Misty (Girl's Love)

By LidFlower

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(Obra Em Andamento) Títulos da obra: Misty; Nebuloso. Autora: LidFlower. Gêneros: Drama, fantasia, romance, a... More

Aviso
1 - O azul dos olhos medonhos
2 - A maciez daqueles belos lábios
3 - Vermelho como o vinho
4 - Os padrões espiralados
5 - As criaturas da montanha
5.1 - Extra: As íris azuis na pele alva
6 - Bondade justificada
7 - A pele morena refletida sob a luz
8 - O brilho cintilante das estrelas
8.1 - Extra: Os traços negros como azeviche
9 - O sorriso da beleza
10 - O homem espalhafatoso
11 - Desenterrando memórias
12 - Lembranças
12.1 - Extra: Sacrifício
13 - Artefato
14 - Os brincos perolados
14.1 - Extra 4: Treinamento
16 - A beleza da natureza

15 - Luz e água

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By LidFlower

Inspirei e expirei, estava nervosa. Suguei pesadamente o ar em meus pulmões e me concentrei na esfera luminosa à minha frente.

Era do tamanho de uma mão, e brilhante o suficiente para iluminar o quarto-escritório de Meish, eu podia sentir o fluxo de energia saindo do meu corpo para se condensar naquela esfera.

Fechei os olhos por alguns segundos, apenas visualizando a magia dentro de mim. Meish dizia que, de alguma forma, a magia em meu corpo era absurdamente rica para um ser humano, e embora eu duvidasse, não podia negar que estava conseguindo ir bem até demais no treinamento.

No começo, havia sido impossivelmente difícil, mas com o passar das semanas, me habituei a canalizar a magia dentro de mim e externalizá-la.
Já havia se passado quatro meses, em breve sairíamos daqui, e eu finalmente conseguia fazer o que Meish requeria.

Minha mente estava mais confortável no uso de magia e até a forma como eu movimentava as mãos era diferente, era mais experiente.
Meish me observava com olhos avaliadores enquanto a esfera entre as minhas mãos aumentava lentamente de tamanho, indo do tamanho de uma mão para o seu dobro, me concentrei em mantê-la.

Quanto maior o tamanho, mais difícil era manter a energia condensada, as partículas de energia fluíram cada vez mais descontroladamente e eu mordi meu lábio com força, na tentativa de controlar o fluxo. Se eu me distraísse ao mínimo, haveria uma explosão, a minha mente e meu corpo ficariam exaustos, e a explosão causaria um estrago.

Meish uma vez havia dito que é por isso que a escola de magos existe, qualquer pessoa com magia deveria aprender a controlá-la, caso contrário, seria como uma bomba que poderia romper a qualquer momento.

A esfera cresceu até o tamanho de um melão, eu sorri levemente com a comparação, sentia falta de comer frutas. Olhei para Meish, sinalizando que aquele tamanho era o máximo que eu poderia alcançar naquele momento, ela assentiu, gesticulando para que eu parasse. E assim, juntei as palmas das mãos devagar, e a esfera desapareceu completamente, paulatinamente inundando o quarto em escuridão.

"Pronta para o último teste?" Meish perguntou, e eu anuí.

Ela tocou a minha mão, me guiando para fora do quarto, eu conseguia manter uma pequena esfera de luz por algum tempo para iluminar o caminho, mas não queria desperdiçar energia, então me permitir ser guiada até a saída da montanha.

E por fim, fomos saudadas com a visão da luz do dia, sem o sol para trazer-nos calor e o céu estava coberto de nuvens.
Caminhamos por um tempo.
Tudo ao nosso redor era claro, a neve caía infindavelmente e o gelo cobria toda aquela extensão, montanhas gigantes se estendiam ao nosso redor, isolando-nos do restante do mundo.

Próximo à montanha onde ficava o esconderijo de Meish, havia um lago, suas águas completamente congeladas e sólidas. Todos os dias, Meish descongelava um pouco e purificava, para que eu pudesse beber e tomar banho, hoje, era a minha vez de fazê-lo, eu ainda não sabia como usar minha magia para purificar a água, então o teste de hoje era apenas descongelar e mudar o formato da água sólida.

Eu havia treinado com pequenos cubos de gelo que ela preparou para mim, mas era a primeira vez que eu teria que lidar com gelo em grandes quantidades.

Andamos por mais um tempo, até alcançarmos o pequeno lago, paramos ao redor das águas congeladas.

Era uma visão bonita, o alvo da neve rodeando o azul gelo das águas compunham uma harmonia de cores que agradariam os olhos de qualquer um. Meish cruzou os braços e ficou de lado, dando-me espaço, seus olhos voltaram-se para mim com interesse evidente, ela queria me ver transformar o gelo do lago em água.

Inspirei e expirei, como havia feito antes, e fechei os olhos para visualizar a energia dentro de mim. O processo era algo curioso, quando eu fechava os olhos, podia enxergar pequenas veias azuis por todo o meu corpo, e milhares de pontos cintilantes repousavam dentro delas, eu deveria movimentá-las e externalizá-las, e assim conseguiria 'fazer' magia.

Fiz como havia treinado nos últimos meses, e me agachei para tocar a superfície gelada do lago. Abri os olhos e foquei na cor azulada do gelo, movimentando os pontos azuis cintilantes dentro de mim, eles fluíram para as minhas mãos até as pontas de meus dedos, e onde meus dedos tocaram, o gelo começou a, lentamente, descongelar.

Esse era o meu primeiro grande desafio, eu não tinha capacidade para descongelar todo o lago, como tinha feito com os cubos de gelo, e precisava estabelecer um limite para o quanto poderia descongelar. Imaginei um recipiente invisível ao redor de onde eu tocava, contendo toda a água que eu havia descongelado, e levantei as mãos, e parte da água acompanhou meus movimentos, mas não tudo.

Olhei para Meish, que arqueou as sobrancelhas. Em um gesto de compreensão, voltei meus olhos para a água e tentei novamente, eu deveria fazer levitar toda a água que eu eu havia descongelado, e dediquei atenção total àquela quantidade, suor frio começava a escorrer pelo meu rosto exposto, e logo desaparecia devido o frio intenso.

Reuni todas as minhas forças e levantei as mãos novamente, e dessa vez, todo o bloco que eu descongelei me acompanhou em seu estado líquido. Eu sorri, mas ainda não era hora de ficar feliz, eu precisava fazer a água tomar outra forma, e então congelá-la de novo.

Movimentei as mãos para ficar ao redor da esfera de água límpida, e imaginei uma flecha de madeira, exatamente como as que eu usava para caçar animais na floresta, e lentamente, muito lentamente, a água tomou forma.

Primeiro, a esfera foi achatada, e então, assumiu um formato de seta e, por fim, a parte de trás da flecha foi formada, não era bem como eu havia imaginado, mas era claramente uma flecha. Eu estava ficando cansada, meu corpo tenso e contraído enquanto eu lutava para transformar a flecha de água em gelo novamente, reuni os últimos resquícios da energia em meu corpo e comecei.

Congelei a flecha de dentro para fora, primeiro a sua estrutura interna, e por último, as extremidades. Quando toda a flexa solidificou, meus braços penderam para os lados, e eu caí sentada no chão fofo. A flecha também caiu, mas antes que atingisse o chão e se partisse, ela parou a alguns centímetros, e flutuou até Meish.

"Bom, muito bom." Ela assentiu em satisfação, segurando a flecha de gelo e passando os dedos pela superfície. "É uma flecha bonita, e bastante resistente para algo feito por um iniciante. Você foi muito bem."

Encarei-a, e deitei-me sobre a neve, cansada.

"Não faça isso!" Meish rapidamente se aproximou, levantando o meu corpo, apoiando meus braços em seu ombro, e verificou o meu estado.

Eu dei um sorriso cansado. "Eu estou pronta?" Meish me olhou nos olhos.

"Está sim. Podemos partir amanhã."

Ela então me levantou consigo, e nos dirigimos para a montanha, com ela apoiando meu corpo no seu.
Ao chegarmos no esconderijo, Meish me colocou deitada na cama e retirou o meu casaco. Era notório o meu cansaço, eu havia exaurido todas as minhas forças apenas para criar uma flecha um pouco maior do que a minha mão.

Estava completamente escuro, mas eu podia ouvir Meish depositando água em um copo e se aproximando, levando-o aos meus lábios em seguida. Eu sorvi o líquido prazerosamente, aliviada por ter conseguido completar a minha tarefa.

Senti um movimento na cama, como algo se afundando suavemente, Meish havia se deitado ao meu lado, eu podia sentir a sua presença na escuridão que nos rodeava.

Continuei respirando compassadamente, na tentativa de descansar o meu corpo fatigado, era como se meus membros estivessem dormentes, eu mal tinha força para levantar os braços.
Senti outro movimento do meu lado, seguido de mais alguns minutos de silêncio.

"Como está se sentindo?" A voz doce de Meish adentrou meus ouvidos, quebrando o silêncio que havia se instalado.

"Apenas cansada."

"Já foi à capital alguma vez?"

"Não, mas sempre quis visitá-la, e teria visitado, talvez até feito uma vida lá, se não fosse pela maldição."

Não houve resposta de Meish, ela permaneceu imóvel, como se ao meu lado estivesse apenas o travesseiro acolchoado. E eu virei minha cabeça para o teto, não conseguir enxergar no escuro fazia com que a minha mente criasse figuras no negrume. Estava pensativa, Meish já havia me dito na semana passada o porquê de eu não estar mais sentindo as dores da maldição, e eu era grata a ela por isso.

Eu sabia que ela não dormia, mas não esperava que ela dedicaria algum tempo apenas para enfraquecer a maldição em meu corpo. Durante os quatro meses que se passaram, nós pouco conversamos, ela falava comigo apenas sobre coisas relacionadas ao treinamento. Meish parecia reflexiva todos os dias, como se estivesse alheia ao mundo real, sentada em sua poltrona por horas, encarando o teto, e nunca deitou na cama, era uma surpresa que tivesse o feito agora.

Mais algum tempo se passou em quietude, Meish estava taciturna, exatamente como nos últimos meses.

"Tenho dormido estranhamente bem nas últimas semanas." Comentei.

E era verdade, antes de chegar na montanha, o mero som de insetos conseguiria me acordar, não havia descanso real, eu apenas fechava os olhos, e me preparava para qualquer ocorrência ou ataque. Mas, de alguma forma, isso estava me deixando. Começou alguns dias depois de chegarmos aqui, minhas noites se tornaram mais calmas e tranquilas, como não estiveram em cinco anos.

"Eu vejo." A resposta veio baixinha.

"Sabe se há algum motivo pra isso?"
Ao meu lado, Meish se moveu, parecendo incomodada com a pergunta.

"Há. A maldição em você está enfraquecendo."

"Então?"

"Significa que você sentirá menos dores, os pesadelos e o medo constante também vão diminuir. É uma coisa boa para você." Meish se aproximou de mim na cama.

"Hmm."

"Você já teve pretendentes?" A pergunta repentina de Meish me fez arregalar os olhos de susto, me virei para ela, chocada, encarando o breu.

"Por que a pergunta?"

"Curiosidade."

"Não...."

" E pretende ter algum?"

"Honestamente, nunca me importei com isso, sobretudo depois que essas marcas apareceram em meus braços, não havia tempo para pensar em relacionamentos."

"Entendo.... Então, se não houvessem mais dores, você iria cogitar esse tipo de coisa?" Que tipo de perguntas estranhas ela está me fazendo?

"Bem, eu saberei quando as marcas sumirem por completo e eu tiver certeza de que a maldição acabou."

"Entendi." Ela então se calou por um momento, antes de falar novamente.

"Lyna?"

"Hum?"

"Posso te abraçar?"

O pensamento de ser abraçada causava estranheza em mim, mas eu me lembrava das vezes em que Meish me abraçou para me acalmar, e de como eu fiz o mesmo com ela em minha casa.

"Tudo bem." Respondi.

Senti ela se aproximar ainda mais, passar o braço pela minha cintura e apoiar o rosto em meu ombro.

"Você foi a primeira pessoa que eu abracei em muito tempo. Acho que sinto falta disso." Ela murmurou perto de mim, sua boca próxima ao meu pescoço.

O que estava havendo? Em todo o tempo que passamos aqui, Meish havia sido distante e rigorosa em seu treinamento, era atenciosa e cuidadosa, não permitindo que eu me cansasse mais do que meu corpo aguentaria. Mas quando o treinamento acabava, não havia mais conversas, eu não era boa em ter diálogos, e Meish não parecia à vontade para ter um. Mas hoje, estranhamente, ela parecia querer conversar, eu não podia deixar a chance de saber mais sobre ela escapar.

"E você? Teve relacionamentos?" Perguntei.

"Sim... alguns. Mas isso pouco importa, foram rápidos e não valeram a pena." Ela suspirou baixinho, ainda muito próxima, trazendo-me arrepios tênues.

"Hm... e a sua família permitia?" Continuei.

"Isso foi depois que eu perdi a minha família. Eles nem sequer chegaram a conhecer as pessoas com quem me envolvi."

"Entendo."

"Eles eram legais." Meish se mexeu, sua respiração quente tocando o meu pescoço delicadamente enquanto ela se aninhava ao meu corpo.

"A sua família?"

"Sim. Era conhecimento de todos que eu não possuía o sangue da família, mas eles me respeitavam, me tratavam como se eu fosse realmente parte da família, não muito diferente dos filhos biológicos, eu tinha irmãos protetores e amorosos.

".... Sinto muito..". Me movi desconfortavelmente.

"Não sinta, eu tive uma vida feliz, assim como você, antes de tudo ser arruinado." Meish me soltou e tornou a deitar-se ao meu lado, sem me abraçar.

"Entendo." Murmurei baixinho. "E.... o que você pretende fazer depois que tudo acabar?"

"Honestamente? Eu não sei." A respiração suave ainda estava próxima a mim.

Não sabia o que responder, porque em meu íntimo, eu sabia que não era diferente para mim. Eu queria sobreviver, mas para quê? Não tinha família ou amigos, estava sozinha, solitária. Essa era a primeira vez que eu tinha uma conversa sincera com alguém em anos, era estranho, mas reconfortante.

"Você não vai atrás da sua irmã?" Sugeri.

"Sim, acho que sim, seria bom revê-la depois de tanto tempo."
Ela pareceu concordar comigo, mas seu tom de voz não era feliz, era como se faltasse algo, talvez emoção.

A voz de Meish era apática o tempo inteiro, mesmo quando ela sorria, eu a havia visto sorrir verdadeiramente apenas uma vez. Era como se ela tivesse perdido algo crítico, como se tudo tivesse se esvaído dela. Eu teria a considerado alguém sem emoções, não fossem pelos atos de gentileza que ela me mostrava pouco a pouco desde que nos conhecemos.

"Bem, acho que preciso dormir, amanhã será um longo dia." Me remexi na cama, deitando de lado.
Ouvi um riso fraco em resposta.

"Você tem razão, você precisa dormir."

Foi a última coisa que eu ouvi antes que Meish tocasse o meu rosto e um sono súbito tomasse conta de mim.



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