No Passado

By aut_nunes

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ShortFic! " Uma jovem humana, dezesseis anos vivendo em seu inferno particular. Pais ruins, família desarmon... More

⬪ Cᴀsᴛ
Sᴜᴍᴀ́ʀɪᴏ
↠ Prólogo
𝟏.
𝟐.
✦ Bᴏɴᴜs
𝟑.
𝟒.
𝟔.
✦ Bᴏɴᴜs
𝟕.
𝟖.
✦ Bᴏɴᴜs
𝟗.
𝟏O.
ᴇᴘɪ́ʟᴏɢᴏ

𝟓.

702 71 140
By aut_nunes

Meta: 70 comentários (com nexo) pq o cap grande.
Votos: 35

" é comum perder o equilíbrio, em um momento ele volta"

✦ • ✦ • ✦ • ✦

Semana seguinte

Respirei fundo e Any me encarou, como se quisesse me repreender.
Decidi por ficar quieta, e ela se virou pra conversar com Sina.

— tivemos momentos desses tão calminhos, por que hoje está assim, hum?  — a cacheada perguntou.

A relação delas cresceu muito na última semana, mas ainda temos alguns desentendimentos. E minha filha não é burra, ela muda o comportamento sempre que Any tenta fazer algo que ela odeie.

Além dos pequenos avanços na relação, a semana que chegou ao fim ontem foi de alta importância pro entendimento corporal que Sina tinha de si mesma. Any explicou a ela que não a chamamos de bebê atoa, que não é por puro afeto, mas que o corpo dela corresponde ao de um bebê real.

Hoje Maria tem faltas de equilíbrio, que influenciam pouquíssimo em seu andar, mas não são inexistente as vezes que ela apenas para pra tentar se equilibrar. Hoje Maria sabe que não tem força o suficiente para muitas coisas, mas mesmo assim chora quando não consegue levantar ou segurar objetos mais pesados.
Hoje minha filha conhece sua capacidade, porém continua negando suporte. 

— me solta Gabi, me solta — a loira pediu chorosa.

— calma calma — Any pediu — respira comigo.

— não quero isso, só que me solte.

— amor liga o chuveiro por favor — ela pediu me encarando, e levantou trazendo a criança pro colo.

— quer que eu ponha um banquinho? É difícil ficar tanto tempo agachada.

— eu aceito.

— não Gabiii — Sina chorou se esperneando.

— shii, calminha.

Busquei o único banco de plástico que tenho na casa, e pus dentro do boxe. Any, que já estava nua, entrou ali e se sentou. No instante em que o fez a água atingiu seu corpo e o da criança, fazendo a mais nova gritar.

— não anjinho, não faça assim — Gabrielly permaneceu calma — toma, vai te acalmar.

Não entendi do que ela estava falando, até os gritos de Sina serem substituído por estalos. Quando me aproximei tive a certeza, minha filha estava mamando calmamente enquanto era banhada.

Sina está praticamente deitada no colo, em uma posição confortável e pouco reveladora. Contudo, mesmo com esse empecilho Any conseguiu prosseguir com o banho.

Escapei daquele ambiente e segui pro quarto infantil do fim do corredor. Segui pegando itens básicos que seriam precisos, escova de cabelo, creme de pentear, perfume e uma roupinha mais arrumada.

Any insistiu para almoçarmos fora, e eu estava sem vontade de cozinhar, então acatei seu pedido e já arrumei tudo rumo a cidade.

Escolhi um conjunto azul escuro de short e blusa, mas estou levando uma calça pro caso de fazer frio e um casaco também.


— entregue-me o fone — pedi, pondo minha mão estrategicamente pra trás do banco.

— Sabina — Any começou, com o mesmo tom baixo de quando vai me pedir algo.

— você praticamente deu a ela uma recompensa por todo o escândalo do quarto  — afirmei — Sina eu não vou pedir de novo.

A "adolecente", que ainda tentava controlar a respiração, me entregou o objeto e voltou a chorar. Deitando nos bancos de trás.

— sente e ponha o cinto — mandei, guardando o que peguei no porta luvas.

Conseguimos sair de casa por um milagre. Sina chorou do início do banho até o fim, chorou pra se secar, chorou pra se vestir, chorou pra pentear o cabelo, e chorou até pra calçar o sapato. Minha cabeça parece latejar de dor, mas Any só sabe defender a criança chorosa.

— vá, meu amor. Obedeça a mamãe.

Os autos e baixos desse processo estão me deixando louca. Um dia Maria tá um amor, e no outro tira o dia todo pra dar trabalho.
Sinto muito, mas a minha paciência ainda possue limites, o que eu, claramente, não coloquei em minha criança.

— eu quero voltar pra casa agora! — ela gritou e chutou o banco da frente.

— eu vou precisar parar o carro pra ir aí te dá umas palmadas? — falei mais séria, encarando-a pelo retrovisor.

— você prometeu que não ia fazer isso! — ela seguiu gritando, como uma criança mimada.

— prometi que não faria de cabeça quente! Eu tô bem tranquila — comentei sem me alterar — iai? Vai parar de agir como uma criança mimada ou eu vou ter que ir aí pra trás?

Ela tossiu, se engasgando com o próprio choro. Ao menos deixou de gritar e se movimentar com violência.

— está cheia de catarro, vem aqui pra tia limpar — Any pediu, buscando papel no porta luvas.

Maria pulou pro colo da mulher, no banco do carona. E eu aproveitei pra beliscar sem força a cintura da criança, que ficou exposta por um tempinho.

— aaiiiii — ela soluçou e voltou a chorar alto.

— você não tá colaborando — Any me avisou, planejando levantar a blusa pra amamentar a menina.

— ela não colaborou a manhã toda, e eu não disse um piu — respondi, voltando meu foco pra estrada.

Não acho que precise dizer o clima pesado que rodeou o carro em todo o caminho pra cidade. Eu até pensei em voltar, mas já havia dito a cacheada que iríamos ao seu restaurante favorito.

Quando estacionei o carro já estávamos todas calmas. Any tinha seu sorriso de sempre estampando o rosto, e Sina voltou a ficar quietinha no banco de trás.

— venha aqui — pedi, encarando a criança pelo retrovisor.

Sina não pensou antes de me obedecer, e veio rapidamente pro meu colo. Abraçando meu pescoço enquanto escondia o rosto em mim.

— olhe pra mamãe — pedi.

— desculpa — ela resmungou baixinho.

— está tudo bem. Eu já te desculpei a muito tempo — falei, e antes de continuar deixei um beijo na testa lisa da menina — só não te quero fazendo o que fez hoje, podemos combinar?

— sim — ela assentiu e voltou a me abraçar.

Any saiu do carro primeiro, e eu logo depois. Quando fiz a menção de por Maria no chão, senti suas pernas se fecharem atrás do meu corpo, então a arrumei em meu quadril.

Tranquei a caminhonete e me afastei, pegando na mão de Any pra entrarmos juntas no local. Quando chegamos na porta a mulher parou de repente, e me encarou.

— volta — a cacheada pediu indo pra trás.

— o que houve?

Ela pegou minha chave, e voltou pro estacionamento. Segui a mulher, estando confusa com sua atitude, e a vi destrancar o carro e abrir a porta traseira. Esperando o que Any faria a seguir, até Sina ergueu o olhar pra encará-la.

— isso — ela ergueu o par de tênis da criança, e então ri a vendo só de meias.

— e a mocinha nem avisa, né?

Virei Sina em meu corpo, apoiando seu corpo pra Any calçar os sapatos sem dificuldade.

— não gosto deles — a criança comentou sorrindo.

— deles não, mas do all star quase rasgando... — comentei e ela cobriu o rosto com vergonha.

— ele é legal, e não me faz cair.

Ri, lembrando que minha menina está reaprendendo a andar com os sapatos. Sina passou a correr das sandálias, e agora quer viver descalça.

Quando Any terminou voltamos as três pra dentro do temático restaurante. Tudo aqui me parece ter sido planejado aos mínimos detalhes, pois não há um canto que se distingue do outro, todos têm a mesma estética.

— lindo? — a cacheada perguntou me olhando, e eu sorri assentindo.

— muito.

— Any! Você por aqui? Faz tempo que não lhe vejo — um rapaz desconhecido comentou, chegando perto.

— de fato — ela riu e abraçou o homem.

— não — Sina resmungou, se impulsionando pro colo da morena.

Any a pegou, se afastando do ruivo, e eu tive de segurar pra não rir. Sina está tão apegada que deu o primeiro sinal de ciúmes.

— não sabia que tinha sobrinhas além das gêmeas.

— realmente não tenho. E essa é Sabina, minha namorada.

— prazer — ele ergueu a mão e eu o cumprimentei.

— prazer.

— então suponho que essa miudinha é sua enteada — ele tentou brincar com a menina, que fechou a cara e se escondeu na mais velha.

— filha — o corrigi.

Any me encarou com os olhos brilhando, e confirmou minha fala.
Sem prolongar com o rapaz, fomos pra mesa mais afastada, e notei que a mulher não tirava o sorriso do rosto.

— olhe, meu anjo — segurei nas costas da criança — o que acha de ir escolher um pra ti?

Sina seguiu meu olhar, encontrando uma mini lojinja de pelúcias de bixinhos, que combinavam com as áreas verdes que o lugar abrigava.

— eu quero!

— vá lá escolher um e venha me dizer o preço.

Any pôs a menina no chão, e juntas assistimos a bagunça loira correr pra loja.

— filha é? — ela perguntou virando pra me encarar.

Sentei na primeira cadeira que vi, e puxei a mulher pro meu colo. Abraçando seu corpo de forma protetora.

— sim. Você aceita ser a mãe da minha garotinha?

— claro que sim — ela tentou esconder o tom embargado — aceito ser a segunda mamãe da nossa garotinha.

Beijei sua bochecha, preservando nossa imagem naquele local familiar, mas permaneci abraçada na mulher.
Aquela paz não durou muito, nosso furacão voltou depressa com uma etiqueta na mão.

— o que eu quero é quarenta, mamãe — ela ergueu o papel com o preço.

Any pegou a própria carteira na bolsa, e eu tentei a impedir de terminar com a ação.

— você paga o almoço — ela disse afastando as mãos, e pegou duas notas de vinte — aqui, meu amor.

— ahh, nem tem troco — Sina fez biquinho.

A mulher tirou duas moedas de um real dali, e entregou a loira junto às notas. Vi nossa menina sorri, e ir correndo pra loja, voltando minutos depois com um dinossauro verde do tamanho dela.

— que pelúcia grande que escolheu — Any virou o rosto de lado, para enxergar a criança.

— é um Dino! O nome dele vai ser... Dino!

— que criativo! — comentei e ouvi a cacheada rir.

— mamãe você pode guardar meu troco? — Sina ergueu a mãozinha pra mim, com as duas moedas.

— vamos comprar um mealheiro pra guardar o seu dinheiro.

— se não me engano nessa loja vende.

No fim fui com Sina conferir se tinha mesmo, e Any ficou com nosso neto na mesa, já adiantando pra fazer nosso pedido.

— quero o de vaquinha.

— pode ser? — a atendente perguntou.

— pode sim.

A mulher pegou meu dinheiro e me entregou o mealheiro junto com o meu troco. Me abaixei do lado de Sina e ergui a vaquinha pra ela por as moedas, e lhe dei meu troco também.

Ela saiu radiante da loja, e voltamos pra mesa juntas. Quando chegamos ela fez questão de falar pra Gabi que já tinha doze reais dentro da vaquinha, e a mulher a elogiou.

— o pedido das senhoras — o garçom chegou com as bandejas, e arrumou tudo na mesa.

— está com uma cara ótima — comentei, me sentando.

Sina veio sentar em minha coxa, e eu segurei em suas costas, para evitar algum acidente.

O garçom pôs nossa bebida nos nossos copos, e deixou duas garrafinhas de sangue ali.

— pediu isso? — perguntei.

— pedi, é do seu tipo favorito.

Li o rótulo da garrafa e sorri, vendo que a mulher acertou.
Ela própria serviu o prato, e o meu também, afirmando que Sina teria que ir pro chão pra que eu pudesse o fazer.

— muito obrigada, senhorita.

— por nada, madame.

Comi a primeira garfada, e quase gemi em satisfação. Any chegou a rir de minha situação. 

— eles têm a melhor carne de porco do mundo — ela afirmou!

— não posso discordar — comentei — gatinha, tire a mão daí.

— deixa eu provar, mamãe — ela me encarou, vendo que seu plano de roubo não deu certo.

— sabe que não pode, anjo — neguei — mamou o caminho todo, filha. Ainda está com fome?

— sim! — ela murchou em meu colo.

— vem comigo, princesa.

— agora? Coma primeiro — pedi.

— não me importo em amamentar agora, não vou parar de comer.

— não quero mamar agora, quero almoçar.

— e seu almoço é o quê?

— essa carne!

— Sina Sina — meu tom de alerta foi  o suficiente pra ela ficar quietinha, e ir mamar logo de uma vez.

O caminho de volta compensou a ida, com muitas músicas na playlist e uma criança animada no banco de trás.

O Dino voltou preso no cinto, e a cocó voltou no colo da avó Gabi. O dela material não permite que Sina brinque livremente com o corpo frágil da pequena galinha.

Quando chegamos a nossa miúda estava capotada no banco de trás.
Eu e Any pegamos tudo e entramos em casa, fazendo o mínimo de silêncio possível.

Hoje optamos por nos preservar como casal, então pusemos Sina no próprio berço.

— o pé dela tá preto.

Enquanto a cacheada trocava a roupa da criança com todo o cuidado do mundo, eu limpei seus pés com lencinho umedecido.

— agora banho e cama? — ela perguntou.

— se o banho for contigo — beijei seu pescoço e ela riu me levando pro banheiro.

— amo você.

— eu também te amo, morena.

■> Considerações finais

O Dino no cinto 🤧

Imaginem q é na caminhonete da Sabi...

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