Meu Segundo Emprego

By DrunkAfton

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Arranjando um segundo emprego para sanar as contas e os boletos da universidade, uma jovem de classe média al... More

Capítulo 1: Dia 1
Capítulo 3: 3 - Ryan Wilson
Capítulo 4: 4 - Reflexões e Devaneios
Capítulo 5: 5 - All Eyes On Me
Capítulo 6 - Boate

Capítulo 2: 2 - Estacionamento.

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By DrunkAfton

Perfeitamente. Banheiros limpos, cozinha em ordem, corredores brilhantes e salas impecáveis. Este é o meio mais sincero para descrever a Pizzaria Freddy Fazbear no momento. Fiz meu trabalho conforme fui orientada, da melhor forma possível.

A pizzaria não estava tão suja quanto eu imaginava, estava apenas empoeirada. Até mesmo os banheiros estavam em situação razoável, em contraste com muitos dos estabelecimentos que existem nesta cidade. O que me surpreendeu positivamente.

Pegando todos os utensílios que me acompanharam pelas últimas horas, decido voltar à cozinha para que eu possa guardá-los onde pertenciam. Assim que o faço, volto para o salão principal, onde posso ver todos os clientes comerem suas pizzas e outros lanches, enquanto assistem aos animatrônicos no palco alegremente. Por um segundo, me perdi por ali, com um leve sorriso no rosto, enquanto observo todas aquelas crianças felizes.

—Vejo que está se familiarizando com o local, isso é ótimo para seu desempenho no trabalho!

A morena surge por trás de minhas costas, a alguns passos de distância. Me viro para ela com um leve sorriso.

—Bem, desculpe perder certo tempo aqui, srta. Wilson. Eu já estava indo até sua sala, eu terminei a limpeza.

—Eu percebi, estava acompanhando pelas câmeras e também vi o piso da cozinha brilhando. Devo dizer que está fazendo um ótimo trabalho.

A mulher mais alta sorri e para ao meu lado.

—É lindo, não é? -Seus olhos estavam brilhantes, enquanto estavam fixos nas centenas de crianças que brincavam pelo salão.

—Oh, me desculpe. Eu não entendi. - Se não fosse pela minha confusão, eu poderia jurar que minhas bochechas coraram com o tamanho da minha lerdeza.

—As crianças, o restaurante... Como esses velhos animatrônicos podem chamar tanto a atenção dessas crianças. Gosto de trabalhar aqui há alguns anos já.

Ela se encosta na parede, enquanto cruza os braços em frente ao peito.

—Entendo, é realmente belo.

—Venha, tenho mais algumas instruções pra você.

*

Quando cheguei em casa, já era noite. Após o meu turno, precisei comprar algumas coisas no mercado.

Como de costume, a enorme casa parecia vazia e silenciosa, talvez meu irmão tenha saído novamente. Nem para deixar um bilhete, aquele idiota. Mas enfim, não me interessa o que ele faz da vida, desde que não me incomode ou me atrapalhe.

Deixando minha bolsa em meu quarto, desço rapidamente para a cozinha. Precisava desesperadamente comer algo. Escuto meu estômago roncar alto quando abro a geladeira. Entretanto, aparentemente, meu estômago não é a única coisa fazendo barulhos altos por aqui.

Ao lado da cozinha, existe um corredor, curto, que permite acesso para um quarto suíte extra e um lavabo separado. Também dá acesso à lavanderia e ao porão. De início, até achei que alguém tivesse deixado a máquina ligada. Porém, que eu saiba, máquinas de lavar roupa não gemem. Gemem?

—Ethan, eu não acredito nessa putaria! Eu vou mandar mensagem para a mãe!

Exclamei quando passei de frente com a porta daquele quarto, o que eu vi, jamais esquecerei. Eu não tinha culpa se a porta estava escancarada. Eu simplesmente flagrei meu irmão transando com uma ruiva aleatória que eu nunca vi na vida. Este homem, ele não para com nenhuma mulher que namora. Cada mês é uma diferente, credo.

—Faça isso e se considere ferrada! -ele grita do quarto, enquanto pula da cama totalmente nu, sinto vontade de vomitar, enquanto volto para a cozinha correndo.

—Toma vergonha nessa cara, você não é mais um adolescente, caralho! -grito furiosamente, enquanto jogo uma água no rosto na pia da cozinha mesmo. Vejo a ruiva passar pela cozinha correndo, enquanto arruma seu vestido de alça vermelho brilhante.

Um vestido digno de balada, pra não dizer outra coisa e olha que nem são vinte horas. As boates locais costumam abrir às nove da noite.

—Cala a boca, guria! Você também não é mais criança e está agindo como se fosse. -Ele aparece na cozinha erguendo as calças. Eu reviro os olhos e cruzo os braços em frente ao meu peitoral.

—Infelizmente, eu ainda não tenho uma casa própria. Mas você tem. E mesmo assim, você decide trazer a mulher pra transar aqui?! Quem é o infantil agora?

—Você sabe como minha casa é pequena e bagunçada! Eu preciso passar uma boa aparência para as minhas mulheres. -Ele sorri maliciosamente, enquanto abre a geladeira. Ele pega a garrafa de leite e começa a beber diretamente sem nem se preocupar em encontrar um copo apropriado. Meu estômago revira com desgosto.

—Bagunçada porque você quer. Você nunca cuida das suas coisas.

—Eu não tenho paciência para faxina, okay? -ele joga a garrafa vazia na pia, fazendo espirrar água em mim. Sinto meu sangue ferver.

—Você tem dinheiro para contratar alguém para fazer isso por você!

—Quer fazer pra mim não? -ele me provoca, com um sorriso irritante nos lábios, enquanto arqueia a sobrancelha esquerda.

Sinceramente, Ethan? Vai tomar no seu cu!

E lançando lhe um dedo do meio, eu subo para meu quarto outra vez. Reviro minha mochila em busca de alguns trocados para jantar fora. Eu que não irei ficar com aquele asqueroso debaixo do mesmo teto que eu.

*

Estava em uma lanchonete local, era -bem- menor e menos famosa que a Pizzaria Freddy Fazbear, mas também servia pratos decentes e rápidos.

Me encontrava sentada em uma das mesas do salão, enquanto observava o cardápio fixamente. A garçonete já havia passado por mim umas três vezes no mínimo, enquanto atendia outras mesas animadamente. Toda vez que seus olhos me fitavam, eu tinha a impressão de que ela pararia a qualquer momento para me perguntar "Já escolheu, moça? Vamos fechar em vinte minutos."

Meu 'AppleWatch' marcava vinte e quarenta e cinco da noite, já se faziam quinze minutos que eu olhava aquele cardápio. Minha mente voava longe, enquanto eu tentava me concentrar no que pedir e no final, optei por um X-Tudo completo e caprichado. Bem gorduroso, eu precisava de calorias para não surtar de raiva.

Meu irmão é a definição perfeita de como ser "um bosta". Só faz escolhas idiotas, enquanto tenta ser o bonitão do bairro. Todos na cidade de Hurricane o conhece por sua fama de galinha, enquanto age como um completo cuzão com meus pais.



—Você precisa decidir o que fará da vida, meu filho. -Vi papai chegando na sala, enquanto eu jogava na TV da sala, meu irmão estava largado no outro sofá. Conversando com as vadias dele, como sempre.

Não enche, velho! -Ethan praticamente gritou, enquanto desviava o olhar da tela para olhá-lo.

Papai é o homem mais incrível que eu poderia conhecer em toda a minha vida. Sendo um ótimo pai, se preocupava completamente em fornecer a melhor educação para mim e para meu irmão. E como esposo, sempre se assegurava do bem-estar de minha mãe. Mimando-a com vouchers de spares pela cidade ou qualquer coisa que ela gostasse.

—Olha o jeito que você fala com o papai, seu merda!

Me enfezo, levantando-me do sofá que eu estava e rapidamente vou pra cima de meu irmão, disparando um soco certeiro em seu nariz. Que começa a sangrar no mesmo instante.

—Isso é pra você aprender a ter respeito com ele. -Volto a me sentar no sofá, enquanto meu pai arregala os olhos sem reação, fora tão rápido o meu ato.

—Vadia. -Ethan sussurra, mas eu consigo ouvir.

—Vadia é as putas nojentas que você pega todo dia. Nem sabe com quem elas ficam e já sai com elas como se fosse o rei do Egito. Tomara que uma delas te dê um choque de realidade, porque está precisando.

—Filha da puta.

—Não fale assim da minha mãe, seu merda!

E sem mais me conter, pulo em cima do meu irmão mais velho, que na época estava na casa dos dezessete anos. O sofá branco de minha mãe começa a se empoçar com manchas de sangue que escorria do nariz de Ethan, e socando ainda mais seu rosto, eu sabia no estrago que eu estava fazendo.

Ouvi meu pai gritar alguma coisa atrás de mim, enquanto Ethan disparava socos em minha direção errando na maior parte do tempo. Seu rosto estava ficando bizarro, enquanto minha raiva me ensurdecia. Eu não conseguia ouvir nada ou fazer algo diferente além de querer estraçalhar todo o rosto bonito de meu irmão, que mesmo apanhando, tinha um sorriso sarcástico e zombeteiro nos lábios.

Fui tirada de cima de Ethan por meu pai e mais um empregado da casa, foram necessárias duas pessoas para me separar dele. Papai me olhava assustado, enquanto dizia algo para mim, mas eu não conseguia prestar atenção. Eu apenas conseguia olhar seus lábios se movendo, mas nenhum som era captado por meus ouvidos. Meus olhos se voltam furiosamente para meu irmão, sentado no sofá, enquanto o empregado estava abaixado em sua frente estancando seu nariz de merda.

—Keva, pelo amor de Deus, controle-se. Estou levando seu irmão ao hospital.




—Senhora? ...

Vejo a palma de uma mão pálida passar diante de meu rosto, acordo de meus pensamentos com certo susto. Olho meu relógio outra vez e já eram quase nove da noite.

—Desculpe assustá-la, aqui está seu pedido. O lanche que pedira e a Fanta Uva. Precisa de algo mais?

—Doce. Quais doces vocês têm? -foi a primeira coisa que passou por minha mente, enquanto eu abocanhava o x-tudo como se minha vida dependesse daquilo.

—Temos chocolates, paçocas, biscoitos...

Não a deixo terminar.

—Chocolate, traga-me tudo que tiver de chocolate, por favor.

—A senhora está bem? -a garçonete de olhos verdes e cabelos dourados claros me fitou minuciosamente.

—Perfeitamente, apenas traga os doces por gentileza. Irei embora em breve.

—Claro, me perdoa.

E desculpando-se, a garçonete direcionou-se de volta para a cozinha e por lá levou um tempo. Enquanto eu aguardava, degustei do hambúrguer que há tempos estava me aguardando. Já se encontrava frio, mas não menos delicioso.

A cada mastigada que eu dava, minha mente viaja longe como sempre. Eu odiava sair para comer sozinha por conta desses pensamentos que me causavam ansiedade, as mais pequenas coisas eram o suficiente para me fazer divagar por horas.

Por um momento, senti como se olhos estivessem fixos em minhas costas. Discretamente, viro minha cabeça para o lado da janela e pela visão periférica, posso ver que um homem me observava vez ou outra. Ao seu lado, estava uma garotinha loira, seus olhos eram verdes e brilhantes, podiam ser observados de longe. Ela estava feliz, enquanto brincava com sua boneca Barbie de alguma edição cara, algumas vezes pegava batata frita de forma desleixada e enfiava na boca fazendo com que a gordura se espalhasse levemente pelas bochechas rechonchudas.

Cantarolando algumas musicas infantis que eu reconheci em poucos segundos, ela parecia querer chamar a atenção de seu pai puxando a manga do paletó dele ou colocando a esguia boneca diante dos olhos do mesmo. Ele suspirou alto, enquanto desviava sua atenção de sua bebida para sua, aparentemente, filha.

—O que você precisa, Elizabeth?

Sua voz parecia cansada, mas como eu estava a algumas mesas de distância, eu não sabia dizer se ele estava de fato cansado ou se o barulho ambiente de outras conversas causava essa impressão.

—Papai, você acha que eu deveria deixar preso ou solto o cabelo da minha Barbie?

—Solto, é mais bonita assim.

Pegando a boneca lentamente e com cuidado, o jovem pai ajeitou o vestido e o cabelo da amiguinha de sua filha. Ele era preciso no que fazia, prestava bastante atenção, porém, desviei o olhar da cena quando o vi fixar os olhos em mim outra vez. Limpei a garganta e me virei de volta para frente, focando agora no fim de meu lanche e nos doces que a garçonete trouxe depois de um tempo.

Quando terminei pelo menos uns vinte por cento de todas aquelas comidas e guloseimas, decidi que levaria para casa, pois era muita coisa para comer no momento depois de já estar cheia. Pedi para embalarem para viagem e logo recebi tudo de volta embalados em pequenas caixinhas de plástico envoltas por uma sacola com o logo da lanchonete.

Agradeci gentilmente, enquanto me direcionava para o caixa onde paguei por tudo. Assim que eu estava do lado de fora do estabelecimento, caminhei pela calçada interna do estacionamento, onde pude observar o mesmo homem me olhar algumas vezes pela janela distante enquanto brincava com sua filha pequena. Percebi que sua expressão estava mais suave e divertida.

Depois de mais alguns passos, consegui chegar ao meu Jeep Cherokee 2012 branco sem me desviar com mais distrações. Suspirei enquanto fechava meu casaco ao sentir que o frio da noite estava se intensificando e foi aí que percebi algo.

Tateei meus bolsos apressadamente e até mesmo as sacolas de comida procurando por algo, mas não estava ali. Voltei para dentro da lanchonete e verifiquei a mesma que sentei, como os talheres que usei ainda estava sobre a mesa do jeito que deixei, julguei que ninguém havia passado por ali me dando um certo alívio para procurar o que eu queria. Mas para minha infelicidade, também não estava ali dentro.

Tateei meus bolsos e roupas por mais algumas vezes, esperando que o objeto aparecesse ali como um passe de mágica, mas isso não aconteceu. Voltei para frente de meu Jeep e o encarando, eu rezei para que não tivesse acontecido o que eu temia.

E olhando pela janela fechada do lado do motorista e tentando abrir a porta, me dei conta da merda que havia feito.

—Caralho, que porra! Tá de brincadeira, né cacete?! -xinguei algumas vezes, enquanto tentava abrir a porta com a máxima força que eu tinha.

Minhas chaves estavam na ignição, trancadas dentro do meu próprio carro, enquanto eu estava do lado de fora com frio e extremamente brava.

Depois de alguns minutos chutando algumas pedras que escaparam dos canteirinhos de flores que decoravam o estacionamento, percebi uma movimentação e ouvi passos atrás de mim, seguidas de uma cantoria fofa e infantil.

Me virando para o novíssimo Audi A8 preto que estava estacionado ao lado de meu carro, percebi o homem abrindo a porta do carro para sua filha pequena que entrou apressadamente no banco de trás e se prendeu na cadeirinha de segurança veicular infantil. Assim que verificou se a garotinha estava sentada de forma correta, fechou a porta traseira e se virou para mim com um sorriso no rosto.

—Precisa de ajuda, moça?

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