Playing Against Time | Bento...

By patxom4

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(+18) Ahri Aikyo possui uma incrível herança de família: uma máquina do tempo. Junto com a sua irmã, Ayumi, e... More

Palavras Iniciais da Autora
Prêmios
Cast
Playlist
Primeira Parte [Separador]
001. O Bracelete
002. Casa de Shows
003. Dia dos Namorados
004. Sinal Vermelho
005. Na Garagem
006. Casa Japonesa
007. Inconsciência
Segunda Parte [Separador]
008. A tal da "resenha"
009. Almoço pós festa
010. Brigados
011. Ciência e Teorias
013. Traíra
014. Razões e Emoções
Terceira Parte [Separador]
015. Perrengues... Dos "Brabos"
016. "Free Bird"
017. Homens de Preto
018. Teste de Learjet
019. Fedor de Querosene
020. Albert Einstein
Quarta Parte [Separador]
021. Dilema Emocional
022. Desabafos
023. A resposta é "não"!
024. C(ensored) Temporal
025. Despedida
Quinta Parte [Separador]

012. Culpa do TCC

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By patxom4

Como eu não ia para os anos noventa no dia seguinte, eu aproveitei para acordar cedo e ir até a casa do Kenzo para continuar fazendo o meu TCC. Eu estava na reta final da faculdade, o trabalho que eu teria que fazer era um pouquinho grande demais e pesado para ser levado para a minha casa…

Um avião.

É, eu já estava a meses comprando peças e montando um avião próprio, tudo isso para tirar a melhor nota possível em um trabalho de final de curso. Mas aquele não era um trabalho qualquer, definitivamente. Desde o início da minha graduação eu já estava planejando aquele avião muito específico.

FlexAir era o nome que eu havia escolhido para o meu projeto. Isso porque ele se tratava, nada mais, nada menos, do que um aviãozinho híbrido, que pousasse e decolasse na terra e na água, fosse econômico em questão de combustível, muito rápido e fácil de pilotar — até para quem nunca havia pilotado nem um carrinho de controle remoto antes.

Suas asas se mexiam e trocavam de posição de acordo com o ar — se estava mais denso ou rarefeito, por exemplo — a fim de evitar turbulências. Não era um avião espaçoso: só haviam dois assentos no seu interior. A verdade é que desde os primórdios, eu pensei no FlexAir para ser uma alternativa paralela aos meios de transporte terrestres, algo que seria muito útil para evitar engarrafamentos na caótica capital de São Paulo e reduzir o número de acidentes de trânsito. Sim, o meu avião foi pensado para ser acessível à população. Eu costumo dizer que ele se assemelha bastante ao que muitos chamam de "carro voador", e eu não me importo com quem gosta de o chamar dessa forma. Primeiramente, porque realmente me inspirei um pouco nas aparências dos carros voadores de desenhos animados para o criar.

Como uma boa marketeira, eu preciso explicar os diferenciais do produto que eu estou a oferecer para o mundo: naquele dia na casa do Kenzo eu estava justamente ajeitando o trem de pouso frontal da minha invenção, isso porque eu tinha o intuito de o fazer pousar e decolar dentro do menor espaço possível, possibilitando de verdade que alguém prefira o ter ao invés de optar por uma moto, por exemplo. Aliás, o projeto dele era para, inicialmente, ser algo como uma "moto aérea" se fôssemos levar em consideração que, além de comportar poucas pessoas, era menos poluente do que um carro convencional, daqueles que fazem barulhão de britadeira quando se dá partida — e tinha uma velocidade máxima de até oitocentos quilômetros por hora, com uma velocidade de cruzeiro a aproximadamente seiscentos e setenta quilômetros. Comparando com aviões de grande porte, estas são velocidades reduzidas devido ao fato do FlexAir não ter sido projetado para voar na mesma altitude que estes, a fim de não atrapalhar o tráfego deles.

Outra coisa que faz o meu pequeno avião híbrido ser mais lento do que os comerciais, porém mais econômico e biodegradável do que meios de transporte terrestres, é o fato dos motores não funcionarem através de combustão. Eu projetei um avião que pousa e decola na terra e na água e se move através de um sistema de carregamento de baterias através da energia solar.

Eu tinha equipado placas solares por cima das baterias de cada um dos dois motores do meu pequeno jato. O painel de controle (que, falando de um termo mais técnico, é o conjunto dos computadores internos do cockpit) é automático e possui um sistema de inteligência artificial que detecta se do lado de fora está de dia ou de noite. Durante o dia, o sistema de funcionamento vai captar os raios solares e os converter em eletricidade na hora para recarregar as baterias dos motores, enquanto estoca energia para as duas baterias reservas (e é por isso que a Ayumi diz que o meu avião realiza fotossíntese. Bem, se para vocês é mais fácil associar dessa forma, sintam-se à vontade). Essa energia estocada é usada à noite, quando não há luz do sol para realizar a conversão ou no caso de algum dos motores principais dê algum problema com energia em voo.

Para mim o maior problema não foi a complexidade do projeto, mas sim a montagem dele. Quando eu apresentei a minha ideia, as pessoas que faziam grupo comigo disseram que aquela era uma realização utópica, levando em consideração que até mesmo grandes empresas aéreas estavam tentando criar aviões que não fossem movidos por querosene e estavam falhando. Seguindo essa lógica, por que o meu projeto daria certo?

Mas justamente por eu não querer desistir dele foi que saí do grupo e optei por tirá-lo do papel sozinha. Sim, fiquei atolada de trabalho por muitos meses, mas agora que o FlexAir estava praticamente pronto e faltando apenas os testes finais, eu me sentia a pessoa mais esperta do mundo. A principal função de um engenheiro é ajudar a sociedade, e só de ter conseguido fazer aquele jatinho sair dos meus projetos e virar realidade, eu já sentia que cumpri metade da minha principal função como engenheira. 

Bem, voltando ao Kenzo, eu estive o tempo todo guardando o meu trabalho na casa dele porque lá tinha espaço suficiente para isso, diferentemente da minha. E o meu noivo foi o cara que mais me ajudou durante a montagem do avião. Ele simplesmente entendia tudo o que eu estava fazendo, estava em um curso muito parecido com o meu e isso ajudava muito. Mas ele também tinha o seu próprio TCC para tomar conta, e ao contrário da minha turma, os alunos da dele só poderiam realizar os seus projetos de forma individual. O do Kenzo era um drone com inteligência artificial que o permitia fazer certas coisas sozinho, sendo necessário apenas programar o tempo e a ação. O projeto dele era voltado para agências espaciais e tinha o intuito de ajudar em campos como pesquisas fora da órbita terrestre.

O Kenzo tinha um espaço reservado somente para guardarmos os nossos trabalhos. Era um local fechado tão espaçoso que eu achava até um pouco exagerado — mas obviamente nunca falei nada sobre isso. Do lado de fora dele havia uma pista de mais de cento e cinquenta metros, construída unicamente para que pudéssemos tirar os objetos do chão durante a construção e a fase de testes.

Bem, naquele dia eu tinha ido para a casa dele dar uma calibrada nos trens de pouso do meu jato. Eu achava que estava sozinha dentro da sala, porque realmente não prestei atenção no momento em que o meu noivo entrou no mesmo cômodo e começou a rondar o seu drone. Ele fazia tanto silêncio que a sua presença não foi denunciada para mim. Por isso tomei um leve susto no momento em que ele me chamou, tanto que até bati a minha cabeça no nariz do avião.

— Ahri.

Me segurando para não choramingar um "ai" enquanto repousava as minhas duas mãos no lugar que eu havia tomado o impacto, ergui cuidadosa e vagarosamente a minha postura para olhar na direção dele.

— Diga.

— Precisamos conversar.

Ele, entretanto, não me fitava. Os seus olhos estavam tão fixos no seu drone que eu optei por me abaixar novamente e terminar logo de calibrar o trem de pouso frontal assim que senti a dor indo embora.

— Diga, amor.

Posso até não ter deixado transparecer, mas eu o respondi enquanto me segurava para não estremecer internamente. O motivo principal é que o Kenzo não é muito lá daqueles caras de conversar, ele prefere agir. Todas as vezes que ele me dizia que precisávamos conversar era porque alguma coisa muito séria estava acontecendo. Eu não percebi a expressão facial que ele fez logo após a minha fala, por estar novamente abaixada e de costas para si, mas pude muito bem ouvi-lo suspirar baixinho antes de soltar a seguinte frase muito rapidamente, como se ela fosse uma bomba:

— Você tem andado muito distante.

A sua fala foi impactante o suficiente para me fazer gelar no momento em que as palavras entraram pelos meus tímpanos. Eu sabia que uma hora eu teria que ter aquela conversa com ele porque sim, eu estava realmente distante nos últimos tempos, porém não planejei falar sobre aquilo por enquanto. Não tão cedo, pelo menos. Ele com certeza não percebeu a minha reação, senão não teria perguntado logo em seguida:

— Tem alguma coisa acontecendo, linda?

O que eu ia responder? O tom de voz dele era de preocupação comigo e eu simplesmente não podia falar a verdade, mas também não poderia inventar uma desculpa qualquer. O Kenzo era o meu noivo. Ele não merecia ouvir qualquer asneira.

— Não, lindo. Eu só estou muito ocupada em casa com a parte escrita do TCC. 

O fato era que eu não me sentia bem em mentir, nem para ele, nem para ninguém. Eu nunca fui mentirosa, fui criada com o pensamento de que a verdade era única. Mas naquele caso especificamente, contar a verdade para o meu noivo não era uma saída sábia. A verdade iria acabar com o meu noivado naquele momento. E a minha consciência pesou muito naquele exato momento em que lembrei deste detalhe.

Como ele ficou em silêncio, pude me concentrar inteiramente no trem de pouso. Assim, não demorou mais do que dois minutos até que eu terminasse de ajustar o que faltava nele. Em seguida me levantei para ir até a porta do piloto e virar a chave de ignição que acionava os motores do jato.

Não ter motores que funcionavam por combustão fazia do FlexAir um avião muito silencioso, também, exceto por alguns detalhes de peças se atritando ou o ar funcionando através dos motores, porém isso era algo que eu não conseguia mexer. Se trata de aerodinâmica. Todos aqueles aviões que vocês vêem fazendo muito barulho se deve, em parte, à aerodinâmica. Bom, agora eu precisava voar para testar se os trens de pouso haviam ficado bons. Entretanto, depois de entrar no cockpit e antes que eu conseguisse fechar a porta do piloto, Kenzo foi rápido o bastante para a segurar e me impedir de ir sem antes falar comigo.

— Você tem certeza que é seguro? — Ele portava uma carranca de preocupação na face. — E se você cair? E se explodir? Ou se não, e se você se machucar muito?

— Você está parecendo a Ayumi! Não vai cair. Você não confia na minha capacidade de construir um avião?

— É lógico que eu confio, você é a pessoa mais competente do mundo — entretanto, o seu semblante não deixou de ser de alguém preocupado. — Mas dentro dos meus pensamentos você é a minha bebê.

Fofo, mas me fez pensar merda. Imediatamente um sorriso sacana surgiu nos meus lábios após ouvir a sua fala.

— O engraçado é que não é disso que você me chama quando a gente transa.

— Mas você precisa levar em consideração que te ver pelada é um sacrifício para a minha sanidade.

Um riso frouxo meu preencheu o espaço. Eu aproveitei a brecha para me afivelar o cinto de segurança e, ao me virar novamente na direção da porta, pronta para mandar o Kenzo sair dali para que eu a fechasse e desse continuidade ao teste logo, ele se abaixou rapidamente na minha direção para tentar me beijar. Porém o meu reflexo foi mais ágil que o dele neste momento, me levando a colocar a minha canhota sobre a boca alheia a tempo de o impedir.

— Só depois que eu pousar, para você confiar plenamente nos meus dons aeronáuticos.

Ambas as suas sobrancelhas foram erguidas, porém ele não questionou nada, apenas se afastou da pista.

— Eu vou ficar aqui te olhando, mas se você demorar eu vou morrer de tesão — falou enquanto dava passos para trás.

Um "ai, meu Deus" surgiu na minha mente ao ouvir o que ele disse. Eu revirei os olhos ao fechar a porta, mas não conseguia evitar sorrir ao pensar no que ele queria dizer com aquela frase.

Eu comecei a pilotar o meu pequeno jatinho bem cuidadosamente. Em questão de segundos eu já estava sobrevoando prédios e observando o trânsito das avenidas de São Paulo pelo céu. Devo ter passado uns dez minutos fazendo um tour aéreo pela cidade, até que senti vontade de voltar. Pousei na casa do meu noivo ainda mais cuidadosamente do que decolei. No momento em que pus os meus pés para fora da aeronave, Kenzo veio rapidamente na minha direção para me roubar aquele beijo que eu o prometi antes de decolar.

2083 palavras.

Ei pessoal, como vocês estão? Eu espero que bem!

Eu realmente estou sumida daqui, e realmente peço perdão a vocês por isso. Eu prometi aquela vez de postar este capítulo e acabou que não rolou, realmente, me perdoem.

Passei por muitos problemas familiares nas minhas últimas semanas. Meu aniversário foi dia 12 de julho, no dia 13 a mãe da minha cunhada foi vítima do feminicídio. Infelizmente a minha família perdeu uma pessoa incrível para um casamento conturbado. Agora eu estou bem. Fiquei bastante tempo traumatizada, mas agora estou bem. A dor já tá curada.

Aos pouquinhos a minha família está voltando a funcionar. Por este motivo eu estou mais ausente, tem várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e, neste momento, o meu irmão e a minha cunhada precisam muito de mim. Bem, como eu sei que vocês entendem a minha situação, eu gostaria muito de agradecer pela paciência que estão tendo comigo enquanto eu atualizo essa história! Acreditem, isso é muito importante para mim! Vocês são incríveis! Obrigada mesmo!

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nunca sabemos o quanto somos fortes,até que ser forte,se torna a única opção. Começo: 05/09/2022 Fim: 05/12/2022 Plágio é crime!!