Herdeiros do Sol

By YOUGOT7JAMS

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Kim Jongin é o príncipe rebelde da segunda família mais importante do país e próximo na linha de sucessão ao... More

Nota da autora
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16

Capítulo 2

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By YOUGOT7JAMS


Tradição, Honra, Prestígio, Disciplina e Excelência.

As cinco palavras que representam os valores e os tão sonhados pilares de qualidade de St. Georg estão cravadas no alto de uma das paredes.

No pátio interno dos dormitórios, Jongin se senta no muro do claustro ogival para esticar as pernas. Há um cigarro escondido dentro da costura de sua gravata, embora não tenha encontrado nenhuma oportunidade para fumá-lo durante o dia.

Os monitores estão sempre observando.

Ele suspira, admirando o padrão rendilhado que se forma no piso do corredor quando o sol da manhã atravessa a arcada vazada. O pátio em estilo gótico interliga todos os quatro dormitórios ao jardim, cercado por arbustos densos, bancos de carvalho e, no centro, um grande chafariz ornamental.

Os sapatos de couro de Chanyeol invadem seu campo de visão, mesclando-se às sombras.

— Eu te procurei o dia todo — diz ele, soando cansado demais para alguém com pernas tão longas e calças de tweed.

Jongin dobra os joelhos, cedendo espaço para que ele se sente ao seu lado.

— E olha que eu nem estava tentando me esconder.

É verdade, ainda que o tenha despistado em algum momento entre o café da manhã e o canto obrigatório do hino nacional no pátio. Jongin precisava de paz e silêncio.

Quando disse "Me conte tudo", na noite anterior, não imaginava que ele levasse tão a sério. A boca de Chanyeol não é grande por acaso. Ele está sempre pronto para oferecer detalhes sórdidos sobre a história de St. Georg que pouco lhe interessam.

Park Chanyeol pode não ter os trejeitos sofisticados pregados pela realeza — o que ele considera uma grande qualidade — mas é tão obcecado por aquele mundo quanto o resto deles. Sua singularidade não se deve por rejeitar a tradição, e sim por ser naturalmente desajeitado.

— Ei — alguém chama baixinho.

Um aluno passa pelo corredor e desacelera ao encontrá-los sentados no átrio. Jongin não o reconhece, mas imagina que seja um dos residentes que pertencem à Casa Windsor. O rapaz apoia uma mão no ombro de Chanyeol e pergunta, sutilmente:

— Você recebeu?

— Não. — Ele balança a cabeça. — E você?

O outro garoto copia o gesto.

— Também não. Mais sorte no próximo ano, eu acho. — Ele dá um aperto amigável no ombro de Chanyeol e olha para Jongin de soslaio antes de ir embora. — Para nós dois.

Sinceramente, Jongin não se interessa pelos dramas acadêmicos acontecendo nos bastidores de St. Georg, mas há algo de misterioso no tom da conversa que desperta sua curiosidade. Quanto mais secreto e perigoso, mais o enigma parece promissor.

— O que foi isso? — Ele muda de posição, ajeitando a postura e se inclinando para a frente, interessado. — Vou querer saber?

Chanyeol olha para os lados.

— Não aqui. Há muitos pares de olhos, e os monitores estão sempre por perto.

— Vamos dar uma volta, então.

Eles saem pelos fundos, atravessam as ruas da praça e seguem caminhando próximo aos prédios do Centro de Artes. É a primeira vez que visita essa parte da propriedade. Há muitos lugares em St. Georg que ainda desconhece.

Os dois prédios possuem influência arquitetônica grega e são cercados de estátuas antigas, onde a vegetação já começou a crescer e criar raízes, cobrindo a base do pedestal de verde-musgo.

Do lado direito está localizado o Conservatório de Música e, mais à esquerda, a Galeria de Arte. Chanyeol explica que as aulas de artes básicas são obrigatórias, mas que é possível se inscrever em uma turma avançada como aula extracurricular.

— E aquele lugar bem ali? — pergunta Jongin, indicando uma construção antiga visível à distância entre os prédios, com a base submersa na beira do lago.

A água verde-esmeralda ondula sob a brisa refrescante. O lago está coberto de vitórias-régias, pedregulhos e escombros despontando da superfície — tudo que parece ter restado da arquitetura original. A torre é alta, com tijolos aparentes na estrutura bege-escura e uma bandeira rasgada tremulando ao vento.

— Ah, é a Torre Quebrada. Ela é chamada assim porque...

— Porque é uma torre e está quebrada.

— Bom, sim. Basicamente. — Chanyeol pigarreia. — Costumavam ser duas torres com uma ponte entre elas. Ruínas de uma das fortalezas mais antigas do país. É um lugar abandonado e cheio de fantasmas. As pessoas contam lendas e histórias de terror sobre ele, porque foi lá onde tudo começou.

— A Maldição da Primeira Família — os dois murmuram ao mesmo tempo e em uníssono, como um mantra.

— É. Você conhece a história.

— Todo mundo conhece.

Chanyeol engole em seco e aponta para um grande monumento de pedra do outro lado da praça, ansioso para mudar de assunto.

— Quer saber uma coisa engraçada? — É uma pergunta retórica, e ele não perde tempo antes de continuar: — O Instituto St. Georg costumava ser um colégio misto. Eles aceitavam garotas até 1998. Na época, homens e mulheres dormiam em prédios separados, para evitar uma gravidez indesejada. É por isso que há um monumento de pedra no caminho entre a Casa Bourbon e a Casa Orleans, para bloquear o acesso até os antigos dormitórios femininos.

Isso não é novidade para Jongin. Seus pais se conheceram e se apaixonaram nesse colégio há mais de vinte anos. Talvez seja ele próprio o fruto de um amor proibido entre as paredes do internato.

Chanyeol prossegue:

— É claro que essa separação não adiantou nada, e algumas garotas engravidavam de outros homens a quem não estavam prometidas em casamento. Era um escândalo. — Ele engasga com uma risada. — Me pergunto como isso não foi parar nos jornais. Se fosse hoje, estaria em todos os lugares.

Jongin dá de ombros.

— É fácil encobrir até a pior das tragédias quando dinheiro e reputação estão em jogo.

Chanyeol ri de novo, mas sua risada, dessa vez, é desprovida do tom bem-humorado costumeiro.

— Esse colégio é uma piada. Soube que, uma vez, um lorde da Quinta Família foi expulso porque descobriram que ele tinha uma tatuagem. Eles têm uma obsessão doentia pela pureza. Todos temos que ser perfeitos, puros e imaculados. — Ele faz um gesto despreocupado com a mão. — Bobagem.

— Você parece mal-humorado — observa Jongin.

Chanyeol ergue uma sobrancelha, estranhando o uso da palavra. Pessoas da realeza não podem se dar ao luxo de parecer mal-humoradas. Nunca, em nenhuma ocasião.

— Muito provável. Estou frustrado com... — Ele aperta os olhos e respira fundo. — Eu esperava algum reconhecimento da...

Jongin não diz em voz alta, mas agradeceria muito se ele terminasse as próprias frases.

De repente, Chanyeol agarra-o pelos ombros, com as feições revitalizadas outra vez. Seus olhos estão arregalados, brilhantes e eufóricos.

— Jongin, você é da Segunda Família!

— Achei que fosse bem óbvio para todo mundo.

Ele o ignora.

— Recebemos o Correio hoje de manhã. — Ele abaixa o tom de voz quando diz: — Você recebeu alguma coisa... estranha? Peculiar?

— Depende. Quanto você considera revistas de fofoca e cartas de amor peculiares?

— Isso é sério — repreende Chanyeol, gesticulando com as mãos no ar para moldá-las no formato de um retângulo. — Você viu algum envelope lacrado com cera dourada na sua caixa-postal? Ele é mais ou menos desse tamanho, tem cor creme e o símbolo de um triângulo invertido, eu acho, ou algo parecido com isso.

Jongin nega com a cabeça.

— Não, não vi nada assim. Por que isso é tão importante?

Ele respira, aliviado, e se deixa cair em um dos bancos nos arredores do Centro de Artes. Seus membros largos se espalham pelo encosto e pelo assento como se fossem feitos de massa tagliatelle.

— Essa é uma ótima notícia. Se a Tríade ainda não procurou por você, então ainda tenho chances de receber um convite.

Há muitas coisas sobre aquele colégio que Jongin ainda não sabe, mas está disposto a descobrir. Quanto mais souber, mais fácil será arquitetar um plano para ser expulso. Ou, na pior das hipóteses, ensaiar uma fuga histórica durante a noite.

— Chanyeol, o que está acontecendo? O que é a Tríade?

— Fale mais baixo. — Ele encosta o indicador aos lábios, pedindo silêncio, e sussurra: — A Tríade é uma sociedade secreta apenas para jovens das três famílias mais influentes da Coroa. É um círculo muito seleto de alunos.

O Instituto Preparatório St. Georg é um colégio de elite apenas para membros da realeza. O que pode ser mais seleto do que isso?

— Mesmo que seja verdade, você é da Sexta Família — pondera Jongin, sentando no braço de ferro de um dos bancos. — Por que enviariam um convite?

Chanyeol tem a resposta na ponta da língua.

— A cada semestre, alguns alunos de famílias menores são selecionados para ingressar na sociedade. Eles não entram como membros honorários e regulares, mas como convidados temporários. Esses alunos são chamados de Escudeiros.

— Escudeiros?

Na Idade Média, os escudeiros eram aqueles que serviam e protegiam os cavaleiros, carregando seus escudos, lanças e acompanhando-os na guerra. Eram subordinados aos soberanos e possuíam o menor título entre a nobreza.

Por que alguém aceitaria se rebaixar a tal nível para participar de uma sociedade secreta? Quem a Tríade pensa que é para segregar as Oito Famílias Reais e ditar quais são superiores às outras? Quem está por trás de tudo isso?

Chanyeol bufa, achando graça.

— Não leve tão a sério. É só um nome.

— Não importa, de qualquer forma — diz Jongin, brincando distraidamente com a ponta da gravata e sentindo o tecido se moldar ao seu cigarro escondido. — Não tenho interesse nenhum em fazer parte disso.

Chanyeol olha adiante, onde três outros alunos se aproximam, caminhando pelas calçadas do jardim.

— Conversamos depois. Tem gente vindo. — Ele levanta do banco e lhe dá dois tapinhas nas costas. — Vem, vamos para o pátio. Está na hora da nossa primeira aula experimental. — Chanyeol sorri de orelha a orelha. — E tenho a impressão de que você vai gostar disso.



Kyungsoo avança com o florete em riste, preparado para o ataque. Consegue ouvir o som da respiração de seu oponente à distância, lutando por ar e por uma chance de evitar a derrota vergonhosa de quinze pontos a zero. Apavorado, o esgrimista novato firma o pé no chão e se lança para a frente. Seu último ato de esperança e coragem.

Nos segundos finais, espera que ele faça seu movimento desajeitado e, quando ele o faz, Kyungsoo se defende e o surpreende com um contra-ataque. O contra-ataque da vitória. A ponta da lâmina acerta o ombro do adversário e o placar eletrônico, recém instalado no pátio interno, apita e se ilumina, registrando o ponto final.

O professor de esgrima é Timothée Moreau, ex-medalhista olímpico de esgrima na modalidade florete. Um francês magro e pálido com cabelos cor de areia e evidências de uma calvície avançada no rosto comprido.

Ele aponta para Kyungsoo, confirmando a pontuação da vitória.

Salute — orienta Moreau, relembrando os dois oponentes de se cumprimentarem ao final da partida.

Os alunos que assistem nos corredores do átrio, sentados na amurada ou espiando pelas aberturas ogivais, aplaudem educadamente. Não há entusiasmo no gesto, mas Kyungsoo pode ouvir o burburinho que toma conta do restante da turma.

— Ele finalizou com um parry riposte.

— Isso é incrível. O outro esgrimista nem conseguiu pontuar.

— Kyungsoo é assustador quando está duelando.

— Pode ser, mas, fora da pista, ele é só um ratinho assustado.

De pé no gramado, ele retira sua máscara de proteção para respirar ar puro. Ela é feita de policarbonato e cobre o rosto inteiro até o pescoço. Quando seu semblante emerge, todos os cochichos desaparecem, como se ele não fosse capaz de ouvir sob o material de plástico e metal.

Ele finge acreditar nisso também.

Kyungsoo não pode se ofender com o que não pode ouvir.

Nas aulas de esgrima, a opinião geral sobre suas habilidades é unânime: ele é o melhor esgrimista de todo o colégio. Já enfrentou três oponentes hoje e nem sequer está suando dentro do uniforme — uma vestimenta branca formada por calças e blusa de fibra, colete, meias e uma única luva acolchoada na mão direita, aquela que usa para segurar o florete.

— Muito obrigado, Kyungsoo, pela demonstração — declama o professor, de braços cruzados. Ele se vira para a turma de novatos enfileirados do outro lado do pátio, já devidamente uniformizados. — Mais alguém quer enfrentar o príncipe Kyungsoo?

O silêncio que se segue é mais do que previsível. Os alunos se entreolham, calados, esperando a intervenção do professor para encerrar a primeira aula experimental do semestre. Kyungsoo está prestes a abandonar a pista quando alguém levanta a mão.

— Eu quero.

Très bien — diz o professor. — Os dois para a pista, então.

O Sr. Moreau repete os preceitos básicos da esgrima mencionados no começo da aula enquanto auxilia o calouro com o equipamento. Seguindo as regras oficiais, a vitória é dada àquele que primeiro completar quinze pontos.

Por ser um esporte com golpes muito rápidos e ágeis, a pontuação é contabilizada a partir de sensores eletrônicos no uniforme dos atletas. Através de um fio corporal preso às costas do esgrimista, as armas registram os ataques e enviam um sinal para o sistema de pontuação, que acende a luz no placar.

Salute — comanda o professor, e eles caminham até o centro da pista para a saudação inicial. Um cumprimento onde os atletas colocam o braço que segura o florete para a frente e o braço desarmado para trás.

Kyungsoo aguarda o sinal de Moreau.

En garde! — exclama o francês, e os dois garotos entram em posição de guarda, os floretes apontando na direção um do outro.

Duelar com os calouros costumava ser um dos grandes medos de Kyungsoo na esgrima. Em um esporte onde a previsibilidade é uma vantagem indispensável, enfrentar um oponente sem conhecer sua técnica significa adentrar um território perigoso e desconhecido. Desde que se consagrou como campeão invicto do colégio, porém, nunca mais temeu adversário algum.

Ninguém ali é capaz de vencê-lo.

O rapaz à sua frente, seja lá quem for, não é um esgrimista iniciante. A maneira como se posiciona, com o tronco na vertical, distribuindo o peso do corpo por ambas as pernas perfeitamente e com os pés perpendiculares, indica que não é sua primeira vez segurando um florete. Sua postura é impecável.

Prêts? — diz o professor. — Allez!

Kyungsoo não desperdiça nem um segundo. Ele marcha para a frente e ultrapassa facilmente a guarda do outro, acertando-o com um golpe reto na boca do estômago. A lâmina enverga quando ele a pressiona no colete do esgrimista e a luz acende no painel eletrônico.

Attaque. Touche. Point — anuncia o Sr. Moreau, apontando para Kyungsoo e confirmando o primeiro ponto da partida.

Ele quase dá risada. Seu adversário pode ter uma boa postura, mas peca na habilidade técnica. A guarda dele é muito aberta.

O segundo ponto não vem fácil. Dessa vez, o oponente consegue parar e desviar seu florete, mas o contra-ataque não é rápido o suficiente. Kyungsoo se esquiva e tenta golpeá-lo no ombro, nos limites da zona de pontuação, enquanto também sofre um novo ataque. As lâminas avançam ao mesmo tempo.

É o chamado toque duplo — quando dois esgrimistas se tocam simultaneamente. Nesses casos, cabe ao árbitro a decisão de atribuir a pontuação a um dos atletas.

Moreau aponta para Kyungsoo.

Eles voltam para a posição inicial.

En garde!

Ele analisa seu adversário conforme se encaram, de lados opostos da pista. Ele é mais alto, o que naturalmente lhe dá vantagem na esgrima, pois a altura torna seu alcance maior. Esgrimistas baixos como Kyungsoo podem compensar utilizando técnica, controle dos pés e gerenciando a distância.

Prêts? Allez!

Kyungsoo e o calouro marcham, lançando-se um contra o outro com o florete em posição de ataque. O oponente ataca pela direita, mas ele é ágil ao reagir e executa uma parada de quarta para bloquear a lâmina. Seu florete, porém, golpeia o ar, e a lâmina o acerta pela esquerda enquanto a luz verde acende no placar. Kyungsoo pisca, tentando entender o que acabou de acontecer.

O esgrimista desconhecido o surpreendeu com uma finta — quando o atleta realiza um ataque falso em uma direção, fazendo o adversário assumir uma posição já premeditada e deixar a guarda livre, facilitando o toque. Kyungsoo devia ter previsto isso, como já previu milhares de vezes, mas foi vencido pela velocidade do outro.

Sorte, pensa. Ele só está com sorte.

Mas não demora até perceber o quanto está equivocado.

Os combates seguintes fazem os dois primeiros parecerem apenas um ensaio, um treino descompromissado. Quando alcançam a marca equivalente de dez pontos, Kyungsoo está ofegante dentro da máscara, com suor escorrendo das têmporas até as bochechas. Os alunos assistindo finalmente parecem empolgados com a disputa.

Seu oponente não está com sorte — ou talvez até esteja —, mas o fator determinante nesse duelo não é o acaso. Sua técnica de deslocamento e ataque é veloz, complexa e, ao mesmo tempo, invisível como uma rajada de vento. Ele se movimenta como se o peso de seu corpo fosse mais leve que o ar, como uma dança sedutora e viciante da qual não consegue desviar os olhos.

Kyungsoo simplesmente não consegue prever seus movimentos.

A esgrima é um esporte que requer muitas habilidades: equilíbrio, concentração, agilidade, precisão, potência e disciplina. Seu adversário possui todas elas.

Essa técnica...

Ele já viu aquilo em algum lugar, mas não consegue lembrar onde.

A cada reinício, ele faz rápidas anotações mentais sobre a própria derrota:

Envergadura curta.

Postura muito inclinada.

Guarda muito aberta.

Excesso de peso na perna da frente.

O novato aprendeu a ler e antecipar seus movimentos em apenas duas sequências de combate. Kyungsoo percebe, com o coração acelerado latejando contra as costelas, que está prestes a ser derrotado pela primeira vez em anos.

É a decisão final. Sua última chance. Se perder o próximo ponto, está fora. Quando o professor Moreau grita "Allez!", ele se estica em um afundo, projetando o braço que segura o florete para a frente. Uma tentativa frustrada de aumentar seu alcance.

Como se já previsse seu movimento, o outro esgrimista também avança e ataca. Suas lâminas deslizam uma na outra, mas ultrapassam a guarda e ambos se tocam simultaneamente. O tempo estaciona. Sua respiração se torna mais pesada. Kyungsoo o encara — o corpo todo elétrico, eufórico e vivo — e vê a sombra de um olhar afiado através da máscara.

Timothée Moreau aponta e confirma o maior dos seus temores: Kyungsoo foi derrotado.

Há uma onda de raiva crescendo em seu ventre, que ele descarrega em um grito quase visceral. Ele estranha como a própria voz ecoa, frustrada e engasgada, pelo pátio interno. Kyungsoo é o príncipe perfeito. Educado, inteligente, paciente e íntegro. Um príncipe não deve se exaltar.

Quando descem da pista de esgrima para o gramado, o burburinho começa.

— É ele — diz alguém na multidão. — Só pode ser ele.

— Como você sabe?

— Ninguém nunca o viu duelar antes.

— O pai dele é Kim Jaesang, duque da Segunda Família — murmura um outro. — Ele era uma lenda nos esportes na época que estudava aqui. Foi campeão nacional de Esgrima em 1993 e vice-campeão em Hipismo, cinco anos mais tarde. O talento está no sangue.

Por sorte, as pessoas não estão muito interessadas em caçoar da sua derrota, mas em desvendar a identidade do esgrimista incógnito.

Salute — instrui o professor, por fim, pedindo que os dois adversários se cumprimentem.

Kyungsoo respira fundo, lutando contra a vergonha e a vontade de desaparecer. Eles fazem a saudação, apontando suas lâminas um para o outro. Quando seu adversário finalmente se livra da máscara, libertando os cabelos castanhos úmidos de suor e revelando o rosto corado pelo esforço, a turma inteira reage.

— Kim Jongin vence — anuncia Moreau, sorrindo com um orgulho velado, como se tivesse ansiado pelo dia em que Kyungsoo sofreria uma derrota.

Kyungsoo perde o fôlego, sentindo a própria respiração acelerada de novo. Pela primeira vez, entende por que o Sol é o símbolo bordado no uniforme da família Kim, e todos os motivos pelos quais a mídia é tão obcecada por ele.

Kim Jongin é inacreditavelmente lindo. Alto, com uma proporção corporal simétrica e uma pele bronzeada beijada pelo verão. Uma beleza dourada e sublime da qual falam os poetas. Sua presença é magnética, forte e quente.

É como presenciar a personificação do Sol na Terra.

O corpo de Kyungsoo parece pesado como uma âncora, rígido, incapaz de sair do lugar. Ele apenas observa enquanto Jongin apoia a máscara sob o braço armado e caminha até ele com um sorriso radiante. Caloroso, despreocupado e livre. Tudo o que um príncipe de verdade não é.

— Isso foi divertido — afirma ele, estendendo a mão para cumprimentá-lo. Quando apertam as mãos, o contato entre as peles faz seu braço formigar. — Seu afundo é brilhante.

Kyungsoo quer agradecer, mas não consegue. Todas as palavras de cortesia que ensaiou durante uma vida inteira ficam entaladas na sua garganta. O primogênito da Segunda Família Real lhe desperta, ao mesmo tempo, a fúria pela derrota humilhante e o fascínio pelo desconhecido.

Por sorte, outro rapaz aparece e interrompe a conversa, lançando o braço longo sobre os ombros de Jongin.

— Essa foi a coisa mais incrível que eu já vi! — diz Park Chanyeol, arrastando-o para longe de Kyungsoo. — Vem, vamos comemorar! Vão servir pastel de nata no refeitório daqui a pouco.

Antes de deixar o pátio, Jongin olha para trás uma última vez. Seus olhares se encontram, apenas por um segundo, e sua pele continua formigando onde ele o tocou.

Com os pés enraizados no gramado, Kyungsoo encara suas costas e o assiste ir embora, como alguém que presencia o declínio de um sol poente.



O som dos chuveiros é reconfortante.

Após o jantar, Jongin e Chanyeol são guiados pelos monitores até os banheiros para a última ducha do dia. Os garotos aguardam na fila, vestidos com shorts curtos, regatas com as cores do internato ou envoltos em toalhas bordadas. O critério que determina a sequência é a ordem de chegada. Sem distinção, sem privilégios. Apenas garotos seminus jogando conversa fora enquanto esperam sua vez.

Jongin gosta disso. Gosta do quanto parece mundano e comum. Quase normal.

Monitores-Chefes se dividem patrulhando as filas, divididas igualmente entre os dormitórios. Apoiado contra os ladrilhos gelados da parede, Jongin espia a movimentação entre os garotos da Casa Clermont. Na verdade, um garoto em especial.

É alguns centímetros mais baixo que ele, com cabelos curtos e escuros como pedras de ônix. Seus olhos, ele se lembra, eram grandes e brilhantes quando o encarou por trás da máscara de esgrima. A aparência dele não é particularmente notável, mas, de certa forma, lhe parece familiar.

Jongin ainda pode sentir. A adrenalina flutuando em suas veias. Os cabelos úmidos de suor grudando na testa. O sorriso se expandindo em seu rosto a cada toque da sua lâmina no adversário. Fazia tempo que não se sentia tão extasiado.

— Quem é aquele? — questiona, apontando com o queixo na direção do rapaz, que circula entre as duchas com um broche de Monitor-Chefe no peito.

Chanyeol, atrás dele na fila, estreita os olhos de modo sombrio.

— Do Kyungsoo, príncipe da Quarta Família — responde ele. O aluno destaque mencionado por uma das revistas de sua irmã. — Eu ficaria bem longe dele se fosse você.

— Por quê?

Junmyeon, que monitora a fila deles, dá um passo em sua direção com uma expressão azeda no rosto pálido. Seu primo parece estar sempre à espreita, como se o esperasse causar um escândalo a qualquer momento.

— O pai dele é marquês de Gyeongsang, mas a mãe é da plebe — explica ele, crispando os lábios. — Era faxineira de restaurante em um bairro do subúrbio. Gente muito pobre. Não vai querer ser visto andando com ele. — Junmyeon sussurra a última parte: — O menino é a droga de um Meio-Sangue.

Meio-Sangue é um termo antiquado e pejorativo para denominar alguém da realeza que não seja "puro-sangue". Uma expressão normalmente utilizada para se referir a animais equinos. Jongin a detesta.

— E daí? — rebate, com uma das mãos cerradas em punho. — O antigo príncipe herdeiro também era.

— E onde está ele agora? — replica Junmyeon, de braços cruzados. O escudo dourado que é símbolo dos monitores cintila no seu uniforme sob a luz do banheiro. — Ele e toda a família estão a sete palmos debaixo da terra, sendo comidos por bactérias e vermes.

As reprimendas da mãe e as reprovações do pai não são os únicos motivos pelos quais Jongin deixou de frequentar os eventos reais. Ele odeia aquele mundo. Odeia tudo o que ele simboliza e reproduz. Mais do que tudo, odeia como sua família é formada por pessoas detestáveis como Junmyeon.

Chanyeol, como sempre, contribui para a discussão com dados históricos:

— Depois que Song Jiho morreu, os pais faleceram em um acidente de avião, o irmão mais novo se matou de tanto beber e o avô, o Rei em exercício, agora está doente. Uma família amaldiçoada. — Ele alisa os próprios braços como se sentisse calafrios. — É um conselho de amigo: não deixe alguém como ele te arrastar para baixo.

Ao sair dos chuveiros, Jongin pega seu uniforme de volta, mas está cansado e inquieto, e não tem paciência para vestir o blazer ou atar a gravata corretamente. Pela segunda vez naquele dia, despista seu colega de quarto e, em vez de se dirigir à Capela como deveria, escapa pelos fundos do vestiário, onde encontra um caminho furtivo até os jardins.

É noite e o vento frio penetra sua camisa branca de botões como gelo. Ele anda sem rumo por entre os prédios altos dos dormitórios, sem saber onde sua caminhada o levará. No fim, acaba se abrigando sob as sombras dos muros que circundam o Canal — um trecho extenso de água que divide o terreno do internato em duas partes distintas.

Na escuridão, os veleiros embarcados no Cais e a ponte que atravessa o Canal não passam de silhuetas altas e sombrias. Ele resgata o cigarro e o isqueiro escondidos sob o forro da gravata, acende e fecha os olhos quando a nicotina faz seu corpo relaxar. A única coisa denunciando sua presença é o ponto minúsculo de luz alaranjada no escuro.

Sentado aos pés do muro, o blazer jogado sobre o ombro e a gravata frouxa no pescoço lhe dão um ar indômito e libertino. Seu cabelo ainda úmido se agita na brisa. Ele exala fumaça pelos lábios cheios e se sobressalta ao ouvir uma voz.

— Você poderia ser suspenso por isso.

Do Kyungsoo está parado perto da ponte, observando-o no escuro e no silêncio. Ao contrário dele, veste seu uniforme de maneira impecável, com a gravata acomodada por baixo do pulôver. Suas calças, porém, estão manchadas perto dos bolsos e grãos cor de cevada se alojam sobre os sapatos lustrados.

Seu timbre habitual é suave e macio, muito diferente da postura sempre rígida que assume como monitor. Jongin se dá conta de que é a primeira vez que ouve a voz dele.

— Vá em frente, conte pra todo mundo. — Jongin gesticula com a mão que segura o cigarro. — Você precisa de uma foto? Dizem que sou ótimo em fazer poses. — Ele abre as pernas, apoiando um braço sobre o joelho como se estivesse sendo fotografado. — Ah, é verdade. Não podemos usar celulares. Nem beber, fumar ou transar com supermodelos. O que vocês fazem para se divertir por aqui?

Kyungsoo parece irritado.

— Não seja sarcástico — responde, e dá para dizer que está se esforçando para não revirar os olhos.

Tão controlado...

Jongin transfere o cigarro de uma mão para outra e apoia o braço livre na grama para se levantar. Dando uma última tragada, ele o amassa na superfície pedregosa e o abandona em cima do muro, onde qualquer um poderia ver.

— Estou falando sério. — Ele aponta para a bituca achatada do cigarro. — Você deveria relatar isso, Monitor-Chefe.

Kyungsoo cruza os braços e abre o que deveria ser um sorriso, mas que soa apenas como um gesto ensaiado.

— Deveria. Mas tenho a impressão de que é isso que você quer.

— E você não vai me ajudar com isso — suspira Jongin, exalando o ar em uma decepção divertida.

Eles se encaram no silêncio, com a intensidade delicada e crua de uma escultura de Rodin. O som da água corrente batendo contra o píer de madeira no Cais se torna a sinfonia principal da noite, até que Kyungsoo a quebra.

Ele caminha para perto de Jongin, apenas o suficiente para que ele possa ouvi-lo sussurrar:

— Este colégio não é o que você pensa. — Ele nota que as mãos de Kyungsoo estão caídas ao lado do corpo, fechadas com tanta força que fazem os nós dos seus dedos ficarem esbranquiçados. — Se eu relatasse tudo que vejo por aqui, esse lugar teria que fechar as portas.

Jongin inclina a cabeça, interessado. Seus pés afundam no gramado conforme caminha, aproximando-se ainda mais do outro garoto.

— Isso tem a ver com...? — Com a Tríade? Quer perguntar, mas não sabe até que ponto a informação pode comprometê-lo ali dentro. — Nada, esquece.

Isso arranca uma risada abafada de Kyungsoo.

— Com uma sociedade secreta exclusiva para as três famílias mais influentes do país? Acredite, ela não é tão secreta assim.

— Nunca ficou curioso? — Jongin ergue uma sobrancelha. — Para saber o que acontece lá?

Ele balança a cabeça levemente e desvia o olhar para as águas escuras do Canal.

— Posso imaginar.

Seus olhos grandes e escuros se perdem em algum ponto fixo e distante, e Jongin sente o ímpeto de trazê-los de volta. Ele pensa em algo mais para dizer, apenas porque sente uma vontade infantil de fazer Kyungsoo olhar para ele de novo.

— Obrigado — sussurra ele para o ar da noite. E lá estão eles outra vez: os olhos brilhantes, fixos aos seus, exatamente onde ele queria. — Duelar com você foi a coisa mais divertida que fiz desde que cheguei aqui.

Os lábios carnudos de Kyungsoo oscilam em um quase sorriso.

— Podemos repetir qualquer dia — sugere ele, mas suas pálpebras tremem e ele pisca, desconcertado, como se o convite cruzasse algum limite muito íntimo. Ele olha para os próprios sapatos. — Vou te vencer da próxima vez. Não posso deixá-lo com a impressão errada sobre mim.

Jongin deixa escapar um riso soprado.

— É o que vamos ver.

— Você deveria ir — repreende Kyungsoo, com um suspiro pesado. — O toque de recolher vai tocar a qualquer momento.

Ele balança a cabeça, concordando, e afunda as mãos nos bolsos da calça. Sem dizer uma palavra, Jongin lhe dá as costas e começa a caminhar de volta para os dormitórios. Só consegue dar alguns passos para longe até que a voz macia o chame de volta.

— A floresta atrás da Capela — diz Kyungsoo de repente.

Jongin olha para trás.

— Hum?

— É o melhor lugar para fumar escondido — recomenda ele, olhando para a área verde repleta de árvores que se estende para além do templo cristão. — Enterre as bitucas na terra, mas cave fundo, ou o padre Hermann pode rastrear você.

Seus lábios se alargam em um sorriso e ele ajeita o blazer jogado sobre o ombro.

— Fascinante.

Kyungsoo pisca.

— O quê?

— Você não é o que eu esperava.

— O que você esperava? — questiona Kyungsoo, e seu tom parece ansioso, suplicando por uma resposta.

Se estivessem em qualquer lugar mais iluminado, poderia ver seu peito subir e descer sob o pulôver de cashmere do uniforme. Mas a escuridão o isenta dos detalhes.

Ele ri, a respiração quente contra o ar gelado, e a fumaça espiralada ganha a noite estrelada.

— Boa noite, Kyungsoo.

Com as mãos aquecidas no bolso, ele se afasta, com a certeza excitante de que o garoto ainda está o observando.

Ao percorrer os corredores da Casa Windsor, os alto-falantes anunciam, na voz da preceptora Kang:

— O toque de recolher começará em cinco minutos.

Quando volta para o quarto, Chanyeol e Junmyeon já estão deitados em seus respectivos colchões, encobertos pelo edredom pesado. O cômodo está escuro e em silêncio, e estranhamente gelado. É apenas seu segundo dia ali, mas Jongin sabe dizer quando algo parece fora do lugar.

Sente o vento flutuar na altura das pernas e seus olhos são atraídos para as portas semiabertas da sacada, permitindo a passagem de ar, como se alguém tivesse esquecido de fechá-las corretamente. Estranho.

A luz do luar atravessa a janela e faz alguma coisa cintilar sobre a sua cama. Em cima do lençol, há um único envelope com um lacre de cera dourado.

Ele pega e imediatamente lê a mensagem escrita no verso do papel cor de creme:

Queime depois de ler.



Na manhã seguinte, Jongin acorda com um par de olhos castanhos eufóricos encarando-o enquanto dorme. Chanyeol está sentado no chão perto da sua cama, com os braços apoiados na mesa de cabeceira. Ele tem um semblante exaurido, olheiras sutis e um inchaço abaixo dos olhos, mas, apesar do cansaço, suas íris faíscam de empolgação.

Ainda são cinco e meia. Faltam trinta minutos até que os monitores comecem a bater nas portas.

Jongin quer matá-lo.

— Ficou maluco? — grunhe ele, empurrando-o para longe. Sua mão acerta e esmaga a bochecha de Chanyeol, mas nem mesmo o golpe acidental é capaz de desanimá-lo.

— Você também recebeu?

Ainda sonolento, Jongin não entende de primeira.

— O quê?

— A carta — sussurra dramaticamente. Chanyeol agita o envelope no ar e o deposita sobre a mesa. É idêntico àquele que recebeu, exceto pela cor do lacre. Vermelho, em vez de dourado. — Não consegui dormir a noite inteira. Estava escondida debaixo do meu travesseiro, e eu esbarrei nela sem querer de madrugada quando fui mudar de posição. Dá pra acreditar? Vou ser um Escudeiro!

— Parabéns — balbucia Jongin, e então vira de costas para ele na cama para continuar dormindo.

Chanyeol não desiste e começa a cutucar suas costas.

— Você recebeu?

Jongin suspira e gira no colchão outra vez.

— Recebi. Estava em cima da minha cama quando cheguei. Satisfeito?

— Onde você foi ontem à noite?

Saí para fumar. Ele não tem medo de dizer a verdade, mas ainda não sabe o quanto pode confiar em Chanyeol.

Jongin está usando Chanyeol, da mesma maneira que está sendo usado por ele. Afinal, se não fosse sua proximidade com o filho da Segunda Família Real, o Park sabe que jamais teria sido convidado para ser um escudeiro na Tríade.

Ele o encara com um semblante impassível e dá de ombros.

— Bom, não importa — continua o Park, tamborilando os dedos sobre o envelope creme. — Você já abriu? Esperei o dia clarear para ver o que tinha dentro, mas até agora não consegui decodificar.

— Decodificar?

Ele assente e começa a abrir o envelope com o lacre já rompido. Dentro dele, há uma única folha de papel com uma frase escrita em uma língua já extinta. Como um membro da realeza que já frequentou diversas aulas particulares tediosas, Jongin não demora a reconhecer o idioma.

— Olha só isso. Está em Latim — diz Chanyeol, apontando para a carta. — É um teste. Eles querem nos avaliar, para saber se realmente merecemos entrar para a sociedade. Nossa primeira missão: decifrar o convite para descobrir o local de encontro. Parece divertido.

Jongin cerra os olhos com força, deita de costas e pressiona a ponte do nariz.

— Parece cansativo.

— Precisamos desvendar isso, Jongin! Tem noção de quantas pessoas gostariam de estar no nosso lugar? — Ele ri, eufórico, e se levanta para apanhar a mochila transversal azul-marinho com o brasão do colégio. — Vou pegar um livro de Latim na biblioteca mais tarde. Vem comigo?

Jongin está pensando em maneiras de negar sutilmente o convite quando ouve passos pesados no corredor e, em seguida, três batidas curtas na porta. Salvo pelo gongo.

A voz de Junmyeon ressoa do outro lado:

— Hora de levantar, rapazes! — exclama o Monitor-Chefe. Há alguns segundos de silêncio, até que ele completa, em uma voz baixa e soturna: — Hoje vai ser um longo dia pra vocês.



Kyungsoo tem uma rotina de estudos muito rígida.

Entre as aulas teóricas da grade oficial, ele se divide entre estudar Literatura Clássica, História, Filosofia, Ciências Políticas, Relações Internacionais, Latim, Etiqueta e aprofundar o estudo em áreas específicas do currículo básico, como Matemática e Física.

À tarde, respira Música e Arte, e depois se dedica aos mais variados esportes oferecidos pelo colégio: esgrima, hipismo, badminton, críquete, lacrosse, golfe, tênis, remo, natação e pólo aquático.

Aos fins de semana, quando está livre, se aventura no xadrez e nos jogos de baralho. Desde as aulas extracurriculares, os serviços comunitários, até seus deveres como Monitor-Chefe, Kyungsoo está sempre ocupado.

Literatura Clássica é uma de suas matérias preferidas.

O professor Oliver J. Williams, um senhor grisalho com muitas rugas na testa e um nariz convexo, passa entre as fileiras da classe com um livro em mãos. Dizem que ele era um aspirante a escritor, apaixonado por poemas e pela dramaturgia, mas que abandonou a carreira para lecionar Literatura.

— Em Hamlet — está dizendo —, Shakespeare discute temas que ainda são relevantes no contexto contemporâneo. Se analisarmos seu conteúdo político de acordo com a época em que foi escrito, o que podemos extrair como mensagem?

Poucos são os alunos que se atrevem a levantar a mão e arriscar um palpite. A maioria está terrivelmente errada, e todos mais se distanciam do que se aproximam da resposta que o Sr. Williams está buscando.

Ninguém ali chega sequer perto do seu nível.

Com uma expressão tediosa, ele ergue o braço como se fosse compelido a isso.

O professor gesticula na sua direção.

— Kyungsoo, por favor.

— Para manter a paz e autonomia do reino, era indispensável preservar o poder legítimo do monarca, nem que para isso precisasse ser temido. É como escreveu Maquiavel: "É melhor ser temido do que amado." Hamlet acreditava que precisava ser cruel para ser justo.

— É o que você pensa? — questiona o professor.

— É o que Shakespeare pensa — responde.

— E você concorda com ele?

Como sempre, Kyungsoo é pego de surpresa pela pergunta e sorri, com vergonha de si mesmo.

Ele gosta do Sr. Williams mais do que qualquer outro professor, mas nunca disse a ninguém em voz alta, porque teme a retaliação.

Todos os alunos o abominam simplesmente por fazer o que nenhum dos outros professores faz: incentivá-los a ter uma opinião. O que, na realidade em que vivem, parece irônico, porque cresceram aprendendo a repetir opiniões já formuladas por outras pessoas.

— Eu... — As palavras fogem dele.

Prefere ser temido ou amado?

Como poderia comparar esses dois conceitos se desconhece a sensação de se sentir amado?

Para sua família, ele é apenas um investimento como qualquer outro. Um projeto que, se não for bem-sucedido, não tem mais serventia. É por isso que desde cedo o submeteram a exaustivas horas de estudo, aulas de violoncelo e piano, lições de etiqueta e o ensino dos valores cristões através da catequese.

Kyungsoo vive com o rosto mergulhado nos livros porque não aprendeu a fazer outra coisa.

De certa forma, ser temido foi a sua salvação neste colégio. O título de Monitor-Chefe é, ao mesmo tempo, um fardo e um escudo. Desde que assumiu o posto, pessoas como Seojun não tiveram escolha a não ser deixá-lo em paz. Ele se tornou intocável.

Antes que possa responder, duas batidas na porta roubam sua atenção.

— Com licença, Sr. Williams — diz a secretária parada na entrada da sala. — A preceptora está solicitando a presença do príncipe Kyungsoo na diretoria.

Desconfiado, ele espia Minseok e Baekhyun, sentados a duas fileiras de distância, que encolhem os ombros e balançam a cabeça. Eles não sabem de nada. Os outros monitores não foram chamados.

O que a Sra. Kang poderia querer com ele, em específico?

Enquanto se levanta e segue a secretária pelos corredores, sua mente fervilha com as possibilidades.

— Pode entrar — diz ela, quando chegam à porta do escritório.

É um cômodo amplo e iluminado por um lustre simples, com uma mesa de trabalho grande e poltronas caras. Duas janelas em arco ocupam quase a parede inteira. A sala não possui revestimento e ainda preserva seu aspecto original, com blocos de pedra aparentes e entalhes rústicos.

— Sente-se, por favor.

Ele se senta e espera, mas não vem nada depois disso.

— Mandou me chamar? — pergunta Kyungsoo, já ligeiramente preocupado com o motivo pelo qual sua presença foi solicitada ali.

A preceptora descruza os dedos das mãos cadavéricas e se levanta de sua cadeira. Ele observa conforme ela contorna a mesa para chegar mais perto. Sua expressão é, como de costume, cínica e autoritária.

Ela pega um objeto pequeno de cima da mesa e o exibe para Kyungsoo.

— Você reconhece isto? — pergunta ela, girando um isqueiro grande e prateado. Pouco discreto.

Ah, meu Deus.

Por favor, não.

Na noite passada, quando encontrou Kim Jongin fumando no Canal, fez questão de apagar os rastros que ele havia deixado: as cinzas no chão, a bituca amassada no muro e... O isqueiro. Ele deve tê-lo esquecido ou deixado cair na grama, camuflado de tal forma que foi impossível para Kyungsoo notar.

Mas alguém notou.

Quem?

Ele semicerra os olhos, fingindo não reconhecer o objeto.

— Pelo formato — diz ele —, suponho que seja um isqueiro.

A Sra. Kang coloca uma mecha dos cabelos claros e ressecados para trás da orelha, alinhando seu coque impecável. Ela respira fundo e dá um passo à frente, encarando o brasão no seu uniforme.

A família Do, também chamada de Quarta Família Real, é representada por andorinhas e ramos de oliveira. As cores são enfadonhas — uma combinação tediosa de azul, cinza e amarelo. Apenas as três primeiras famílias recebem a cor dourada no brasão.

— Não banque o engraçadinho comigo, Kyungsoo. Sua posição como Monitor-Chefe está em risco — repreende a preceptora, estendendo a mão livre para dedilhar seu broche. — Vou repetir a pergunta: você reconhece esse objeto?

Não é que queira encobrir Jongin.

Por mais que quisesse defendê-lo, não poderia admitir que flagrou um aluno desrespeitando uma das regras da escola e não o delatou. A última coisa que precisa é ser tachado como conivente e irresponsável.

— Eu não fumo — murmura.

A preceptora abre um sorriso arrogante.

— Não, claro que não. — Ela deposita o isqueiro junto aos livros, canetas e ao molho de chaves que vive sobre sua mesa. — No momento, acredito que só exista um aluno estúpido o suficiente para se arriscar tanto em um lugar tão indiscreto. E, coincidentemente ou não, uma fonte confiável disse que viu vocês dois juntos ontem à noite.

Uma fonte confiável.

Quem?

Ele consegue pensar em duas pessoas que desejam o seu fracasso. E ambas recebem o sobrenome Oh.

— Como você bem sabe — continua ela —, o Instituto St. Georg foi projetado para construir resiliência, melhorar a autodisciplina e desenvolver as habilidades necessárias para ser um membro notável da aristocracia real. Você é um dos residentes mais antigos aqui, Kyungsoo, e também um dos mais disciplinados. Se não posso confiar em você, em quem devo confiar?

Ele inclina a cabeça para encarar os próprios sapatos, quase se curvando em uma reverência vexatória. Se for preciso, está preparado para implorar de joelhos.

Ser Monitor-Chefe da Casa Clermont é indispensável para o seu currículo, e ainda mais indispensável à sua segurança. Precisa disso mais do que todo mundo para ganhar pontos acadêmicos e, quem sabe, ter alguma vantagem para disputar o título de príncipe herdeiro.

— Você pode confiar em mim, Sra. Kang — suplica Kyungsoo, em voz baixa. — Levo meu dever como monitor muito a sério. Acredite, não tem ninguém nesse colégio que valorize mais essa posição do que eu.

Ela entrelaça os dedos na frente do corpo.

— Muito bem. Dessa vez, vou deixar passar. Mas que não se repita. Como punição, você fica encarregado da ronda noturna nos próximos três dias. Da próxima vez que pegar Kim Jongin fumando, traga-o imediatamente até mim. — Quando ele não responde, ela sobe o tom de voz: — Estamos entendidos?

— Sim, senhora.

Desolado. Se pudesse definir seu sentimento atual em uma palavra, seria essa: desolado. Pela primeira vez em algum tempo, seu mundo perfeito e impecável, feito de ouro e mármore, está cheio de rachaduras.

Nunca, em todos esses anos como monitor, deixou um aluno se safar.

Por que agora?

Por que o deixou ir tão fácil?

Por que arriscou tudo por Jongin?

Com uma reverência curta, ele se despede e sai da sala da preceptora, mas o que vê em seguida faz seus passos vacilarem e sua garganta secar.

Ao lado da porta, apoiado na parede de braços cruzados, está Oh Seojun. O garoto o encara por trás da franja escura do cabelo oleoso e indica o escudo dourado em seu peito com a ponta do dedo, em um gesto brincalhão.

Então estava certo sobre a caixa de veludo.

Seu maior pesadelo se confirmou.

O título de Monitor-Chefe, a única coisa que o colocava um andar acima de Seojun na hierarquia do colégio, agora não possuía mais poder algum.

— Gostou do meu broche? Sou o novo Monitor-Chefe da Casa Bourbon, e estou ansioso para trabalharmos juntos outra vez — comenta ele, com o sorriso ácido e venenoso que já conhece tão bem. — Sentiu minha falta, Passarinho?



À noite, Chanyeol se debruça sobre três livros de Latim diferentes na biblioteca. Com o rosto apoiado na mão e as pernas esticadas por baixo da mesa, Jongin observa os movimentos repetitivos do colega como observaria um desfile de debutantes. Com muito tédio e uma irritação sutil.

Chanyeol vira as páginas. Lambe a ponta dos dedos. Corre os olhos pelo texto. Vira mais páginas. E o ciclo recomeça. É doloroso assistir.

Ele aponta para uma palavra no livro que está lendo.

— Aqui diz fornicatio. Sabe o que isso significa?

— Fornicação — arrisca Jongin, sem pensar muito.

— Vem de fornix, fornicis, que pode significar arco, arco de ponte, abóbada ou arco triunfal. Um cômodo abobadado, talvez? O que nos leva a... quase todos os cômodos do campus. — Ele deixa os ombros caírem em descontentamento. — Vou continuar procurando.

De forma geral, Jongin não gosta muito daquele lugar. Especialmente da biblioteca. É muito escura, deprimente e exala o cheiro característico de madeira e livros velhos.

De um lado, há estantes e mais estantes abarrotadas de livros e decoradas com bustos de estátuas brancas, cujos olhos, ainda que opacos e sem vida, parecem observá-lo a todo instante.

Uma escada de madeira em espiral segue até um mezanino, que se estende sobre a metade do espaço. Lá em cima, a iluminação é suave, com grandes janelas que permitem a entrada de luz natural e vistas panorâmicas do andar inferior.

Do outro lado, há mesas onde estudantes se debruçam sobre seus livros desinteressantes, os rostos estoicos e feitos de plástico. Todos de uniforme azul-petróleo, idênticos, com o mesmo porte e pensamentos mimetizados.

É como olhar para manequins em uma loja escura e sombria da vida real.

Alguns deles, porém, ocultam segredos. Se prestar bastante atenção, consegue perceber livros menores e mais finos que se escondem dentro de livros maiores e mais grossos.

— O que é isso? — Jongin rouba a atenção de Chanyeol com um estalar de dedos e inclina a cabeça na direção de uma das mesas, onde um garoto lê uma história em quadrinhos em um livro de Teologia. — Por que todos estão escondendo alguma coisa?

Ele não parece impressionado.

— Ah, sim, isso acontece o tempo todo. Os alunos escondem livros proibidos dentro de outros livros aprovados pela Academia Real. — Ele aponta para as estantes nos fundos da biblioteca. — Se for entrar nesse time, sugiro as enciclopédias, sobretudo as de 1970 e 1980. São mais grossas e altas, assim você não será pego.

Jongin ergue uma sobrancelha.

Finalmente uma curiosidade intrigante.

— Livros proibidos? Que tipo de livros?

— Uma variedade deles, e não só aqueles que você deve estar pensando — diz Chanyeol, com um sorriso que garotos dão a outros garotos quando o assunto é sexo. — Livros de romance, alguns poemas, temas e autores específicos. Todos os exemplares que se afastam dos dogmas da Coroa e da Igreja foram retirados da biblioteca há muitos anos.

— Uma censura, então — conclui Jongin.

Ele encolhe os ombros e sussurra:

— Como todas as outras que já sofremos. Não é nenhuma surpresa. Talvez por isso os alunos sejam tão fascinados pela Tríade. Ter um suspiro de liberdade, por menor que seja, é um privilégio aqui dentro.

— Por que você é tão fascinado pela Tríade? — rebate Jongin, mais alto do que deveria, e vários pares de olhos se viram para eles.

— Sssh. Fala baixo. Quer receber uma advertência?

Nenhum dos dois responde às perguntas.

Mais tarde, quando sozinhos no dormitório, Chanyeol continua murmurando as palavras em latim até que façam algum sentido. Ele as escreve em um caderno uma a uma, buscando uma tradução para elas com a ajuda de um dicionário.

Societas nostra lapidum fornicationi simillima est... — repete Chanyeol pela décima vez, como se invocasse um feitiço muito antigo e poderoso — ...quae, casura nisi in uicem obstarent, hoc ipso sustinetur. Acho que consegui. Jongin, acho que finalmente estou perto.

— Sou todo ouvidos.

— Uma das traduções possíveis é... — Ele pigarreia para limpar a garganta e prossegue: — Nossa sociedade assemelha-se a um arco abobadado: as pedras que, sozinhas, cairiam, sustentam-se mutuamente, e assim conseguem manter-se firmes.

— O que significa?

— É a mensagem que recebemos na carta. Fala da importância de nos mantermos unidos. Esse é o verdadeiro significado.

Jongin se joga na cama e cruza as pernas. Seus braços sustentam o peso da cabeça sobre o travesseiro.

— Adorável — diz ele. — E como isso ajuda a encontrar o esconderijo deles?

Sem resposta, Chanyeol abre e fecha a boca como um peixe fora d'água. Ele larga seu caderno, grunhe em frustração e se curva sobre sua pilha de livros.

— Bom, eu estou fora — anuncia Jongin.

O colega ergue o rosto, suado e vermelho, com veias saltando nas têmporas e olhos arregalados.

— Vai desistir?

— Eu nunca cogitei participar, na verdade.

— Você não pode fazer isso! Se rejeitar a Tríade, então...

— Não importa. — Jongin estende a mão para o objeto escondido em sua mesa de cabeceira. Ele arranca sua carta do envelope e a agita no alto. — Vou me livrar dela.

Num pulo, ele se levanta e começa a vasculhar suas gavetas, mas não encontra o que está procurando: um isqueiro metálico de cor prateada com bordas arredondadas. Não está ali, e não se lembra de tê-lo nas mãos desde que...

Droga.

— Você tem um isqueiro aí? — pergunta a Chanyeol, que apenas faz que não com a cabeça.

— Não podemos usar isqueiros — explica o garoto alto. — Eles são estritamente proibidos, porque alguns alunos gostam de fumar escondido.

Jongin o encara, aturdido.

— Não diga — comenta com cinismo.

— Se precisar acender seu cigarro e estiver disposto a lidar com as consequências, sugiro usar os palitos de fósforo e velas guardadas na gaveta do aparador. — Ele aponta para a última gaveta do móvel luxuoso. — Os diretores não quiseram trocar a fiação antiga para instalar luzes de emergência. Eles preferiram preservar a arquitetura original o máximo possível, então acendemos velas quando falta luz.

Jongin responde com uma careta.

— Sei o que deve estar pensando — deduz Chanyeol, com uma risada tola. — Um colégio só para meninos, sem celulares, internet ou contato com o mundo real, onde os alunos acendem velas em noites sem energia. Parece mesmo que estamos vivendo no século passado.

Errado. Jongin está, na verdade, pensando como fará para recuperar o isqueiro que perdeu. Se o deixou cair, o Monitor-Chefe da Casa Clermont deve tê-lo apanhado. Só pode estar com Kyungsoo.

Como sugerido, ele reúne os fósforos e as velas sobre o aparador. Não vai conseguir fumar esta noite, mas poderá ao menos queimar a carta como queria. Ele acende a vela, lutando contra a brisa que invade o quarto pela janela, e estende o papel para dar um fim definitivo à carta.

Que se dane a Tríade e seus joguinhos.

Ele não quer fazer parte disso.

Quando a ponta da folha de papel começa a queimar, exalando um cheiro enjoativo pelo dormitório, todo o seu canto do quarto se ilumina com luzes bruxuleantes e alaranjadas. O calor da vela trespassa a carta agora chamuscada que, aos poucos, começa a apresentar manchas amarronzadas.

Caramba — deixa escapar, impressionado.

Rapidamente, Jongin sopra a chama para apagá-la.

Ele mal pode acreditar no que está vendo.

De repente, ele irrompe em uma risada divertida. Mesmo para alguém que tanto desdenhou dos esforços incansáveis de Chanyeol pelos tais códigos e mensagens secretas, precisa admitir: está bastante empolgado com a descoberta.

Seu coração está acelerado quando se vira para o colega de quarto. A frase em latim na carta era apenas uma distração. Um meio eficiente para acobertar a mensagem. A verdadeira pista está no verso do envelope.

— Queime depois de ler — diz ele, como se isso explicasse tudo.

— O que é que tem?

— Chanyeol, queime depois de ler. Essa é a dica.

Jongin espanta a fumaça da vela e vira a carta na direção dele. Acima do texto original, cinco letras se destacaram quando posicionou o papel perto do fogo.

Chanyeol ergue ambas as sobrancelhas, espantado.

— Tinta invisível feita com limão e água! — Ele praticamente grita. — Um truque tão óbvio. Eu deveria ter imaginado.

Seus olhos percorrem as palavras uma a uma para interligar as letras marrons.

T-O-R-R-E. Torre.

Jongin recorda as palavras de Chanyeol:

Um lugar abandonado e cheio de fantasmas.

O esconderijo perfeito para um círculo secreto formado por garotos jovens da alta sociedade. Cheio de espectros e maldições. O lugar onde tudo começou.

A Torre Quebrada.

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