Minha Zona de Conforto• • •...

By CoralineVow

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"Nada, nada, nada... Porra nenhuma" Enquanto quebrava sua cabeça pra achar um trabalho estável, o aniversári... More

[2] 𝙌𝙪𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙖𝙨 𝙇𝙪𝙯𝙚𝙨 𝙀𝙨𝙩ã𝙤 𝘼𝙘𝙚𝙨𝙖𝙨
[ 3 ] 𝙈𝙖𝙡-𝙚𝙣𝙩𝙚𝙣𝙙𝙞𝙙𝙤𝙨 𝘼𝙢𝙗𝙪𝙡𝙖𝙣𝙩𝙚𝙨

[𝙋𝙧ó𝙡𝙤𝙜𝙤] 𝙎𝙖𝙣𝙜𝙪𝙚𝙨𝙨𝙪𝙜𝙖 𝘿𝙖 𝙁𝙖𝙢í𝙡𝙞𝙖

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By CoralineVow

[1]

"Nada, nada, nada... Porra nenhuma"-Pensou.

Sua caxa de e-mail de novo, estava vazia, igual nos últimos dias desde que você aplicou mil currículos à dezenas de lugares diferentes, mas nenhum deles havia mostrado interesse ainda.

"Nem mentir deu certo"-Pensava enquanto olhava os e-mails na sua caixa de spam na esperança de pelo menos um deles, não ser de telemarketing.

E não ser mentira também, óbvio.

Alguém bate na porta do seu quarto mesmo ela estando aberta, era o seu pai surpreendente, era a quarta ou a quinta vez que ele parecia tentar respeitar a sua privacidade.

-Filho? Seus tios chegaram com o aniversariante. Vai lá dá um oi.

-Ok.

"Isso explica o porquê da porta."
Depois de se vestir de uma maneira que a sua mãe consideraria "descente", você vai até a sala, cumprimenta seus tios e primos dando uma atenção especial ao mais novo, cuja era o aniversariante. Fazia um tempo desde que você via seus tios e pais tão contentes e calmos, em comparação a eventos passados que você vividamente se lembra quando todo mundo estava reunindo, os quebra paus que sempre aconteciam quando algo era interpretado errado. A imagem da sua tia jogando com toda a força dela as roupas do seu tio no rosto dele, foi algo que marcou não só a sua memória mas como o natal do ano passado.
E o chão da casa deles.
Difícil de lembrar exatamente o porquê deles estarem discutindo, mas impossível não lembrar o som de madeira podre se rachando quando seu pai tentou tirar o irmão dele do telhado que estava afogando as mágoas com uma garrafa que, estourou na cabeça dele quando ele caiu em cima do seu pai.

Mas tudo estava tranquilo, nem parecia que cada um naquela sala falava mal uns dos outros em grupos privados no whatsapp, sua mãe sendo responsável por maioria deles. Sendo sua mãe, uma perguntinha lhe veio a mente:
"Será que eu tenho um meu?"

A primeira resposta, sendo talvez. Sua mãe sempre te contava uma história diferente a cada barraco novo que acontecia na casa dos seus tios. Sua tia saindo com as más influências dela, resultando dela dar cima até em morador de rua quando estava bêbada. O seu tio que descobria ou vício novo a cada mês, indo de bebidas para maconha, da maconha para a heroína e da heroína para o crack. Deus que protegesse sua tia quando ele descobria em um fetiche novo.
Sua mãe vinha com uma história diferente a cada dia, quase literalmente. Com direito a continuação dependendo do quão você se interessava. Então, era provável que ela poderia ler entrelinhas inexistentes ou só cria uma fofoca falsa sem lógica alguma, como eram algumas dessas histórias.
Já a segunda e mais simples resposta sendo não, ela gosta de falar dos outros, mas será que ela gostaria se fosse ao contrário?

"E se eu fizer um?"

Uma pergunta estranha mas curiosa, pois ninguém da sua família conservadora sabia o óbvio, embora sua mãe tinha a proeza de ler entrelinhas, nem ela e seu pai viam o que estava estampado na cara deles, uma família que julgava os outros por se parecer perfeita, essa era a sua família, jogar uma bomba dessas seria o suficiente pra seus pais te expulsarem até da linhagem sanguínea deles. Por mais tentador que é, imaginando seu tio zoando com a cara do seu pai, não valia a pena se o preço fosse morar debaixo da ponte junto com os mendigos.
O risco de um deles conhecer a sua tia era algo assustador que você não queria pensar.

-S/N.

-Hm?-Seu priminho surge na sua frente, te torando do seu transe.

-A gente pode brincar lá fora? Os outros também vão.

-Cara acho que não. Bem, seu pai vai querer fazer um mini-churrasco antes de irmos passear no shopping, então ele não-

-Pizzaria

-Independente-"fodase"-Ele não vai gostar de te ver sujo. Vocês podem brincar aqui dentro mesmo.

-Podemos brinca no seu quarto?

Mesmo não tendo nada pra eles fazerem lá, é melhor do que ficar sentado na sala com todo mundo conversando, e você parado olhando pra parede sem poder mexer no celular sem levar um olhar de desgosto da sua mãe. Você então aceita, achando que daqui a pouco fariam o churrasco, pelas frases sem contexto que você pegava aqui e ali enquanto seus familiares conversavam.

Seus primos invadem seu quarto como crianças da creche que acabaram de ser liberadas para o intervalo. Suas primas gêmeas estavam mais admirando do que encostando nas coisas do seu quarto, por algum motivo, seja lá qual fosse, parecia pior do que a reação que você esperava. Já o seu outro primo, que estava encostando, mexendo, balançado e as vezes jogando tudo que aquelas mãozinhas sebosas conseguiriam alcançar. Você ficava encostando no seu bolso a cada segundo fazendo questão de mater seu celular lá.

Já o aniversariante, estava sentado do seu lado na sua cama. Ele falava de como as coisas na escola dele estavam indo e pedia até conselhos de como manter os amigos dele, pra você ainda por cima, ele tirava dúvidas nas matérias que ele não entendia direito, perguntava como as coisas na sua vida estavam indo, comentando e questionando tudo o que você falava. Uma conversa estranhamente casual e formal para alguém que acabou de fazer oito anos. O tópico da conversa mudava gradualmente, parecia que você estava falando com um dos seus amigos. O que ele foi ensinado para estar agindo desse jeito?
Talvez seus tios não fossem todas aquelas baboseiras surreais que sua mãe falava, talvez eles fossem só uma família normal, que passam por dificuldades aqui e ali justamente quando você os visitava, mas pelo menos eles pareciam mais unidos que a sua própria família.

Mesmo depois do tombo que seu tio levou quando caiu em cima do seu pai, ele ficou grudado o resto da noite de natal junto com sua tia, e ela já parecia devastada, desde quando você chegou na casa dela. Mesmo bêbado, seu tio ficou consolando ela e brincando com seus primos sem passar mal, parecia ter sido só mais um mal entendido que passou muito longe, talvez eles não seriam pessoas tão ruins assim.

-"Sanguessuga", como meu pai disse.

-Hm?

-Não estava prestando atenção? Meu pai disse que você é preguiçoso e vergonhoso pra família porque não tem emprego ainda, mesmo tendo dezoito.

. . . A empatia não durou muito.

"Te fude também arrombado."

-. . . Olha, desde que eu sai, achar um emprego novo tá sendo dificilmente chato e até agora não tive nad-

-"Procurar", você quis dizer?

-Também. Cara. Você sabe onde eu moro então da pra imagina o porquê eu não tive sorte ainda.

-Hm, entendo. Boa sorte na sua busca.

Ele disse saindo da sua cama e do seu quarto, com o berçário inteiro atrás dele. Aí bateu que o imundo do seu tio, havia chamado todo mundo para ir pra fora do apartamento, provavelmente para fazer o churrasco.

[2]


O churrasco não demorou muito, embora tenham demorado para arrumar as coisas e as linguiças já estando prontas, vocês foram às pressas para a pizzaria. Seus pais disseram que se perderam na hora, e que possivelmente chegariam atrasados se não chegassem a tempo no horário programado, entretanto, parte sua achava que era pro seu tio não chegar na oitava lata de Heineken, porque quem estava dirigindo era sua tia, que nunca tinha terminou a auto escola, só aprendeu algumas coisas aqui e ali do seu tio.

Sabendo disso, por precaução você e seus pais foram na frente em uma velocidade considerável, você ficava olhando o reflexo do retrovisor do lado da sua mãe a cada segundo se antecipando do impacto caso sua tia batesse no seu carro de tão colado que o para-choque dela parecia, as suas primas gêmeas, que você carinhosamente as apelidou de A & B, estavam junto com você no banco de trás, um pequeno favor que sua mãe fez para sua tia mas logo depois profundamente se arrependeu, elas não paravam de falar com a sua mãe ou entre si. Não gritavam pra falar, mas com o tempo a voz de cada uma começou a ser insuportável de escutar, olhando o retrovisor no meio do carro, seu pai estava visivelmente irritado, sua cara estava fechada fixa na estrada, e elas conversavam com ele também, contando histórias ou só fazendo perguntas imbecis, a qualquer momento parecia que seu pai iria perder a paciência e se descontrolar completamente, considerando o jeito que o rosto dele torcia quando uma das gêmeas levantava a voz para atropelar a outra, estava na cara que mais um barraco em um evento familiar importante estava fadado a acontecer.

Mas graças à Deus, vocês chegaram no estacionamento debaixo do Pizzaplex.

Quando você saiu do carro, começou a contorcer os braços no ar se espreguiçando do que parecia ter sido uma eternidade preso naquele carro. Depois que a sua tia estacionou o carro com sucesso, ela pediu pra que você levasse seus primos para a pizzaria, dizendo que teria que ficar um tempo no estacionamento com o seu tio pois ele passou mal durante a viagem, ele agora estava agachado em um canto escuro atrás de um pilar com seu pai e sua mãe ao redor dele. Você aceita sem muita escolha, seus pais jamais iriam querer passar mais oito segundos com a A e a B. Com a creche na sua frente, você os guiou para dentro da pizzaria.

[3]

O lugar era ridiculamente enorme, um labirinto cintilante de todas as formas e tamanhos, cores que destacavam objetos e desenhos, jogos de fliperama que pareciam ter saido dos anos noventa, comidas e bebidas que pareciam ter saído daqueles comerciais de TV e também, os tão adorados e icônicos animatronicos que. . .

Não se pareciam tão adoráveis.

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