Sob O Mesmo Teto

By queenbrubs

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Série Medina-Becker
Como obter o livro;
Extras;
Capítulo 1 - Marido Número Três
Capítulo 2 - Ponte Aérea
Capítulo 3 - Pedra no Caminho
Capítulo 4 - Pegadinha
Capítulo 5 - Inimigo de Estado
Capítulo 6 - Banheiro
Capítulo 7 - Borboletas Sempre Voltam
Capítulo 8 - Tiros no Escuro
Capítulo 9 - Voltando Pro Futuro
Capítulo 10 - Cinco Sílabas
Capítulo 12 - Interesse Romântico
Capítulo 13 - Sensação Adolescente
Capítulo 14 - Perdida
Capítulo 15 - Amantes Desafortunados
Capítulo 16 - Nós não somos irmãos!
Superlativo já está entre nós!

Capítulo 11 - Família

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By queenbrubs


Mamãe contou ao Marido Número 3 tudo o que estava acontecendo e os filhos dele em breve saberiam também. Não que fosse da conta deles, mas Hipólita ainda se recusava a sair do quarto, e meus irmãos gêmeos e eu ainda estávamos um pouco chocados.

Mamãe também ficou encarregada de contar a Maia e a Selene e eu realmente não tinha ideia de como seria isso. Porque, bem, os quatro de nós teriam um irmão que não seria nada delas duas. Nosso sexteto da família Medina teria uma rachadura, embora um bebê não fosse uma coisa ruim.

Mas era alguma coisa. Uma muito delicada.

Eu me refugiei no meu reino e finalmente testei minha teoria sobre o telhado debaixo da minha janela. Eu estava sentada nas telhas, apoiada na parede da minha janela, só que do lado de fora. Meu iPod tocava Cough Syrup em looping porque essa era a música em que eu estava viciada no momento.

Música sempre me acalmava. Se não, ao menos me fazia refletir sobre o que estivesse acontecendo na minha vida. E isso sempre era bom.

Eu soltei um suspiro e tirei um dos fones para coçar a minha orelha, e só então percebi que alguém estava batendo na minha porta. Praguejei um pouco enquanto pulava a janela para dentro do quarto e pausei a música, jogando o iPod em cima da cama antes de abrir a porta.

Dei de cara com João.

Era sempre impactante dar de cara com ele, não importa onde estivéssemos. Eu olhava pra ele e ele olhava pra mim e pronto, lá estava. Uma conexão assustadora.

Eu não sabia o que ele estava fazendo ali na minha porta, o que ele queria comigo, mas agradeci por ser ele e não outra pessoa. Abri passagem para que ele entrasse e então reparei em como ele estava vestido. Usava meias, uma bermuda caindo na cintura e uma camisa vermelha.

O cabelo desgrenhado dava vontade de passar a mão. Era tão liso e castanho, parecia ser tão macio. Nós estávamos tentando nos conectar através das palavras, mas era estranho dentro de casa. Também era estranho no colégio ou em qualquer lugar onde pudéssemos ser vistos. Era como se estivéssemos infringindo uma lei, fazendo algo muito errado, embora fosse apenas conversa.

A culpa estava no que não era dito. No que ficava entre linhas, escondido nas entrelinhas. Ninguém sabia o segredo que a gente escondia, nem nós mesmos. Eu nunca disse pra ele e ele também nunca verbalizou, mas as palavras não eram necessárias. Nós simplesmente sabíamos.

Os ombros largos do João relaxaram, mas seu olhar era intenso. Eu fechei a porta e me aproximei. Ficamos parados no centro do quarto, nos olhando. Eu gostava do formato do rosto dele, do seu queixo quadrado e do nariz perfeito. Os lábios eram cheios, as sobrancelhas escuras e os olhos... Aqueles olhos. Ele deveria ser preso por ter olhos tão sedutores. Sua íris era um arco-íris de verdes, um caleidoscópio de tons claros e escuros que se misturavam em um só brilho.

Eu não sabia onde enfiar minhas mãos, não sabia como reagir. Era errado que meu coração palpitasse toda vez que eu o encarava, que eu sentisse esse magnetismo me puxando quando estava em sua presença.

Eu era uma pecadora.

Mas não podia evitar.

― Meu pai me contou sobre o seu pai e eu precisava saber... Você está bem?

Três simples palavrinhas:

Você está bem?

E meu peito desabrochou.

Algo dentro de mim deu um clique e eu me desarmei completamente. O ar saiu dos meus pulmões como se tivesse estado preso lá dentro pelas últimas três horas em que estive na solitária.

Um pouco hesitante, assenti.

― Estou. Eu acho. É estranho - tentei explicar, embora eu não soubesse exatamente como. João esperou pacientemente enquanto eu organizava meus pensamentos. - Não estou revoltada nem magoada, eu nem gosto muito do meu pai, mas... Não sei. - E então, de repente, as palavras começaram a sair como uma enxurrada. - Eu vou ter mais um irmão e eu provavelmente nem farei parte da vida dele. Não o verei crescer, não saberei quando ele aprender a andar ou seu primeiro dente cair. Porque para isso eu precisaria conviver com o meu pai também. Meu pai que nunca teve nenhuma voz ativa na minha vida, que é só uma ligação telefônica de duas em duas semanas e agora vai ter outra família. - Eu não sabia que tinha tudo aquilo guardado dentro de mim. Olhei pra João, sentindo a indignação aquecer as minhas veias. - Como? Como se ele não deu conta nem de uma, pra início de conversa? Como ele vai criar uma criança se ele já teve quatro e mesmo assim não sabe nada sobre ser pai? E eu fico irada com isso porque, bem, eu sou bem-resolvida, eu não sinto nenhuma falta dele na minha vida, eu juro que cresci sem nenhum problema quanto a isso. Mas Hipólita sente. Apolo sente. E eles sim são minha família. Eu não sei mais direito como definir família.

Me joguei sentada na cama, deixando os sentimentos assentarem e tomarem seus devidos lugares dentro de mim. João se sentou do meu lado e não forçou. O silêncio entre nós era bem-vindo, era um apoio não dito. E eu fiquei agradecida por João compreender que ele era necessário.

― A minha mãe morreu então não sei como é ter um pai perdido no mundo.

Eu olhei pra ele, pega de surpresa. Até o momento eu não fazia ideia de que a primeira esposa do Otávio havia morrido. Acho que, por ser filha de pais separados e por achar tão normal minha mãe casar e descasar, eu inferi que com Otávio tivesse acontecido o mesmo.

― Eu sinto muito.

Fiquei com vontade de tocar a mão dele, pousada convidativamente em sua perna, bem do meu lado, bem ao meu alcance.

Mas mordi a língua e me contive. Olhei pra frente.

― Tudo bem - ele parecia sincero e eu relaxei um pouco. - Eu tinha dez anos quando aconteceu. Ela teve meningite, foi muito rápido. Tão rápido que foi chocante. Não sei se seria melhor uma doença em que tivéssemos tido tempo pra nos preparar, porque daí ela teria sofrido mais, né?

― Deve ter sido difícil pro seu pai cuidar de vocês sozinho depois de um baque como esse.

― Meu pai é um cara incrível - ele disse com um orgulho na voz que me fez olhar pra ele de novo. Havia brilho em seus olhos. - Não sei o motivo dos seus terem se separado, mas não deve ser muito fácil.

Eu dei de ombros.

― Na verdade, eu não sofri muito. Eu tinha quatro anos e a minha mãe nos disse que meu pai estava indo embora porque eles não se encaixavam mais como nas peças de lego - eu ri. - Mas acho que ele nunca foi um pai muito bom porque foi como se ele nunca tivesse estado lá, depois que foi embora. Hipólita sempre foi mais ligada a ele do que todos nós. E Apolo teve uma época de rebeldia. Mas não porque eles se separaram, sabe? Isso é normal, eles têm o direito de serem felizes. Mas pelo meu pai simplesmente esquecer que era pai.

João assentiu e sua mão se fechou e se abriu. Os pés dele balançavam pra frente e pra trás.

― Eu entendo. Pelo menos eu sei que a minha mãe me amava.

― E agora eu vou ter outro irmão - eu expirei o ar com força. - Meus irmãos são importantes pra mim, caramba. A minha mãe criou a gente pra ser unido, por mais que eu tenha vontade de matar a Hipólita muitas vezes. Todos nós nos defendemos quando precisamos. Mexer no meu conceito de irmandade é dar um nó na minha cabeça.

Eu sabia que isso ele iria entender.

Nós trocamos um olhar cúmplice e ele abriu um sorrisinho no canto da boca que me fez corar. Estávamos tão perto um do outro que eu sentia a sua respiração quente no meu rosto. O peito dele subia e descia com rapidez e meus ouvidos zumbiam com o sangue que percorria meu corpo em uma rapidez exagerada. As mãos dele se apertaram em punho de novo e ele se virou um pouquinho, só um pouquinho, na minha direção.

Eu me virei também.

― Eu gosto dos seus irmãos - ele disse e eu assenti, presa demais na imagem dos seus lábios se movendo. - Gosto das meninas também... E gosto de você.

Eu olhei em seus olhos e uma tocha se acendeu dentro de mim.

― Mas...?

― Eu estava tranquilo sobre ter irmãos-postiços, eu juro que estava. Eu e o Eduardo fomos os mais compreensivos com tudo isso - ele molhou o lábio antes de continuar e eu quase fiz uma loucura. - Mas você...

― Eu...

Os olhos do João estavam nos meus lábios também, eu tinha certeza. Fantasiei por um minuto qual seria o gosto dos dele nos meus.

Ele balançou a cabeça.

Sua mão espalmou meu colchão de modo que ele pudesse apoiar seu corpo, e foi quando meus fones de ouvido começaram a gritar.

Ele levou um susto e tirou a mão da cama na mesma hora. Eu ainda não podia acreditar que o momento havia sido cortado dessa maneira. Peguei o iPod e o desliguei, mas João já havia se levantado. Eu olhei pra cima, em sua direção, mas ele parecia envergonhado. Seu rosto e seu pescoço estavam vermelhos.

Ele não olhava mais pra mim.

― Você escuta isso muito alto, vai acabar estourando um tímpano.

Eu não ri.

Ele passou a mão pelos cabelos, inquieto no centro do quarto, e olhou o seu relógio de pulso.

― Bom, eu só queria mesmo saber se você estava bem. Se está precisando de algo.

― Eu estou bem - garanti e me levantei, ficando cara a cara com ele de novo. - Mas obrigada por se preocupar.

Seu rosto se suavizou um pouquinho e eu esbocei um sorriso sem dentes encorajador.

― Vou te deixar em paz então. Mas se precisar, eu estou na porta ao lado.

Eu fiz que sim e ele se demorou só mais um segundinho mapeando meu rosto antes de sair.

Bom dia, galera! Primeiro post de segunda-feira e a notícia boa é que: CHEGAMOS A 20 MIL, BITCHES!!!!! Ta lindo isso, as leituras estão dobrando de uma semana pra outra e eu só tenho a agradecer, gente <3

A música de hoje é Cough syrup - Young the giant.

Beijos e queijos, câmbio desligo.

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