Apenas Minha

By EmyllySanttos3

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O que você faria se começasse a ter sonhos dias antes do seu aniversário, com um homem que nunca viu na vida... More

/✿/Epígrafe/✿/
/✿/personagens/✿/
/✿/Prólogo/✿/
/✿/Capítulo 02/✿/
/✿/Capítulo 03/✿/
/✿/Capítulo 04/✿/
/✿/Capítulo 05/✿/
/✿/Capítulo 06/✿/
/✿/Capítulo 07/✿/
/✿/Capítulo 08/✿/
/✿/Capítulo 09/✿/

/✿/Capítulo 01/✿/

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By EmyllySanttos3

(Nova versão)

Olhei em volta e não vi saída, apenas escuridão. Ouvi pequenas gotas d' água caindo no chão e pelo eco imaginei que fosse uma caverna. Ouvi uma respiração atrás de mim, alta e forte. O pânico tomou conta de mim e tentei em vão ver alguma coisa. Lábios tocaram meu pescoço, e numa carícia dolorosa e ardente, meus lábios se separaram, eu tentei gritar, mas tudo o que saiu foi um gemido, e os dentes afiados cravaram-se na pele sensível do meu pescoço, senti o sangue deixar meu corpo. A sensação não era ruim, pelo contrário, era agradável.

Minhas pernas cederam, mas antes que eu pudesse perder o equilíbrio, duas mãos fortes me agarraram, causando um choque elétrico na região. Toquei seus braços em volta da minha cintura e descansei minha cabeça em seu peito. Senti seu corpo se afastar e ao mesmo tempo, um par de olhos vermelhos como lava vulcânica apareceu na minha frente, me fazendo piscar várias vezes. Uma sensação estranha me fez estremecer. Senti que o perigo estava bem na minha frente. Todo o meu corpo tremia, mas eu não estava com medo. Senti sua respiração em meu rosto, estava quente, meu coração parecia pular pela boca e imediatamente prendi a respiração.

-Você finalmente está aqui, minha doce ferinha. - Quando sua voz chegou aos meus ouvidos, todo o meu corpo relaxou, retomo minha respiração normal e uma onda de arrepios se espalha. - Você nem pode imaginar o quanto estava ansioso por esse dia.

A voz dele era sexy e um pouco rouca.

- O que você quer de mim? - sussurrei, tentando manter a voz firme, mas sem sucesso.

- Acho que não precisamos conversar sobre isso agora - disse ele, acariciando meu rosto com sua mão quente - seu rosto está tão frio, embora ainda não tenha se transformado completamente, Aylla.

- Você me conhece? - Sinto seu corpo me envolvendo, suas mãos agora na minha cintura.

- Claro que sim, minha doce ferinha - Sua voz sensual e rouca chegou aos meus ouvidos, fazendo meu estômago formigar
- Você está nervosa? Seu coração está acelerado, seu corpo está tremendo.

Não respondi e, embora minha voz tenha sumido, não consegui pensar em nada além da mão dele na minha cintura, e a sensação em meu estômago era nova, quente e um pouco estranha.

-Você perdeu a voz? Aylla, você tem medo de mim? - ele perguntou, se aproximando do meu rosto. Meu coração parou, pensando nas palavras que saíram de sua boca.

- Não. De alguma forma, sinto que não deveria estar em nenhum outro lugar além daqui. - Eu sussurrei.

- Fico feliz em ouvir isso - disse ele em meu ouvido - Posso sentir seu cheiro, é um dos melhores cheiros que já senti na minha vida.

Enquanto ele falava, seu rosto se aproximou e senti um beijo suave em meu pescoço, meu corpo inteiro ardendo de desejo.

- Você gosta do meu toque? - ele perguntou, deixando beijos suaves em meu pescoço que me fizeram estremecer. - Creio que não preciso de resposta, seu corpo já responde minha pergunta.
Ouvi uma risada escapar de seus lábios e posso dizer que foi o melhor som que já ouvi na minha vida.

- Quem é você? - perguntei, ansiosa por uma resposta.

-Você saberá quando chegar a hora. O que importa mesmo é que agora você vai se lembrar do seu sonho - sonho? Acho que entendi mal e aqueles beijos deixaram-me confusa demais para eu entender - seu aniversário é daqui é em alguns dias e prometo que posso dizer o que quiser da próxima vez.

- Haverá uma próxima?

- Sim, minha pequena ferinha. Você está aqui há muito tempo, você tem que ir.

Aqueceu meu coração saber que o veria novamente, mas naquele momento senti como se estivesse perdendo a consciência e tudo ficou escuro.

Acordei e não estava em um lugar escuro, mas sim, na minha cama e o quarto estava um breu absoluto, quando acendi a luz pude ver o desastre. O piso de madeira estava branco com neve por toda parte, e a cômoda escura estava coberta com uma fina camada, assim como o banco e até a mesa no canto do quarto. Isso tem acontecido durante toda a minha vida, meu quarto fica assim todas as manhãs. Quando criança adorava brincar na neve e lembro-me de fazer bonecos e vesti-los com minhas roupas. Era o único momento do dia em que ficava verdadeiramente feliz.

Uma vez meus pais entraram no meu quarto porque ouviram minha risada e eu não entendi o que estava acontecendo, mas quando olhei para eles segurando uma bola de neve nas mãos eles não viram nada. Minhas mãos estavam vazias, não havia nada e a neve desapareceu. Talvez tenha sido tudo um sonho, disseram.

Nunca tive um sonho ou pesadelo na minha vida e sempre que acordo há sempre uma fina camada de neve. Já perdi a conta de quantas vezes quis contar aos meus pais, mas sempre recebia a mesma resposta: foi só um sonho. Eu nunca sonhei com isso.
O mais assustador não era isso, mas o fato de ter sonhado pela primeira vez em dezessete anos.

Lembro-me de cada detalhe, de como suas mãos me tocaram, da sensação de formigamento no estômago, dos arrepios que senti quando ele falou. Meu primeiro sonho foi com um homem cujo rosto eu não conseguia ver, mas eu queria ter visto. Eu queria ver se cada característica combinava com seus lindos e ardentes olhos.

Existem muitas criaturas no mundo, algumas das quais podem invadir sonhos, como demônios, anjos e até bruxas. Mas tenho certeza de que nenhum deles perturbaria meu sono.
Minha vida é uma caixinha cheia de perguntas, mas sem respostas. O mundo sobrenatural é inexplicável, mas tudo tem limites, e a neve superou os meus. Se eu fosse uma bruxa isso seria aceitável, mas meus pais são vampiros e em duas semanas eu também serei.

Os humanos acreditam que vampiros não podem ter filhos, bom, isso não é verdade, nascemos como qualquer outro ser, a única diferença é que passamos anos sendo apenas mestiços e quando completam dezoito anos a transformação se completa. Somos mestiços, mas não como os impuros, esses são filhos de vampiros com um humanos e a vida deles é mais curta, sobrevivendo apenas por quinhentos anos. Não paramos de envelhecer nessa idade. Algumas pessoas parecem ter trinta ou sessenta anos, outras param de envelhecer mais cedo. Menos transformados, esses param assim que se tornam imortais.

Me pergunto até que idade irei envelhecer, não gostaria de perder a beleza que herdei dos meus pais, pelo menos isso de bom eles fizeram por mim. Eu sou a cópia do meu pai, pele pálida, olhos verdes, a única coisa que veio da minha mãe foi o formato dos lábios e os longos cabelos castanhos escuros. Eu não tenho o corpo esbelto como ela, não tenho seios fartos, nem quadris largos. Eu apenas era normal, nada era pequeno e nem grande.

Os cabelos da mãe e os olhos do pai.

Em duas semanas, finalmente seria meu aniversário. Dezoito anos, estava ansiosa que meu companheiro pudesse ser alguém do castelo, mas algo dentro de mim me dizia que ele estava lá, esperando por mim além dos muros do castelo. Eu vou encontrá-lo e ninguém vai me impedir. Serei livre.

Enquanto esse dia não chega eu me ocupo apenas com três tarefas todos os dias:

Primeiro: Iria à biblioteca e teria minhas aulas diária com Minerva.

Segundo: Iria procurar um livro e passaria o resto do dia lendo em algum lugar do castelo.

Terceiro: Procuraria meu melhor amigo e passaria um tempo junto, aproveitando a companhia um do outro.

Essa era a minha rotina diária.

- Sua aula foi cancelada - disse minha mãe me assustando ao entrar no quarto.

- Por que? - Essa é uma palavra que surgia continuamente na minha vida, principalmente quando se tratava dela.

- Deveria saber? - sem mais palavras, ela saiu.

Era sempre assim, ela não gostava muito de falar comigo, tão pouco passava alguns minutos em mim presença.

Pelas roupas que está vestindo eu poderia dizer que iria se encontrar com a rainha, - ela ama vestir vestidos azuis só por ser a cor preferida de sua majestade - mas não teria como, já que a mesma está em uma viagem junto com o rei.

O que faria a senhora Minerva cancelar nossa aula de hoje? Será algum problema? Em todos esses anos ela nunca faltou um dia. Saí da cama e rapidamente troquei de roupa. Quando entrei na biblioteca Minerva estava sentada numa poltrona lendo. Ela era uma bruxa com mais de cem anos, cabelos pretos com alguns fios brancos e pele branca, mas ainda sim muito bela para sua idade.

- Senhora? - Chamo sua atenção.

- Quer alguma coisa, Aylla?

Seus olhos azuis focaram no meu rosto, tirando totalmente sua atenção do livro.

- Está tudo bem? - perguntei ao me aproximar - Minha mãe disse que havia cancelado a aula. Então vim ver se havia alguma coisa acontecendo.

- Acordei um pouco indisposta hoje. Mas não há nada com que se preocupar, já estou bem.
P
- Isso se deve ao ataque? Já ouvi falar que todas as bruxas de um clã tem uma ligação. Sei que deve ser difícil.

Seus olhos me olharam sem entender sobre o que eu estava falando. Tarde demais percebi que fiz algo errado. Ela não sabia sobre o ataque.

- Houve outro ataque? - Não adiantava tentar mentir, eu já tinha falado demais e o que me resta e fala todo o resto.

- Uma aldeia foi atacada por um grupo de caçadores. Achei que já sabia disso. Me desculpe.

- Sente-se e me diga tudo o que ouviu.
Mesmo sem jeito eu andei até uma poltrona que estava de frente para o seu corpo e me sentei.

- Ouvi meu pai conversando com a condessa sobre outro ataque - Fecha seu livro prestando atenção em minhas palavras - Não consegui ouvir com clareza, mas pelo que pude entender os caçadores invadiram uma vila ao norte. Parece que estavam procurando algo. Algumas bruxas conseguiram escapar, mas grande parte delas foram mortas e seus corpos queimados. Eu sinto muito.
Minerva desvia seus olhos do meu olhar em direção a janela e suspira.

- Depois de tudo que aconteceu a mil anos atrás, eles ainda nos caçam.
- O que aconteceu há mil anos? - Perguntei com minha curiosidade habitual.

- Meus antepassados contavam muitas histórias diferentes, coisas que aconteceram mais que hoje são proibidas de mencionar nesse castelo.

Odeio quando as pessoas ativam minha curiosidade e simplesmente não contam a história toda. Minha mente fica pensando em mil maneiras de como a história poderia terminar. Mil teorias, mas nenhuma parece boa o suficiente. Agora eu vou ficar pensando sobre o que ela falou o dia inteiro, e a noite, e o próximo dia, até eu descobrir.

Minha curiosidade não foi saciada, então perguntei algo óbvio demais.

- Quem proibiu isso? - Eu já sabia a resposta, mas queria ouvir dela.
- O rei, claro, quem mais teria esse poder? Não tente descobrir isso, a menos que queira ser morta.

Que histórias seriam essas que o rei puniria com a morte quem soubesse? Será algum segredo? Ou crime? Pelos deuses, eu queria muito saber. Frustração é o que estou sentindo no momento, odeio essa sensação.

- Já que está aqui, poderíamos estudar um pouco. O que acha? - Sorri.
- Se não tenho outra alternativa - viro meu rosto. Eu estava irritada, mas não era com ela. Nem eu mesma sabia o porquê da irritação.

- Talvez você esteja prestes a conhecer seu companheiro, não ou talvez demore décadas para isso acontecer.

- Eu sei como funciona isso. Os deuses podem me fazer esperar anos.
- Sabe realmente como funciona ou acha que sabe por causa dos seus pais? Nem toda ligação é igual Aylla.

- Não? - Para mim a ligação é algo importante, são os deuses mostrando que merecemos o amor, que não vamos está sozinho uma eternidade.

Cresci aprendendo que apesar de brigas ou dificuldades um sempre estaria ali para o outro, cuidando e protegendo. Meus são a prova disso, é um relacionamento distorcido, eles parecem não se suportarem, mas sempre estão grudados um no outro.

- Às vezes predestinados podem sentir as emoções um do outro, é raro, mas acontece. Quando encontrá-lo vai parecer que não existe mais ninguém importante nesse mundo se não ele, você vai sentir tudo o que ele sente por você, vai saber quando ele não está bem, quando ele precisa de ajuda ou apenas conversar. Não adianta ter a ligação se não existe respeito e nem confiança, terá que proteger um ao outro. Uma eternidade é muito tempo, aparecerá pessoas tentando separar ou causar intrigas.

- Parece que está prevendo o futuro - digo assustada. Ela é uma bruxa, e não duvido nada que realmente possa fazer isso.

- Já vivi mais tempo que você, sei o que estou falando.

Lembro do sonho que tive, pode ser uma possibilidade? É estranho meu primeiro sonho ser com um homem, poderia ser com qualquer coisa, mas foi com ele. Uma criatura que nunca vi em minha vida, e que mesmo eu não vendo seu rosto me intrigou de uma maneira, que não sei explicar. Seus olhos eram tão lindos, pareciam-me que estava me hipnotizando, me sentia leve e feliz só de olhar para eles.

Passei minha manhã conversando com a bruxa sobre todo tipo de assunto banal, mas nunca parando de pensar nessa história da qual nada sabia. Isso me estressava e me dava fome, o que não gostava muito porque o gosto de sangue não era dos melhores no meu paladar. Sai da biblioteca tão distraída que acabei esbarrando em umas três pessoas, até meus futuros filhos foram xingados por uma delas.

Mamãe andava de um lado para o outro na sala, parecia estar nervosa e impaciente, não ouvi nenhum sinal do meu pai, então corri para o quarto, não estava afim de ter sua raiva descontada em mim. Eu odiava quando isso acontecia, ela passava horas falando de como eu não sou uma boa filha, não sei me comportar, que sou um desastre, são tantas ofensas que nem consigo contar. Tenho sempre que ouvir calada, do contrário eu só sentirei sua mãe em meu rosto, é sempre assim.

Em cima da minha cama estava um livro, tinha terminado ele a dias e não o devolvi à biblioteca, ia fazer isso justamente hoje, fiquei tão preocupada pensando que algo tinha acontecido a Minerva que nem lembrei de levá-lo comigo. Eu amo ler, é algo que dá paz, que me tira desse mundo caótico onde vivo. Com livros eu não me preocupo com a distância entre eu e os meus pais, nem com caçadores, nem com guerra. É apenas eu e o mundo da imaginação.

- Posso entrar? - meu pai estava parado na porta. Sua expressão estava séria.
- Claro - me sentei na cama e observei ele se aproximar e sentar ao meu lado. - Algum problema?

Nós nunca conversamos, e ele vim até meu quarto é novidade. Será que aconteceu algo?

- Sei que ando ocupado, mas isso não justifica você não ter nos falado nada. - Olho para ele confusa, não estava entendendo - soube que você encontrou seu companheiro?

- O que? Eu ainda tenho dezessete anos, pai.

Não era uma novidade que nem meus próprios pais soubessem a data do meu aniversário.

Meu pai tem quase trezentos anos, se tornou general do exército cedo e é um dos homens que o rei mais confia. A vida dele é se dedicar ao rei e aos seus soldados. Me pergunto porque tiveram uma filha se a intenção era lembrar dela apenas quando precisavam de mim para alguma coisa. Eles não se importavam com nada em relação a mim, e essa pergunta tinha me surpreendido completamente.

- Isso é ótimo.

Sem dizer nem mais uma palavra e sem esperar eu lhe dizer algo, ele saiu, foi como se nunca estivesse aqui. Apenas senti uma leve brisa e um borrão passar pela porta. Às vezes eu odiava essa velocidade.

Alguém estava me vigiando, isso eu já sabia faz tempo, mas ficar bisbilhotando até o que eu converso com a minha professora é demais. Eu não posso fazer nada, minha mãe simplesmente decidiu que gostaria de saber de todos os meus passos, eu ainda não sei quem é essa pessoa, mas vou descobrir. Eu não tenho direito à liberdade? Mas pensando bem. Por que ele parecia tão bravo por pensar que eu tinha encontrado meu companheiro? A dias eles andam estranhos demais, sempre querendo saber para onde vou, alguma coisa está acontecendo e eu vou descobrir.

Caminhei pelos corredores da ala designada apenas para soldados com um pouco de medo, meu pai tinha conhecimento da minha amizade com Berat mas vim até seu quarto seria um crime na visão dele, principalmente por ele não aprovar eu ser amiga de um mestiço. Meu amigo dividia o quarto com três pessoas, todos eles mestiços, então sabia que a essa hora eles estavam no jardim de guarda, Berat é o único mestiço que é designado para a noite por ser o mais velho e o mais forte entre eles.
Bati na porta com certa apreensão, sabendo que os outros vampiros me ouviriam, principalmente aqueles que me conheciam, saberiam que eu estava ali.

- O que faz aqui? - perguntou meu amigo assim que abriu a porta.

Eu o empurrei para o lado, mesmo não sendo forte o suficiente. Ando até sua cama e esperei que ele fechasse a porta e viesse em minha direção.

- Conversar com meu melhor amigo é claro.

Berat já tem mais de duzentos anos, mas seu envelhecimento parou aos vinte. Seus olhos são azuis como o céu e seu cabelo são loiros perolados.

Era seu maior atrativo, pois ninguém poderia se igualar com sua beleza.

- Contei sem querer sobre o ataque para a senhora Minerva e ela me falou algo bem interessante.

- Você é uma pessoa curiosa demais e isso ainda vai te meter em problemas.
Dou de ombros. Não é mentira, e eu não poderia me importar menos. Já não me importo tanto com a vida como antes.

- Aconteceu algo a mil anos, não sei o que, mas que por algum motivo o rei proibiu.

- Não sei de nada, Aylla, mas se for proibido, você não deveria falar sobre isso, e você sabe que todos neste corredor podem te ouvir, e com certeza contarão tudo ao rei.

- Eu sei - bufei irritada. - mas o que eu vou fazer com toda essa curiosidade? Nem faz tanto tempo que ela me contou isso e já estou quase surtando.

Eu estava curiosa e queria saber a história, mas viver entre um bando de vampiros que podiam ouvir tudo a quilômetros de distância não tornava as coisas mais fáceis. Minha sorte é que o rei e a rainha estão fazendo uma viagem e só chegam amanhã.

- Que tal conversarmos sobre algo que não nos coloque em perigo?
Berat sentou-se ao meu lado na cama e meu deu um sorriso.

- Meu pai hoje foi ao meu quarto querendo conversar. Ele veio perguntando porque eu não tinha contado a eles que tinha encontrado meu companheiro - Suspiro - Ele nem sabe quando é meu aniversário Berat. Até quando eu vou ser invisível assim?

- Eles ainda vão ver a pessoa incrível que você é.

Berat tinha esse costume, sempre fazendo elogios e tentando me animar em momentos que ele percebia que eu não estava bem. Por isso eu o amava.
Conheci Berat quando tinha oito anos, em minha primeira fuga do castelo. É claro que eu não fugi para longe, eu era uma criança curiosa e queria conhecer os jardins, então saí escondido, era o seu primeiro dia de guarda e foi ele a me encontrar. Ele se sentou ao meu lado e perguntou por que eu fugi, eu apenas dei de ombro e disse que queria conhecer os jardins, então teve a ideia de darmos um passeio para conhecer ao redor, foi ali que meu amor por ele cresceu. Ele é meu melhor amigo e também um irmão que nunca tive.

- Você é o único que vê isso Berat. Minha mãe diz que sou sem graça demais.

- Conheço você quase sua vida inteira, se ele não vêem é porque estão cego.
- Espero que meu companheiro pense do mesmo jeito que você.

Em poucos segundos o sorriso dele desapareceu e naquele momento eu não entendi o porquê, sempre conversava com ele sobre essas coisas e nunca o vi tão sério e às vezes não consigo entender, mas Berat não queria encontrar sua companheira, embora o rei o tenha autorizado a troca de castelo para cada um. Se seus companheiros não estiverem no mesmo lugar que você, basta falar com o rei e ele o levará a qualquer outro castelo que você queira visitar. Meu amigo nunca encontrou sua parceira e tão pouco desejou encontrá-la.

- Está ansiosa para o seu aniversário? - muda de assunto. Como sempre faz.
- Não. Você é o único que vai comemorar - sorrio triste.

- Nós vamos comemorar. Estou preparando uma pequena surpresa. E nem adianta perguntar o que é.
- Se não queria que eu perguntasse, não devia ter falado que tem uma surpresa.

O som de batidas de martelo soou por todo quarto. Meu pai queria a presença de todos os soldados no jardim imediatamente. O castelo tinha um sistema que funcionava da seguinte maneira, uma batida significa que não devemos sair do quarto, duas os soldados precisam se reunir em algum lugar do castelo, três era algum comunicado importante, quatro o rei queria a presença de todos no salão, cinco e quando o castelo está sendo invadido, e graças aos deuses isso nunca aconteceu.

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