Marcas Inegáveis

By nineksn

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Harry Potter tem doze anos quando os nomes de suas almas gêmeas aparecem em seu pulso, Regulus Black e Tom Ri... More

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capitulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07: Interlúdio - Lucius
Capítulo 08
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capitulo 14

Capítulo 09

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By nineksn

Tom e Regulus se viraram para o armário com as sobrancelhas franzidas de confusão, já que agora se ouvia barulho atrás dele. Harry sentiu falta de ar com o que ele só poderia descrever como medo. Ele nunca disse a ninguém. Eles sabiam que a infância de Harry não tinha sido ideal. Sirius sabia que tipo de pessoa vingativa era a irmã de Lily e podia somar dois mais dois, mas eles não sabiam.

Harry nunca falou sobre isso. Não havia razão para trazer à tona. Sirius perguntou uma vez, tentou abordar o assunto com ele, mas não havia razão para ele saber os detalhes horríveis. Isso só faria seu padrinho se sentir culpado. Sirius estaria em Azkaban por assassinato.

Acabou. Harry nunca mais precisou voltar lá. Não havia razão para ninguém saber.

- Tem alguém aí dentro?- Regulus questionou, caminhando em direção ao armário como se quisesse abrir a porta, mas antes que pudesse alcançá-la, a portinha se abriu sozinha.

O pequeno Harry Potter de seis anos saiu arrastando os pés, vestindo trapos esfarrapados que eram grandes demais para seu pequeno corpo desnutrido. Ele tinha dois olhos roxos e um corte no nariz onde sua tia o havia golpeado com um cabo de vassoura alguns dias antes. Até mesmo Petúnia ficou surpresa por ela ter batido nele com tanta força, mas isso não a impediu de mandá-lo para a cama sem jantar novamente.

A respiração de Regulus ficou presa na garganta.

- Tom, esse é...- ele parou, incapaz de terminar quando Harry se virou e eles tiveram uma visão lamentável.

Sim. Eles sabiam exatamente quem era.

- Devemos estar em suas memórias...- Tom murmurou, dando uma olhada ao redor da casa trouxa em que estavam antes de seus olhos se voltarem para o pequeno Harry. Seu rosto era ilegível de uma forma intencional. Tom não era uma pessoa emocional naturalmente, mas seu rosto se tornava vazio quando ele estava sentindo emoções muito intensas.

- Ele...ele dorme lá dentro?- Regulus perguntou, incapaz de conter o desespero em sua própria voz enquanto respirava trêmulo. Harry queria alcançá-lo, dizer-lhe que estava tudo bem. Que ele estava bem. Isso tudo era passado, estava acabado, mas Harry descobriu que não conseguia se mover ou falar.

Eles observaram e seguiram enquanto Harry caminhava até o banheiro no andar de baixo.

O pequeno Harry ficou na ponta dos pés e lavou o rosto e as mãos com o sabonete o melhor que pôde na pia, enxugando o corte no nariz com um pequeno pedaço de papel higiênico quando começou a sangrar lentamente novamente. Ele enxaguou a boca, depois bebeu um pouco de água para matar a sede e colocar algo no estômago vazio.

Quando terminou sua pequena rotina matinal no lavabo, o pequeno Harry foi até a cozinha para preparar o café da manhã. Ele olhou para a comida ansiosamente enquanto a preparava, mas não ousou provar nada.

- Garoto! Cadê meu café?- Válter gritou como uma saudação matinal enquanto caminhava bamboleante até a mesa da cozinha e se sentava para ler o jornal da manhã.

- Aqui, tio Válter...- o pequeno Harry correu para servir o café dele e voltar para o bacon antes que queimasse.

Ele ficou em um canto, silencioso, imóvel e o mais pequeno possível até que fosse necessário, enquanto seu tio, tia e primo tomavam o café da manhã e conversavam sobre seus planos para o dia.

Aparentemente, havia algum tipo de festival que Duda queria ir. O pequeno Harry quase suspirou de alívio, mas se conteve antes que pudesse fazer barulho. Eles preferiram que ele fosse invisível. Harry preferia assim também.

Assim que seus parentes terminaram o café da manhã, Harry pegou seus pratos e jogou as sobras na lata de lixo. Ele não ousou tentar roubar nada ainda, mas assim que seus parentes saíram da cozinha e Harry pôde ouvi-los se preparando no andar de cima, o pequeno Harry conseguiu voltar e desenterrar alguns pedaços. Ele não comia há alguns dias, então Harry evitou o bacon gorduroso e pegou o que pôde das panquecas e dos ovos.

Regulus fez um som de pura agonia.

- Oh Merlin, Tom. Eles não o alimentaram.- ele engasgou horrorizado enquanto observavam Harry comer o que podia rapidamente antes de correr para lavar a louça. Depois de terminar o serviço, Harry bebeu mais água da pia para preencher o vazio que ainda restava em seu estômago pelo pouco de comida.

Quando seus parentes saíram de casa, eles o trancaram do lado de fora no quintal. Às vezes, eles o trancavam em seu armário dependendo do clima, mas não confiavam em Harry para andar livremente em sua casa.

- Garoto, quero este jardim limpo quando chegarmos em casa. Você me ouve? Nem uma única erva daninha, ou você levará uma surra!

- Sim, tia Petúnia.- Harry respondeu quando a porta bateu e trancou atrás dele. Estava um pouco frio, mas não maís congelando. Ainda assim, Harry desejou que eles o deixassem calçar os sapatos antes de expulsá-lo.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

A memória mudou. Harry tinha oito ou nove anos. Ele não conseguia se lembrar exatamente quantos anos tinha, mas conseguia se lembrar desse dia ruim em particular como se tivesse acontecido ontem. Válter havia perdido um grande cliente e, com medo de que seu tio voltasse para casa com raiva, Harry queimou o jantar.

Regulus gritou e correu para se ajoelhar ao lado dele, mas não havia nada que ele pudesse fazer. O pequeno Harry não podia vê-lo e Regulus não podia tocá-lo. Harry estava simplesmente feliz que a memória decidiu mostrar as consequências e não o ato em si.

O pequeno Harry estava sentado no vaso sanitário do banheiro de hóspedes, tentando se limpar. Ele estava soluçando silenciosamente, com pequenos suspiros de partir o coração para não acordar seus parentes. O rosto de Harry era uma bagunça sangrenta com um lábio cortado e um nariz quebrado. Ele tinha hematomas feios ao longo do torso, alguns antigos, outros novos, que dificultavam a movimentação e a respiração.

Foi seu traseiro, porém, que fez Regulus soluçar junto com ele. Vergões vermelhos cruzavam sua pele frágil devido ao cinto de couro que Válter havia usado. Algumas marcas sangravam lentamente onde a pele havia rachado, e o pequeno Harry sibilou enquanto se contorcia e tentava pressionar um pano úmido e frio contra elas para aliviar os pulsos quentes da dor aguda. Ele não conseguiria ficar sentado por um tempo, e usar roupas seria uma tortura.

Tom se abaixou e passou um braço ao redor de Regulus, colocando-o de pé. Regulus girou com um ruído abafado e se enterrou contra o peito de Tom.

- É só uma memória, amor...uma memória. Já aconteceu.- Tom sussurrou, acariciando o cabelo de Regulus enquanto o deixava chorar contra ele. Harry nunca tinha ouvido Tom soar tão triste, e o deixou completamente perplexo por ser devido a ele.

Harry havia causado uma emoção tão forte em Tom.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Outras lembranças da primeira infância de Harry se desenrolaram para eles.

Harry tendo uma insolação enquanto cuidava do jardim. Petúnia batendo sua mão na secadora enquanto lavava a roupa. Duda espancando-o por fazer o dever de casa errado. Tia Marge e seu cachorro horrível. Harry comemorando aniversários e feriados trancado em seu armário. Harry fazendo magias acidentais. Harry aprendendo que era um bruxo. Que o mundo mágico era real. Harry aprendendo quem ele era. Por que ele era necessário. O que se esperava dele. Seu papel no mundo mágico. Harry recebendo suas marcas de alma e indo para Dumbledore.

Essa memória em particular, a do juramento com Dumbledore e as memórias subseqüentes do Ministério iniciando seu treinamento aos treze anos fizeram os olhos de Tom ficarem vermelhos de raiva. Olhando dessa forma, Harry podia ver claramente agora. Quão vulnerável, confiante e ingênuo ele tinha sido. Como ele não queria nada mais do que ser aceito neste novo mundo, mesmo sabendo o que se esperava dele.

Harry tinha sido uma criança abandonada e abusada, vulnerável e indefesa, manipulada por aqueles que deveriam protegê-lo. O pequeno Harry teria feito qualquer coisa para que eles o aceitassem. Ele era a arma moldável perfeita.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Harry, de quatorze anos, estava deitado enrolado na pequena cama em seu armário, olhando para os nomes em seu pulso sob a luz fraca de uma única vela de aniversário.

- Feliz aniversário, Harry.- ele sussurrou para si mesmo, fechando os olhos e pressionando os lábios nos nomes.

Um soluço escapou do adolescente Harry.

- Queria que vocês estivessem aqui. Eu gostaria que vocês viessem...por favor, venham...por favor...- ele implorou baixinho. Era uma visão lamentável e humilhante, e pela primeira vez desde que isso começou, Harry estava feliz por não poder interagir com Regulus e Tom.

Regulus não estava mais chorando, mas ele estava tremendo enquanto Tom continuava a segurá-lo, e Harry queria se esconder em humilhação. Não havia como ele olhar nos olhos de Tom, sabendo que ele tinha visto Harry tão fraco. O que o Lorde das Trevas deve pensar dele agora?

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

As lembranças continuaram.

Harry tinha dezesseis anos e os conheceu pela primeira vez. Percebendo que eles eram mais velhos que ele e felizes juntos. No verão seguinte nos Dursleys, não havia esperança de que uma alma gêmea viesse para afastá-lo de tudo. Harry se fechou naquele verão, aceitou o abuso sem fazer um único som.

Dezessete anos e a guerra esquentando, a batalha final com Grindelwald e deitado no St. Mungus, sabendo que eles não viriam. Eles não o queriam. Eles não se importavam.

Anos passados a observa-los à distância. Anos passados querendo que eles o notassem.

Saíndo em missões e esperando morrer nelas.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Harry foi jogado de volta em seu corpo e consciência.

Regulus estava deitado em cima dele, soluços de cortar o coração saindo de sua garganta, enchendo o cômodo silencioso com o som desesperado. Os braços de Harry estavam em volta dele, segurando-o com força mesmo na inconsciência. Harry ainda estava encostado em Tom, e os braços de Tom estavam ao seu redor, seguros e protetores.

O próprio rosto de Harry estava molhado, ele percebeu. Suas lágrimas ainda escorriam silenciosamente enquanto Tom o segurava e Regulus se agarrava a ele. Luna não estava mais no quarto com eles, dando-lhes um pouco de privacidade. Harry estava grato por isso. Ele sentiu como se tivesse sido virado do avesso e supôs, de certa forma, que sim.

Nada mais era segredo. Eles sabiam de tudo.

O braço de Tom se apertou ao redor dele enquanto sua outra mão se levantava para correr pelo cabelo de Regulus para tentar ajudar a acalmar os soluços desesperados que estavam saindo dele. Regulus estava inconsolável, com o coração partido.

A respiração de Harry prendeu. Seus olhos foram imediatamente atraídos para a marca. Afinal, ele já a havia visto milhares de vezes. Ainda estava desbotada e acinzentada, mas estava lá, e estava certa.

As letras da marca de alma de Tom se reorganizaram.

Harry James Potter.




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