Quarta-feira, 5 de setembro de 2003
Jasper sentiu uma pontada de excitação tomar conta dele quando ele e seus irmãos estacionaram na escola e ele viu um familiar carro vermelho brilhante.
"Harry está de volta!" Alice gritou animadamente. "Ele vai almoçar conosco, então todos se comportem bem!"
Jasper balançou a cabeça exasperado com Alice. Ela havia saído abruptamente do almoço na segunda-feira, seus olhos dourados sem piscar, murmurando algo sobre 'ir verificar sua amiga'. Ela então disse a eles que 'Harry', porque aparentemente ele era Harry para Alice, iria se juntar a eles para almoçar na terça-feira. Alice estava deprimida espetacularmente quando a manhã de terça-feira chegou, começando por volta das quatro, quando de repente ela anunciou que Harry não viria para a escola naquele dia e não iria para o almoço, afinal.
"Tem certeza que é uma boa ideia?" Emmett fez uma careta enquanto considerava o ato que eles teriam que fazer para o almoço. "Ele não vai ficar curioso porque não estamos comendo?"
"Hmm..." Alice franziu a testa enquanto procurava a hora do almoço. "Não!" ela finalmente declarou. "Ele também não quer comer, não importa o quanto Rosalie o importune."
"Por que Rosalie está importunando o garoto novo?" Edward perguntou com um olhar de soslaio para Rosalie.
Rosalie claramente não havia explicado a Edward sobre quaisquer pensamentos estranhos e emoções que Harry Potter evocasse nela.
Não que Rosalie tivesse compartilhado com Jasper por que ela reagiu tão fortemente também-
'Cuide da sua vida Jasper.'
-mas para Alice vê-la importunando o novo garoto para comer? Isso foi peculiar.
"Provavelmente porque o garoto parece que não pode perder nenhuma refeição," Emmett disse, piscando para sua parceira, fazendo com que suas emoções mudassem de uma melancolia especulativa para uma emoção mais sensual que fez Jasper estremecer.
Ele realmente não se importava em saber sobre as emoções que os dois compartilhavam um com o outro.
"Talvez, como o Grinch, meu coração tenha crescido três tamanhos," Rosalie sorriu enquanto ela graciosamente saía do carro. "Ou simplesmente quero que o novo amigo de Alice viva o suficiente para competir comigo."
Alice e Emmett riram disso, até Jasper curvou os lábios em um sorriso. Rosalie era extremamente competitiva e vivia para carros velozes.
"Vamos então Alice, vamos ver que coisas novas e excitantes podemos aprender em Sociologia," Edward bagunçou o cabelo espetado de suas irmãs e eles saíram juntos para a aula.
Jasper e Rosalie marcharam para o inglês com muito menos entusiasmo.
"O que você está desenhando hoje?" Rosalie perguntou a Jasper baixinho enquanto eles tomavam seus lugares entre seus colegas barulhentos (e felizes, sempre tão felizes) . Era uma brincadeira entre os dois, pois em todas as aulas que compartilhavam Jasper sempre esboçava algo novo.
Era melhor do que pensar nos cheiros que o cercavam.
"Provavelmente árvores de novo," Jasper mentiu suavemente. "Se você também quiser um pedaço de papel para desenhar, fique à vontade."
Rosalie ergueu o nariz, como Jasper sabia que ela faria. Rosalie era talentosa em muitas coisas, arte simplesmente não era uma delas.
Jasper moveu seu corpo ligeiramente, apenas o suficiente para que Rosalie não pudesse ver facilmente no que ele focava sua atenção hoje. O mesmo assunto que ele desenhou várias vezes desde o primeiro dia de aula.
Harry Potter.
Jasper o desenhou lentamente, concentrando-se nos detalhes que sua memória perfeita o lembrava. Os músculos que tremiam em suas mãos. O contorno de uma queimadura vermelha em seu pescoço, uma velha cicatriz talvez? A maneira como seus cachos negros grudavam na testa. A cicatriz prateada em forma de raio no centro de sua testa.
Não importa quantas vezes Jasper o desenhou, porém, ele não conseguia acertar.
Ele não poderia retratar com precisão a agonia em seus olhos. A maneira como ele se comportava como se estivesse se preparando para ser atingido de alguma maneira. Como sua mão voou para o bolso com ruídos altos, apenas para flexionar e pendurar frouxamente ao seu lado, em vez de agarrar qualquer coisa. Nem do jeito que ele só parecia mais da sua idade quando Jasper o viu entrando e saindo do estacionamento da escola, com as bochechas coradas de adrenalina e os olhos brilhando de prazer.
E se Jasper não pudesse desenhá-lo perfeitamente, então ele continuaria tentando até conseguir.
"O almoço vai ser estranho," Emmett murmurou para ele e Rosalie em sua mesa compartilhada na terceira hora de História AP.
Outra piada de assunto. Os livros de história raramente retratavam os eventos com precisão.
"Por que?" Jasper perguntou. Ele sabia por que seria estranho para ele, Harry Potter sentado em sua mesa provavelmente o deixaria em outra queda emocional, mas ele não conseguia imaginar por que Emmett não ficaria satisfeito. Ele estava sempre reclamando de não ter amigos.
Um sentimento estranho, já que Jasper estava perfeitamente feliz por não se aproximar dos humanos que faziam sua garganta queimar tanto.
"Essas crianças são estranhas," Emmett disse, seus lábios se movendo rápido o suficiente para que seu professor nunca notasse as conversas que os três compartilhavam. "Eu vi uma criança acidentalmente empurrá-lo no corredor na semana passada e ele ficou ainda mais branco do que nós e fugiu para o banheiro, pensando que poderia estar doente."
Jasper franziu a testa com isso, outro exemplo da reação de luta ou fuga excessivamente ativa de Harry Potter.
Quem tinha feito o quê com o humano?
Rosalie deve ter tido pensamentos semelhantes aos de Jasper, porque ela inclinou a cabeça para mais perto dos meninos, uma precaução desnecessária, pois nenhum humano poderia esperar ouvi-los ou entendê-los, como ela respondeu.
"Você não acha que os pais dele são... bem," Rosalie ergueu uma sobrancelha, mesmo quando seus olhos brilharam de raiva. "Quero dizer... ele é o tipo de garoto que Carlisle denunciaria à polícia se ele aparecesse no hospital olhando e agindo como ele faz."
Jasper sentiu uma dor encher seu peito, provavelmente apenas emoções residuais de Rosalie, enquanto ele concordava com sua avaliação.
"Você acha que os pais dele estão batendo nele?" Emmett exigiu baixinho. "Maldita Rosa. Aposto que você está certo. Há definitivamente algo errado na vida daquela criança."
"O que nós fazemos?" Jasper perguntou a seus irmãos.
Ele sabia o que gostaria de fazer. Ele gostaria de se esgueirar até a casa dos Potter e despachar os humanos que estavam batendo em seus filhos.
Ele questionou seu próprio humor repentinamente vingativo com esse pensamento.
Por que esse humano estava arrastando essas respostas em Jasper e seus irmãos?
Quem era ele para fazer Jasper imaginar o assassinato por vingança, em oposição à ganância?
"Nós descobrimos com certeza e então se Carlisle não lidar com isso, nós iremos." Rosalie jogou seu longo cabelo loiro por cima do ombro enquanto olhava para os dois com uma teimosia em sua mandíbula. Jasper imediatamente concordou com a cabeça, e até mesmo Emmett estalou os dedos de forma ameaçadora.
"Como podemos saber com certeza?" Jasper perguntou a Rosalie. Ele não tinha ideia de como alguém poderia começar a decifrar um problema como esse. Ele nunca havia considerado se envolver tanto na vida de um humano antes.
"Nós falamos com ele," Rosalie suspirou exasperada com as expressões perplexas dos meninos. "Conhecê-lo? Pergunte a ele sobre si mesmo e faça Jasper sentir como ele reage? Duh.
"Boa ideia, querida," Emmett sorriu para Rosalie, facilmente aplacado pelo plano simples. Jasper teria sorrido também, exceto que ele duvidava que seria tão simples desvendar Harry Potter quanto Rosalie pensou que seria.
E não foi.
O almoço simplesmente deixou Jasper com mais perguntas do que respostas sobre o misterioso humano.
"Harry, você se lembra dos meus irmãos," Alice sorriu enquanto levava Harry para a mesa deles.
"Olá," Harry acenou com a cabeça educadamente, seus olhos apertados enquanto ele se sentava na beirada do assento que Alice acenou para ele.
"Olá Harry," Rosalie sorriu gentilmente para ele. "Você não está comendo?"
"Você não é?" Harry brincou de volta, suas emoções irritadas e divertidas.
"Touché," Rosalie riu calorosamente.
"Ooh, estamos causando uma comoção," Alice declarou alegremente. Os seis olharam ao redor do refeitório e viram que atraíram vários pares de olhares quando Harry se juntou a eles.
O novo garoto com o estranho e hostil Cullen/Hales?
Que escândalo.
"Eles podem irritar," Harry murmurou enquanto lançava um olhar sombrio através do refeitório, encontrando destemidamente os olhos de cada aluno intrometido até que os outros os desviassem com vergonha.
Não era que fosse corajoso fazer contato visual com os outros humanos, era apenas que Jasper podia sentir o quão ansioso Harry se sentia com a atenção, mas ele o encarou de qualquer maneira.
"Eles não se importam muito conosco," Edward sorriu desculpando-se para Harry. "Eles provavelmente não entendem por que você gostaria de comer conosco."
"Então eles nunca foram importunados por sua irmã," Harry já lançou um olhar divertido para Alice. "Ela é muito persistente."
O resto deles riu disso, Harry claramente tinha bons instintos quando se tratava de julgar as pessoas.
Mesmo que ele estivesse inconscientemente sentado em uma mesa com cinco vampiros.
"Já que todos nós decidimos que a merenda escolar não é saudável e nojenta, por que você não nos fala sobre você?" Rosalie sugeriu a Harry. "Você é da Inglaterra, certo?"
"Er, sim." As emoções de Harry mudaram para cautela, medo e tristeza. "O que você quer saber?"
"Por que você se mudou para cá?" Edward perguntou-lhe curiosamente. Era uma coisa boa que Harry parecesse evitar olhar diretamente para Edward tanto quanto possível, já que a maneira como Edward semicerrou os olhos para Harry com frustração certamente não era um comportamento humano educado.
"Para experimentar a cultura americana", disse Harry, sua resposta soando automática e rígida.
Uma mentira.
"Sua família gostou daqui até agora?" Rosalie perguntou a ele.
Tristeza. Pesar. Agonia. Dor. Auto-ódio.
"Sua família gosta de morar em Forks?" Harry levantou uma sobrancelha para Rosalie e Jasper mordeu o lábio para evitar sorrir com sua resposta.
Harry era atrevido.
E evasivo.
"Nós temos," Alice pulou ansiosamente. "Nosso pai, Carlisle, trabalha no hospital e adora!"
"Ele é um médico curador, então?" Harry perguntou.
"Ele é," Edward confirmou. "O que os seus pais fazem?"
Jasper percebeu por que as emoções de Harry estavam tão cheias de tristeza quando ele respondeu sem rodeios;
"Eles estão mortos, então não suspeito muito."
Jasper e seus irmãos olharam para o humano com simpatia, todos provavelmente considerando como haviam perdido seus próprios pais humanos.
"Sinto muito por sua perda," Jasper disse gentilmente. Ele enviou uma onda sutil de paz para Harry, incapaz de suportar sua dor emocional por muito mais tempo. "Eu também perdi meus pais."
Harry lançou um olhar de surpresa para Jasper, suas emoções enfraquecendo um pouco enquanto a paz tomava conta dele.
"Eu pensei que você tinha dito que seu pai trabalha em um hospital?"
"Parece que somos todos biologicamente relacionados?" Emmett riu. "Carlisle nos adotou."
"Carlisle é meu, Emmett, e tio de Alice por casamento. Ele e nossa tia, Esme, nos acolheram depois que nossos pais faleceram," Edward mentiu suavemente. "Rosalie e Jasper são gêmeos-"
Agonia tão forte que Jasper pensou que poderia engasgar com ela.
"-e eles perderam seus pais jovens e foram adotados por eles também."
"Oh."
Tristeza. Simpatia.
"Me desculpe," Harry disse suavemente. "Isso é difícil."
"Aconteceu há muito tempo", disse Jasper, desesperado para tranqüilizá-lo, embora incerto quanto aos seus próprios motivos. "Temos muita sorte de ter Esme e Carlisle em nossas vidas."
Pesar. Tristeza esmagadora.
"Isso é bom então..." Harry bateu na mesa em um ritmo errático, sua mão tremendo levemente ao fazê-lo. Jasper e seus irmãos trocaram olhares rápidos e confusos.
Este não era um comportamento humano normal, certo?
"Como estão indo suas aulas, Harry?" Rosalie perguntou a ele. Ela estava planejando perguntar com quem Harry morava, mas a dor em seus olhos a deixou ansiosa para encontrar um tópico mais alegre para discutir. Além disso, não seria difícil descobrir por conta própria.
"Brilhante," Harry bufou e suas emoções eram mais divertidas agora. Ele estava irritado, envergonhado e frustrado.
"Eles ficaram mais fáceis?" Alice perguntou a ele, sorrindo para seu novo amigo humano.
"Er... um pouco," Harry deu de ombros.
Outra mentira.
"Em quais classes você está tendo problemas?" Edward perguntou. "Estamos na mesma série, Alice também, talvez eu possa te ajudar com seus estudos?"
"Todos eles?" Harry bagunçou seu cabelo em uma ação autoconsciente. "Mas eu estou bem, eu só... er... as aulas eram muito diferentes na minha antiga escola."
Diversão. Pesar.
"Uau! Eu sei!" Alice juntou as mãos sobre a mesa com entusiasmo quando Jasper viu os lábios de Edward se contorcerem com o que quer que Alice estivesse pensando. "Harry, você deveria vir neste fim de semana! Podemos estudar juntos! E aposto que Carlisle e Esme adorariam conhecê-lo!"
Harry piscou para Alice, seus grandes olhos verdes arregalados de surpresa.
"Você quer me ajudar a estudar? Por que?"
"Porque você é meu amigo e é isso que os amigos fazem," Alice disse com firmeza. "Sem desculpas. Você vai ceder de qualquer maneira. Venha no sábado, não-" Alice piscou sem ver por um momento, rápido demais para olhos humanos perceberem. "Domingo," ela se corrigiu. "Tragam seus livros que vamos estudar! Vai ser divertido!"
Harry lançou aos outros um olhar nervoso, seus olhos demorando-se em Edward e Emmett-
Dor. Raiva. Pesar.
"Tudo bem então," Harry assentiu, sorrindo lentamente para Alice. "Obrigado, isso seria ótimo."
Alice sorriu para seu novo amigo humano, satisfeita com a aceitação que ela deve ter antecipado. Com um pouco da tensão quebrada, os seis discutiram assuntos mais leves. Embora Rosalie parecesse escandalizada por Harry não saber quase nada sobre carros.
"Cavalos de força?" ele piscou rapidamente para Rosalie. "Eu pensei que usava um motor?"
O resto da semana continuou da mesma maneira: Harry sentava-se com eles durante o almoço e Jasper pensava nele constantemente.
Edward não conseguia fazer uma leitura clara de sua mente, apenas tópicos gerais. Alice negou evasivamente ter visto Harry em 'quaisquer visões importantes'. Rosalie procurou por ele nos corredores, sorrindo calorosamente toda vez que o via. Emmett rosnou para as crianças que mencionaram 'aquele garoto novo estranho' muito alto perto dele. E Jasper tentou ajudá-lo com empurrões sutis de paz e tranquilidade quando eles passaram na escola e as emoções de Harry queimaram as entranhas de Jasper como um mergulho na água gelada seria para os humanos.
No almoço, Harry nunca comentou sobre a falta de apetite deles, e eles nunca comentaram sobre o dele. Porém, quando ele apareceu na quinta-feira, Rosalie rolou uma laranja sobre a mesa para ele.
"Eles são bons para você, já que você não obtém muita vitamina D em Forks."
Harry se sentiu confuso e desnecessariamente nervoso, mas aceitou a laranja com um tímido sorriso de gratidão.
"Gosto do clima daqui", disse. "Meus amigos e eu fomos para a Flórida neste verão e foi horrível. Não sei como as pessoas vivem assim."
Rosalie irradiava ondas de presunção enquanto Harry comia lentamente metade da laranja, e o resto deles pulava com perguntas sobre suas viagens.
Aparentemente, a Flórida tinha sido brilhante demais. Califórnia muito quente. Las Vegas muito barulhenta.
Todos os sentimentos com os quais Jasper concordava fervorosamente.
"Você gostaria do Tennessee," Jasper disse a ele. "As montanhas são lindas." Harry enviou um breve sentimento de saudade, antes de ser substituído novamente por seus sentimentos amargos de agonia sem fim. No entanto, Jasper gostava de pensar consigo mesmo que esses sentimentos eram apenas um pouco mais silenciosos quando ele almoçava com eles. Mesmo sem a ajuda de Jasper.
No almoço de sexta-feira, Rosalie trouxe outra laranja para Harry e Alice deu a ele uma bebida humana enlatada de prata.
"Cafeína extra," Alice sorriu.
Jasper não achava que Harry precisava de mais cafeína, por mais que suas mãos tremessem constantemente, mas Harry agradeceu às meninas em silêncio e consumiu ambas as oferendas enquanto todos conversavam.
Alice, Emmett e Edward interrogaram Harry sobre seus gostos e desgostos-
"Esporte favorito?" Emmett perguntou.
"Quer, futebol?" Harry respondeu calmamente. "Ou futebol, eu acho? Meu colega de quarto chamava isso de futebol. Tinha a bola preta e branca e as grandes redes?
Jasper achava que Harry não fazia ideia do que era um jogo de futebol, pois se sentiu envergonhado e confuso quando Emmett começou a discutir ansiosamente os times atuais.
"Que tipo de música você ouve?" Edward perguntou a ele. Todos eles gemeram de angústia genuína quando Harry disse que estava ouvindo Nickleback no rádio do carro.
"Vamos apresentar a vocês o verdadeiro rock americano neste fim de semana," Jasper riu.
O que assustou seus irmãos. Exceto por Alice, que inchou com um sorriso superior.
E durante a segunda metade do almoço na sexta-feira, Harry virou a mesa e começou a fazer perguntas.
"Há quanto tempo você mora em Forks?"
Alice disse sinceramente a ele que eles se mudaram para Forks no verão de 2002.
Alice e Jasper tiveram de qualquer maneira. O resto de sua família já havia morado aqui antes, mas isso não era algo para contar a um humano.
"O que vocês fazem para se divertir?"
Uma pergunta fácil de responder. Edward toca instrumentos, Alice desenha roupas, Emmett pratica esportes, Rosalie trabalha com carros.
"Eu desenho um pouco," Jasper disse a ele. "E eu escrevo."
"Que tipo de coisa você escreve?" Harry perguntou, suas emoções curiosas.
"Principalmente ficção histórica." Os irmãos de Jasper sorriram com o gênero que ele disse a Harry. Se as Guerras dos Vampiros do Sul contassem como ficção, então seriam verdadeiras. Mas eles eram reais, e Jasper tinha as cicatrizes e memórias para provar isso.
Mas ele sorriu ligeiramente para Harry ao declarar que os hobbies de Jasper eram 'perversos'.
Apesar do leve relaxamento de Harry em torno dos Cullen/Hale, nenhum dos três 'mais velhos' esqueceu suas preocupações iniciais sobre sua vida doméstica. Preocupações que eles compartilharam com Carlisle e Esme na sexta-feira depois da escola.
"Algo não está certo!" Rosalie bateu o pé com frustração. "Eu estou te dizendo Carlisle, algo terrível aconteceu com ele e ninguém está fazendo nada!"
Carlisle franziu a testa enquanto o resto de seus filhos concordava com Rosalie.
"Com quem Harry mora?" ele perguntou.
"Ninguém sabe", disse Emmett. "Criança é um mistério."
"E você não consegue lê-lo?" Carlisle perguntou a Edward.
"Na verdade não," Edward fechou os olhos enquanto pensava. "Às vezes, tenho um pensamento breve, coisas aleatórias, mas depois desaparece antes que eu tenha certeza de que ele estava pensando. Quando me concentro, às vezes consigo ter uma ideia geral do que ele está pensando, mas nada específico."
"E você, Jasper?" Carlisle virou seu rosto confuso, mas calmo, para Jasper. "Como são as emoções dele?"
"Horrível", Jasper disse sem rodeios. "Na maioria das vezes parece que estou sendo esfaqueado no peito com eles. Ele é apenas..." Jasper hesitou, de repente incerto se ele queria quebrar a confiança deste humano compartilhando suas emoções privadas com sua família. "Ele simplesmente não está feliz", ele se equivocou.
"Hmm..." Carlisle esfregou o queixo pensativamente enquanto considerava a situação. "Vocês todos me permitiriam testemunhar o comportamento dele por mim mesmo no domingo antes de prosseguirmos?" ele perguntou a eles. "Se eu acredito que há base para abuso, posso falar com o chefe Swan e os conselheiros no hospital. Não permitirei que uma criança sofra, juro.
Nenhum deles poderia duvidar da sinceridade na voz de Carlisle e todos concordaram prontamente, Emmett e Rosalie sentindo alívio quando Carlisle entrou na foto.
No entanto... No entanto, Jasper tinha uma sensação mesquinha de preocupação atormentando-o enquanto relaxava em seu quarto naquela noite. Não foi até Alice bater em sua porta que ele percebeu que já havia decidido seu próprio curso de ação.
"Ele está em casa", disse Alice. "Não sei dizer se você vai falar com ele ou não, mas posso ver que você não vai machucá-lo."
Jasper assentiu agradecido, a ideia subconsciente com a qual ele estava brincando se solidificou, e ele saltou com agilidade pela janela do quarto, um caminho mais fácil de seguir do que se explicar para o resto da família. Ele correu rapidamente pela floresta que separava sua casa da cidade de Forks, seus olhos catalogando cada animal cujo caminho ele cruzava apesar da escuridão da hora tardia. Jasper diminuiu a velocidade quando chegou à cidade e entrou no modo de caça. Exceto que desta vez, ele não estava caçando um cheiro para machucar, beber ou matar, mas sim para... para quê? Proteger?
A última coisa que o humano precisa é de um vampiro protetor.
No entanto, foi com preocupação pelo humano de olhos verdes que Jasper caminhou furtivamente pela cidade. Ele começou na escola e seguiu o cheiro de Harry pelas estradas. Parecia que Harry percorria o mesmo caminho todas as vezes, de e para a escola, tornando mais fácil voltar para sua casa.
Ele se manteve nas linhas das árvores atrás do quarteirão onde ficava a casa de Harry enquanto estudava onde o humano morava. Era uma casa pequena, de tijolos vermelhos com venezianas douradas recém-pintadas. Não foi difícil identificar isso como a casa de Harry tão forte quanto seu cheiro frio estava aqui, embora o carro na garagem também ajudasse.
Jasper lutou consigo mesmo em suas próximas ações. Satisfazer sua curiosidade ou agir de forma racional? Ele sabia que havia perdido a batalha quando sua mente reformulou 'satisfazer sua curiosidade' para 'verificar a segurança de Harry'. Jasper se moveu silenciosamente ao lado da casa, grato por Harry morar em um andar, e espiou pela janela da porta dos fundos.
Merda, ele repreendeu a si mesmo.
Foi assustador. Mas ele disse a si mesmo que isso era para garantir que Harry estivesse seguro. E para ter um vislumbre dos humanos com quem ele vivia. Aqueles de quem ele tinha suspeitas sombrias.
Os olhos de Jasper, tão perfeitos para espiar na escuridão, ajustaram-se facilmente quando ele olhou para o que era a sala de estar de Harry. Havia duas poltronas reclináveis azul-marinho, uma com um entalhe que dizia a Jasper que alguém se sentava lá com frequência. Havia também um sofá combinando, embora as almofadas tivessem sido arrancadas e espalhadas pelo chão. E fotos - havia fotos emolduradas por toda a sala.
Harry, sorrindo abertamente, em uma plataforma de trem com uma garota de cabelos espessos e um garoto ruivo e desengonçado. O menino e a menina estavam com os braços sobre os ombros de Harry, e ele parecia jovem nesta foto, talvez doze anos.
Harry com seus braços envolvendo amorosamente uma garota com longos cabelos ruivos escuros. Os dois sentados em frente a uma fogueira e sorrindo alegremente para a câmera.
Jasper rapidamente voltou sua atenção para a próxima foto.
Um homem com longos cabelos negros, seus olhos brilhando de riso através da foto enquanto ele se sentava ao lado de Harry em uma cozinha mal iluminada. Harry estava olhando para ele com alegria e admiração em seus olhos.
E o último visível; um bebê, provavelmente Harry, sendo embalado por um homem que só poderia ser seu pai e uma mulher com olhos da mesma cor e formato dos de Harry.
Embora Jasper pensasse que os de Harry eram mais interessantes, mais atraentes.
Como nem Harry nem seus misteriosos guardiões estavam na sala de estar, Jasper se moveu furtivamente para a próxima janela.
Uma cozinha. Um com uma pilha de garrafas com vários rótulos de álcool. Todos eles vazios.
Harry viveu com alcoólatras abusivos?
Jasper cerrou os dentes e se moveu para a próxima janela. Este é um quarto vazio. A cama estava arrumada com um edredom amarelo fofo, uma leve camada de poeira lhe dizia que não era usado há algum tempo.
E o próximo, um banheiro.
Finalmente, o último quarto que Jasper verificou, seu estômago revirando de culpa pela invasão de privacidade, foi o quarto de Harry.
O que significava que Harry morava sozinho?
Jasper guardou o mistério contínuo dos guardiões de Harry de lado enquanto as emoções de Harry o atingiam, tão poderosas em seu sono quanto durante o dia.
Harry chutou, seu cobertor verde escuro caindo no chão, enquanto Jasper tentava controlar o pavor que Harry o estava forçando a sentir. Harry tinha algum tipo de doença mental? Depressão talvez? Ou essa agonia constante que ele sentia deveria ser normal para ele? Jasper nunca em toda a sua existência passou tanto tempo tentando decifrar as emoções de alguém, certamente não de um humano.
"CORRE!"
Jasper, apesar de seu equilíbrio desumanamente perfeito, na verdade tropeçou meio passo para longe da janela de Harry com seu grito aterrorizado. Ele se abaixou, não ansioso para ser visto, enquanto olhava pela janela; preparando-se para defender Harry do que quer que o estivesse atacando.
...que não era nada.
Harry ainda estava dormindo, seus olhos bem fechados e o suor brilhando em seu rosto. Seus cachos negros estavam grudados na testa, e Jasper podia sentir sua angústia tão torturante como se fosse a sua própria. Ele fez a única coisa que conseguiu pensar para acalmar o terror noturno em que Harry obviamente estava preso. Ele enviou um forte impulso de paz para o humano, junto com alegria para inspirar um sonho melhor.
A expressão de Harry clareou quase instantaneamente quando a onda emocional de Jasper o alcançou. Ele virou de lado, esticando as pernas, e Jasper se perguntou que sonho ele estava tendo agora que provocou o suspiro suave que Harry soltou.
Ele continuou observando, esperando o sol nascer para se certificar de que o sono de Harry não fosse interrompido, então voltou para casa depois de fazer uma última verificação nas janelas.
Jasper tinha cerca de setecentos e noventa e oito perguntas sobre Harry Potter, mas ele aprendeu três coisas na excursão terrivelmente invasiva desta noite.
Primeiro, Harry realmente morava sozinho. Não havia humanos o prejudicando. Embora Jasper duvidasse que sempre foi o caso.
Dois, com base nas garrafas na cozinha, nos perpétuos tremores nas mãos de Harry e na falta de qualquer outro ser humano na casa; Harry era um alcoólatra.
E três, Harry sofreu em sua vida. Sofria tão terrivelmente que nem conseguia escapar da angústia constante durante o sono.