No Passado

By aut_any

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ShortFic! " Uma jovem humana, dezesseis anos vivendo em seu inferno particular. Pais ruins, família desarmon... More

⬪ Cᴀsᴛ
Sᴜᴍᴀ́ʀɪᴏ
↠ Prólogo
𝟏.
𝟐.
✦ Bᴏɴᴜs
𝟑.
𝟓.
𝟔.
✦ Bᴏɴᴜs
𝟕.
𝟖.
✦ Bᴏɴᴜs
𝟗.
𝟏O.
ᴇᴘɪ́ʟᴏɢᴏ

𝟒.

820 88 72
By aut_any

Meta: 65 comentários (com nexo) pq o capítulo enorme.
35 votos!

" mencionou o tédio, não? Sinto muito por isso, mas telas são muito prejudiciais"

✦ • ✦ • ✦ • ✦


Mês seguinte

Acordar no quarto de Sabina me trás sensações boas, o cômodo em si é extremamente acolhedor, e a companhia da morena só torna toda a experiência mais receptiva.

As paredes do quarto têm uma coloração clara, mas a lareira acesa trás uma coloração alaranjada, o tapete felpudo deixa o cômodo ainda mais caloroso, os móveis em madeira laranja trazem um ar mais rico junto as partes escutas. As poltronas são extremamente confortáveis, a mesa de centro parece ter o tamanho perfeito e a estante de livros sempre me chamam a atenção.

— não faça barulho — ouvi um sussurro.

— eu num tô fazendo barulho.

Sorri ouvindo as vozes roucas e sonolentas das moças que, aparentemente, acabaram de acordar. A cama mal se movia, mas eu sentia a mãozinha da criança acariciar minha barriga nua.

— mamãe a Any dormiu pelada?

— certamente não, mas a blusa dela sempre sobe durante a manhã.

Senti sua não tateando meu corpo, primeiro ela achou o elástico da calça e depois subiu devagar e achou minha blusa.

— eu acho que senti o mamilo dela.

Me segurei pra não rir, e quase não aguentei, tive que focar na voz de Sabina para não gargalhar.

— está mexendo nela?

— uhrum.

— não filha, assim ela acorda. Vira pra cá.

— não, eu vou ficar quietinha.

— vem aqui, deixa ela dormir.

As mãozinhas curiosas deixaram meu corpo, e de repente o cheiro do perfume de Sabina me abraçou.

— ah não, manhê! Eu que tava no meio.

— sem falar alto — Hidalgo a repreendeu.

Alcancei seu corpo e percebi que ela está de costas pra mim, virada pra outra ponta da cama.
Minha mão foi parar dentro da blusa da mulher, mais precisamente em sua cintura curvilínea.

— me põe de volta no meio — a criança insistiu.

— já está aqui, não devia estar reclamando. O quarto da senhorita é o do lado.

Aparentemente a mulher adulta percebeu que acordei, e com isso sua voz não parecia tanto com os sutis sussurros que antes eram.

— manhê...

— você vai chorar? A mamãe não tá acreditando nisso.

— devolva-me minha bebê — pedi baixinho, mas pelo silêncio sei que as duas escutaram.

— tá vendo? Ela prefere que eu fique no meio.

Abri os olhos e vi a loirinha pular a mãe, voltando pro meio entre nós duas. Eu recolhi minha mão ousada e vi a morena resmungar baixinho. Voltando a criança, Sina se sentou e depois deitou, puxando a coberta para ter acesso a ela também.

— hoje essa criancinha volta pro quarto dela — Sabina resmungou emburrada.

– será que vou ter que eu ficar no meio? — perguntei para garantir, e as duas pararam de brigar por bobeira — ah sim.

Ainda levou um tempo pra minha visão acostumar com as cores, e somente depois desses poucos minutos me obriguei a sentar no colchão macio.

— não Gabiii, deita — Sina resmungou segurando meu braço.

— vou ao banheiro, anjo.

Antes de ir deixei um beijo no rosto de cada uma, e segui pro cômodo ouvindo as reclamações de Sabina.
"não ligo que não escovou os dentes, volte aqui e me dê um beijo direito"
Apenas ri e me isolei, preciso de privacidade pra começar o dia bem.


Sempre me impressiono com os dotes culinários de Sabina, ela, apesar de cozinhar maravilhosamente bem, não tem uma boa relação com a cozinha, então tudo sempre fica uma bagunça.

A mulher diz ter aprendido o mínimo porque a maioria dos restaurantes não entregam nessa localização, e a própria não estava disposta a ter alguém aqui diariamente para cozinhar.

A mesa de hoje está regada de frutinhas típicas da região, geleias, pães e bebidas a base de sangue.

— não tem nada pra fazer nessa casa imensa? - perguntei, duvidando ter ouvido direiro.

O tópico da conversa era o uso excessivo do celular, já que Sina passa a maioria dos dias com o aparelho em mãos.
E toda a conversa se iniciou porque ela queria ver vídeos enquanto mamava.

— ela diz que não e eu não sou um exemplo com argumentação.

— posso propor um desafio? — perguntei.

A criança estava atenta, me encarando enquanto soltava estalos fofíssimos, em meio a amamentação.
E a adulta apenas prestava atenção em mim, deixando as próprias torradas de lado no prato.

— se estiver ao meu alcance — ela deu ombros e me aguardou prosseguir.

— um dia todinho sem telas, ou seja: celular, iPad, televisão, notebook...

Sina largou meu peito na hora e me encarou séria, negando com a cabeça e fazendo um bico enorme.

— achei uma ótima ideia.

— vamos tentar, se não der eu acabo com o desafio — guardei meu seio na blusa, e aguardei o biquinho se desfazer, mas isso não aconteceu — não te quero viciada.

Beijei seu rostinho e voltei a tomar meu café, ainda com a criança emburrada no colo. Já que, mesmo estando brava, Maria não quis deixar minhas pernas.

Tomar banho com a luz baixa ao som de músicas tranquilas é bom demais, e é ainda melhor quando se tem uma morena pra lavar suas costas por você.

Antes desse momento eu separei minha roupa, que consistem em, basicamente, um vestido folgado o suficiente para não limitar meus movimentos, e justo o suficiente pra valorizar meu corpo.

— ei, eu posso entrar? — ouvimos uma batida fraquinha na porta.

— pode, filha.

Sabina tem as costas apoiadas na banheira, e eu estou entre suas pernas, de costas pra ela. Essa posição é confortável pra nós duas, então costumamos ficar assim.

— hoje é pra por roupa de frio ou de calor? — a criança perguntou entrando no banheiro.

— eu vou lá ver já já — Hidalgo responde — vem aqui com a gente.

— eu não quero não — ela negou.

— ah, venha — lhe chamei — está confortável e quentinho.

Vi a dúvida em seu olhar, então ela se aproximou e pôs a mão na água.
Eu previ que Sabina iria segurar a filha, então segurei sua mão antes que ela o fizesse.

— o que acha? Poderia aproveitar pra terminar com o leite, mamou tão pouquinho hoje — comentei.

— tá, mas não é pra tomar banho.

— o seu é só mais tarde — ergui meu dedinho, lhe prometendo.

Ela concluiu a promessa e tirou o pijama rapidinho, entrando na água com a calcinha de algodão branca.
Lhe puxei pro colo e ela se acomodou como preferiu, tomando meu seio esquerdo pra si em questão de segundos.

— devagar, anjinho.

Passei minha mão molhada em seu rostinho e ela sorriu, sem largar meu mamilo. Sabina me agradeceu com selinhos curtos no pescoço, me fazendo arrepiar por inteira.

Nosso tempinho ali não durou muito, mas fora o suficiente pra acalmar a criança, que em instantes dormiu tranquila no meu colo.

Saímos dali devagar, tentando não acordar a miúda sonolenta.
Sabina lhe secou todinha, e tirou sua calcinha molhada, deitando a criança na cama do próprio quarto, e enrolando-a na coberta quentinha e felpuda.

Eu segui pro closet, a fim de me arrumar. Passe hidratante neutro na pele, pus um conjunto de lingerie, vesti o vestido, arrumei meus cachos rebeldes em um coque nada elaborado e finalizei com desodorante e perfume.

Sabina até tentou fugir para o escritório, mas eu lembrei-a do desafio e fomos juntas pra sala.
O clima não estava frio, então os planos de ligarmos a lareira ficaram pra outro dia, o que fizemos foi escolher um jogo de tabuleiro para jogarmos ali mesmo, na mesa de centro.

Sorri convencida e vi Maria Sabina revirar os olhos, nem precisei ameaçar fazer greve para ganhar o jogo, eu sou incrível.

— manhê! Minha roupa — a criança apareceu no topo da escada, vestida apenas com uma calcinha azul bebê.

Eu acho as roupas íntimas dela muito lindinhas e apropriadas pra crianças de sua idade, todas elas são folgadinhas e cobrem toda a bundinha infantil.

— já vou, querida — Sabina levantou.

— já aproveite e volte com a carteira — comentei com humor.

— por que eu resolvi apostar, hein? Nunca mais apronto uma dessas com você.

— aceite sua derrota, querida.

Ela passou por mim, subindo atrás da filha, e, enquanto elas não voltavam, eu arrumei o jogo dentro da caixa. E aproveitei pra levar nossa bagunça de copos pra cozinha.

Quando voltaram Sina trajava uma inesperada saia rosa rodada, com meias longas listradas e um casaco de tricô. Ela se preparou pra descer a escada correndo, mas a mãe segurou em sua mão, conhecendo suficiente a cria que tem.

— eu tô entediada — ela disse assim que chegou pertinho de mim.

— e com muita energia acumulada! — sua mãe acrescentou.

— o que acha de irmos passear lá fora? – propus.

— sim! — ela gritou super empolgada.

Cheguei me assustar com a empolgação, não é como se eu tivesse proposto um mega passeio com uma mega atração.

— falando feliz assim parece que nunca fez isso — comentei com humor.

— nunca fiz mesmo não.

Encarei a Maria mais velha, como se buscasse alguma explicação, e ela respirou fundo antes de formular uma resposta.

— é perigoso.

— a floresta? — perguntei.

— o terreno em si — a morena comentou — não é um espaço plano, tem mais pedra do que eu gostaria — ela ia continuar, mas eu interrompi.

— não há perigo, querida. Vamos todas juntas e nada acontecerá com ela, vai ver, sua filha vai voltar pra casa do mesmo jeito que saiu.

— ela nunca deixou, e agora eu vou — Sina contou vitória.

É loucura proibir a menina de conhecer o exterior da própria casa, e esse lugar é lindo demais pra não passarmos tempo explorado tudo.
Sabina é tão louca por segurança que Sina não pode ficar sozinha em cômodos que não são o seu próprio quarto.

— onde estão suas galochas, querida?

— não sei, onde estão, mamãe?

— eu vou buscar, também precisa de um par de meias.

Entendo que a casa não é perfeita para abrigar uma criança, há lugares perigosos ou mal protegidos, mas são detalhes que ela pode modificar sem muita obra. Concordo com a preocupação que a mãe tem com o bem estar da filha, mas Hidalgo passa dos limites em algumas das muitas vezes.

Como pensei a vista é belíssima.
Sina está com as mãozinhas dadas as da mãe, com os pés sobre os da mais velha. As duas andam juntas em passos desengonçado, e eu só sei encarar toda a cena com um sorriso bobo.

— a mamãe cansou, anda um pouquinho.

— não mãe, anda vai — a criança resmungou, sem querer abandonar a brincadeira.

— depois a gente continua, o caminho da volta será o mesmo.

— não manhêee, não quero parar agora. Só mais um pouquinho.

– olha só, Maria. Que árvore diferente — chamei sua atenção — ela parece um cogumelo.

— não vai funcionar — ela disse emburrada.

— vai começar? — Sabina perguntou.

— eu não queria parar.

— mas eu estou cansada.

— vamos parar com isso, vamos?

Peguei a criança no colo e encarei seus olhos claros, a fim de ter alguma conversa com a menina, mas Sina apenas escondeu o rosto em meu pescoço e grudou as pernas em minha cintura.

— quer voltar pra casa? — perguntei.

— não!

— então tire esse biquinho do rosto e aproveite o passeio.

Sua mãe tem força suficiente pra carregar ela por horas sem sequer se cansar, mas, como a criança é pequena em questões de altura, a coluna da adulta deve ter começado a se queixar.

— vá explorar, eu e sua mamãe não sairemos daqui — pedi pondo a miúda no chão.

— Any... — Sabina me encarou, e eu imaginei sei discurso.

— vá Maria, aproveite — repeti.

A loira me obedeceu se afastando, indo atrás de algo pra fazer.
Eu permaneci no Jardim, e assisti Sabina ir se sentar. A fim de não arranjar problemas, fui junto a si e me sentei em suas pernas.

— se ela voltar machucada?

— é normal, não? Sina é uma criança e crianças se machucam o tempo todo. Não são assim que aprendem o que devem ou não fazer?

— ela é nova pra aprender sozinha.

— sua filha é mais inteligente que imagina — beijei seu pescoço e senti ela fazer carinho em minha coxa.

— mas ainda é uma criança, ela não tem força nem pra levantar a cadeira que estamos.

— e ela sabe disso? — perguntei.

A mulher ficou quieta e não me respondeu. Sina não conhece o próprio corpo, ela não sabe que não tem força alguma, e tudo isso porque a mãe não a deixa fazer nada. É sempre pegando no colo ou proibindo a criança de explorar sequer a própria casa.

Acredito que se a loira souber das novas limitações corporais, que vieram junto ao novo DNA, ela vai entender certas coisas. Dentre elas o motivo de não poder se banhar sozinha.

■> Considerações finais

Rápido, não?
Levem em consideração o tempo que coloco no início dos capítulos, muitas coisas eu não narrei, por que não é o foco do livro. O que vai importar é: Any está ali pra amamentar Sina, mas Sabina sabe aproveitar as oportunidades que a vida lhe .

Todos perceberam que elas serão  o casal, mas o relacionamento também não é o foco. Então não se preocupem

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