Isso é um Adeus

Sunflower_anny tarafından

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Saphira nunca teve uma vida fácil, porém desde que perdeu sua mãe e foi obrigada a morar com seu pai alcoólat... Daha Fazla

Nota
💌O Adeus💌
💌1 - O começo, 8 de janeiro💌
💌 2 - Queen's 💌
💌3 - Conexão💌
💌 4 - O Encontro 💌
💌 5 - A casa de torta de limão 💌
💌 6 - De Brita a Fênix 💌
💌 7 - Pelo menos lembrou? 💌
💌 8 - A bolinha de papel 💌
💌 9 - Sanduíches em decomposição 💌
💌 10 - Contrata-se garçons 💌
💌 11 - Peculiar 💌
💌 12 - Excluída 💌
💌 13 - O que a maquiagem não esconde 💌
💌 14 - O ser invisível 💌
💌 15 - O inexplicável 💌
💌 16 - A primeira carta 💌
💌 17 - Uma linda bagunça 💌
💌 18 - Amigos cartais 💌
💌 19 - Louisa 💌
💌 20 - Quando o outro desmorona 💌
💌 21 - Storm 💌
💌 22 - Quando os animais falam 💌
💌 23 - Pulmão e estômago 💌
💌 24 - Tempo 💌
💌 25 - A Confiança 💌
💌 26 - Samuel 💌
💌 27 - Eu não sou um trem 💌
💌 28 - Detenção 💌
💌 29 - Por favor, ela não 💌
💌 30 - O começo do precipício 💌
💌 31 - Nunca estrague meu livro! 💌
💌 32 - Saco de batatas 💌
💌 33 - Culpada 💌
💌 34 - Os benefícios e malefícios de morar em uma cidade pequena 💌
💌 35 - O corpo na calçada 💌
💌 36 - Assassina 💌
💌 37 - O pacote completo 💌
💌 38 - Mais um título para a coleção 💌
💌 39 - Truco ou troco 💌
💌 40 - A vida 💌
💌 41 - Todo mundo tem um lado sombrio💌
💌 42 - Edward, mãos de tesoura 💌
💌 43 - Anticoncepcional para beijos 💌
💌 44 - Uma funcionária de merda💌
💌 45 - O que prende minha atenção 💌
💌 46 - Um dia 💌
💌47 - Janela💌
💌48 - A batalha de cada um💌

💌49 - A magia do Natal💌

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Sunflower_anny tarafından

Véspera de Natal.

Nunca entendi o porquê o Natal é dia 25 de dezembro e sempre comemoramos no dia 24; até parece que o dia 24 é muito mais importante que o dia 25, já que todos os preparativos são neste dia e, acabamos ansiando por ele.

Sempre gostei do Natal, achava lindo a cidade toda decorada, as luzes piscando e iluminando todo lugar em que passava. Adorava montar a árvore de Natal com a minha mãe, enquanto uma música natalina tocava ao fundo. Adorava decorar caixas aleatórias para colocar embaixo da árvore e fingir que era presente, mamãe amava o quanto tudo ficava decorado. Eu também amava.

Minha mãe sempre planejava o natal juntamente com Raquel, de modo que, todos os natais que me lembro sempre estávamos juntos. Roberto também estava conosco, mas como sempre ficava na dele, não me lembro com tantos detalhes de sua presença. Agora percebo que, como era eu e minha mãe sozinhas, meio que nos infiltramos na família perfeita de Raquel.

Era meu primeiro natal sem minha mãe. Meu primeiro natal sem Raquel e Caio.

Olhei o apartamento uma última vez antes de sair. Meu primeiro natal sem uma casa decorada. Pelo jeito Tissa não ligava para o natal, conforme ela mesma disse na noite passada, só estava feliz porque tinha ganhado um dia a mais de folga e iria aproveitar esse dia dormindo. Pelo visto, realmente era o que ela estava fazendo.

Fechei a porta e saí do apartamento, pronta para ir para o asilo. Ao passar pela recepção, sorri para o senhor Alex e me senti tentada a perguntar o porquê não havia nenhuma mínima decoração ali. Mas ele nunca me respondia diretamente, então apenas segui o meu caminho.

Alguns postes estavam enrolados por luzes decorativas, um vento forte soprava e jogava meus cabelos para trás. O clima estava bom. Estava com o coração apertado e sentindo muito mais saudade da minha mãe do que já sentia, mas, pelo menos, o clima estava bom.

Quando passei pelo Queen's, foi impossível não sorrir, a decoração lá dentro estava simplesmente estonteante. Havia uma enorme árvore de natal ali, completamente decorada, não só com as bolas coloridas clássicas, mas com pequenas coroas que brilhavam. As mesas estavam decoradas, o balcão, literalmente tudo. Foi impossível não parar e prestar atenção naquilo por um tempo. Mamãe amaria o Queen's. Meus olhos encheram-se de água, abracei meu próprio corpo quando o vento soprou mais forte.

- Oi. - olhei para o meu lado direito, de onde vinha a voz, Robert estava segurando duas sacolas enormes com pequenas caixas embaladas com papel de presente dentro - Brinde para os clientes. - levantou as sacolas e olhou para a decoração, assim como eu estava olhando, do lado de fora - Amo o natal.

- Oi. - respondi depois de um tempo, não conversava com Robert já fazia meses - Está muito bonito a decoração do Queen's, parabéns.

- Obrigada. - abriu um sorriso fraco, sem graça - Você está bem?

- Sim. - engoli em seco e desviei os olhos da decoração - Acho que você tem muito trabalho pela frente, bom trabalho e feliz natal, Robert.

- Obrigada, feliz natal para você também. - olhou para os lados - Com quem você vai passar o natal? Sei que o Heitor está viajando. - pensou um pouco - Vai ter uma ceia aqui no Queen's, se quiser vim.

- Não. - sorri, agradecida - Vou passar com minha avó.

- Sério? Que legal. - começou a mexer na sacola e tirou uma das pequenas caixas, me estendendo - Uma lembrancinha de natal, então. - pigarreou - Como ex-funcionária do Queen's.

- Nossa. - arregalei os olhos e peguei a caixa em suas mãos - Não esperava por isso, pensei que era brinde para clientes.

- Você também é cliente. - deu de ombros - Você nunca mais voltou aqui depois.... depois de eu ter te demitido. Sem ressentimentos?

- Eu que devia te perguntar isso. - estendi a caixa novamente para ele - Sem ressentimentos, Robert. Mas não posso aceitar.

- E eu não posso aceitar, você não aceitar. - deu de ombros e entrou no Queen's.

Brinquei com a caixa em minhas mãos, não era pesada, mas também não era super leve. Ela cabia perfeitamente em minhas mãos.

Tirei o papel vermelho e verde que a revestia, encontrando uma caixa simples de papelão. Abri a caixa e senti meu queixo cair. Era uma pequena bola de vidro com uma base de madeira embaixo, daquela que vemos nos filmes onde tem neve dentro. A diferença é que não tinha neve dentro, tinha uma miniatura de Queen's.

Sorri e olhei para a miniatura, depois para o Queen's verdadeiro que estava à minha frente, mesmo depois de tudo que tinha acontecido, aquele ainda era meu lugar favorito na cidade.

Retomei o meu caminho até o asilo, brincando com a pequena bola de vidro em minhas mãos. Mamãe também iria gostar daquilo.

Tudo naquele dia iria me lembrar dela, literalmente tudo. Por um momento, me senti culpada por não estar lembrando do meu pai da mesma forma, mas logo ignorei esse sentimento.

Ao chegar ao asilo, me surpreendi ao ver minha avó sentada na sala junto com alguns outros idosos, conversando, apesar da imensa dificuldade, com algumas outras senhoras. Ela parecia muito melhor do que nos outros dias, parecia quase saudável. Sorri e lhe dei um beijo na cabeça, perguntando como ela estava.

- Muito bem. - respondeu rápido, me deixando admirada.

Um papai noel, que logo reconheci ser o Vinícius, entrou na sala, fazendo graça e arrancando sorrisos sinceros dela - apesar dela praticamente não estar enxergando -, enquanto distribuía alguns presentes para todos os idosos ali. Eram presentes simples, mas que pareciam aquecer os corações deles. Minha avó ganhou um cachecol vermelho que logo enrolei em seu pescoço. Ela balançou as mãos, como se fosse uma comemoração e bateu palmas, completamente alegre.

Não conseguia parar de olhá-la, ela estava respirando relativamente bem e até comeu umas duas colheres da sopa que Nat ofereceu, coisa que não acontecia há dias. Mostrei a pequena bola de vidro com o Queen's dentro, colocando sua mão sobre, para que pudesse apalpar e saber melhor o que estava mostrando. Contei que Robert havia me dado, então, ela começou a rir, falando que eu devia ter levado um hambúrguer para ela e que não aguentava mais "aquela comida de velho" que estavam usando para alimentá-la.

No dia seguinte, descobri que o que tinha acontecido foi um "surto", também chamado de "melhora da morte".

- Ela está ótima, Nat. - comentei, enquanto saímos da sala e íamos para a área que havia do lado de fora.

- É a magia do Natal, Saphira. - sorriu, mudando de assunto - Então, eu achei alguns enfeites velhos e empoeirados aqui, mas acho que dá para a gente usar.

- Tem alguma árvore?

- Uma miniatura. - respirou fundo - Deve ser desse tamanho. - encostou na altura de seus joelhos - Vai ser algo bem simples e temos que fazer mais cedo também, a maioria está acostumado a dormir às 20 horas.

- Sem problemas. - sorri - Vamos começar?

Eu e Nat começamos organizar tudo da melhor forma possível, enquanto vez ou outra íamos na cozinha ver o que estava sendo feito. Seria uma comida bem simples, salada, algumas frutas, um frango assado - não, não tínhamos peru - fricassê e feijão.

Já eram 17 horas quando terminamos de colocar os pratos e dar uma decorada simples na mesa, com uma toalha de mesa vermelha, a miniatura de árvore de natal ao lado e algumas velas que Nat havia achado.

Estava ajudando Clarisse, uma das cozinheiras, a preparar a salada quando meu celular tocou. O tirei do bolso e vi que era uma chamada de vídeo de Coruja, pedi licença para Clarisse e me dirigi para o pequeno "jardim", me sentando em uma das cadeiras brancas do gramado. Passei a mão no meu cabelo, tentando ficar mais apresentável e atendi, com um sorriso.

- Oi. - falei, o vendo do outro lado. Ele estava com uma blusa de frio preta e sua touca cinza, parecia estar sentado no sofá e uma música calma tocava ao fundo. Uma luz alaranjada iluminava seu rosto, deixando ele ainda mais bonito.

- Oi. - respondeu sorridente - Terminou de arrumar tudo para a ceia?

- Sim. A Ceia deve começar às 18 horas, eles dormem bem cedo aqui. - ajeitei meus óculos - Minha avó está super bem, acredita? Ela até pediu hambúrguer do Queen's.

- Sério? - seu sorriso ficou maior - Isso é incrível! - pegou algo e colocou na boca - Minha mãe está arrumando algumas coisas para a ceia com o meu pai na cozinha, estava ajudando, mas agora é o meu tempo de descanso. - a música ficou mais alta, fazendo uma careta aparecer em seu rosto - Camille, abaixa o som aí, por favor! - ouvi algo que não consegui entender - Camille está ensinando Hugo a dançar valsa.

- Que gracinha. - imaginei Hugo dançando valsa, devia ser super fofo, apesar de não ser algo que ele gostaria muito. Ele era muito agitado para dançar algo tão calmo - O que você está comendo?

- Avelãs. - colocou de novo na boca - Aqui ainda é 13 horas, falta muito tempo para a ceia, mas também estamos ocupados com os preparativos e não vamos fazer almoço, estou beliscando qualquer coisa de comida que vejo. - de repente, Camille apareceu na câmera com um grande sorriso.

- Oi, Saphira! - balançou a mão. Na primeira vez que vi sua foto, não a achei nem um pouco parecida com Coruja, tanto que achei que era sua namorada, mas agora, conseguia ver algumas semelhanças. O tom bronzeado de sua pele era o mesmo do dele, seu cabelo também era preto e liso e, apesar de seus olhos serem verdes, o formato dele parecia com o formato do olho de Coruja - Tudo bem?

- Oi, Camille. - abri um sorriso tímido - Tudo bem e você?

- Com os dedos doendo, Hugo pisou no meu pé muitas vezes. - revirou os olhos - Foi mais fácil ensinar o Heitor.

- Eu te falei que o Hugo não iria querer aprender a dançar valsa. - Coruja respondeu.

- Você sabe dançar valsa? - perguntei, curiosa.

- Sabe muito bem. - Camille respondeu, fazendo Coruja cobrir o rosto, envergonhado - Sempre que eu aprendia um passo de dança, logo ensinava para ele. Sou a responsável por ele dançar super bem.

- Fica quieta, Camille. - Coruja reclamou - Deixa eu conversar com ela em paz.

- 'Tá bom, maninho, vou deixar vocês em paz... Quero te conhecer pessoalmente logo! Byee. - dizendo isso, sumiu da câmera.

- Tchau, Camille. - olhei para Coruja que comia outro avelã - O que mais não sei sobre você?

- O que mais não sei sobre você? - devolveu a pergunta em um tom provocador.

Apenas sorri. Acho que não tinha muitas coisas que ele não sabia sobre mim, eu não era muito interessante, não sabia fazer muitas coisas. Muito diferente dele. Às vezes, me pegava pensando sobre o que ele poderia ter visto em mim. Eu sou sem graça.

- Pode me ensinar dançar algum dia? - perguntei.

- Seria uma prazer. - sorriu - Mas eu não sou tão bom, só era o irmão mais novo que Camille fazia de cobaia.

- Ela é quantos anos mais velha que você?

- 4 anos. - deu de ombros - Mas... você não me contou direito como foi a formatura. Deu tudo certo mesmo?

- Sim, tudo ótimo. - respondi rápido - Quando você voltar te conto os detalhes.

- Ok. - suspirou - Não acredito que vou dizer isso... mas estou com saudades.

- Já? - mordi minha bochecha internamente para não sorrir e ajeitei meus óculos novamente - Eu... é, eu também estou com saudades.

Me sentia mais sozinha do que o normal sem ele ali.

- Não esperava ouvir isso de você. - sorriu, ajeitando sua touca - Foi bom ouvir isso.

- Feliz aniversário adiantado. - falei, depois de um tempo - 19 anos?

- Obrigado... isso mesmo, estou ficando velho. - contou algo nos dedos - Nossa, agora parece que sou 3 anos mais velho que você, ainda bem que logo você faz 17 anos.

- É... você é apenas 2 anos mais velho. - olhei para as minhas costas ao ouvir o som de uma música antiga e baixa começando tocar - Vou ter que desligar, acho que já vão começar jantar.

- Tudo bem, vou voltar ajudar meus pais. - mandou um beijo pelo celular - Feliz Natal, Zumbi.

- Feliz Natal, Coruja.

*-*

Nat colocou um "modão", como ela mesma disse, para tocar baixo, enquanto nos sentávamos à mesa e comíamos. Comi apenas arroz, feijão e salada, e, vez ou outra, ajudava minha avó a colocar a comida na boca. Ela não comeu muito, mas parecia estar feliz, parecia que uma paz estava envolvendo ela. Talvez fosse mesmo a magia de natal como Nat havia dito.

Quando ela parou de comer, peguei em sua mão e sorri, olhando em seus olhos, ela sorriu.

- Obrigada por estar aqui, querida. - ela falou - Sou muito feliz por você ter aparecido em minha vida.

- Eu que sou feliz, vovó. - acariciei sua mão.

- Gostaria que o Jaime estivesse aqui também. - engoliu em seco - Mas logo vou me encontrar com ele.

- Também queria que ele estivesse aqui. - ignorei a última frase - Está cansada?

- Sim. - suspirou - Me ajuda a deitar?

- Claro.

A ajudei a levantar da cadeira e a guiei até o quarto escuro no fim do corredor. Quando chegamos ao quarto, ela sentou na cama para depois deitar e a cobri com a coberta, dando um beijo em sua testa.

- Feliz Natal, vovó. - sentei na beirada de sua cama.

- Gosto quando você me chama assim. - escondeu sua mão debaixo da coberta - Feliz Natal. - respirou fundo - Faz um favor para mim?

Concordei a cabeça, mas me lembrei que ela praticamente não estava enxergando.

- Claro, pode falar.

- Dentro da primeira gaveta aqui do lado, bem lá no fundo, tem um cartão, pega ele. - sua voz estava mais fraca agora.

Abri a pequena gaveta que tinha ao lado de sua cama e peguei o cartão.

- Quer que eu guarde ele em outro lugar? - perguntei.

- Não. - tossiu - É seu.

- Que? - arregalei os olhos - Como assim?

- Seu presente de natal.

- Não estou entendendo.

- Ai tem um bom dinheiro, praticamente todo o dinheiro que eu tenho, que guardei por um tempo... não preciso mais dele. - um sorriso apareceu em seus lábios - Pedi para a Nat colocar no seu nome esse cartão, acho que você consegue pegar o dinheiro só quando for maior de idade, mas não sei se vou estar aqui para ver você completar 18 anos.

- Eu não preciso disso, vovó. - balancei a cabeça - Você precisa usar esse dinheiro para se cuidar, para...

- Saphira. - me interrompeu - Eu não preciso mais de dinheiro, não tenho mais com o que gastar. Você tem uma vida pela frente, muitas coisas para fazer. Aceita o presente, por favor.

Abri a boca e a fechei. Se eu não aceitasse ela ficaria super chateada e, não podia mentir e falar que não precisava de dinheiro, ainda que fosse recebê-lo apenas quando completasse 18 anos.

- Obrigada. - beijei sua testa novamente - Muito obrigada, pelo presente.

- É de coração. - suspirou e fechou os olhos, logo, já estava dormindo.

Guardei o cartão no bolso da calça jeans e a observei dormir por um tempo. Depois, me levantei e fui ajudar Nat a organizar as coisas e colocar o restante dos idosos para dormir. Vinícius já tinha ido embora para passar o natal com a família e, assim que terminamos de guardar as decorações novamente, Nat me desejou feliz natal e também foi embora.

E eu fiquei.

Me sentei em uma das redes e me balancei um pouco. Ainda era cedo. 20:48. Em Vancouver ainda eram 16:48; Coruja e sua família ainda deviam estar nos preparativos. Abri a foto que ele tinha mandado quando havia chegado lá. Realmente estava com saudades, muita saudade. Ainda teria que pensar em algum presente de aniversário.

Comecei a me sentir sonolenta, estava cansada. Deitei na rede, era estranho, mas mesmo assim tentei me acomodar e fechei os olhos. Não tinha para onde ir. Pensei em mandar uma mensagem desejando feliz natal para Tissa, mas ela não gostava do natal. Pensei em mandar mensagem para Raquel e Caio, mas ainda não era meia noite.

Também não sabia se Daphne iria gostar de ver uma mensagem minha no celular de Caio. Sabia que Caio já devia saber sobre os seus pais, ainda que não tenha me falado nada; pela primeira vez na vida dele, seu natal também não seria o mesmo e, o mesmo servia para Raquel. E, com a cabeça borbulhando de pensamentos, acabei caindo no sono.

Fazia muito tempo que não sonhava, realmente sonhava. Mas, naquela noite, sonhei com um natal ao lado da minha mãe, ela também estava no asilo e estava comendo conosco. Ela não estava doente, vovó não estava doente.

Vovó perguntou se poderia me dar um abraço, falei que sim ela me abraçou com força, logo depois, mamãe também me abraçou e então elas sumiram do sonho.

Acordei com as costas doendo, uma lágrima havia escorrido pelo meu rosto. Limpei a lágrima e me sentei na rede, tentando me espreguiçar. Foi uma péssima ideia dormir naquele lugar. Peguei o celular, olhando as horas. 03:15. Tinha dormido demais.

Me levantei e me espreguicei novamente. O asilo estava tão quieto e silencioso que parecia mal assombrado, tudo estava escuro. Nunca havia ficado ali até tão tarde. Abracei meu próprio corpo, sentindo um calafrio. A noite estava fria como sempre, mas parecia que eu estava sentindo muito mais frio do que o normal.

Comecei andar pelo corredor escuro até o quarto da minha avó, lá devia estar menos frio e não sabia se tinha coragem de andar pela rua para ir embora naquele horário, de madrugada. Era melhor esperar dar umas 5:30 ou 6 horas para voltar para o apartamento.

Abri a porta do quarto da vovó e entrei, fechando as minhas costas. Olhei para a poltrona no canto direito do quarto, mas antes, fui conferir como minha avó estava dormindo. Tinha adquirido aquele costume nos últimos meses. Passei a mão pela sua cabeça, ficando paralisada e engolindo em seco.

Não.

Estava gelada.

Ela devia estar com frio, respirei fundo e arrumei melhor sua coberta, desejando deixá-la quente novamente. Encostei a mão em sua testa novamente. Gelada. Meu lábio inferior começou a tremer. Coloquei o dedo perto de seu nariz. Nada.

Uma lágrima escorreu pela minha bochecha quando liguei o abajur, iluminando o quarto. Sua expressão estava serena, quase como se ela estivesse sorrindo. Solucei quando mais lágrimas começaram a escorrer freneticamente pelo meu rosto e me ajoelhei ao lado da cama.

Minha avó morreu dia 25 de dezembro, enquanto dormia.

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