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By catratonks

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𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? ΰ₯§ 𝐒. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concret... More

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π˜π„π€π‘ π…πŽπ”π‘
π˜πŸ’: Quidditch World Cup
π˜πŸ’: The Triwizard Tournament
π˜πŸ’: The Four Champions
π˜πŸ’: Potter Stinks
π˜πŸ’: The First Task
π˜πŸ’: Will You Dance With Me?
π˜πŸ’: Yule Ball
π˜πŸ’: The Golden Egg
π˜πŸ’: The Second Task
π˜πŸ’: Truth Or Dare
π˜πŸ’: The Third Task
π˜πŸ’: Everything Changes
π˜π„π€π‘ π…πˆπ•π„
π˜πŸ“: Grimmauld Place
π˜πŸ“: The Silver Dress
π˜πŸ“: The Prank
π˜πŸ“: Dolores Umbridge
π˜πŸ“: Firefly Conversations
π˜πŸ“: Harry, My Harry
π˜πŸ“: The Astronomy Tower
π˜πŸ“: The High Inquisitor
π˜πŸ“: The Revenge
π˜πŸ“: The Reunion
π˜πŸ“: Midnight Talking
π˜πŸ“: Dumbledore's Army
π˜πŸ“: Weasley Is Our King
π˜πŸ“: Love Potion
π˜πŸ“: Nightmares
π˜πŸ“: Holly Jolly Christmas
π˜πŸ“: Maddie's Birthday Party
π˜πŸ“: Happy New Year!
π˜πŸ“: Fireworks
π˜πŸ“: Draco Malfoy
π˜πŸ“: Honeycomb Butterflies
π˜πŸ“: Expecto Patronum
π˜πŸ“: The New Seeker
π˜πŸ“: Breakdown
π˜πŸ“: A Whole New Perspective
π˜π„π€π‘ π’πˆπ—
π˜πŸ”: Horace Slughorn
π˜πŸ”: The Burrow
π˜πŸ”: Weasley's Wizard Wheezes
π˜πŸ”: August 11th
π˜πŸ”: Back to Hogwarts
π˜πŸ”: Amortentia
π˜πŸ”: The Quidditch Captain
π˜πŸ”: Draco?
π˜πŸ”: Falling Apart
π˜πŸ”: The Bookstore of Mysteries
π˜πŸ”: The Curse
π˜πŸ”: Slug Club
π˜πŸ”: Champagne Problems
π˜πŸ”: Dirty Little Secret
π˜πŸ”: Sign Of The Times
π˜πŸ”: Road Trip
π˜πŸ”: Whispers and Secrets
π˜πŸ”: Shopping Day
π˜πŸ”: Rufus Scrimgeour
π˜πŸ”: The Hunt
π˜πŸ”: Valentine's Day
π˜πŸ”: Quidditch Disaster
π˜πŸ”: Sixteenth Birthday
π˜πŸ”: Liquid Luck
π˜πŸ”: Sectumsempra
π˜πŸ”: The Cave
π˜πŸ”: What Starts, Ends
π˜π„π€π‘ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
π˜πŸ•: The Seven Potter's
π˜πŸ•: The Birthday Party
π˜πŸ•: The Wedding
π˜πŸ•: The Murderer
π˜πŸ•: September 1st
π˜πŸ•: The Sins Of Tragedy
π˜πŸ•: Body and Soul
π˜πŸ•: Slytherin's Locket
π˜πŸ•: The Depths Of Fall
π˜πŸ•: Breaking Hearts
π˜πŸ•: Godric's Hollow
π˜πŸ•: The Sword
π˜πŸ•: The Deathly Hallows
π˜πŸ•: Bellatrix's Vengeance
π˜πŸ•: Highs And Lows
π˜πŸ•: The Talk
π˜πŸ•: The Plan
π˜πŸ•: The Boy Who Lived
π˜πŸ•: When Nightmares Come to Life
π˜πŸ•: Blood And Bone
π˜πŸ•: Voids
π˜πŸ•: Death Comes
π˜πŸ•: Sunflowers
π˜πŸ•: Turning Page
π˜πŸ•: Intertwined Fates
𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐑
I. Surprises
II. Soft Kisses And Bad Dreams
III. Death's Lullaby
IV. WARNING: DANGER!
V. Hunting Season
VI. The Corner Of The Lost Souls
VII. The Letter
VIII. Sex On The Beach

π˜πŸ•: Knives? Sure!

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By catratonks

⚠️: violência, sangue.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Encontrei-os na praia, conforme combinamos.

— Você está atrasada — disse Maddie. — São sete e cinco.

— Foram só cinco minutos.

— Mesmo assim. Isso não torna o seu atraso mais tolerável.

Mordi o lábio, com vontade de revirar os olhos. Sempre tão dramática.

— Desculpe.

— Não tem problema — disse Hermione. Ela segurava dois frasquinhos de Poção Polissuco, cada um identificado por um rótulo. Um deles dizia "Bellatrix", e meu estômago se revirou de ansiedade ao pensar que eu estava prestes a beber aquilo. Harry, ao meu lado, segurava mais dois recipientes, também envolucrados. — O importante é que estamos aqui. Vocês querem repassar o plano mais uma vez?

— Sim — falei.

— Não — disse Ron.

— Estamos perdendo tempo — comentou Grampo. Ele segurava a espada de Gryffindor firmemente, e viria conosco. Era o único jeito que arrumamos de usá-la para destruir Horcruxes sem que fosse preciso iniciar uma guerra entre humanos e duendes.

— Cale a boca — disse minha irmã, com rispidez.

— Você não manda em mim.

Maddie sacou uma adaga do cós de calça, e apontou-a para a garganta dele. Isso me fez lembrar do peso da lâmina que eu carregava.

— Não vou precisar, se estiver morto — sibilou Maddie. — Sou uma pessoa legal, acredite em mim. Mas estou ficando impaciente.

— Você não trabalha para a Lei? — perguntou Grampo, erguendo as sobrancelhas. Não parecia nada impressionado. — Tenho certeza de que não deveria estar apontando armas para mim. Não lhe fiz nada.

— A Lei não se aplica a momentos de guerra.

— Ah, pelo amor de Deus, parem com isso — pediu Hermione, dando um resmungo. — Maddie, guarde essa faca. Grampo, por favor, coopere. E S/N...

— Eu não fiz nada!

— Vocês estão me confundindo, não é minha culpa. Então, podemos repassar o nosso plano, ou não? — quando ninguém argumentou, minha melhor amiga disse: — Ótimo.

"Primeiro, beberemos a Poção Polissuco e nos transformaremos. Depois, vamos aparatar no Beco Diagonal, entrar pela porta da frente do Gringotes, mostrar a varinha de Bellatrix aos duendes e passar por toda a segurança sem problemas. Acho que essa parte é fácil. O problema mesmo vai ser a nossa saída. Até que consigamos o que queremos, é possível que nos peguem em meio à mentira".

— Honestamente, eu não acho que podemos prever todas as nossas possibilidades, Hermione — disse Harry. — Quanto mais pensarmos, mais ansiosos ficaremos. Por mim, devemos seguir com o plano até a parte em que entramos no cofre. Depois improvisamos.

— Improvisar! — exclamou Hermione. — Não acredito que estou ouvindo isso, mesmo depois de semanas de preparo.

— Aceite, Hermione, não podemos definir nosso destino. O que for para acontecer, será. E contanto que saiamos vivos dessa, não estou me importando muito com o restante.

— Harry tem razão — disse Ron. — Desculpe, Mione, mas é verdade. Temos que ser objetivos.

— Podemos tomar logo a bendita poção? — quis saber Maddie. — Já estou irritada.

— Use isso para incrementar o seu disfarce — falei. — Você vai ser um Comensal, afinal de contas. Precisa ter personalidade rancorosa.

Minha irmã estreitou os olhos.

— Engraçadinha.

Hermione e Harry distribuíram os frascos de poção. Eu seria Bellatrix, Harry seria Draco, e minha irmã e Hermione seriam outros dois Comensais cujos nomes não sabíamos. E eu sinceramente esperava que não perguntassem, porque senão seríamos flagrados.

Bebemos. Instantaneamente, senti-me estranha, meu corpo mudando. Uma onda de náusea apoderou-se de mim, porque só naquele instante a ficha de que eu estava tomando a forma da pessoa que fez da minha vida um inferno caiu; mas segurei-a, forcei-a a desaparecer. Enjôos eram sinônimo de fraqueza, e não havia espaço para aquilo dentro de mim. Não mais.

Os outros também mudaram. Hermione e Maddie agora eram homens altos e intimidadores; um com barba, o outro sem. Possuíam feições horrorizadas devido à mudança súbita, sendo a de minha irmã voltada para o nojo. Harry, por outro lado, encarou-me de volta com os olhos azuis de meu primo, usando um terno preto igualzinho ao que Draco sempre vestia. Tínhamos cuidado até dos mínimos detalhes, principalmente das roupas dos nossos disfarces. A minha era a mais complexa; quem botasse os olhos em mim reconheceria Bellatrix de imediato. O que era bom.

— Como estou? — perguntei.

— Horrorosa — disse Ron.

— Quer dizer que o disfarce funcionou — concluiu Hermione, satisfeita. Mas quando notou que a própria voz tinha mudado, sendo, agora, masculina, ela fez uma careta. — Ew.

— Estar no corpo de um homem é muito bizarro — disse Maddie, dando uma voltinha enquanto olhava por cima do ombro. — Muito bizarro mesmo.

— O que está tentando fazer, olhando para trás assim? — perguntou Ron, achando graça. — Não temos caudas, sabe.

— Não sei — admitiu ela, parando. — É tão estranho. Em uma hora, eu tinha uma vagina, e agora sinto um peso entre as minhas pernas. Queria ver se a parte de trás tinha mudado.

— Vou fingir que não ouvi isso — falei. — Certo, tudo pronto? Podemos ir?

Hermione assentiu.

— Sim, podemos. Ron, escute. Assim que chegarmos lá, você precisa se cobrir com a Capa da Invisibilidade, com Grampo. Você está com ela no bolso, certo?

— Estou.

— Ótimo. Grampo, dê-me a espada. Vou guardá-la na minha bolsinha de contas.

— Não.

— Grampo, isso não é uma brincadeira.

— Não estou brincando. Não vou largar.

— Se você deixar a espada cair, já era. Você está complicando as coisas. Seria muito mais fácil se...

— Deixe-o, Hermione — disse Harry. — Não vamos brigar à toa.

Ela fez uma pausa, controlando a própria irritação. No fundo, sabia que Harry estava certo.

— Tudo bem.

Fizemos um círculo, nos posicionando para aparatar. Pusemos nossas mãos umas sobre as outras, unidas num pequeno monte. Houve silêncio nos instantes seguintes, nossos corações batendo em nossos ouvidos. Ron quebrou-o, dizendo:

— Vamos mesmo fazer isso, não vamos?

Engoli em seco, olhando para cada um deles. Quando encarei Harry, um tipo novo de determinação tomou conta de mim: no momento em que Draco descobrisse que estávamos usando sua imagem para invadir um dos lugares mais seguros do mundo, indignação tomaria sua face. Mas ele entenderia; teria nos ajudado, mediante a chance.

Foi o que me fez prometer a mim mesma que, quando nos encontrássemos de novo, eu lhe daria um abraço apertado. Na guerra, pouco importava em que lado do campo de batalha estávamos. Todos corríamos a mesma chance de morrer, e a mesma chance de seguirmos com a vida. Fosse qual fosse o momento que me aguardava, decidi que eu não queria perder tempo.

— Vamos — falei.

— Estão nervosos? — quis saber Mione. — Especialmente você, S/N. Deve estar apavorada.

Neguei.

— Está brincando? O momento do início da minha vingança finalmente chegou. Eu não poderia me sentir mais pronta.

Harry deu um sorrisinho, que teria ficado mil vezes mais lindo se ele não estivesse na forma de Draco. Não que meu primo não fosse bonito, mas as coisas que eu sentia por meu namorado pertenciam somente a ele.

Após mais um instante ouvindo o quebrar das ondas do mar, aparatamos.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Surgimos num beco sem saída, próximo ao banco. Ainda teríamos que andar alguns metros, na calçada. Mas nem tantos.

— Certo — disse Hermione, nervosa. — Ron, Grampo, cubram-se com a capa, e nos sigam. Acho melhor irmos andando, seria meio suspeito se ficássemos aqui por muito tempo.

Dito e feito, Ron escondeu-se com Grampo sob a Capa da Invisibilidade. Exatamente no momento seguinte, um homem passou em frente ao beco em que estávamos. Quando viu quem éramos, tremeu um pouco.

— Bom dia, Madame Lestrange!

Foi preciso apenas um único olhar meu para que ele se calasse, e que continuasse andando.

— Não é que você é mesmo boa em atuação? — comentou Maddie, admirada.

— É um talento — falei. — Agora, vamos.

Seguimos calmamente pela calçada, os saltos horrorosos de Bellatrix fazendo barulho conforme eu andava. Tudo ficou sob controle por alguns minutos; estávamos quase alcançando os portões de entrada do Gringotes. Mas infelizmente fomos abordados, porque Travers vinha andando da direção oposta, acenando para mim conforme chegava perto.

Revirei os olhos. Foi um movimento genuíno, mas que também seria facilmente algo que Bellatrix faria, em qualquer momento.

— Não surtem — alertou Maddie, murmurando.

— Não estou surtando — falei, erguendo as sobrancelhas.

— Não estou falando de você. É que Hermione começou a tremer.

Travers nos alcançou em poucos segundos. Tinha um sorriso incoveniente no rosto, com um quê de bajulação.

— O que você quer? — perguntei, seca.

— Pensei em passar para cumprimentá-la — disse o homem, encolhendo um pouco os ombros. Ele ficava patético demais assim, mas contive minha risada. — Mas se minha presença não é bem-vinda, posso ir embora.

— Ótimo. Estou apressada.

Aparentemente Travers não pensava em retirar-se, porque insistiu em manter assunto.

— Confesso que estou surpreso por vê-la aqui, Bellatrix.

— Por quê?

— Bem, as pessoas andam dizendo que você estava confinada na Malfoy Manor, depois... — ele engoliu em seco, olhando para os lados. Murmurou: — Depois da fuga.

Um sorriso vil pintou meus lábios, o que o fez parecer arrependido do que disse.

— Tenho meus privilégios.

— E quanto a Draco?

— Ele veio junto para o caso de eu precisar de mãos extras — respondi. — Por que todo esse interesse, Travers? Desde quando o que faço é minimamente da sua conta?

— De maneira alguma eu quis dizer isso, Madame Lestrange! Apenas fiquei curioso, só isso — quando eu apenas o encarei com desdém, meio entediada, ele acrescentou, tentando desfazer a tensão no ambiente: — E quem são os seus amigos?

Ele se referia a Maddie e à Hermione, disfarçadas.

— Não é da sua conta — falei rispidamente. — Você anda muito metido ultimamente, sabe, Travers? Detesto insolência. Como se já não bastasse a raiva que estou passando devidos aos truques de Mckinnon Black.

— Ah, eu soube das coisas horríveis que aconteceram na Malfoy Manor! Ela roubou sua varinha, certo?

Dei uma risada amarga, histérica. Talvez fosse minha raiva de Bellatrix, mas caiu perfeitamente com o disfarce.

— Uma atrocidade! — exclamei, ultrajada. Maddie espantou-se com meu tom, e deu um sorrisinho. — Eu... Do que você está rindo?!

— Não é nada — disse Maddie rapidamente, baixando a cabeça.

Estreitando os olhos, voltei-me novamente para Travers:

— Bem, como eu ia dizendo, as pessoas inventam histórias. Claro que não roubaram minha varinha, que insinuação estúpida!

— Sinto muito, Bellatrix, não foi a minha intenção...

— Não estou preocupada com isso. Da próxima vez, corto a sua cabeça fora — falei, séria. Travers estremeceu, e eu dei um sorriso que poderia significar psicopatia ou satisfação. Talvez as duas coisas. — Agora, se me dá licença, vou andando. Tenho que resolver assuntos no banco.

— Ah, ótimo! Também tenho, podemos...

— Podemos, uma ova. Você vai ficar aqui, não estou com a mínima paciência de lidar com os seus assuntos hoje. E se você me seguir, Travers, vou fazer com que se arrependa.

Deixei-o tão chocado com minha rudeza que fui andando, e Traves ficou parado. Não desobedeceu a meus comandos; nem precisei olhar para trás.

Bom.

— Você é boa — elogiou Harry, ao meu lado.

— Eu sei.

Entramos pela frente. Fui adiante, com Harry um pouco atrás, entre mim e Maddie e Hermione. Não podíamos saber onde Ron e Grampo estavam, sob a capa, mas esperávamos que não muito longe.

Um corredor luxuoso e comprimido aguardava adiante, ladeado por cabines altas margeadas por grades de bronze polido. Atrás de cada uma, havia um duende, todos concentrados em seus respectivos trabalhos. Mas essa concentração não durou muito: o barulho dos saltos que eu estava usando foi o suficiente para chamar sua atenção.

A verdade era que eu não sabia direito para qual duende eu deveria solicitar a abertura do cofre de Bellatrix. Devia ter perguntado antes, a Grampo, mas também não sabia se isso importava. Contanto que eu me identificasse por Bellatrix, estaríamos seguros.

Andei até um duende que examinava uma moeda de ouro, com o auxílio de um par de óculos. Emiti um pigarro. Ele parou na mesma hora, encarando-me por cima das lentes. Tomou um susto, mas logo recompôs-se. De todo o saguão, era o único que, até aquele instante, não tinha me olhado.

Isso era bom, supus. Peguei-o desprevenido.

— Madame Lestrange!  — exclamou ele. — Céus! Que... Que posso fazer pela senhora?!

— Quero entrar em meu cofre.

— A senhora tem identificação?

Eu tinha, mas talvez fosse melhor me fazer de dificil.

— Você está cego? Não consegue me identificar, comigo na sua frente? — indaguei. — Pensei que usasse óculos.

— Perdoe-me, senhora. São políticas de segurança do nosso estabelecimento.

Revirando os olhos, meti a mão no bolso e entreguei a varinha de Bellatrix, que eu roubara na Malfoy Manor, a ele.

— Isso basta? — perguntei, impaciente.

— Vou averiguar, senhora.

O duende pegou a varinha e passou a examiná-la. Demorou bem mais do que eu esperava, para ser franca. Tanto que minha irritação estava deixando de ser um fingimento; tornou-se realidade.

— Está vendo isso, Draco?! — exclamei, olhando para Harry. — São todos um bando de incompetentes imprestáveis. Não sei por quê o Lorde das Trevas ainda não se livrou deles. Mestiços imundos e desaforados — quando Harry não respondeu, talvez porque estivesse se controlando para não rir, questionei: — Não vai dizer nada, Draco? Pensei que tivéssemos conversado sobre esses seus comportamentos impertinentes.

Harry comprimiu os lábios quase imperceptivelmente.

— Desculpe, tia Bella.

— Vamos ver o que seu pai vai dizer, quando chegarmos de volta em casa.

Voltei-me para encarar o duende, satisfeita com minha própria atuação. Ele já me olhava, meio hesitante, estendendo a varinha para que eu a pegasse. Quando o fiz, o duende tornou a parecer nervoso, olhando de esguelha para seus colegas de trabalho. Pareciam comunicar-se com palavras não expressas.

— Algum problema? — perguntei.

O duende engoliu em seco.

— Receio... Receio que sua varinha não seja prova suficiente — disse ele.

Meu coração errou uma batida. Com certeza, de todas as nossas opções, não tínhamos pensado naquilo.

— Por quê?

— Como eu disse, madame, são políticas do banco — explicou o duende. — Precisarei solicitar a sua chave. A chave do seu cofre, no caso.

— Que absurdo! Não ando com minhas chaves por aí, como eu deveria saber?!

Eles sabem, sussurrou Harry. Sabem que somos impostores, Grampo acabou de me dizer. Estão estranhando que você esteja com a varinha de Bellatrix porque virou notícia nacional que ela foi roubada.

Certo, sem pânico. Isso só pioraria as coisas.

Encarei o duende com um olhar desafiador, de dar medo. Ele se encolheu um pouco, mas menos do que eu esperava. Merda, eu poderia ter evitado aquilo com um pouco mais de planejamento. Senti-me extremamente idiota por esse motivo.

— Escute aqui, seu elfo imprestável.

— Duende — corrigiu o duende.

— Não importa! Estou exigindo de você uma simples tarefa, e nem isso você tem a capacidade de fazer! Mas não tem problema, posso fazer você pagar, sofrer a vergonha que estou passando na pele — falei. — Mckinnon Black deve estar guinchando de dor, com a faca que cravei em sua barriga. Posso fazer pior do que isso, acredite. Suponho que você esteja ciente do ocorrido, certo? Já que o Mundo Bruxo inteiro aparentemente se importa com cuidar das vidas alheias?

Não percebi, mas fiquei sem fôlego. Em nenhum momento baixei a cabeça; era algo que a Morte que me visitara certamente desaprovaria. E mais do que isso: eu não me permitiria falhar. Conseguiria o que pretendia, nem que eu precisasse matar quem se pusesse em meu caminho.

Houve silêncio. Momentos de tensão depois, o duende apenas suspirou, dizendo:

— Me perdoe, Madame Lestrange. Foi um erro grotesco de minha parte. Por favor, siga-me.

Quase expressei minha surpresa, mas consegui disfarçar bem. Uma pena, porque pensei que fôssemos ter que lutar. Eu estava mesmo esperando por um pouco mais de adrenalina.

Seguimos por um corredor que dava numa sala que estava cheia de carrinhos semelhante àqueles das montanha-russas dos parques de diversões. Nos acomodamos no maior deles, onde havia espaço suficiente para todos. Assim que nos sentamos, o duende responsável pelo cofre de Bellatrix deu início à partida do motor do carrinho, que foi descendo, descendo, descendo. Houve tantas curvas que pensei que acabaria tonta.

Quando já estávamos a uma distância segura da superfície, avançando para as profundezas da Terra, Ron e Grampo despiram a Capa da Invisibilidade. Sufoquei um engasgo.

— Que merda vocês pensam que estão fazendo?!

— Calma, S/N — disse Ron. — Lancei um Imperius sobre o duende, está tudo sob o controle.

— Você fez O QUÊ?!

— Era o único jeito de passarmos ilesos — disse Grampo. Ele ainda se agarrava à espada de Gryffindor firmemente.

— Pois é, Grampo me deu a ideia.

— E você resolveu escutar? Sério mesmo, Weasley? — perguntou minha irmã, meio decepcionada. — Há encantamentos poderosos que protegem este lugar. O que significa que eles têm meios de saber quando você usa uma das Maldições Imperdoáveis nos trabalhadores do banco.

Ron ficou pálido feito papel.

— Merda.

— Você sabia — acusou Harry, olhando para Grampo quando fizemos mais uma curva nos trilhos. — Fez de propósito.

Grampo deu de ombros.

— Nenhum de vocês perguntou.

Tive vontade de matá-lo, mas infelizmente não dava tempo. Precisávamos ser rápidos, agora; aproveitar o tempo que nos restava. Caso os duendes do Gringotes resolvessem enviar uma mensagem para Bellatrix, ou mesmo para Voldemort, informando sobre a nossa invasão, seria uma questão de apenas minutos até que nos alcançassem.

De repente, passamos em frente a uma cachoeira. Então, o carrinho fez outra curva, nos direcionando a ela.

— O que está havendo? O que é aquilo? — quis saber Ron, apavorado.

— É água — observou Harry.

— Não diga!

— Calem a boca, você dois! — exclamou minha irmã.

— Vamos colidir com a água, Maddie! — justificou-se Ron.

— O que você quer que eu faça? Ainda não sei construir muralhas em cinco segundos!

Não deu tempo de pensarmos em uma solução. No instante seguinte, atravessamos a cachoeira, e um alarme começou a soar. Era muito alto, tive que comprimir meus ouvidos com as mãos. E como se isso já não bastasse, Hermione deu um gritinho frenético, olhando para cada um de nós com terror desmedido.

— Quê? O que houve? — quis saber Harry, tateando o próprio rosto. Então, seus dedos pararam sobre a cicatriz. — Puta que pariu.

— Voltamos ao normal, nossos disfarces já eram!

Hermione tinha razão: apesar da água que ensopava nossos cabelos, estávamos inegavelmente como nós mesmos. Além disso, como a queda d'água representava uma quebra de feitiços, até mesmo o Imperius que Ron lançara sobre o duende perdera a validade.

Mas o momento em que percebi isso foi seguido por um barulho alto; o carrinho estava parando. Quando estagnou, o chão sob nossos pés se abriu, e caímos no abismo.

Não sei quando comecei a gritar, mas definitivamente fiz isso. De pânico, por medo de nunca mais encontrar meus amigos. Meu Harry. Estávamos longe; nossas mãos, mesmo esticadas, não podiam tocar-se. Doeu vê-lo despencando sem poder jogar-me em seus braços. Em que mundo eu aguentaria uma vida sem Harry para aproveitá-la comigo?

Você está caindo, meu amor. Você está caindo, mas eu estou segurando você.

Antes de atingirmos o chão de pedra, paramos no ar, flutuando sutilmente antes de aterrissamos com um baque dolorido. Foi obra de Hermione, que fizera um feitiço para impedir a nossa morte precoce. Agradeci a ela mentalmente por isso, meu coração batendo em minha garganta. Precisei massagear meu peito para aliviar a tensão, tamanho foi o susto. Até que deu certo, por um tempo. Só que Harry entrou em meu campo de visão, as íris verde-esmeralda brilhando de preocupação.

Ele viu que eu respirava, e alívio tomou seu corpo. Ajudou-me a sentar. Abraçou-me. Quando nos separamos, pude jurar que vi o vulto encapuzado da Morte. Mas deve ter sido apenas impressão.

— Consegue levantar? — perguntou Harry, murmurando.

Assenti.

— Sim.

Ficamos de pé ao mesmo tempo. Meus amigos, Maddie e os duendes também fizeram isso, Grampo firmemente agarrado à espada. Por um momento, o outro, que trabalhava no Gringotes, só nos olhou. Depois, conforme as órbitas iam se arregalando, começou a berrar, histérico:

— Desertores! Ladrões! Aqui embaixo!

Eu teria entrado em pânico caso Hermione não tivesse feito isso primeiro. Ela, que não matava nem uma mosca, deu um soco no nariz dele. Não deu para quebrar, mas fez com que o duende calasse a boca.

— Desculpe! Desculpe, eu não quis fazer isso, você me assustou, eu estava despreparada, e...

Imperio! —  disse Maddie, apontando a varinha para o duende. Na mesma hora, ele fez uma cara engraçada, como se estivesse sonhando. — Pronto, assim é muito mais fácil.

Hermione repreendeu-a com o olhar. Maddie deu um sorriso cínico como resposta.

— Isso foi cruel.

— Eu sou cruel.

— Gente, será que estamos perto? — perguntei. — Os cofres das famílias mais antigas ficam aqui embaixo.

— De fato, estamos — disse Grampo, chamando a nossa atenção. — É logo ali, no fim daquele corredor. Posso mostrar o caminho.

— Certo, vamos lá.

Fomos seguindo cuidadosamente atrás dele, atentos a possíveis perigos. O abismo permaneceu silencioso. O corredor era comprido e estreito; dava para uma câmara ampla que percebi ser o fundo de um segundo abismo, talvez maior que o primeiro. Mas minha admiração não durou muito, porque quando percebi o enorme dragão que guardava as portas do cofre de Bellatrix Lestrange, simplesmente congelei.

Tinha escamas desbotadas, de um branco gasto, e estava acorrentado a grossas colunas de pedra, protegendo quatro ou cinco dos cofres mais profundos do banco. Os olhos leitosos evidenciavam sua cegueira; os arranhões e as cicatrizes na parte superior das asas, os maus-tratos. A envergadura teria preenchido a câmara gigantesca, caso ele as tivesse aberto; mas o dragão estava mais interessado em nos queimar mesmo, porque abriu a boca cheia de dentes e cuspiu generosas labaredas de fogo.

— Merda! — berrou Ron, nos puxando bem na hora em que teríamos sido carbonizados. — Como vamos passar?

— Temos um meio — disse Grampo. — Aqui, tomem — ele entregou um objeto pequeno a cada um de nós. — Sacudam para fazer barulho. O dragão acha que vai sentir muita dor sempre que escuta o som, é assim que vamos passar por ele.

— Isso é uma barbaridade! — exclamou Hermione.

— Você prefere morrer? — questionou o duende. Minha melhor amiga ficou calada. — Foi o que pensei.

Seguimos até uma das portas que o dragão guardava, sacudindo os objetos firmemente. Grampo chamou-os de cêmbalos. A fera cuspidora de fogo não tentou avançar; na verdade, encolheu-se, afastando-se como podia para evitar os sons que para ela eram horríveis. Fiquei me perguntando que tipo de atrocidades aquele dragão teria sofrido, para reagir daquele jeito.

Grampo, então, segurou a mão do outro duende e obrigou-o a encostá-la na porta, que instantaneamente se abriu.

O cofre de Bellatrix era colossal. Não tinha outra palavra para descrevê-lo. Havia ouro em toda parte: pratos, copos, barras, moedas, troféus, jóias, relíquias há muito perdidas. Dava para notar que provinha de uma riqueza antiga, passada por gerações. Séculos de hierarquia, mantida com dedicação, marcada pela glória. Demoraria bastante até que conseguíssemos encontrar qualquer Horcrux no meio de tudo aquilo.

Entramos, e Grampo permaneceu na porta, com a espada. Um sorriso pintado de esperteza dançava em seus lábios; o outro duende, cujo nome não sabíamos, estava sob seu aperto.

— Acho que vou ficar por aqui — disse Grampo.

— Como assim? — quis saber Ron, indignado. — Tínhamos um acordo!

— Falei que os ajudaria a chegar aqui, então cumpri minha promessa — disse Grampo. — Mas nunca disse nada sobre tirá-los em segurança.

Maddie protestou, Harry tentou alcançá-lo. Nada adiantou. A porta fechou-se com um estrondo, emanando magia, trancando-nos no escuro.

Harry acendeu a própria varinha, iluminando nossos rostos. Mesmo todo sujo e molhado, ele estava lindo; o olhar mais penetrante do que nunca.

— Estamos encrencados, não estamos?

Suspirei.

— Não vamos pensar nisso agora — falei. — Depois damos um jeito, acho que consigo usar meus poderes para destruir a porta. Precisamos focar em encontrar o que viemos buscar. Você acha que está aqui? Consegue sentir, amor?

Devagar, Harry assentiu.

— Sim, consigo.

Ele foi andando às cegas, seguindo por onde a sensação de estar perto de uma Horcrux ficava mais forte. Fomos atrás, tomando cuidado para não tocarmos em nada.

Após certo tempo, Harry parou diante de uma prateleira alta. Havia uma taça sobre ela; uma espécie de troféu pequeno.

— Ali — disse meu namorado. — Tenho certeza.

— É o que estou pensando? — perguntei, me recordando das histórias que Dumbledore contara a Harry.

— Sim. A taça de Helga Hufflepuff.

— Desculpem a minha ignorância, mas nós acabamos de passar por um dragão cuspidor de fogo logo depois de despencar de uma altura questionável para isso? — perguntou Maddie, indignada. — Um troféu de brinquedo?

— Não é um troféu, é uma taça.

— É a mesma merda, S/N! Misericórdia!

Eu apenas olhei-a, dando de ombros. Eu também me perguntava o porquê de Voldemort ter resolvido fazer Horcruxes de si mesmo, e cheguei à conclusão de que era para complicar as nossas vidas.

Harry foi na pontinha dos pés até onde a taça estava localizada e pegou-a sem fazer barulho, como se temesse por armadilhas acionadas pelo som. Nada aconteceu, e meu namorado permitiu-se expirar de alívio. Quando encarou-me, assentiu sutilmente: conseguimos, amor; agora só falta escaparmos daqui. Acenei com a cabeça de volta, nós dois trocando informações mentais que ninguém mais entendia.

Por fim, fomos andando até a porta, parando em frente a ela. Foi quando lembrei de que fomos trancados por fora, e revirei os olhos com impaciência.

— Juro que vou matar Grampo com minhas próprias mãos — falei, irritada.

— Precisamos sair daqui primeiro — observou Maddie. — Mas eu apoio. Te dou cobertura.

— Obrigada.

— Você vai destruir mesmo a passagem? — quis saber Ron, apreensivo, me encarando nos olhos.

— Vou, a não ser que você tenha uma solução melhor.

— Podemos tentar o Alohomora.

Hermione negou.

— Consigo até sentir o tipo de magia aplicada sobre esta porta — disse ela. — Apenas o toque de pessoas específicas poderia fazê-la abrir.

— E o Poder da Destruição — acrescentou Harry.

— Sim, isso também.

— Ok, vamos logo acabar com isso — falei. — Ainda tenho esperanças de topar com os duendes na saída.

— Você quer matar os dois?! — exclamou Hermione.

— Foi modo de dizer, mas também não fui muito com a cara do outro.

Ignorei seu protesto seguinte, procurando me concentrar em chamar a magia que corria em minhas veias. Ela veio fácil, suave como a correnteza de um riacho brando. Senti-a nas pontas de meus dedos, manipulei-a. Não era a Morte que me controlava, naquele instante, porque eu tinha domínio sobre ela. Ateara fogo ao pavio para controlar a chama.

Reuni a intensidade necessária para fazer a magia explodir, indomável, como eu. Não exigiu fôlego. Então, encostei a palma da mão direita no material frio, e passagem desfez-se em pó, como a areia das praias, como as cinzas dos mortos em cremação. Toda ruína eventualmente cai, e eu não me senti mal sabendo que era uma.

Por um instante, poeira preencheu o ar. Hermione tossiu, Maddie espantou as partículas que insistiam em flutuar. Então, quando foi possível enxergar claro, vi Bellatrix, com um facão de trinta centímetros na mão e um sorriso animalesco no rosto feio, marcado pelas feições odiosas. Confesso que me surpreendeu bastante.

— Você está morta, Mckinnon Black — disse Bellatrix entre dentes. — Vou me certificar disso.

Harry olhou-a com uma expressão furiosa; também perdera nosso bebê, em suas mãos. Sacou a própria varinha, apontou-a para Bellatrix. Mas toquei seu braço, retesando-o.

— Fuja com os outros — falei para Harry, baixinho. — Agora, antes que ela note que estamos com a taça de Hufflepuff.

— Não, amor. Não vou te deixar sozinha nessa.

— Harry, por fav...

Fui interrompida pela faca de Bellatrix, que foi atirada no ar, em minha direção. Desviei. Por um instante, não atingiu a minha cabeça.

A arma se perdeu em meio aos pertences guardados no cofre, atingindo moedinhas pequenas. Na mesma hora, elas começaram a se multiplicar, todas espalhando-se com rapidez. Ron deixou escapar um palavrão, que só depois entendi que saiu devido a uma nova faca, já pronta para ser usada, na mão de Bellatrix. Quantas ela estava guardando, dentro das próprias roupas?

Harry segurou minha mão, ajudando-me a desviar da nova faca, que também foi atirada contra mim, como a primeira; e saímos correndo. Pelo canto do olho, percebi que Bellatrix vinha atrás de nós, retirando outra faca de dentro das vestes e arrastando-a contra algumas mesas e prateleiras repletas de artigos de valor, para nos assustar. Nossos amigos ficaram para trás, diante da passagem aberta, e eu rezei para que tivessem o bom senso de sair correndo, e, quem sabe, de prepararem um esquema para nossa rota de fuga.

Eu pretendia sair dali intacta, sem nenhum arranhão.

O cofre dos Lestrange era grande o suficiente para que fosse possível que nos perdêssemos lá dentro. Harry e eu fomos virando esquinas, passando por montanhas de ouro, por baús cheios de jóias, por objetos estranhos que pareciam amaldiçoados. Estávamos correndo, mas de um jeito silencioso; ouvindo, apreensivos, o ranger da faca de Bellatrix atrás de nós, como uma promessa asseguradora de morte.

— Harry — sussurrei. — Harry, por favor.

Ele não quis ouvir, e continuou me puxando, andando e virando em novos corredores. Eu já estava ficando tonta.

— Harry!

— Ela não vai colocar as mãos em você.

— Não pretendo deixar que faça isso! — sussurrei. — Harry, você precisa ir. Sei me virar, sei que posso sair dessa viva!

Foi quando ele parou. Estagnou no mesmo lugar. Olhou em meus olhos. Sua mão contra a minha subitamente me pareceu gelada, como se o medo tivesse tomado conta, e Harry não soubesse mais o que era real, e o que não era.

— Da última vez — murmurou ele pausadamente — , quase perdi você. Pode parecer egoísta de minha parte, mas não posso correr esse risco de novo. Ninguém garante que dessa vez vai dar certo.

— Harry, por favor. Sei me cuidar.

— Sei que sabe. Mas Bellatrix é louca.

O som da faca que se arrastava começou a morrer. Significava que estávamos longe, então; pude respirar melhor.

— Sim, ela é. Assim como eu posso ser, caso queira.

Os olhos dele, verdes e lindos, intensos de tão avassaladores, traziam consigo um teor enigmático no brilho das íris.

— Por favor, coloque a cabeça no lugar — pedi. — Se você entrar em pânico, se nós entrarmos em pânico, não vamos sair daqui tão cedo. Você precisa confiar em mim.

— Confio em você com a minha vida.

— Então você deve ir. Leve a taça de Hufflepuff e corra o mais rápido que puder. Encontre Ron, Maddie, e Hermione. Libertem o dragão e montem nele.

— Quê?

— É a nossa única chance. Se Bellatrix está aqui, a subida de volta pelo abismo, através do carrinho em que descemos, deve estar impedida por outros Comensais da Morte. Mas o dragão é rápido, indomável. Podemos voar nas costas dele até que pular seja seguro.

— Uau. Isso é loucura. Brilhante, mas mesmo assim.

— Se minha ideia estivesse dentro do normal, e fosse segura, não seria minha.

O que ele ia dizer depois foi interrompido por uma onda de adrenalina em meu corpo, quando apertei seu braço; percepção tomando conta. O corpo de Harry ficou tenso.

— O que aconteceu?

— Você está ouvindo?

— Ouvindo o quê?

— Exatamente.

Harry pareceu confuso.

— Como assim?

— O barulho parou, amor. Bellatrix parou de brincar com a faca.

Não sabíamos onde ela estava, então. Que grande merda.

Minha respiração oscilou. Bellatrix poderia estar perto, e poderia estar longe. Não saber me enlouquecia. Era como uma cobra rastejando, mortal e silenciosa, pronta para dar o bote. Estávamos numa espécie de competição para saber quem era mais rápida, para ver quem morreria primeiro. Eu já tinha minha resposta.

— Vá — pedi a Harry. — Por favor.

— E você?

— Preciso fazer uma coisa, antes. Prometo que vou te alcançar.

— E se não der tempo?

— Vai dar.

Quase pude sentir o estômago de Harry se revirar; o nervosismo em seus olhos era perceptível. Se as coisas não corressem conforme o planejado, ele nunca se perdoaria.

— Eu te amo — disse Harry.

— Eu também te amo.

Quando ele desapareceu, correndo nas pontas dos pés para não fazer barulho, agarrei o cabo da minha própria faca de prata e segui na direção oposta. Fui por onde tinha chegado, refazendo meus passos; regredindo. Bellatrix conheceria o terror quando encontrasse meus olhos e descobrisse que neles também havia desejo por matança.

Estava escuro. Na verdade, tenebroso era a palavra certa. Meu único mapa, a referência que eu tinha para minha localização, era o brilho sutil que vinha de metros à frente, proveniente da abertura na parede de pedra. Antes, uma porta bloqueava o caminho; cuidei disso; àquela altura, Harry já deveria estar passando por ela. Ou quase.

Segurei o cabo de minha adaga com mais firmeza, olhando para todas as direções conforme avançava pelo corredor estreito formado pelos objetos de ouro puro. Eles brilhavam de um jeito maquiavélico, como se rissem da minha cara. Assustada, Mckinnon Black?, eles diziam. Quase gargalhei. Não, mas Bellatrix deveria. Minha fúria era inabalável.

Parei de andar subitamente quando ouvi um arrastar de borracha contra o chão. Um som derrapante. Meu coração veio à boca. Não podia ter sido eu a responsável pelo barulho: eu usava saltos. Bellatrix também. Tirando nossas aparências, visto que a Poção Polissuco não surtia mais efeito, estávamos idênticas. Mesmas roupas, sapatos, lápis de olho escurecendo os olhos. Até os mesmos instintos assassinos, embora ativados por motivos diferentes. Eu teria sentido nojo de mim mesma, se tivesse parado para pensar nesse misto de associações.

Então, a faca de Bellatrix voltou a fazer barulho. Merda, ela estava muito perto. Tão perto que tomei um susto, e esbarrei contra uma pilha de moedinhas. Elas caíram, fazendo um barulho alto, e começaram a se multiplicar, ensurdecendo meus sentidos enquanto isso. Bellatrix gargalhou.

Dei uns passos para trás, vendo-a surgir com não uma, mas duas facas enormes em mãos, e um sorriso cruel no rosto. Mas eu não estava realmente preocupada com isso porque sentia que, ao menos daquela vez, a Morte estava ao meu lado. E eu usaria a ajuda que ela me oferecia de bom grado.

— Feitiço Multiplicador — disse Bellatrix. — Na verdade, não sei se esse é mesmo o nome do feitiço, mas não me importo realmente. Não fui eu quem o fiz.

Ela se aproximou mais, e eu dei mais um passo para trás, encostando minhas costas contra uma parede vazia. Bellatrix, enquanto isso, girou as facas por entre seus dedos. Pelo visto, ela era habilidosa; isso explicava a humilhação que sentiu quando eu a atingira.

— Vim buscar algo que me pertence, Mckinnon Black — continuou Bellatrix. — Minha varinha. Assim que a viram, aqui no banco, mandaram me chamar. Você foi tão ingênua se achou que eu não acabaria descobrindo.

Franzi o cenho.

— Na verdade, pensei nessa possibilidade, sim. Mas ignorei-a.

— Não deveria.

Foi a minha vez de rir. Isso pegou-a desprevenida, fazendo-a vacilar por um momento.

— Você me surpreende a cada dia, Bellatrix. Não estou aqui por vingança, mas ficarei feliz em executá-la. Você merece um lugar especial no inferno, e eu faço questão de garantir uma passagem só de ida, para você. Lugar de honra. Convenhamos, você não é mesmo uma boa assassina, não sabe nem fazer o próprio trabalho sem deixar incumbências. O que o seu precioso Lorde das Trevas vai dizer, quando souber que Harry Potter e S/N Mckinnon Black saíram ilesos mais uma vez? É um sinal de incompetência sua, não minha.

Calada!

— O que vai fazer? — debochei. — Colar um pedaço de fita na minha boca?

Bellatrix avançou contra mim, brandindo as duas facas. Seus movimentos foram desleixados, fato que a desestabilizou, inibindo seu equilíbrio. Desviei, usando todo o meu ódio para empurrá-la, e cravei minha adaga em seu estômago: o primeiro lugar que por bastante tempo desejei atingir, em retaliação ao que fez comigo. Mas não bastou; eu precisava de mais. Antes que ela protestasse, tomada por uma fúria que desconheci, apunhalei-a de novo.

Bellatrix trincou os dentes, recusando-se a emitir exclamações ou berros. Não queria dar esse gostinho a mim; mas não tinha importância. Eu sabia como ser cruel, faria muito pior. Tinha certeza disso.

— Conheço o seu segredo, Maddie me disse. Ela sabe porque passou um tempo considerável ouvindo tudo, na Malfoy Manor. Observou o que pôde — falei. — Sei que Voldemort anda protegendo você.

— Não fale o nome dele assim, garotinha imunda!

— Falo o que quiser, quando quiser. Agora não tem importância mesmo, porque vocês Comensais já sabem que estamos aqui. Dizer o nome, ou não, não vai nos condenar. Sei mais segredos sobre ele do que vocês dois pensam. Voldemort pode até estar enfeitiçando você, para que seja resistente, mas isso não te torna menos mortal. Não vai me impedir de acabar com você, nem de longe. Sou muito insistente; mais cedo ou mais tarde, terei o que quero.

O próximo movimento de Bellatrix foi feroz. Ela me derrubou no chão, ficando por cima, exatamente como da última vez. Sacou outra faca. Eu não sabia como cabiam tantas, em suas vestes, mas também não estava exatamente ansiosa para descobrir; não precisava de mais um item adicionado à minha lista de traumas.

— O Lorde das Trevas cansou de você, Mckinnon Black — ameaçou ela, erguendo a faca, pronta para me matar. — Perdeu a paciência.

— Pensei que precisassem de mim em seu exército — alfinetei.

— Não mais. O Lorde das Trevas acredita que os seus joguinhos estão nos fazendo perder tempo — disse ela. — Vamos focar em acabar com você e com Harry Potter, na mesma proporção.

Ergui as sobrancelhas.

— Você vai me matar?

— Sim.

Ri.

— Boa sorte com isso.

Usei toda a minha força para inverter as nossas posições, segurando o braço dela de forma que a lâmina não me atingisse. Minha fúria era desmedida, descontrolada. A faca dela voou para longe, e então, sim, Bellatrix gritou de raiva. Acabei sorrindo com isso.

— Que menina mimada — falei. — Está mesmo chorando por uma faca? Isso é bem previsível.

— Garota tola, desprezível e insuportável! Vou acabar com você! Vou cortar a sua carne, vou roer os seus ossos, vou beber o seu sangue! Te matarei de tantos jeitos diferentes que trezentas vidas não serão suficientes para cada uma delas!

— Isso não me impressiona — disse eu. — Vamos, continue com as suas ameaças. Farão o mesmo efeito que uma lufada de vento forte.

Bellatrix tentou lutar, mesmo quando pressionei minha faca contra seu pescoço. Um filete de sangue jorrou, mas logo começou a coagular, dando-me uma ideia do quão forte era a magia de proteção de Voldemort sobre ela. Mas eu sempre amei mesmo um desafio; nunca o recusaria.

— Pode ficar com isso — falei, tirando a varinha dela de meu bolso e jogando-a longe. Bellatrix urrou. — Para quê tanto drama? Não a quero.

Pressionei sua artéria com mais intensidade, e enquanto isso fiquei pensando quais seriam as consequências de mais assassinato em minhas mãos. Descobri que não me importei.

Mas não era o momento, eu disse a mim mesma. Não agora.

— Vou te encontrar de novo, muito em breve — prometi, porque a verdade era que eu sentia isso nas veias. — Não sei o que vai acontecer conosco, mas vou fazer de tudo para sobreviver, mesmo que o final de minha história venha depois. Se for para eu definhar nas suas mãos, vou te arrastar junto.

— Seu sangue não é frio o suficiente. Você nunca poderia me matar sem se revirar de remorso depois. É ingênua e inocente demais.

— Inocente? Não, Bella, não sou inocente. Passo longe disso. Quer provas? Pergunte à Umbridge, ao Rookwood. Eles estão bem longe de ser carne e osso, e a culpa foi toda minha — falei. Fui chegando mais perto, pressionando a faca com mais força. Mais sangue jorrou, embora fosse coagulando na mesma proporção. Doía, e era isso o que importava. — E adivinha? Não estou nem aí. Eles que comam poeira.

— Você é ridícula.

Tapei a boca dela com a minha mão livre, pressionando seus braços com meus joelhos. Zero chances de escapatória. Foi um ato tão simples que Bellatrix calou a boca.

— Você criou um monstro no momento em que escolheu atirar a adaga que agora tem em mãos a sua vida, Bellatrix. Não pense que me esquecerei disso, porque te farei pagar. Te farei entender o que o verdadeiro sofrimento significa, lentamente. Será pior que a tortura mais intensa realizada por você. Sei ser cruel, aprendi da pior maneira; minhas cicatrizes são prova. Vou te fazer desejar estar morta, eu prometo, e serei impiedosa. Você vai querer unir-se aos abismos mais profundos do planeta Terra depois que eu acabar com você, se é que vai sobrar alguma coisa. Mas é claro que não vou te dar esse gostinho.

"Até lá, fique com meu aviso: você é uma ruína em apodrecimento; definhando; e toda ruína eventualmente cai. A Morte sempre encontra o seu caminho por entre frestas abertas, mais cedo ou mais tarde. Você é a primeira da lista".

Usei a lâmina da minha faca, a mesma que marcara minha barriga, para perfurar a dela. Bellatrix urrou, mais de ódio que de dor. Era raro que psicopatas como ela sentissem alguma coisa, mas eu era boa em minhas garantias, amava um desafio. E conforme escrevia a frase "a Morte se aproxima" em sua pele, não pude deixar de pensar que aquilo era apenas mais uma hipocrisia armada por meu destino cruel.

Quando acabei, guardei minha faca e saí correndo o mais rápido que minhas pernas podiam. Atravessei a passagem em que antes havia uma porta; eu precisava ser rápida, senão Bellatrix me alcançaria, e faria muito pior comigo do que no dia em que meu bebê faleceu. Ao pensar nisso, quis vomitar, mas tentei ocupar minha cabeça com outra coisa. Era melhor, pelo bem da minha sanidade. Então, contei para mim mesma que tudo ficaria bem; que, no fim de tudo, seríamos os mesmo que éramos agora, e mais.

Mas meus amigos estavam sumidos. Isso me fez entrar em pânico, meu corpo descumprindo com o que tínhamos planejado. Estagnei, simplesmente. O que eu poderia pensar? O dragão batia as asas e rugia, cuspindo fogo. Ninguém tinha pulado em seu dorso. Mesmo Maddie, que se preocupava com todos os detalhes, abandonara seu posto. Além disso, Grampo e o outro duende tinham desaparecido, então nem as evidências de corpos intactos eu tinha. Fiquei pensando se teriam escapado, ou se foram consumidos pelo fogo e garantido uma passagem só de ida direto para a entrada do necrotério.

Esperança deixou meu corpo, meus ombros murcharam. Comecei a tremer. Minhas tentativas de falar com Harry, através da conexão entre nossas mentes, foram vãs, assim como minhas investidas ao analisar meu ambiente de fuga; enfraqueci, contradizendo minhas próprias palavras de força, minhas promessas de vingança à Bellatrix. Nada mais importava.

Eram tantas as possibilidades: eles poderiam ter sido capturados por Comensais; poderiam ter sido mortos; poderiam estar sendo torturados naquele exato momento, com as próprias lágrimas cobrindo seus corpos. Não decidi qual dessas alternativas era pior, mas todas pareciam insuportáveis de aceitar.

A crise tomou seu lugar, impedindo-me de pensar. Eu era poderosa de muitos jeitos, mas o desespero de estar sozinha me consumiu, e eu me vi cega, perdida em um campo de centeio. Se viver sem meus amigos era impensável, um mundo sem Harry respirando nele era como morrer todos os dias, o tempo inteiro; preferia torturas horrorosas, cheias de facas e de sangue, àquilo.

Mas então, como uma luz no fim do túnel, uma mão agarrou a minha, me puxando das águas escuras nas quais meu corpo fora imerso. Precisei me mover, não tive escolha. Acabou sendo automático. Minhas pernas deixaram o modo estacionário, os músculos cansados trabalhando com força. Ganhei velocidade conforme subíamos por um pequeno caminho, atingindo mais altura. Um corredor comprido erguia-se, conectando-se a uma passagem escura. Tomamos esse caminho. Foi então que saí de meu estado de transe, e que encarei as feições pálidas do rosto de meu primo.

— Draco? O que você está fazendo aqui?

— O que você acha? — perguntou retoricamente. — Salvando você, obviamente!

— Mas como chegou aqui? Quando te deixaram sair da mansão? Você vem com a gente? Onde você...?

— Explico depois — disse ele, firme. — Convenci minha tia a me trazer para ajudá-la a capturar você, mas na verdade pretendia fugir. Concluí que eu acabaria sendo morto, se ficasse mais um dia na Malfoy Manor; meu pai estava me deixando louco. Enfim, esbarrei em Harry agora a pouco, e ele explicou a sua ideia de montar no dragão. Vamos fazer o possível para que as coisas sigam conforme o plano, vai dar tudo certo.

— Maddie sabe que está aqui?

Draco pareceu desconfortável, talvez meio nervoso. Mas não parou.

— Ela ainda não me viu.

— Ah, certo. Para onde estamos indo?

— Tem um corredor vazado logo à frente, assim podemos pular nas costas do dragão de modo seguro — disse ele. — Vamos, ou então nos atrasaremos. Francamente, S/N, de todas as horas para você ter uma crise de ansiedade, você foi escolher logo essa?

— Não foi de propósito! — protestei.

Meu primo revirou os olhos.

— Tá, que seja.

Seguimos para onde ele apontou, e demos de cara com todos os meus amigos. Não pensei muito quando esmaguei Harry em um abraço, pulando no pescoço dele. Seu cheirinho de casa invadiu minhas narinas, fazendo meus olhos lacrimejarem.

— Você sumiu — sussurrei, a tensão se desfazendo.

— Shh, tudo bem — ele fez carinho em minhas costas. — Estou aqui com você.

— Certo, pessoal, precisamos ir — disse minha irmã. — Não podemos perder mais tempo — depois, ela encarou Draco. Palavras não ditas fluíram ali, era possível palpá-las. Principalmente porque ela parecia, ao mesmo tempo, chocada e aliviada ao vê-lo. — Obrigada por trazê-la até aqui.

Draco assentiu, sério. Separei-me de Harry para observar a cena.

— Tudo bem. Quem vai pular primeiro?

— Como assim?

— Vou com vocês, no dragão.

Maddie arregalou os olhos.

— Sem chance!

— Maddie — alertou Hermione.

— Quê? É verdade. Draco é um Comensal, possui a Marca Negra. É facilmente detectável, e isso pode delatar a nossa localização.

— Sua sensibilidade é tocante — disse meu primo. — Mas fique tranquila, descobri um feitiço que impede que eu seja rastreado. Demorou quase um mês, mas consegui.

— E quem disse que você está falando a verdade?

Draco suspirou.

— Maddie, vamos lá. Passamos meses juntos, ainda que não da melhor maneira. Você me conhece.

— Não posso afirmar isso verdadeiramente, por mais que eu queira.

— Mas e quanto ao bilhete que deixou para mim? — perguntou meu primo, erguendo as sobrancelhas.

— É complicado. Você não pode pedir tanto de mim, depois de tudo o que aconteceu. Por mais que eu tenha gostado de conversar com você nas horas vagas, e que tenha apreciado a sua companhia, você precisa reconhecer que sou uma auror. Sou precavida. Não é que você não é confiável... Mas nada parece o mesmo, nos tempos modernos. Qualquer situação, por mais inocente que seja, tem potencial para voltar-se contra nós.

Draco olhou-a com seriedade.

— Quero ajudar vocês, de verdade. Você sabe que me importo com S/N, e francamente também me importo com você. Preciso saber que estão seguras, e a única maneira de eu fazer isso é acompanhando vocês. Além disso, realmente desejo deixar a minha família. Prometo que explico depois, mas algumas coisas pesadas aconteceram no último mês, e isso serviu para eu decidir que chega. Não vou mais ficar sujeito a essa vida, enquanto eu puder fazer algo — disse Draco. — Dessa vez, dei uma escolha a mim mesmo. Resolvi fazer isso, antes que fosse tarde. Quero sentir que posso seguir com a minha própria vida, que posso fazer dela o que bem entender; e quero ser bom. Não sou mais o Malfoy babaca de catorze anos.

Minha irmã avaliou-o. Havia um tipo de eternidade em seu silêncio. Draco também ficou tenso com aquilo, então não era só eu. Não podíamos perder muito tempo, e no entanto era o que acontecia; os minutos escorrendo como água, fluindo como um rio que desagua no mar.

Como se esperando por uma deixa, um grito feroz, completamente animalesco, ruiu. Provinha de Bellatrix, tomada por uma sede de vingança incontrolável.

— Não podemos mais perder tempo! — disse Harry, agarrando a minha mão e me puxando. Fez um sinal para que os outros o seguissem. — Venham, vamos sair daqui.

— Mas e quanto ao...?

— Decidimos depois, quando pousarmos.

Não raciocinei os momentos seguintes direito. Só sei que Harry e eu pulamos, montando nas costas do dragão selvagem, e que nossos amigos seguiram atrás. Hermione atiçou a fera com um feitiço potente, e o dragão rugiu, cuspindo fogo. Voou. Quebrou tudo acima de nós, como se o teto fosse feito de palitinhos de dente.

Quando ouvi o próximo grito de Bellatrix, sorri, gargalhando de alívio. Londres estendia-se abaixo, os carros em movimento parecendo com formigas. Já estávamos no céu.

——————————————

notas da autora:

oii gente! o que acharam do capítulo? não sei se vocês perceberam, mas mudei a ordem de alguns acontecimentos.

hoje é feriado aqui, então não tenho aula e pude postar o capítulo. já comecei a escrever o próximo, mas vai demorar um pouco porque tenho um montão de coisas para fazer. estou tentando ser o mais produtiva possível, mas ainda tenho muito chão pela frente.

o próximo capítulo vai ser impactante, mas não de um jeito ruim. eu prometo. por enquanto, as coisas ainda estão calmas.

é isso, não tenho muitas coisas para falar. a única coisa de interessante que aconteceu recentemente foi que comprei o livro "leitura de verão", e duas blusas pretas. meu aniversário está bem próximo, é daqui a umas semanas. se eu ganhar algum livro, conto para vocês.

vocês ouviram a nova música da olívia rodrigo? eu acho que vou escutar hoje. também comecei a assistir a série "o verão que mudou a minha vida", e estou AMANDO. falta só um episódio para eu acabar a primeira temporada, mas acho que vou ver apenas um episódio por dia. não quero que acabe, e também não tenho tempo para ver muito mais do que isso.

beijos gente, até o próximo capítulo!! 💕💕

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