas, Kah. As vezes faz parte ser esquecida também. — Carol comentou com muito bom humor ao que abria a caixa de presentes.

Haviam velas aromáticas, óleo corporal, um kit de skincare, além de um par de ingressos para uma sessão gratuita em um de seus estabelecimentos espalhados por São Paulo.

— Ela não me esqueceu. — respondeu toda confiante, sustentando a postura que por sinal era a que mais desestabilizava e mexia com Lauren. — Foi apenas um descuido. — frizou a frase como quem estivesse certa do que falava, onde em seguida umedeceu o lábio inferior, pois, após meses, finalmente os olhos verdes estavam pairando sobre ela outra vez e... novamente a hipnotizando. Que mulher linda, eu amo tanto o jeito que ela me deixa apenas me encarando de volta! Era tudo que Duarte pensava enquanto sorria para Lauren, trocando olhares repleto de significados, tentando puxar conversa. 

— Me desculpe. — Lauren entregou o pacote a Thiago, sinalizando que era ele quem deveria ir até a jurada dar o presente. — Foi um descuido mesmo.

Do outro lado, Camila não gostou do gesto de Lauren. não bastava evitá-la na frente dos outros jurados e agora iria se recusar a entregar o presente?

Não iria deixar barato.

— Até porque eu sou inesquecível, não é mesmo, Srta...?

E por conta disso, teve a coragem de perguntar o sobrenome de Lauren  mirando exclusivamente os olhos verdes.

Por sua vez, Jauregui se segurou para não rolar os olhos. Não era possível que estava tendo que ouvir uma lorota daquelas. Pensava.

— Michelle. Michelle Jauregui. — respondeu em tom educado, porém um pouco sério, até mesmo áspero.

— Pois bem, Srta. Jauregui.

Posteriomente, Camila sorriu cortez para a empreendedora. Sabia o que tinha causado na mais nova naquele momento e não se arrependia de tê-lo feito após Lauren a ignorar.

Perguntar o sobrenome? Logo ela que passava 23 das 24 horas de seu dia lembrando da mulher de braços tatuados e piercing? Era muita cara de pau mesmo.

Lauren se recusou a levar o presente de Camila até a própria, atribuindo esta função a Thiago, que mesmo travado, com as penas tremendo ao que morria de ansiedade ali na frente, precisou respirar fundo e ir até a shark, entregando-lhe o brinde.

— Adorei o presente. — Duarte comentou quando abriu a tampa da caixa. — Obrigada.

— Qual é a visão e perspectiva do Spa de vocês? — Semezato, homem reconhecido, experiente e renomeado no mercado de beleza feminina, indagou os empreendedores minutos após o ocorrido.

— Nossa visão é tornar o Blissful Spa uma referência no mercado de estética e bem-estar em São Paulo, oferecendo um serviço de excelência e proporcionando momentos únicos de relaxamento e autoestima para nossos clientes. — Lauren respondeu na lata, aparentemente recuperada da tensão anterior. — Pretendemos gerir bem esses dois estabelecimentos que acabamos de abrir, além de instalar mais alguns em outras regiões do país.

— Qual é o ticket médio da empresa?

Ticket médio representava o valor que cada cliente atribuiu a sua receita.

— Nosso ticket médio hoje é de R$5.500 por cliente.

Os jurados anotaram no caderno com certo entusiasmo essa informação.

— Vem cá, eu tenho a impressão de que já frequentei o seu Spa... — após alguns segundos em silêncio, Carol Paiffer não se aguentou e de imediato mirou  Camila. — Não fomos, Kah?

— Não estou lembrada. — a carioca respondeu no que seu olhar permanecia somnte e apenas em Lauren. — Acho que sim.

— Já nos vimos antes, eu tenho certeza. Vocês se recordam, Thiago e Michelle? — dessa vez sua pergunta foi direcionada aos empreendedores — Não é possível. Eu não estou louca.

— Sim, senhora. — o melhor amigo de Lauren respondeu.

— Ótimo. Eu me lembro. Gostei bastante do serviço que prestaram e fico feliz em vê-los crescer tão prontamente em questão de meses.

— Obrigada, Carol. – Lauren disse.

— Obrigada, Carol. — Thiago também comentou, com delay de alguns segundos.

— Bom, agora vamos para o que interessa. — Carol colocou a caixa de presentes ao lado da mesinha que geralmente ficava perto da poltrona que estava sentada. — Vocês falaram do ticket médio, agora eu queria saber quantos clientes vocês possuem atualmente. — perguntou.

— Entre 100 e 90 pessoas.

— Quantos estabelecimentos para esse total? — a jurada prosseguiu interessada.

— 3.

Ainda estava digerindo o fato de não ter ganhado o presente por livre e espontânea vontade da mulher de olhos verdes quando ouviu os números.

Assim, Camila, finalmente pareceu ser acertada por algo que jamais cogitaria.

O negócio de Lauren estava bem encaminhado e o dinheiro não lhe era mais um problema.

Constatar aquilo apenas despertou ainda mais a ansiedade de Camila pela vitória, uma vez que suas chances de pegar o investimento tinham se encolhido após Semezato melhor se encaixar nas condições propostas por Jauregui.

Agora ela tinha dois problemas e nenhuma solução.

— Um na Consolação, que é a nossa sede, e outros dois que abrimos recentemente. Um em Alphaville e outro em Pinheiros.

— Apenas em bairros nobres. — Carol chegou a conclusão, anotando em sua caderneta.

— Sim, o valor do nosso serviço não se inclui em outra categoria.

— Interessante.

— Cof, cof!

Camila tossiu com punho na boca, indignada por estar sendo ignorada desde que a outra adentrou o set.

Não era possível que Lauren não iria reparar no look, penteado, unhas ou até mesmo nas astromélias que ela lhe comprou com tamanho carinho.

— Tudo bem por aí, Kah? — Carol questionou mirando a amiga.

Ela sabia que não precisava de muito para obter aquilo que desejava, até porque qualquer migalha de atenção que conseguisse por parte da mulher de olhos verdes, Camila conseguiria inverter o jogo. Tinha ciência do efeito que possuía sobre o corpo de Lauren até o dia 15 de maio e usaria isso ao seu favor.

— Oh, minha garganta está um pouco seca. — e mesmo após tossir, não recebeu a devida atenção da pessoa ao qual ansiava. Da próxima vez cogitava que iria estampar uma cartaz bem grandão escrito com letras garrafais: "Lauren, me perdoa e volta pra mim. Eu te amo, quero falar com você e estou morrendo de saudades de beijar a sua boca". Quem sabe assim não conseguiria obter algum resultado, certo? — Prossigam, me desculpe.

— Michelle, vocês mencionaram um fato que me deixou curioso.

Lauren assentiu com a cabeça à Apolinário, que puxou a conversa para si logo após Carol entrar num ponto que era de seu interesse.

— Tiveram um crescimento exponencial de 300% em dois meses. O que motivou este fato?

— Investidores. Recentemente, em maio, distribuímos cerca de 30% da nossa empresa a três empresários que aplicaram o capital. E com o dinheiro, abrimos esses dois estabelecimentos que até o momento tem gerado retorno.

Nem uma olhadinha pra mim, sua bandida ordinária? Eu pintei as mechas do meu cabelo por você! Para você! E você nem me direcionar um olhar, me direcionou?!

Camila era quem se intrigava enquanto era ignorada com sucesso pela outra mulher. Não conseguia parar quieta na poltrona devido a tamanho incômodo.

— O fluxo de caixa está positivo? — Semezato prosseguiu. Estava muito interessado na proposta de Lauren, dado a especialidade que tinha no segmento e as boas informações que Lauren Jauregui estava lhe passando.

— Totalmente positivo.

Olha pra mim. Olha uma vez aqui pra mim, Lauren!

Gritava em pensamentos.

— Qual é a receita líquida de vocês? — João Apolinário acrescentou em uma pergunta.

Receita líquida é tudo aquilo que restou após o abatimento dos impostos, depreciação, custos econômicos, fixos e variáveis. Era o lucro ou prejuízo real daquela operação.

— Nestes últimos dois meses, entre $80.000,00 a R$90.000,00. Mas eu e Thiago estamos revestindo toda a margem. Optamos por retirar apenas o essencial as nossas necessidades pessoais, um valor entre R$7.000,00 para cada, e reinvestir o restante do lucro.

Ah, ela quase me olhou! Foi por muiiiitooo pouco! A próxima é certeza, ela vai olhar pra mim, vou até preparar o meu carão!

Camila fazendo semblante de jurada difícil, decidida. Tinha certeza que seria notada dessa vez.

— Perfeito, obrigado.

Lauren sorrira para João, pois nem nos seus melhores sonhos imaginou receber um "Obrigado" do dono da Polishop. Em seguida, encarou o jurado Caito, que lhe chamou para uma discussão.

Após o round de perguntas, a sala do Shark Tank se encontrou repleta de tensão enquanto os tubarões avaliavam a proposta do Blissful Spa, debatendo os demonstrativos de resultados e os planos futuro da dupla para o estabelecimento.

Após essa extensa conversa, onde a Shark Duarte se manteve em silêncio por todo o instante, procurando por atenção, as propostas dos jurados começaram a aparecer.

— Gente, a Duarte está quieta hoje, vocês não acham?  — mas antes disso, Semezato tratou de provocar a colega ao lado, haja visto que a carioca costumava ser sua maior rival durante as melhores disputas. E até o momento, o Spa de Lauren e Thiago parecia extremamente promissor aos olhos dos investidores. Todos estavam com caderno e calculadora na mão, prontos para iniciar as ofertas.

— Ela deve que ficou chateada por não ter ganhado o presente de primeira. — Carol brincou com o ego de sua amiga assim como costumava fazer em todas as outras temporadas.

— Não tenho nada a questionar. O negócio deles dois me parece sólido e suficientemente bem gerenciado. — mirava Lauren, apenas ela desde que entrou. — Estou apenas esperando os senhores terminarem de encher linguiça para fazer a minha proposta.

— Então faz a sua proposta, Karla. — Caito a atiçou com um sorriso no rosto. Adorava quando Camila quebrava as regras, deixando os nervos a flor da pele tomar conta.

— Quer que eu faça a minha proposta? — perguntou em tom sátiro, notando o interesse do tubarão no pintch de sua mulher.

— Vamos lá. — o homem respondeu. — Vamos ver se estamos pensando igual.

— Ótimo, então eu vou fazer a minha proposta. — umedeceu o lábio inferior no que os demais jurados e empreendedores a observavam. Lauren finalmente estava olhando para ela, receosa por sua vez.  — Eu tenho uma proposta para vocês dois, Srta. Jauregui e Thiago.

Semezato escutava Karla de orelhas em pé. O seu segmento se baseava no mercado de beleza. Queria aquele pintch e estava disposto a sair perdendo, nem que fosse nesse primeiro round, se fosse preciso tomá-lo das mãos de Karla ou Caito.

— Eu realmente gostei da  apresentação. Vejo um potencial promissor no Blissful Spa e acredito que podemos levar esse negócio para um novo patamar. Ofereço R$ 150.000 em troca dos mesmos 3% de participação no seu spa.

No seu Spa.

Seu.

Disse aquilo olhando para Lauren, onde desconsiderou completamente a presença ansiosa de Thiago no estúdio.

— Lauren e Thiago, parabéns pelo trabalho que vocês dois têm feito com o Blissful Spa. Acredito que a marca tem um grande apelo no mercado de beleza, segmento este que estou inserido. Por isso, eu gostaria de fazer uma oferta de R$ 200.000, mas em troca de 15% de participação no seu negócio. Com a minha experiência no setor de beleza, tenho certeza de que podemos expandir ainda mais o alcance do Blissful Spa.

Então Duarte se viu em apuros, até porque há três meses atrás o Spa de Lauren não possuía tamanho capital. Preparou suas propostas com base em oferecer o maior investimento possível, dado que seu segmento não é e jamais será o setor de beleza. Semezato entrar nessa briga apenas pioraria a situação, sobretudo porque era um excelente candidato.

Prosseguiu olhando para Lauren, na tentativa de que assim Jauregui entendesse o que ela estava desesperamente querendo.

— Achei ótimo o negócio, mas após ouvir as outras ofertas, percebo que não tenho as habilidades necessárias para agregar valor ao  negócio de vocês. Por isso, estou fora. — Apolinário veio logo em seguida. Sabia que o Spa seria um bom investimento, porém como Semezato já tinha dado suas cartadas finais, racionalmente falando, ele era o favorito para vencer aquela rodada.

João Apolinário optou por não gastar energias com a disputa.

— Bom, vocês já tem duas boas propostas, então eu também estou me retirando da disputa. — Carol proferiu. — O pintch de vocês é interessante, promissor, mas como sabem, eu estou investindo em outro setor no momento. — Thiago e Lauren assentiram à fala de Carol Paiffer — Serei cliente de vocês e de um de meus amigos que certamente abocanhará esse investimento. Todo o sucesso para vocês no Spa, pessoal.

— Obrigada, Carol. — ambos responderam em uníssono dessa vez.

Lauren trincava o maxilar, ansiosa por uma proposta nos padrões da que trouxera para o programa. Semezato era o jurado que ela e Thiago estavam interessados, porém a proposta mais lúdica, senão a mais justa e coerente até o momento, era a de Camila.

Eles não queriam oferecer maior percentual de sua empresa para não serem diluídos na próxima rodada de investimento, correndo o risco de perder o controle do Spa.

— Eu tenho uma proposta para vocês. — Cruzou as pernas, ciente de que todos ao redor estavam lhe olhando. Caito estava com a palavra naquele instante.

Do outro lado, o coração de Lauren e Thiago sendo medidos pelo frequencímetro.

Ambos deram as mãos enquanto esperavam ansiosos pelo desfecho que  ocasionaria o famoso "boom" da empresa pós episódio.

— Em primeiro lugar, parabéns pelo  trabalho de vocês. Eu gostei muito do que me foi apresentado. No entanto, ouvi vocês conversando que o valuation da empresa hoje é de três milhões e seiscentos mil. Entendo que vocês não queiram ser diluídos em uma próxima rodada, mas o percentual oferecido na proposta de vocês me pegou um pouco. — Lauren o ouvia atentamente à medida que a carioca ia treinando a contraproposta que iria fazer. — Eu quero entrar nessa com vocês, quero crescer esse negócio que aparentemente já está estruturado. Minha experiência de mercado somado aos contatos que possuo pode disponibilizar esse crescimento mais vertiginoso. Minha proposta hoje, para entrar no time, é de $250.000,00 por 17% da empresa.

Na sala do Shark Tank, a energia está tensa após os tubarões Carol e Apolinário desistirem da oferta do Blissful Spa. Lauren, a empreendedora até então confiante, sente a pressão enquanto Caito, Semezato e Karla Duarte disputam para conquistar o negócio.

Especificamente quando apenas a proposta de Camila se fazia atraente em níveis de % pela empresa.

— Eu quero reajustar a minha proposta. — Semezato entrou no jogo antes de Camila, o que a fez mirar o homem mais velho completamente assustada. — Dinheiro não vai ser problema para mim. Eu acredito que podemos fazer grandes negócios juntos, Lauren e Thiago. Ofereço R$ 350.000 em troca de 15% de participação no Blissful Spa.

— Aí você já está de brincadeira comigo, né, Semezato. — Caito caçoou, rindo. — Poh, meu... não dá assim.

— Reajuste a sua proposta se achou ruim e entra de vez na disputa, meu amigo. — rebateu.

— Eu quero fazer uma contraproposta. — Camila cruzou as pernas para o outro lado, desta vez mirando os colegas da bancada, especificamente Caito e Semezato. — Eu qu-

— Já é sacanagem isso aí. — Caito reclamou em falso tom de mau humor.

— Deixa ela falar, pessoal. — Carol pediu.

— Vai sair de graça assim?  — Caito novamente interrompeu.

— Eu posso falar? — perguntou e então Caito fez em gesto de concordância com a cabeça — Acho que o Blissful Spa tem um grande potencial, e eu posso oferecer ainda mais do que os meus amigos aqui. — tomou um instante para direcionar os olhos castanhos até o olhar indecifrável de Lauren. — Eu gosto de trabalhar com mulheres fortes, decididas e inteligentes. Michelle, acredito que eu e você temos tudo a ver. Ofereço os mesmos R$ 350.000, mas em troca de apenas 10% de participação no seu negócio.

— Jogou baixo... — Semezato sorriu de canto. Estava incrédulo com a proposta de percentual baixo que a jurada ao lado colocou. — Boa.

— A Karla hoje veio pra brincar, pessoal. — Apolinário comentou entre sorrisos para seu colega ao lado, Semezato.

— Agora ela leva. — Semezato respondeu também entre sussurros. — Vai sair no prejuízo, mas leva.

— É, mas o Caito 'tá com sangue nos olhos. Ele vai contra-atacar com certeza. — disse a querida e inteligentíssima jurada palmeirense, Carol Paiffer.

— Vocês dois estão impossíveis hoje. — Caito negou a cabeça no que cruzava os braços, indignado com a defensiva da carioca para com a proposta. — 'Tá quase de graça essa proposta, com uma média de retorno de quantos anos...? Aí não dá, né, Duarte. Vem pro jogo. Você também, Semezato. Eu quero ver uma disputa séria aqui neste palco.

— Já disse. — pontuou certeira. — R$350.000,00 por 10% do negócio mais algumas condições de posicionamento estratégico de marca que tenho que ajustar com os dois.

Lauren olhou para Thiago, que rapidamente também olhou para Lauren, sem saber o que fazer.

— Querem jogar? — Caito bateu o pé direito no chão.

— Opa, manda bala meu querido. — Camila ironizou sem esboçar um sorrisinho.

— R$ 500.000,00 por 20% da empresa e sem condições, ok? Para fecharmos agora.

— 20% é um valor alto, Caito. — Duarte retrucou. — Você tem certeza de que pode agregar tanto valor assim ao Blissful Spa? — e contra atacou ao se sentir intimidada. A jurada carioca queria virar o jogo, e o que melhor que isso senão causando o beneficio da dúvida em Thiago e Jauregui?

— Absolutamente. — Caito respondeu determinado. — Minha experiência no setor de beleza é pouca, mas tenho conexões que podem levar o Blissful Spa a um patamar ainda mais alto.

Thiago observava a discussão entre os dois tubarões, sentindo-se lisonjeado pela disputa, mas também consciente de que precisaria tomar uma decisão importante.

Se fosse para seguir os propósitos que ele e Lauren estipularam antes de entrarem no set, o mais sensato seria escolher a oferta de Karla Duarte.

— Mas você também precisa considerar que a minha experiência em investimentos e estratégia pode ser a chave para o crescimento do negócio. — Camila retrucou.

— Ela tem razão. — Carol comentou entre sorrisos. Era sempre uma batalha divertida de se acompanhar quando mais de um Shark estava interessado no negócio, pois, dessa forma, as atenções se voltavam exclusivamente aos jurados e as propostas tornariam-se a favor do empreendedor, cada vez mais atrativas e rentáveis.

— Aliás, eu não estou querendo engolir os donos do negócio tomando 20% da empresa. É algo a se pensar, não estou correta, Srta. Jauregui?

— A senhora fala muito bem, Sra. Duarte. Com certeza persuadiria fácil eu e meu colega de trabalho. Gostamos da sua proposta, mas estamos indecisos ainda.

Lauren não se deixou abater, onde respondeu a jurada convencida à altura.

— Ah, a Karla é boa no papo mesmo... convence todo mundo com dois minutos de conversa, porém, neste round, sabemos que quem está para jogo e pode propiciar algo extremamente agregador ao negócio de vocês dois sou eu, e mais ninguém. — após apenas escutar os seus colegas, Semezato entendeu que chegou o seu momento de dar a última palavra.

— Para tudo na vida existe dois lados, basta escutar os dois. Eu, hoje, quero e acredito nesse negócio e estou disposta a perder, inicialmente, no meu percentual pela empresa. Minha proposta se mantém, Thiago e Lauren. A melhor que vocês terão neste programa. Resta agora saber a opinião de vocês.

— Bom, eu acho que-

— E lembrem-se que se o valor for a questão, dinheiro para mim não é problema. — Camila interrompeu a fala de Lauren. — Eu duplico.. eu triplico...

— Ela vai levar, Carol. — Apolinário voltou a cochicar para o lado da jurada. — Quer apostar quantos?

— Vai levar um prejuízo, isso sim. — Carol respondeu sem entender o porquê da decisão de Camila.

— Eu mantenho a minha proposta. — Semezato, o concorrente de linha de frente de Duarte, anunciou.

— Eu também mantenho a minha proposta. — Caito falava olhando para Camila. — Agora, resta saber quem de nós três vocês dois irão escolher.

O estúdio ficou em completo silêncio por alguns segundos após a fala de Caito.

Camila olhando para Lauren.

Thiago fitando Duarte.

Jauregui olhando para tudo e todos, todos menos a jurada carioca.

— Bom, eu... — os olhos de Camila em si. — Eu.. — Caito e Apolinário também. Se sentiu pressionada. — Eu e meu sócio gostaríamos de conversar antes de tomarmos essa decisão. — foi tudo o que conseguiu proferir antes que a falta de ar a impedisse de raciocinar, tomando uma decisão equivocada logo após. A verdade era que estava muito, muito nervosa neste ponto da disputa.

— À vontade. — Camila foi quem lhe respondeu, por sua vez, com um sorriso gentil e tranquilo estampado no rosto. Ela sabia que a sua proposta era de longe a mais vantajosa. — Espero o tempo que for necessário para ganhar o meu "sim".

— Com licença.

Thiago e Lauren deixaram a parte principal do estúdio, voltando ao corredor com piso iluminado que dava acesso a este espaço privado.

Educada, Jauregui pediu para a produção desligar o microfone que usavam, sinalizando que não gostaria que a conversa que teria com seu amigo fosse para o ar, muito menos escutada.

Ela sabia o que o seu amigo queria e precisava fazer alguma coisa antes que fosse tarde demais e Thiago aceitasse a proposta de Duarte por ela.

— Thiago... eu tenho que te falar uma coisa antes de aceitarmos esse pintch. Eu pensei bem e-

— Eu sei, eu sei exatamente o que está pensando, amiga... — gesticulava demasiadamente rápido com as mãos dado o estado de nervoso que se encontrava. — Ela foi um pé no saco no começo, mas a proposta dela é a mais  tentadora dentre as que planejamos. Eu concordo de voltarmos atrás e-

Lauren respirou fundo.

— Thiago, não! — negou mãos e cabeça com aquela ideia horrorosa. — Me escuta, ok? Não podemos ficar com a proposta dela!

O rapaz ficou em silêncio, esperançoso que sua amiga fosse completar a frase, explicando que o que acabara de falar era uma "brincadeira".

— Achei que não quisesse dar mais que 10% no pintch. — a lembrou. — Começamos do menor percentual por causa disso.

— Sim, você está certo, mas não podemos aceitar a proposta dela.

— Lauren, eles não vão reduzir o percentual que pediram. Eles podem aumentar o valor do investimento, mas jamais aceitariam ser diluídos na participação da empresa.

— O Caito talvez aceite... — palpitou mais para lá do que para cá. Não tinha mais certeza de nada a partir daquele ponto.

— Mas não foi isso que combinamos, Lauren. Era ela ou o Semezato, esqueceu?

A morena suspirou, irritada.

— Nos preparamos quase um ano para esse momento, amiga. Por que você quer dar para trás justo agora?

Como iria explicar isso para ele sem que depois ficasse magoado? E por que não contou antes, deixando tudo para o último minuto?

Lauren se martirizava em pensamentos.

— Nosso negócio nunca esteve tão bem posicionado, mas precisamos da expertise da Duarte ou do Semezato. Eles são os que mais agregarão no nosso segmento e você sabe disso. O percentual que a Duarte está oferecendo é inferior a tudo que ela representa de smart money, imagem pessoal e poder de negociação. Nós não podemos esquecer também qu-

— Thiago, não podemos aceitar a porra da proposta dela porque eu já transei com essa infeliz por mais de três meses e agora essa ordinária só está oferecendo essa maldita proposta "dos sonhos" porque me quer de volta!

E explodiu.

Lauren explodiu aquilo que rasgava sua garganta, contou sem gaguejar seu maior segredo, fazendo os olhos do melhor amigo se esbugalharem para fora devido a tamanha novidade.

Thiago à princípio chegou a ficar desequilibrado após ouvir aquilo tudo, precisando buscar suporte no ombro de Lauren, sua sócia.

— Foi por isso que encontrei aqueles empresários, Thiago, e não porque eles me acharam interessante pelo LinkedIn e resolveram me conceder uma oportunidade. — seu suspiro foi de alívio por finalmente poder explanar aquela bomba a outra pessoa. — Eu menti, ok? Foi a Karla que me passou esse maldito networking enquanto a gente transava, mas agora isso não importa mais porque ela mentiu e eu não quero ver a cara dessa mulher em nenhuma outra oportunidade, estamos entendidos?

Enquanto isso, o queixo de Thiago mantinha-se no chão.

Estava petrificado desde que ouvira as palavras "Karla","eu" e "transar" em uma só frase.

— Okay... eu.. eu estou chocado. — suas pálpebras se moviam mais do que seus próprios lábios. — Porra... você... você e ela pegam... pegam mulheres, puta merda, Lauren, eu não acredito!

— Você entendeu o que eu falei?! — franziu as sobrancelhas enquanto cruzava os braços abaixo dos seios.

Aparentemente, ele não estava chateado por Jauregui ter ocultado sua relação com Camila. Pelo contrário, estava espantado que ambas as mulheres se pegavam, sobretudo Duarte, que aos olhos de Thiago, sustentava perfeitamente o padrão de mulher cis, hetero, rica, branca e conservadora por onde passava.

— Eu... eu entendi, só que... uau! — mal piscava os olhos. — Meu deus!

— Thiago, pelo amor de deus, você precisa se controlar, 'tá legal? Fica normal, meu!

— Okay...

Como a gay bocuda que era, para ele disfarçar esse tipo de fofoca edificante era quase a mesma coisa que recusar um ingresso na pista VIP para assistir a Beyoncé, sua artista favorita.

— E aí, você quer o Caito ou o Semezato?

— Lauren Michelle, um minuto, por favor? — fez o sinal de número um, esperando que sua amiga tivesse um pouco de empatia e paciência. Ele tomou algumas respirações e precisou pensar em algo trágico antes de voltar a normalidade. — Pronto. Eu quero o Semezato.

— Então vamos chorar para ele abaixar a margem, tudo bem?

— Ok.

— 'Tá tudo bem mesmo?

— Garota, você acabou de falar que transou com a Duarte, eu estou assimilando tudo, vai com calma!

— Quieto! Você precisa disfarçar agora, me ouviu?

— Eu vou, né. Se você que deu pra ela não treme nem o dedo, o que que eu, que não tenho a ver com isso, deveria fazer?

— Ótimo. Vamos logo.

Segurou na mão de Thiago, voltando a parte principal do palco no que a atenção dos jurados retornavam para ela e seu amigo.

— Prontos? — Carol perguntou.

— Sim.

A tensão estava palpável entre os empreendedores. Camila conseguia perceber isso à medida que era evitada pelos olhos de Lauren durante o pintch inteiro.

— Chegamos a conclusão de que vocês três são incríveis e realmente nos impressionaram. A oferta de ambos é tentadora, mas antes gostaríamos de saber se os jurados Caito e Semezato estão dispostos e reajustar a proposta para uma margem referente a 10% do negócio.

Caito encarou bem a empreendedora de olhos verdes.

— Eu topo, porém reajusto a minha proposta para R$200.000,00 pelos 10%.

R$ 150.000,00 inferior a de Camila.

Após o ultimato de Caito, Semezato dividiu suas atenções entre sua caderneta de anotações e o semblante ansioso de Lauren e Thiago. Ao final, também chegou a um veredito:

— Lamento, pessoal. Mas a minha proposta se manterá a mesma dado os meus mais de 30 anos de experiência  no mercado. É pegar ou largar.

A expressão de Karla Duarte se ilumina com a notícia, enquanto Caito disfarça uma leve decepção. Estava em desvantagem frente a Duarte no momento.

No entanto:

— Caito, você é uma referência no mercado e sua rede de contatos pode realmente impulsionar nosso negócio. S— Lauren parou no meio do discurso, pois não estava aguentando falar tudo aquilo enquanto era observada, quase queimada, pelos olhos castanhos que muito provavelmente estava lhe julgando.

Depois de uma breve pausa, percebendo o palpável incômodo de sua melhor amiga, Thiago finalmente tomou partido no jogo e decidiu concluir o discurso de escolha, dizendo:

— Nós tomamos nossa decisão e estamos felizes em anunciar que aceitamos a oferta do Caito. Vamos fazer negócios juntos!

Após a cartada final, a sala é preenchida com aplausos e cumprimentos, menos pela parte da jurada Duarte que parecia "chateada".

— Obrigada, pessoal! Mal posso esperar para trabalharmos juntos! – Caito se levantou da poltrona em que estava sentado, fazendo questão de cumprimentar os dois empreendedores com um beijo no rosto seguido de um abraço.

— Você conquistou um grande negócio, Caito. Eu gostaria de também parabenizar os empreendedores. — Duarte, a mulher que não havia aplaudido o pintch em que fora derrotada, também se levantou de onde estava e, em passos lentos, se direcionou para saudar primeiro Thiago.

Quando chegou a ficar frente a frente com Lauren, não deixou cair no esquecimento a maneira hipnotizada, quase sexual, que a olhava e admirava sempre. O toque, o cheiro do perfume se espalhando pelo ar, recordando boas lembranças a ambas as mulheres.

— Você tem razão, eu sei persuadir. — disse assim que envolveu o corpo da mais nova em um abraço, onde sussurrou em seu ouvido no instante que os microfones deveriam estar desligados. — Mas tudo que eu propus, foi o melhor para você. Eu jamais te prejudicaria de propósito, querida. Jamais apresentaria algo somente para te lesar e achei injusto você a todo momento se negar a ouvir a minha proposta. De qualquer forma, parabéns pela negociação. Tenho certeza que será uma boa parceria entre você, seu amigo e o Caito.

O tom de voz rouco e quente tocando a pele branca de Lauren, que, sensível,  fechou os olhos para negar as sensações extremas que rapidamente se apossaram de seu corpo. Sensações que a remetia o passado. A remetia o toque, aos gemidos, pedidos dengosos, aos beijos molhados.

— Mas você não pode negar que nós duas juntas faríamos muito, Lauren... faríamos muito mais pelo seu negócio. — estava quase sendo tomada pelos instintos, beijando e cheirando o pescoço da menor.

Enfeitiçada pelas recomendações, Jauregui foi a primeira a hesitar e a se afastar do corpo de Camila.

Só após ter a tocado, a ouvido sussurrar com os lábios colados em sua orelha, que suas esmeraldas começaram a capturar alguns detalhes que desde que pisou no estúdio não tinha reparado.

Camila agora estava com algumas mechas loiras, abraçando um aspecto mais intelectual, sobretudo jovial em seu rosto. O vestido preto, colado, com cabimento perfeito que realçava suas curvas era de dispensar elogios e aqueles saltos, que certamente estava usando por debaixo do tecido do vestido, a deixava mais alta, obrigando Lauren a ter que olhar para o rosto bem maquiado da jurada de maxilar arqueado.

Após o acordo ser fechado, a tensão na sala é substituída por aplausos e sorrisos.

Menos para Lauren.

A tensão dela aparentemente começou logo após o encerramento da disputa entre os tubarões.

— Eu quero você. — proferiu próxima a dona do Spa para que somente ela  escutasse. — Seja minha novamente, amor. Eu quero você.

As palavras acertaram a mente de Lauren com força. Fechou os olhos e de imediato a cena passou a acontecer em câmera lenta. De repente, aquela fúria, aquela insatisfação ao ter sido enganada em Buenos Aires se esvaia aos pouquinhos, tudo para dar espaço a velha e gostosa sensação de se sentir cortejada por Camila.

Sentia tensão, raiva, sentia saudades da carioca tocando o seu corpo.

Olhando para Camila, que estava hipnotizada bem a sua frente  retribuindo o olhar de cortejo, a mente de Jauregui lhe presenteou com os bons momentos que tiveram.

E foi justamente a partir daí, quando as memórias se apossaram de sua mente, a fazendo se esquecer do motivo da briga, que Lauren não teve tempo de raciocinar duas vezes, dado que emendou a seguinte frase:

— Me encontra no meu camarim. —  cochichou aquelas palavras sem necessidade de mover os lábios enquanto mirava a mulher que havia lhe revirado de ponta a cabeça.

Em resposta, Duarte assentiu discreta com a cabeça sentindo seu corpo explodir por dentro ao ser atacada por aquela famosa onda quente de tensão sexual que somente a mulher de braços tatuados e piercing conseguia lhe causar. Sua boca secou, estava louca para poder tocá-la e chamá-la de sua por mais uma noite novamente.

Ao final, Thiago e Lauren deixam o palco, por coincidência sendo os últimos a se apresentar naquele primeiro dia de gravação. O melhor amigo de Michelle não poupa tempo, onde parou para conversar com Semezato no corredor para o camarim.

Após se despedir de Carol, Duarte olha para os dois lados, e somente quando não notou movimentação, adentrou a porta de um determinado camarim que a esperava de porta encostada.

Lauren sentada em uma das cadeiras, segurando o buquê de astromélias que Duarte havia encomendado. Esboçou um leve sorriso quando a shark entrou na sala.

— Licença...

Do outro lado, a mais velha sorriu toda sem graça quando fechou e trancou a porta do camarim, sem acreditar que justo neste instante, quando Lauren colocou os olhos sobre o seu corpo, havia se esquecido de todos os discursos que tinha preparado para pedir desculpas.

— Eu...

O coração pulsando forte. Jauregui não usava mais um rabo de cavalo. Assim que dentro do camarim, fizera questão de deixar as suas mechas lisas cair feito cascata ao redor dos ombros. Estava linda.

— Lauren, eu sinto a sua falta. — suspirou cabisbaixa. Em seguida, voltou a encará-la.

No mesmo instante, a mulher de olhos verdes se levantou de onde estava sentada, mirando exclusivamente Camila.

— Eu sinto sua falta todos os dias e eu juro que nunca te trai. — seus lábios tremiam de medo, nem mesmo os saltos, que a deixava um pouco mais alta que Jauregui, a fizera tomar coragem e enfrentar a situação sem gaguejar. Nunca se sentiu assim por outra pessoa: com medo de perdê-la para sempre. — Tudo que eu mais vim fazendo durante esses quatro meses que estivemos juntas foi te dar amor, carinho e lealdade. Meus dias voltaram a ficar sem cor desde que você partiu e eu morro de saudades de você. – sua garganta estava queimando. Nada do que havia planejado saia de sua boca. A mente pensava uma coisa e o coração falava outra. E naquele instante, Karla falou seguindo o coração, totalmente exposta e vulnerável. — Eu amo você... por favor, me perdoa e volta pra mim.

Jauregui não esperou uma palavra a mais do que aquela que precisava. Rosnando, começou a tirar sua roupa, onde as peças foram arrancadas de seu corpo com tanto desespero, que a camisa de gola que usava quase obteve um rasgo na lateral.

— Lauren... — gemeu quando finalmente pode sentir a pressão do seu corpo contra o da mulher que ela era loucamente apaixonada. Michelle estava de sutiã, beijando seu pescoço enquanto descia as mãos para apalpar sua bunda. — Oh, Lauren...

Foi se excitando ainda mais enquanto ouvia Camila gemer e arranhar sua pele, maluca de saudades.

Jauregui beijava a boca com paixão, raiva, chupando a língua com força, conforme puxava os quadris cobertos pelo vestido contra o seu corpo, querendo cada vez mais da mulher mais velha para si.

— Eu também senti saudades... — Jauregui gemeu contra seus lábios enquanto se atacavam dentro do camarim, desta vez caminhando coladinhas até o sofá. — E eu te odeio e te amo por isso. — chupou com força seu ponto de pulso, se esfregando nela, tornando a subir a língua pelo pescoço da carioca, orelha, mandíbula, para só depois enfiar-se novamente naquela boca gostosa. — Me leva pra casa, Camila. Eu quero você. Vamos se resolver da mesma e maldita forma que começamos isso. Me beija, agora!

🦈🦈🦈🦈🦈

MEU DEUS E AI???? O QUE ACHARAMM?????????????

ELAS VOLTARAM MEUS AMORES E SÓ ESSA PODERIA SER A MELHOR "NEGOCIAÇÃO" E VITÓRIA DE TODAS, CERTO?

Até o próximo capítulo (hot). Vejo vocês no cap 25, faltando apenas mais 5 capítulos para encerrarmos essa primeira jornada.

Próximo capítulo tbm veremos a agitação que ocorreu no twitter e a Duarte vai responder ou comentar ALGUMAS DELAS.

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