ELECTRIC LOVE | peter parker.

By lokireign

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Peter Parker sabia que grandes poderes traziam grandes responsabilidades, mas não sabia se iria, algum dia, v... More

ϟ 𝐄𝐋𝐄𝐂𝐓𝐑𝐈𝐂 𝐋𝐎𝐕𝐄.
┊ GRAPHICS.
ϟ 𝐀𝐓𝐎 𝐔𝐌.
┊ 𝟬𝟬. a explosão nas indústrias oscorp.
┊ 𝟬𝟭. a nova amigona da vizinhança.
┊ 𝟬𝟮. curto-circuito procura uma babá.
┊ 𝟬𝟯. peter parker conhece uma hater.
┊ 𝟬𝟰. cabeça de teia e curto-circuito dividem os holofotes.
┊ 𝟬𝟱. heróis da cidade disputam queda de braço.
┊ 𝟬𝟲. parker almoça com os bradshaw.
┊ 𝟬𝟳. o dia em que tudo deu errado.
┊ 𝟬𝟴. valerie faz uma promessa.
┊ 𝟬𝟵. palavras-cruzadas e tabela periódica.
┊ 𝟭𝟬. a missão impossível de peter.
ϟ 𝐀𝐓𝐎 𝐃𝐎𝐈𝐒.
┊ 𝟭𝟭. homem-aranha: o musical.
┊ 𝟭𝟮. valerie duvida da própria sanidade.
┊ 𝟭𝟯. a identidade revelada de peter parker.
┊ 𝟭𝟰. valerie bradshaw não faz ciência.
┊ 𝟭𝟱. um encontro de milhões.
┊ 𝟭𝟲. valerie bradshaw veste o jaleco.
┊ 𝟭𝟳. o frisbee da estátua da liberdade e o espetacular homem-aranha.
┊ 𝟭𝟴. a queda do escudo e a hora da desspedida.
┊ 𝟭𝟵. gênios incompreendidos não fazem sentido.
ϟ 𝐀𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐄𝐒.
┊ 𝟮𝟬. homem-aranha é trancado para fora de casa.
┊ 𝟮𝟮. o dia em que valerie bradshaw roubou o natal.
┊ 𝟮𝟯. amigões da vizinhança conhecem edward cullen.
┊ 𝟮𝟰. a vida doméstica dos heróis da cidade.
[ ⚡ ] 𝗘𝗦𝗣𝗘𝗖𝗜𝗔𝗟 𝗗𝗘 𝟰𝟱𝗞.
[ ⚡ ] 𝗘𝗦𝗣𝗘𝗖𝗜𝗔𝗟 𝗗𝗘 𝟲𝟬𝗞.

┊ 𝟮𝟭. peter parker procura um emprego de verdade.

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By lokireign

CAPÍTULO VINTE E UM
━━━ peter parker procura
um emprego de verdade




O DIA DE VALERIE BRADSHAW começou de forma estressante. Após alguns dias digerindo todas as coisas que haviam acontecido de forma tão repentina em sua vida – como por exemplo ir a um outro universo e descobrir uma gravidez –, havia chegado o momento da loira finalmente voltar a encarar sua rotina, preocupando-se com a faculdade e o trabalho no Clarim Diário, além da cidade que precisava manter a salvo.

━ Eu não sei o que fazer, Peter, tá tudo tão confuso! ━ ela murmurou ao telefone, enquanto observava as ruas de Nova Iorque de dentro da recepção do prédio do Clarim Diário. ━ As coisas tão calmas demais nessa cidade desde que a gente voltou, eu tô gerando um ser-humano, você tá procurando um emprego de verdade…

Ei! ━ ele protestou, e Valerie levantou uma sobrancelha. ━ Na minha defesa, é difícil conseguir um emprego de verdade quando você é o Homem-Aranha e tem que sumir toda hora porque tem alguém tentando te matar!

━ Então por que você tá procurando um emprego de verdade?! Você ainda é o amigão da vizinhança, caso tenha esquecido.

É, mas agora o amigão da vizinhança tem um amiguinho da vizinhança sendo gerado pela amigona da vizinhança ━ o homem lembrou, e Valerie revirou os olhos. ━ A gente precisa sustentar essa criança, Valerie! Eu tô passando mal, como se consegue um emprego de verdade?!

Durante o período do último ano, em que Peter Parker havia concluído os estudos na Empire State University, ele seguiu com seu velho bico como fotógrafo do Clarim Diário, e passou também a trabalhar em pesquisas remuneradas para a universidade em que se formou. Mas ele tinha suas dúvidas se sua renda seria suficiente para bancar uma gravidez; mulheres grávidas precisavam de remédios e acompanhamento médico, e bebês precisavam de, basicamente, tudo! Uma pessoa que nunca esteve no planeta antes não possuía muitos bens; ele e Valerie teriam que comprar tudo do início.

Valerie sabia que estava grávida, mas ainda não tinha se acostumado com a ideia. Ela não sentia nada diferente, exceto que, vez ou outra, ficava um pouco mais emotiva do que o comum; não sentia o bebê chutando, ainda que provavelmente fosse cedo demais para aquilo; não sentia vontade de comer coisas estranhas e não sentia enjoos matinais. Ela era uma péssima grávida! Nem mesmo sua barriga havia começado a dar sinais, mas aquilo era uma coisa boa, porque o traje da Raio-Branco não iria esticar o suficiente para abrigar uma barriga enorme.

━ Olha só, você só precisa se concentrar! Sabe, agir como se fosse uma pessoa normal ━ ela orientou, e ouviu ele suspirar do outro lado. ━ Vai ter que fingir um pouco. Você lembrou de tirar a parte das habilidades do seu currículo que diz que você sabe sapatear e andar à cavalo?

Ela ouviu Peter engolir em seco do outro lado da linha.

Não.

Peter e Valerie eram boas pessoas. Eram bons parceiros, bons em salvar a cidade e bons jogadores de RPG, mas eram péssimos adultos. Eles se esqueciam de pagar contas, criavam dívidas ao comprar coisas desnecessárias, falavam demais e faziam piadas demais; uma de suas piadas tomou rumos inimagináveis e, por isso, o currículo de Parker contava com muitas habilidades que ele não tinha de verdade e nem serviriam para ajudá-lo a conseguir um emprego relacionado às Ciências.

━ Ah, Peter, eu te disse pra tirar! ━ ela exclamou, dando um tapa na própria testa. ━ Agora se um dos seus entrevistadores te pedir pra sapatear, você se vira e sai correndo.

Eu posso tentar sapatear.

━ Não pode, você não sabe dançar.

Do outro lado da linha, ele resmungou:

Eu não vou conseguir esse emprego, né?

━ Sei lá, joga um charme, você é simpático às vezes, tem uma carinha agradável… ━ ela falou, ouvindo-o rir do outro lado da linha. ━ Olha só, eu preciso desligar agora, porque o táxi chegou e o J.J. já tá me esperando.

Aonde vocês vão, mesmo?

━ O presidente tá na cidade, hoje vai ser a entrega da Medalha de Honra de alguns soldados americanos e a gente vai lá ouvir umas histórias. Pode ser conteúdo interessante pro jornal ━ ela explicou, abrindo um sorriso amarelo para J.J., que a encarava com impaciência. ━ Tchau, gatinho! Eu tenho que ir mesmo!

E, cortando a resposta de Peter pela metade, ela desligou a chamada e desceu as escadas da portaria do prédio do Clarim Diário apressadamente, entrando no banco de trás do carro amarelo que os aguardava. O chefe entrou logo em seguida, dizendo o endereço do local aonde queriam chegar para o motorista enquanto Valerie organizava seus pertences, que incluíam uma câmera fotográfica, um gravador, um microfone e um pequeno caderno de anotações, além da bolsa.

━ Você não esqueceu de nada? ━ indagou J.J., olhando para a mulher com uma sobrancelha erguida. ━ Acho que você esqueceu de trazer o armário do meu escritório!

Valerie levantou uma das sobrancelhas.

━ Eu sou uma mulher muito preparada, pensei que já soubesse!

J.J. Jameson riu pelo nariz, assentindo. Com o tempo, sua relação com Valerie havia evoluído para algo próximo a amigável. Ela era uma boa funcionária; ele não era um chefe tão ruim e dava a ela boas oportunidades. É claro, ele fazia aquilo porque Valerie ainda não havia de fato se formado e era mão de obra barata, mas ainda assim, era bom para ela.

━ Quantos soldados vão ganhar medalha hoje? ━ ela perguntou, pendurando a câmera no pescoço, antes de resmungar: ━ Eu queria uma medalha.

━ Quando você for pra guerra, talvez ganhe alguma ━ retrucou o velho, e ela se segurou para não fazer uma careta. ━ Só um. Eugene Thompson, o nome dele.

━ Sei. E eu posso falar com o presidente? ━ ela voltou a fazer perguntas, arregalando os olhos levemente. Valerie nunca havia trocado palavras com ninguém considerado tão importante. ━ Ai, vai ficar um clima tão chato, eu nem votei nele…

━ Os seguranças não vão deixar você chegar perto do presidente, Valerie, você já pode ir tirando o cavalinho da chuva ━ J.J. disse. ━ Ele está aqui pra entregar a Medalha de Honra de Eugene, e só isso… Não acho que vamos conseguir nos aproximar muito. Vamos cobrir o evento, a história do soldado. Pode interessar a alguém.

A loira apenas concordou com a cabeça, voltando a ficar em silêncio enquanto abria o Candy Crush para se distrair um pouco. Ela estava muito nervosa por Peter; ele precisava arranjar um emprego antes que os dois revelassem às famílias sobre a gravidez, ou todos surtariam! Ela achava que todos iriam ter um surto de qualquer forma ao saber, mas seria algo mais controlado caso os novos papais tivessem ao menos alguma segurança financeira para criar uma criança.

Valerie tinha calafrios só de imaginar a reação de sua família. Todos ficariam desesperados, com certeza; ainda era de se duvidar que Peter e Valerie pudessem cuidar de si mesmos, quanto mais de uma criança!

Quando o táxi estacionou em frente à sede da Prefeitura de Nova Iorque, muitos fotógrafos e repórteres já se aglomeravam no local, no aguardo do presidente e do homem que seria condecorado com um prêmio de Honra ao Mérito naquela ocasião. Ao lado de J.J., que já havia sido autorizado na cerimônia, Valerie adentrou o local com dificuldade para desviar do amontoado de pessoas, até que os dois chegaram à sala onde ocorreria a entrega das medalhas.

━ Que chique aqui dentro, acho que eu nunca tinha entrado na prefeitura ━ comentou Valerie, observando a sala decorada de forma elegante, com alguns arcos de flores e a bandeira dos Estados Unidos. ━ Posso fotografar?

Deve.

J.J., como sempre, não parecia muito feliz. Valerie não sabia dizer se o homem realmente era triste ou se apenas não havia aprendido a sorrir, mas já estava acostumada com seu comportamento ranzinza e desagradável.

━ Alguma mulher já ganhou uma medalha de honra? ━ ela perguntou. ━ Com certeza muitas já mereceram. Alguma ganhou?

━ Essa premiação não dá medalhas pra todas as pessoas que merecem, Valerie. Se dessem, eu teria uma por dizer a verdade sobre o Homem-Aranha e a Raio-Branco, e meu filho…

Ela o encarou em confusão.

━ Você tem filho?

━ Tenho. Você já deve ter ouvido falar sobre ele, inclusive ━ respondeu, agora com um ar orgulhoso, e Valerie franziu o cenho. Ela e J.J. se conheciam há quatro anos, e ele nunca falou nada sobre ter um filho! ━ John Jameson, o…

Os olhos de Valerie se arregalaram.

━ Você é pai daquele astronauta bonitão?!

John Jameson. John Jonah Jameson. Valerie deveria ter associado os nomes, mas a verdade é que era um pouco difícil suspeitar que o astronauta tão bonito e carismático que ela havia visto na TV alguns meses antes, e inclusive escrito uma matéria sobre sua viagem à lua, pudesse ser filho do velho sentado ao seu lado. Eles não se pareciam em nada mesmo.

━ Sou. Ele teve a quem puxar. Me diga, você ainda namora o idiota do Parker? ━ indagou J.J., e Valerie quis rir como sempre ria quando ele implicava com o namorado. ━ Porque John está solteiro, e deve vir me visitar nos próximos dias.

Ela reprimiu os lábios numa linha fina.

━ É, eu ainda tô namorando o idiota do Parker.

J.J. suspirou, balançando a cabeça negativamente.

━ John vai pra lua, volta pra terra, mas algumas coisas não mudam mesmo.

Valerie não queria nem imaginar o que o homem diria quando descobrisse que, além de ainda namorar o idiota do Parker há quatro anos, ela também estava grávida dele e daria luz ao que acreditava que seria a criança mais radioativa de todas.

Nos minutos que seguiram a tentativa de J.J. de unir seu filho e sua funcionária, expulsando Peter Parker do próprio namoro, Valerie começou a anotar algumas coisas sobre a cerimônia que iria acontecer, para se lembrar mais tarde de todos os detalhes que poderiam ser importantes ao escrever a matéria. Enquanto a ponta de seu lápis riscava a folha de papel, os outros jornalistas e convidados presentes começaram a se sentar, e Valerie levantou o rosto para constatar que o homenageado do dia já estava presente, assim como o presidente e muitos guardas de segurança.

Eugene Thompson era um homem de feições amadurecidas pela guerra, mas certamente não era muito mais velho do que ela. Ele tinha os cabelos loiros curtos, aparados como todos os militares usavam, e os olhos azuis. Valerie demorou a perceber, devido às calças longas do homem, que parte de ambas as suas pernas já não estavam mais ali, explicando o motivo de Eugene estar em uma cadeira de rodas.

━ Eugene perdeu as pernas na guerra, quando tentou salvar um colega durante uma emboscada ━ explicou Jameson, com a voz baixa, ao ver o choque na expressão de Valerie. ━ É por isso que ele vai receber uma medalha hoje. Porque salvou um companheiro.

Os flashes das câmeras eram fortes e incansáveis, direcionados ao homenageado e ao presidente, que tinha um sorriso respeitoso no rosto. Valerie os fotografou algumas vezes também, de forma mais tímida que os demais, porque era Peter quem normalmente ficava responsável por aquilo e, apesar de ter contato com câmeras na faculdade, ainda não era sua especialidade. Valerie preferia escrever.

Foi uma cerimônia muito bonita, na opinião de Valerie. O presidente disse algumas palavras que ela acreditava terem sido escritas por outras pessoas e usadas em outros quinhentos discursos, mas Eugene merecia a medalha que lhe foi dada. Familiares do próprio e do companheiro que tentou salvar falaram algumas coisas também, e, ao fim da cerimônia, Valerie se afastou de J.J. para se aproximar de Eugene, que não parecia à vontade para responder às perguntas dos jornalistas.

━ Sem mais perguntas, por favor ━ ele disse, de forma quase suplicante, e Valerie perdeu a coragem de o perguntar qualquer coisa naquele momento, vendo seu semblante cansado. O caminho que o levou até aquela cerimônia não havia mesmo sido fácil, era claro. ━ Obrigado a todos que vieram, eu…

Valerie podia escrever apenas sobre a cerimônia. Não precisava entrevistar aquele homem, e não podia o entrevistar contra sua vontade. Ela sabia ser invasiva, mas só com pessoas que mereciam, como políticos ou outros tipos de criminosos. Com vítimas – de circunstâncias, vítimas de crimes e vítimas do próprio país – Valerie sabia que era melhor dar um passo para trás e deixá-las confortáveis.

Daquela forma, enquanto todos se despediam de forma educada e elogiavam Eugene por seu ato, Valerie decidiu ir embora, enquanto J.J. optou por permanecer e insistir mais um pouco em uma entrevista com o homem. É claro, o mais velho não ficou satisfeito com a decisão de Valerie, mas ela argumentou que se ficasse por mais tempo, iria cobrar hora extra, uma vez que seu expediente já havia chegado ao fim durante a cerimônia. Depois disso, J.J. quase a expulsou do prédio por conta própria.

Do lado de fora da Prefeitura de Nova Iorque, Valerie abraçou o próprio corpo devido ao frio e pegou o celular, para ver se havia recebido alguma notícia de Peter, mas não havia nada. Ela mordeu as bochechas, ansiosa e preocupada, e sinalizou para o primeiro táxi que passou pela rua.

━ Não, não, ela vai comigo, pode seguir seu trajeto ━ uma voz masculina que ela reconheceria em qualquer lugar disse, dando tapinhas na lataria do carro. ━ Valeu, amigão! Boa viagem.

A loira cruzou os braços, virando o corpo para encontrar Peter vestindo um terno. Mas é claro, sua gravata já havia sido desfeita, os primeiros botões de sua camisa estavam abertos e ele estava mais descabelado do que nunca. Peter Parker tinha aquele dom de nunca conseguir parecer uma pessoa nascida após o fim da era das cavernas por muito tempo.

━ De onde você surgiu, hein? ━ ela indagou, olhando para cima, e ele passou uma das mãos pelas costas da loira, puxando-a para a cumprimentar com um beijo. ━ Você veio de vassoura, é? Com esse cabelo aí tá parecendo.

O moreno levantou as sobrancelhas, falsamente ofendido. Ela sorriu.

━ É assim que você fala com o papai do seu filho de oito braços, Adeline?!

━ Uhum ━ ela deu de ombros, e Peter tomou todas as coisas que a loira segurava, pendurando a bolsa em um dos ombros, vendo-a revirar os olhos. ━ Eu levanto helicópteros, você acha que eu não posso carregar esse pesinho?! Eu te levanto agora, Pete, você vai ver!

E então, sem mais nem menos, Valerie tentou levantar o namorado nos braços, vendo-o pular para trás e balançar a cabeça negativamente, repreendendo-a com o olhar.

━ Cuidado com o bebê.

━ Desde que você virou teste de gravidez você ficou meio insuportável, sabia? Vou te devolver pra farmácia.

━ A tia May já falou no dia que a gente foi morar junto que ela não me aceita de volta, você vai ter que me aturar! ━ ele retrucou, cruzando os braços, e ela semicerrou os olhos. ━ Você tá muito nervosinha grávida. Nem perguntou se eu consegui o emprego!

Ela suspirou, não muito esperançosa.

━ Você conseguiu o emprego?

━ Você tá falando com o novo professor de ciências de Midtown High ━ ele abriu um sorriso, abrindo os braços de forma orgulhosa, e o rosto de Valerie se iluminou enquanto a mesma o abraçou fortemente. ━ Mas olha só, não conta pra ninguém ainda! Eu quero chegar na escola segunda-feira e ver o terror no olhar da Vidya e da Violet.

Em resposta, Valerie riu alto.

━ Você acha mesmo, Peter, de verdade, que você vai aterrorizar as minhas irmãs? ━ ela indagou. ━ Você tá acreditando muito no seu potencial, gatinho. A Violet sozinha te bota pra correr, cara!

Violet tinha mesmo um talento para aterrorizar Peter. Na verdade, para aterrorizar qualquer um; agora no último ano do Ensino Médio, ela ainda não havia saído totalmente da fase emo em que tentou se encaixar no início. E ela às vezes dizia umas coisas meio assustadoras. Olhando diretamente para ele. Mas, no geral, os dois se davam bem nos momentos em que ela não dava uma de Wandinha Addams.

Vidya, por outro lado, era realmente uma das melhores amigas de Peter Parker, o que podia parecer estranho para algumas pessoas, já que ele já era um homem formado e ela ainda estava na pré-adolescência, mas fazia sentido para os dois. Ainda assim, ele não tinha certeza se a cunhada caçula iria ficar satisfeita de tê-lo por perto nos corredores escolares, onde era seguro para ela aprontar se desconsiderasse a presença de Violet.

━ Acho que a Violet não vai ficar feliz mesmo, não. Mas a Vidya… Ih, ela vai achar que tá de férias! Só porque eu vou ser professor dela, ela vai achar que não precisa mais estudar, vai se exibir pra todos os colegas ━ disse Peter, pensativo, e Valerie concordou com sua hipótese, rindo pelo nariz. ━ Na minha primeira prova eu tenho certeza que ela vai me pedir pra abaixar a nota da Cassidy.

━ Vai mesmo. Ela odeia a Cassidy.

━ Agora eu vou conhecer a Cassidy.

Cassidy era a arqui-inimiga de Vidya em sua sala, a representante de classe que havia sido eleita com a vantagem de um voto após prometer sorvete na sobremesa do almoço todo dia. Para Vidya, que já havia prometido ser presidente não apenas dos Estados Unidos como também do resto do mundo algum dia, ser representante de classe era algo muito importante.

Os dois riram juntos com a menção da inimiga de Vidya; poucas coisas os divertiam como dramas adolescentes. Para super-heróis, que estavam sempre lutando contra o crime e contra super-vilões, não havia nada melhor do que se entreter com a rivalidade de garotas que não tinham preocupações além da presidência da turma.

━ E aí, como o professor Parker se sente agora que tem um emprego de verdade?

━ Olha, eu já quero sair correndo só de pensar em ficar no meio dos adolescentes. Eles são meio malvados, eu acho.

━ Com você não, você é bonito demais ━ assegurou Valerie, e Peter sorriu, satisfeito. Por algum motivo, a mulher parecia ter certeza de que todos os problemas dele se resolveriam apenas porque ele era bonito. ━ Vai ser a paixonite das alunas. É comprovado, Peter! As pessoas são mais simpáticas com pessoas bonitas.

━ Que estudos são esses que você tá lendo, Valerie?

Ela o encarou em silêncio por alguns segundos.

━ Vi no Twitter.

━ Não fala uma coisa dessas perto do meu filho, mulher! ━ ele exclamou, antes de se abaixar para ficar à altura da barriga da loira, que revirou os olhos. ━ Olha, Peter Junior ou Valerie, a segunda de seu nome… Não aprende com a mamãe, não! Não é só porque tá no Twitter que é verdade, tá bom? Ela é jornalista, ela sabe que tem que ir atrás das fontes, não sei o que deu nela pra falar isso!

Valerie o puxou de volta para cima por uma das orelhas, ouvindo-o gemer de dor. Quando ela estava prestes a repreendê-lo por fazer algo como conversar com sua barriga em público, os dois foram interrompidos pelo surgimento de uma terceira pessoa ao lado dos dois.

━ Parker, é você?

Os dois se viraram para encontrar Eugene Thompson, o homem homenageado daquele dia, e Valerie uniu as sobrancelhas ao ver Peter abrir um sorriso e se abaixar para abraçar o loiro na cadeira de rodas.

━ Flash! Quanto tempo, cara!

━ É, uns quatro anos, eu acho ━ o loiro riu baixo, observando o amigo. ━ Você não mudou nada.

━ Ah, mudou, sim. Olha só, eu acho que ele tá com mais cabelo, você já ouviu falar de calvície ao contrário? ━ Valerie se intrometeu, recebendo um olhar confuso de Eugene, ou Flash, como Peter havia chamado. ━ Oi. Eu tava lá dentro com você agora, parabéns pela medalha.

━ Obrigado… ━ o homem iniciou, sem saber como completar o agradecimento por não saber o nome da mulher que o elogiava.

━ É Valerie Bradshaw ━ Peter a apresentou ao amigo, vendo a loira sorrir e acenar. ━ Quando ela entrou na Empire State, você já tinha se alistado. Acho que os dois não chegaram a se ver pelo campus.

━ É sua esposa? Noiva… namorada, amiga?

Colega de quarto ━ a loira respondeu.

Peter a olhou indignado. Ele não era apenas um colega de quarto; ele era, sim, seu amigo e namorado. Também era colega de trabalho e, mais importante, doador do espermatozóide que deu origem  à criança que ela gerava. E tentou ser noivo.

━ A gente namora há quatro anos! ━ ele resmungou, ofendido, e ela deu de ombros. Balançando a cabeça negativamente, Peter voltou a atenção a Flash. ━ Você tá de volta em Nova Iorque, então?

━ É. Agora é mais difícil eles me chamarem pra servir ━ disse Flash, sinalizando a cadeira de rodas, e Peter assentiu com a cabeça, sentindo-se um pouco sem graça por ser o responsável por trazer o assunto à tona. ━ Bom, foi bom rever você, cara.

Os homens apertaram as mãos de forma amigável, com sorrisos no rosto, e Valerie aguardou pacientemente enquanto os dois se despediam, sem desejar atrapalhar o momento do reencontro dos velhos amigos.

━ A gente devia sair pra jantar um dia desses ━ propôs Peter, e Valerie semicerrou os olhos, porque ele não costumava fazer muitos convites às pessoas, dada sua agenda um pouco cheia. ━ Colocar o papo em dia.

Flash assentiu, e olhou para Valerie pelo canto dos olhos.

━ É, eu tenho certeza que você tem muitas novidades pra contar.

Peter sorriu, passando um dos braços pelos ombros de Valerie num abraço lateral, e assentiu com um balançar da cabeça. Em seguida, os dois trocaram telefones e, por fim, foram separados quando o carro de Flash ou Eugene Thompson chegou para levá-lo para casa.

Os dois amigões da vizinhança optaram por pegar o metrô de volta para casa – era mais barato –, mas devido ao horário de pico em que estavam, os vagões estavam cheios demais para que pudessem encontrar um lugar para se sentar. Ser pobre não era mesmo fácil.

━ Você é gestante, você tem preferência! ━ sussurrou Peter, apontando discretamente para a placa que sinalizava aquele tipo de coisa. ━ Vamo lá, eu falo com aquele cara pra dar licença e…

━ Eu não preciso de preferência, Peter. Eu tô muito melhor em pé do que todas essas pessoas que tão sentadas.

━ Tá, mas o bebê pode ficar cansado!

━ O bebê deve ser do tamanho de uma moeda e nem nasceu! Para com isso, Peter, você tá me tratando como se eu tivesse doente!

Ele arregalou os olhos, falsamente indignado, e riu um pouco.

━ Olha como você fala do nosso filho, hein!

A verdade era que Peter se preocupava demais. Se preocupava com Valerie e com o que a gestação de seu filho poderia fazer com ela; ele não podia evitar pensar no que duas pessoas altamente expostas a diferentes tipos de radiações podiam criar juntos em forma humana. Poderia ser perigoso. Poderia ser um perigo para Valerie. Ele sabia que ela era resistente, muito mais do que a maioria das pessoas, mas ainda assim, ele se preocupava, porque não queria que nada de ruim acontecesse a ela.

━ O cara levantou. Pronto, vou sentar ━ ela disse, por fim, quando o homem que ocupava o assento preferencial se levantou, e caminhou até o banco para se sentar, sendo seguida por Peter. ━ Quer sentar nas minhas pernas? Aí eu fico mais digna desse lugar ainda! Grávida e com uma criança de colo.

━ Olha, Valerie, apesar da proposta ser muito tentadora, eu vou recusar ━ ele retrucou, rindo, e cruzou os braços. ━ Você já viu aquela conta no Instagram que posta foto de caras bonitos no metrô?

━ Já, por que?

━ Você acha que eu já apareci?

━ Sei lá, não sigo a conta ━ ela respondeu, cada vez mais confusa, e ele assentiu. ━ Você queria aparecer?

Ele deu de ombros.

━ Olha, ia ajudar muito na minha autoestima.

Valerie gargalhou, balançando a cabeça negativamente, e passou a brincar com a ponta da gravata de Peter. Ela sabia dos problemas de autoestima do namorado, é claro, e eles haviam ficado ainda mais em evidência durante a viagem para outro universo, e sabia também que se tratava de algo que ia além da aparência. Apesar de não se sentir tão bem sobre algumas coisas, Peter era confiante sobre ser um cara bonito. Valerie e tia May diziam aquilo o tempo todo.

A loira gostaria que seu bebê tivesse os olhos grandes, castanhos e gentis de Peter. Também queria que tivesse cabelos cheios e brilhantes como os do namorado. E, se fosse um menino, gostaria que tivesse a mesma bolinha na ponta do nariz que o pai; se fosse menina, Valerie gostaria que ela herdasse seu nariz. Queria que o bebê tivesse os cílios longos de Parker. E a facilidade para se bronzear, porque ela era branca demais e ficava vermelha no sol.

Ela amava tudo sobre Peter. Independentemente de como a criança nasceria – sua cor do cabelo, dos olhos, formato dos lábios e nariz –, ela sabia que seria um bebê perfeito. Valerie ficaria feliz ao ver qualquer detalhe seu na criança, e mais feliz ainda ao ver traços de Peter.

Já haviam cópias demais dela por Nova Iorque. Olhar para ela, Violet e Vidya era como ver a mesma pessoa em diferentes fases da vida.

━ A gente tem que contar pras pessoas, você não acha? ━ indagou o moreno. ━ Pra sua família, pra tia May e pro J.J., senão depois ele não acredita e não te dá licença maternidade.

━ Contar? Não, eu prefiro esperar o bebê nascer, manter ele em segredo e só deixar todo mundo descobrir quando eu mandar os convites pra festa de um ano do moleque.

━ Bom plano. Aí quando sua barriga aparecer a gente fala que você engoliu uma melancia inteira de uma vez ━ ele sugeriu, e ela sorriu, concordando. ━ Não, a gente vai falar pra eles na ceia de Natal, curto-circuito.

Ela deu de ombros.

━ Eu vou chamar o J.J. e a Mary Jane pra ceia, então. Eu não quero ter o trabalho de contar a história mais de uma vez!

Só de pensar no anúncio, Valerie já se sentia exausta e com dor de cabeça. Ela tinha certeza que seu bebê seria recebido com muito amor por todos, e por isso, eles não parariam de fazer perguntas e de se preocupar com ela a todo momento; Peter fazendo aquilo já era mais do que o suficiente! Ela não precisava de toda a família Bradshaw, a tia May e Mary Jane Watson a dando broncas o tempo todo.

━ Você vai chamar o J.J. pra passar o Natal com a gente?! Tá doida, Valerie? Ele deve ser pior que o Grinch, vai roubar o Natal!

━ É, a gente chama ele, vai que ele acha fofo, acha simpático, fica generoso pelo espírito natalino e me dá um aumento ou um berço, sei lá! ━ ela exclamou, defendendo sua ideia. ━ Tô te dizendo, ele tá simpatizando comigo. Hoje ele até tentou arranjar meu noivado com o filho dele.

Peter uniu as sobrancelhas, semicerrando os olhos, e encarou a namorada com uma careta.

━ Pleno século vinte e um e ele querendo arranjar casamento? ━ ele indagou, falsamente indignado. ━ Eu vou ser pelo menos convidado?

━ Não ━ a loira retrucou, em tom de obviedade, e Peter a olhou falsamente ofendido. ━ Você vai ser o noivo, gatinho.

Era Valerie quem estava grávida, mas os hormônios de Peter pareciam estar mais aflorados e de acordo com a situação do que os dela. Foi difícil para ele não lacrimejar de emoção ao ouvir aquilo, então ele apenas desviou o olhar para um dos lados, rindo sozinho e balançando a cabeça levemente desacreditado. Com uma das mãos envolvendo uma barra de apoio do metrô, ele se curvou em direção à namorada, beijando seus lábios rápida e carinhosamente.

━ Mas se eu vou ser o noivo, quem vai ser a noiva? ━ ele perguntou, e ela revirou os olhos, já sabendo o que viria a seguir. Peter riu baixo, antes de continuar: ━ Porque da última vez que eu te pedi em casamento, você não quis! Nossa, dói até lembrar…

━ Já disse, naquele dia eu não tava pronta.

Ele franziu o cenho.

━ Agora você tá?

━ Quando você pedir de novo, eu vou estar ━ ela disse, de forma quase desafiadora, com uma das sobrancelhas erguidas. ━ Mas é melhor a gente dar uma segurada, viver um dia de cada vez… Cuidar dessa gestação já vai ser difícil demais. Quando a Mendelévia nascer, aí a gente…

Peter quase se engasgou.

━ Mendelévia?

━ Não gostou? Eu pensei em Telúrio se for menino e Mendelévia se for menina! Pra honrar a nossa história! ━ ela defendeu, ainda brincando com a gravata de Peter. ━ Você é o elétron que completa a minha camada de valência, esqueceu?!

━ Mas se for menina, eu quero que ela tenha nome de poetisa igual você e as suas irmãs! Mendelévia não combina com nenhum nome ━ ele se queixou, pensativo, e ela enrugou o nariz. ━ Eu gosto da tradição, Valerie!

Ela o olhou desacreditada.

━ Você nunca nem leu um poema, Peter!

━ Isso não vem ao caso, tá bom? Mas depois a gente discute o nome, a gente tem que se preocupar com outras coisas antes ━ ele disse, e ela concordou, ainda sem saber do que ele estava falando; a cidade estava curiosamente tranquila nos últimos dias.

Por um lado, aquilo era bom. Mas Valerie e Peter sabiam que, quando Nova Iorque ficava calma demais, era porque algo muito ruim estava prestes a acontecer. Talvez o tal Thanos, que eles haviam ouvido falar sobre durante a viagem para o outro universo, estivesse prestes a surgir naquele também. Ou o urubu mecânico que Valerie acreditava ter ouvido Peter 1 mencionar.

O fato é que eles precisavam aproveitar os breves dias de calmaria; do jeito que as coisas ficavam cada vez mais surpreendentes em suas vidas, eles estavam seguros para afirmar que quando alguma bomba explodisse, não seria nada como o que já haviam enfrentado; seria muito maior e pior do que os vilões que conheciam.

Valerie teve medo de seu bebê nascer com poderes e se tornar um super vilão, mas balançou a cabeça para os lados para afastar aquelas ideias.

━ Com o que a gente tem que se preocupar?

Peter comprimiu os lábios, prendendo um sorriso animado, e Valerie uniu as sobrancelhas, confusa.

Eu marquei seu primeiro ultrassom.



oiii, quanto tempo!!! que saudade eu tava de atualizar essa fanfic e de vocês! queria dar algumas explicações sobre o sumiço pq essa fanfic eh uma filha pra mim e eu não queria ter abandonado desse jeito, mas tive uns problemas no planejamento dela, um bloqueio criativo péssimo, entre outras coisas.

nessa última semana eu replanejei o terceiro ato TODO, e agora vai fluir melhor pra mim! minha inspiração até voltou, então não pretendo demorar tanto pra atualizar. desculpa pela demora gente! mas agora tô de volta e os papais do ano também, e no próximo capítulo vamos ter mais ação!

beijooos, vejo vcs no próximo capítulo! não desistam de mim e dos spideyshock!

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