Herdeiros das Trevas

By GabrieldeAbreu5

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Depois de vencer Cecily e descobrir que Sienna carrega o futuro das necromantes em seu ventre, todos ficam ai... More

1° Capítulo - Desaparecidos
2° Capítulo - Os Alquimistas
3° Capítulo - Laços
4° Capítulo - Um pouco de fé
5° Capítulo - Beije-me
6° Capítulo - Utopia
7° Capítulo - Vida Real
8° Capítulo - Fantasmas do Passado
9° Capítulo - A Verdade Machuca
10° Capítulo - Maldições
11° Capítulo - Empatia
12° Capítulo - Distantes
13° Capítulo - Widrych
14° Capítulo - Widrych (parte - 2)
15° Capítulo - Widrych (parte - 3)
16° Capítulo - Widrych (parte final)
17° Capítulo - Necromancia
18° Capítulo - Corda Bamba
19° Capítulo - Esperanças
20° Capítulo - Ainda existe Luz
22° Capítulo - Um Minuto de Paz
23° Capítulo - Perdendo o Controle
Penúltimo Capítulo - Saindo das Trevas
Último Capítulo - Filhos das Trevas
Agradecimentos

21° Capítulo - Se torturando

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By GabrieldeAbreu5

( † )

Estou a algumas horas no quarto dos bebes e quanto mais os observo mais apaixonada fico, o cheirinho deles, a fragilidade e a sensação que sinto em estar perto deles é única.

Não consigo descrever o misto de sentimentos bons que eles transmitem.

Para a minha sorte Calleb não se incomodou com a minha presença quando veio ficar com eles e eu não senti vontade alguma de me afastar e deixar ele sozinho, até porque ele ainda é recém-criado, mesmo que seja o pai.

Quando olho para esses dois anjinhos sinto vontade de proteger eles de tudo e todos, de colocar em uma bolha e não deixar nada ou ninguém feri-los.

Meu peito dói ao pensar que Sienna está perdendo esses momentos e uma angustia me deixa inquieta ao pensar em como será quando ela acordar sendo uma hibrida.

Torço para que ela não perca seu lado humano entre todo esse caos que certamente será dentro dela.

Acredito que Carl e Harriet trarão à tona o melhor dela. Como sei que fará com todos nós.

Calleb me desperta do meu devaneio entrando no quarto angustiado:

— Ava! A Sienna acordou!

Meu coração descompassa, saber que ela está viva e terá chance de ser a mãe que esses dois anjinhos precisam me deixa feliz, mas que eu fracassei com a promessa que fiz me deixa triste.

— Como ela está?

— Destruindo tudo e machucando todos.

Não era a resposta que eu esperava escutar.

Vejo-o pegar Carl enrolando-o em uma manta.

— O que está pensando em fazer? — Questiono nervosa.

— Quando ela ver os filhos dela, irá voltar a si.

O encaro engolindo em seco:

— Ela é uma recém-criada. Provavelmente está com uma sede insaciável por sangue e...

— Ela nunca machucaria eles.

— Calleb não funciona assim, quando nos tornamos vampiros esse instinto, essa sede é irracional. Já matei tantas pessoas que eu não queria matar...

— É diferente, confia em mim.

— Eu não quero colocar eles em risco.

— Eu sou o pai. Acha que eu os colocaria em risco?

O encaro por alguns segundos e concordo.

Pego Harriet enrolando ela naquela manta lilás e a observo ainda me sentindo insegura com aquilo.

Calleb foi em frente, sigo logo atrás dele e caminhamos rápido para aquela UTI, ou o que sobrou dela.

Ao entrar fico atônita vendo praticamente tudo quebrado, todos estão feridos e Sienna e Emily estão dentro de um campo de força energizado que parece estar contendo os ataques de Sienna que mesmo dentro daquele campo de força, tudo perto dele está levitando em volta como se estivessem magnetizados.

— Sienna! — Calleb grita por ela enquanto passa por aquela porta de entrada.

Ela volta os olhos nele e em Carl e naquele momento posso ver seus olhos vermelhos sangue e com a pupila prateada reluzente.

Sua expressão de raiva foi desaparecendo e seus olhos voltando ao tom azul normal ao fitar seus filhos.

Aquela aura reluzente e prateada que fluía dela foi absorvida para dentro dela novamente e todos aqueles objetos que voavam a sua volta caíram no chão.

Posso ver Emily desfazer aquela barreira e seus olhos que estavam completamente vermelhos com a pupila azul reluzente voltaram ao normal.

Caminhamos direção a Sienna e quando chegamos perto ela estende a mão como se pedisse para nos afastarmos.

Olho para Calleb incerta, ele continua em frente:

— Está tudo bem. Você não vai machucá-los. Vai ficar tudo bem. — Ele se aproxima ainda mais dela.

Observo em alerta.

Mas quanto mais próximo de Carl ela fica, mais posso ver seu rosto se iluminar. É quase como se algo mágico estivesse acontecendo, talvez seja, quem sabe a maternidade tenha esse poder de domar qualquer instinto, até mesmo a sede insaciável que a transformação nos causa.

Calleb aproxima Carl de Sienna dizendo:

— Diz "oi" para a mamãe, Carl.

Calleb o coloca nos braços dela.

Meus instintos gritam em alerta.

Meio sem jeito ela o pega observando-o como se pegasse a sua vida nas mãos dela, aproximou ele de seu nariz, meu coração descompassa e fico aliviada ao ver lágrimas rolarem em seu rosto.

Sorriu emocionada:

— Oi, filho... Oi Carl... — Balbucia.

O observa deitando-o em seu colo e o afagando de uma forma tênue e emocionante.

Fito Stacy vendo-a limpar os olhos engolindo em seco e ao notar que percebi erguer a cabeça se fazendo de durona.

Aiden me indica para aproximar mais de Sienna com o olhar.

Me aproximo com passos cautelosos e ela sorrir não conseguindo conter ás lágrimas ao olhar para Harriet:

— Você é tão linda... Tão linda, meu amor...

Ela observa cada detalhe de seus bebes como se quisesse memorizar aqueles segundos para sempre.

Sua expressão muda para preocupação:

— Eles estão bem? Nasceram saudáveis?

— Estão mais do que bem, quase não parecem ser prematuros. — Calleb a tranquiliza.

Me aproximo um pouco mais e aviso:

— Você conseguiu. Conseguiu, Sienna.

Fitou Harriet e aproximou a mão do rostinho dela que pegou seu dedo com a mãozinha e a olhou sorrindo.

Contenho ás lágrimas sorrindo ao presenciar esse momento.

— Eu não... Não posso... — Sua expressão fecha ao sentir algo que parecia a incomodar, afastou a mão que afagava o rosto de Harriet levando-a até sua garganta. — Tem que mantê-los longe de mim.

Afasto Harriet sabendo que ela estava sentindo aquele sede.

— Ei, está tudo bem... Fique calma. — Calleb insiste.

— Não! — Se descontrola entregando Carl para Calleb. — Sou um perigo para eles. Sou um perigo para todos!

Aviso puxando Calleb para trás de mim:

— Vai ficar tudo bem. Está confusa agora, acabou de acordar, ajudaremos você a aprender a lidar com isso. Prometo que te ajudarei a melhorar.

— Não pode prometer isso!

Ela se afasta com os olhos voltando a ficarem vermelhos e caninos afiados. Grita tampando os ouvidos:

— Saiam daqui! Saiam todos daqui!

Calleb tenta se aproximar, Aiden o contém:

— Calleb não! Tira o Carl daqui.

— Ela estava melhor com eles e...

— Eu sei. Eu entendo. Mas é o que a Sienna precisa agora, não vê?

Calleb observa um pouco relutante, puxo ele para fora dali seguindo direção a casa:

— Ela está com sede, acabou de acordar, precisa de um tempo.

— Eles estavam fazendo bem a ela.

— Eles farão bem a ela, só que agora não é o melhor momento. Ela já os viu, tem um motivo para querer estar bem e sobreviver a essa transformação, você sabe o quão difícil é. Para ela será ainda mais complicado, ela não escolheu isso e é uma hibrida. As coisas com certeza são bem mais complexas.

Ele concorda e voltamos para casa levando os bebes para o quartinho que deles...

Descemos a escada.

Emily estava conversando sobre o estado de Sienna:

— ...precisarão dar a ela o tempo que for necessário para se adaptar. Não tentem forçar nada, nem relacionamentos ou aproximação porque isso pode interferir muito na relação dela com todos vocês quando estiver bem.

Isaac questiona angustiado:

— Ela levará muito tempo para ficar bem?

— Não dá para mensurar um tempo, pode levar dias ou semanas. Eu mesma levei meses para conseguir fundir os dois lados porque entravam em conflito, mas não acho que ela terá esse problema, para a sorte de vocês.

— Ela pode se alimentar de outras coisas além de sangue? — Questiono fazendo-a voltar a atenção em mim.

— Pode, mas não sei se vai querer manter hábitos humanos. Isso exige que nos alimentamos de mais sangue humano para o organismo funcionar normalmente.

— Ela poderá sair ao sol? — Stacy questiona.

— Sim. Terá uma vida quase normal quando se adaptar a essa nova condição, eu deixei meu contato e quando ela estiver aberta a receber ajuda eu e os membros do Conselho a ajudaremos, agora o melhor que podem fazer é dar o tempo que ela precisa para colocar em ordem todos os sentimentos. Preciso ir.

Aiden a conduziu até a porta.

Questiono:

— Sienna se alimentou?

— Negou matar alguém. — Stacy responde.

— Dão uma bolsa de sangue a ela.

— Ela não quer. Colocou uma barreira que nos impede de entrar lá, Emily falou que devemos deixa-la. Acho melhor esperarmos o tempo dela. Sabíamos que seria difícil essa parte. — Merrick diz.

Fulmino ele por alguns segundos que me lança uma piscadela com aquele sorriso cafajeste que me dá nos nervos...

( † )

Carl e Harriet estão crescendo de uma forma tão rápida que a cada dia é possível ver algo novo, seja uma mania, uma expressão ou até mesmo a forma de chorar e sorrir.

Estou tão envolvida com eles que mal me dou conta que o tempo está passando e Sienna ainda está ali, preza dentro de um campo de força que fez a sua volta para que não pudéssemos tira-la de lá.

Todos os dias levo uma bandeja com frutas, alimentos humanos e bolsas de sangue. Mas no outro dia recolho a do dia anterior substituindo por uma nova já que ela nunca os toca.

Já tentei falar com ela, mas acredito que essa barreira a impeça de nos escutar, ou talvez ela só se faz de surda e muda muito bem.

Entendo sua raiva e revolta em ser o que se tornou, mas diferente da gente, ela tem muitas possibilidades e não consegue ver isso. Tem tanto para querer estar viva, mas parece cega, certamente a transformação a afetou mais do que podíamos imaginar.

Só queria que ela tentasse, se não por ela, por Harriet e Carl que merecem receber o amor e cuidado dela, sei o que é crescer sem os pais e embora recebemos esse amor de outras pessoas não é a mesma coisa. Não quero isso para eles. Não quero que vivam com essa falta de afeto e a sensação de nunca saberem o que é ser amada por uma mãe de sangue.

Calleb entrou no quarto e sorriu observando Carl:

— Esse rapaz está tão grande.

— Ele estava chupando o dedo acredita? Eu tentei substituir pelo bico, mas ele não quis. Cuspiu o bico e enfiou o dedo na boca de novo.

— Meu filho já tem personalidade.

— E forte! Quando tirei o dedinho dele da boca ele reclamou, não entendo a língua dele, mas os argumentos foram bons, me rendi e não tentei mais discutir, Carl será um grande advogado.

Sorrimos juntos.

Vejo-o olhar para Harriet que dorme profundamente e afagar seu rostinho, esse momento é tão lindo, fico muito emotiva, principalmente por saber que essa será a única experiência assim que provavelmente vou ter.

Engulo o choro e me afasto deixando Calleb com seus filhos.

Escuto um movimento no quarto onde Merrick está e entro sem bater na porta vendo-o fazer uma mala.

Cruzo os braços arqueando as sobrancelhas:

— O que você acha que está fazendo?

Fitou os olhos castanhos em mim:

— Entra sem bater na porta?

— Que malas são essas?

— Eu podia estar nu, pior eu podia estar me mas...

— Me poupa disso! O que você pensa que está fazendo?

— Eu preciso dar satisfação das coisas que faço para alguém?

— Estamos todos juntos e se alguém decide que vai viajar ou ir embora tem que informar.

— Eu não sou esse tipo. Faço primeiro e explico depois.

— Isso explica as merdas que já fez.

— Sou tão bom quanto você nisso.

— Ah meu querido, você me supera, pode ter certeza disso!

— Acho que o páreo é forte.

— Só não vou enfiar a mão na sua cara porque não quero me sujar com merda.

— Que infantil.

— É a convivência.

— Por que você quer saber? Desde que eu decidi que a Sienna virar vampira era a melhor opção você tem me fulminado todas as vezes que me olha.

— Você quebrou uma promessa que fez.

— Eu sempre quebro promessas, já deviam ter se acostumado com isso. É quase que um charme meu.

Reviro os olhos e tomo a frente apelando para a empatia:

— É a minha maldição. Não pode ficar longe de mim.

Me olha por alguns segundos e concorda:

— Eu sei, Sienna é a minha maldição eu não poderei ficar muito tempo longe dela também. Aparecerei de tempo em tempo.

— Para onde pretende ir?

Me olha por alguns segundos e solta uma respiração longa para me mostrar que é difícil o que vai falar:

— Essa família aqui não é a minha. Minha família está... morta. — Ele tentou falar aquilo sem ficar mal, só que essa maldição me faz sentir quando ele não está bem.

— Jay ainda está vivo.

Sorriu erguendo as sobrancelhas:

— Vou parecer um monstro pelo que vou falar, mas desde que Jay veio para cá ele mudou muito. É como se eu tivesse perdido ele muito antes de perder a Mallory. Essa família, esse lugar se tornou parte dele. Ele cabe aqui, parece que sempre fez parte desse clã, eu sou a única peça que está fora de lugar.

— Você pode se adaptar da mesma forma que o Jay, o problema é que você só vê o copo meio vazio e....

— Sabemos que não existe lugar aqui para mim. Ao menos não como morador vitalício e membro dessa família disfuncional e maluca que vocês tanto amam.

— É por causa da Sienna e do Isaac?

— Por que seria isso?

— Porque sabe que eles se amam e quando ela ficar bem com certeza ficará com ele porque não existirá motivo algum para os dois não ficarem juntos.

— Ela pode não querer ficar com ele.

— O que a impede disso? Calleb está com o Jay. Acha que ela deixará o Isaac para ficar com você?

— Nossa! Você é fã ou hater? Está tentando me ajudar?

— Com certeza hater, sou do time Siaasic ou seria Isenna? Sei lá que merda dá par fazer juntando os dois nomes. Além do mais, quero você só pra mim. — Brinco tentando descontrair.

Ele sorrir se aproximando e me dando uma encouchada:

— Fala isso não porque eu estou a um bom tempo sem dar uma fodida gostosa moranguinho.

Empurro ele com os olhos arregalados e fechando a porta:

— Se o Aiden escuta isso... — Começo a rir de imaginar.

Merrick sorrir balançando a cabeça:

— Eu estou rindo da minha vida sexual que está morta, você veio tentar me ajudar e me fez sentir bem pior do que eu estava antes e ainda fala na minha cara que torce para a mulher que sou amaldiçoado a amar fique com outro.

— Ao menos eu sou sincera com você. E te fiz sorrir.

— Estou aqui tentando decidir se eu te mato antes ou depois de te pegar de jeito.

— Necrofilia?! A que ponto você chegou Merrick?

— Pois é, estou matando cachorro a grito e você ainda me pergunta o motivo de eu querer ir embora. E fica me provocando.

— Controla esse seu membro aí embaixo e vamos voltar a conversar só com a sua cabeça de cima, por favor.

— A de baixo está louca para conversar com você. Ela está carente, precisando de um carinho, um lugar quentinho e molhadinho para poder ficar dentro.

— Uma dica, não vai conseguir nada com mulher nenhuma se for um escroto.

— Diga isso por você, já comi muitas falando menos que isso.

— Eu não estou aqui para falar da sua vida sexual. Só quero que você fique, ao menos até a Sienna melhorar.

— Por que eu faria isso?

— Por que essa pressa para ir embora? Pode ir em uma boate, eu até te levo em uma boate que tem várias garotas que com certeza vão satisfazer suas necessidades fisiológicas.

— É sério? Necessidades fisiológicas?

— Vai trepar gostoso com você! É isso que quer escutar?

— Caramba! Fala de novo, só que mais devagar, estou ficando duro de novo. Na verdade mais duro porque nem cheguei a ficar...

— Merrick! Eu estou tentando, de verdade.

— Não vai me convencer a ficar.

— Quando a Sienna estiver bem, você conseguirá ir para onde quiser sem a preocupação de saber se ela está bem ou não.

— Ela ficará bem, vocês não deixarão nada de ruim a acontecer. Eu confio em vocês essa missão.

— Você não quer ir embora, você está com medo de ver ela amando outra pessoa porque a ama e não sabe lidar com isso.

Sorriu tentando disfarçar, mas sei que esse é o ponto. A parte boa de amar alguém por essa maldição é que fica mais fácil ler essa pessoa.

— Seus argumentos acabaram?

— Eu sou amaldiçoada a te amar, infelizmente. E eu nunca vou te deixar ir embora ou ficar sozinho, mesmo as vezes querendo que você se ferre por ser um egocêntrico, idiota e egoísta.

— Quanto amor, estou comovido.

Me aproximo dele e seguro suas mãos fazendo-o olhar nos meus olhos:

— Deve ser difícil ver quem amamos amar outra pessoa, não ter esse amor retribuído de volta. Mas quando ver isso, acredite em mim, nada mais te machucará. Será muito mais fácil partir se for essa a sua vontade.

Ele molha os lábios insatisfeito ao escutar aquilo, segura minha mão como se não quisesse soltar e balança a cabeça:

— Confesso que eu... estou com medo de ficar sozinho, mas é muito difícil para mim ficar. Me sinto uma peça fora de lugar aqui. E a pior parte é que vocês são as únicas pessoas que me restaram. E eu... já perdi tanto, é como se não restasse mais nada para mim em lugar algum. Eu preciso sair por aí e ver que existe algo mais. Eu quero viver e não sobreviver.

— Merrick... a maldição que vivemos não acabou e pelo que descobrimos nunca será quebrada porque ela nos mantem vivos, enquanto eu viver a minha vida será você. Não estará sozinho nunca.

Me olha engolindo em seco:

— Eu não acredito que você me ama. Sei que a maldição existe, ela é real, vivemos ela, mas você... Eu não vejo você da forma que vejo todas as outras pessoas em relação a essa maldição. E pelo meu azar, você é quem é amaldiçoada a me amar. Eu queria alguém por mim, mas sou eu pelos outros.

— É diferente a forma que sinto, talvez estarmos com a Sienna aqui interfira nisso, mas eu te amo e até quando estou com raiva de você torço para que você fique bem. Posso odiar as escolhas que você faz, mas isso não muda o fato de que amo você.

Ele segura minhas mãos firme:

— Se isso que está falando é verdade, me deixa ir.

— Longe daqui ainda assim se sentirá sozinho.

Me olha por alguns segundos e questiona:

— Desde que se tornou vampira o que tem feito?

— Estou aprendendo a me adaptar a essa nova vida.

— Está sobrevivendo como eu. Quer isso pelo tempo que viver?

— Não. Sei que é complicado, tem momentos ruis mais também tem momentos bons.

— Eu quero conhecer lugares, pessoas, culturas e fazer tudo que eu nem sei porque não fiz até hoje.

— Acha que será feliz fazendo isso sozinho?

— Vem comigo então.

— O que? — Sorrio cética, fico séria ao notar que ele está falando sério — Está falando sério?!

— Estou. Você é literalmente a única pessoa que me ama, contra a vontade, sim, mas me ama.

— Isso não é verdade o Jay deve te amar, a Sienna te ama.

— Ava... Você disse que nunca me deixaria, eu não esqueci disso.

O observo por alguns segundos:

— Eu meio que já falei com o Gabe que iria com ele conhecer a américa do sul.

— Não podemos sair ao sol e você quer conhecer a américa do sul? Mas dane-se! Já temos nosso primeiro destino.

— Está falando sério?

— Eu quero conhecer o mundo e de preferência com alguém que eu amo comigo.

— Mas Merrick eu... Espera aí! Você me ama?

Ele solta minha mão e se afasta:

— Alguém que eu gosto, tolero, suporto. Me expressei mal.

— É a primeira palavra que vale. — Sorrio atônita — Caramba! Você me ama! Isso é bizarro, mas... ai que fofo.

— Nossa eu vou me arrepender disso pelo resto da minha vida.

— Eu também te amo seu turrão nojento!

— Não faz essa vozinha horrível, eu não quero mais você viajando comigo, antes só do que mal acompanhado.

— Não querido, esse ditado é antes mal acompanhado do que só.

— Não. Esse ditado não é assim mesmo.

— É claro que é meu amorzinho.

— Para de fazer essa voz irritante!

— Por que amorzinho da minha vidinha?

— Fala ao menos no aumentativo que eu vou me sentir menos pior.

— Meu bebezão.

— Desisto!

Sorrio e aperto o queixo dele fitando seus olhos:

— Assim que a Sienna ficar bem, vamos viajar, faremos um mochilão! Desbravaremos todo o mundo juntos. Gabe, você e eu, o trio do poder!

— Ava...

— É a minha condição.

— Eu quero te matar agora.

— E eu quero te encher de abraços porque você me ama.

— Vou te mostrar todo meu amor na cama! É bom que você vai ver o tamanho de algumas coisas e usará alguns adjetivos corretos comigo.

— Escroto! Acabou com o momento fofo.

— Você gosta, para de fingir que não.

— Temos um acordo então?

Ergo a mão.

Ele a observa por alguns segundos e solta uma respiração pesada para demonstrar insatisfação:

— Se você não for...

— Diferente de você eu tenho palavra.

— Eu te odeio!

— Eu também te amo bebezão!

— Te odeio muito! Muito mesmo. Chega a ser irracional o ódio que estou sentindo por você nesse momento.

— Eu vou fingir que acredito.

— Não vou segurar vela para você e o Gabe, se você tiver que ficar com alguém será comigo!

— Querido, nem nos seus melhores sonhos.

— Você vai pagar língua.

Saio do quarto dele sorrindo:

— Nem que você fosse o último homem na terra.

— Vou fingir que acredito!

Saio do quarto dele sorrindo e olho para os lados balançando a cabeça não acreditando em o que acabou de acontecer.

Nunca imaginei nós dois brincando e sendo amigos e isso está acontecendo e é estranhamente bom...

( † )

Os dias estão passando rápido e se transformando em semanas, Carl e Harriet estão cada vez mais lindos e espertos. Tenho tentado deixar eles mais com o pai, mas adoro quando Jay e Calleb vão ter seus momentos juntos porque posso ter eles só para mim e me sinto tão viva quando estou com eles.

Stacy, Aiden e eu nunca estivemos tão bem. A algum tempo atrás me imaginar em um relacionamento com duas pessoas seria bizarro, mas com eles é tão bom e natural.

Não me sinto uma intrusa ou como se estivesse atrapalhando os dois, me sinto parte deles, sou amada pelos dois e amo os dois.

Nunca levei o poliamor a sério, mas agora, eu sou adepta. Até porque essa maldição meio que nos obriga a isso.

Só que não consigo ficar completamente bem sabendo que Sienna está ali, presa em um campo de força que ela mesma criou se torturando por algo do qual não tem culpa.

Aiden está afagando meu cabelo e o de Stacy, estamos deitadas no peitoral dele.

Stacy afaga meu queixo me olhando:

— Pensando nos monstrinhos?

— Na verdade, na Sienna.

Aiden avisa:

— Ela é muito ferrenha. Mas uma hora terá que ceder.

— E se ela... morrer?

Stacy coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha:

— Ela não vai morrer, fica tranquila. Pode definhar por muito tempo, mas morrer não.

— Acho muito estranho ela se torturar dessa forma, ela tem o Carl e a Harriet.

— Ela certamente não acredita que pode ser a mãe que eles merecem. Paternidade e maternidade é difícil. Ainda mais nesse mundo sombrio do qual vivemos. — Aiden indaga.

— Ela não tem que ser a mãe que eles merecem, mas a mãe que eles precisam. E eu estou cansada de lavar roupas sujas daqueles monstrinhos. — Stacy diz.

Me sento observando os dois:

— Alguns dias atrás eu vi o Merrick fazendo malas para ir embora. O convenci de ficar até a Sienna ficar bem.

— Ele fica bem deslocado aqui. — Stacy pontua.

— Ele não quer tentar se adaptar. Mas não julgo, ele perdeu todos que eram importante para ele. — Aiden conclui.

— Eu disse que vou ir com ele conhecer o mundo.

Stacy me olha com os olhos castanhos arregalados:

— Por que disse isso?

— Porque eu quero ir.

Os dois se entreolham por alguns segundos.

Stacy pisca algumas vezes:

— Por quanto tempo pretendem ficar fora? Tem a maldição, Aiden não ficará bem muito tempo longe de você.

— Existem muitos meios de nos comunicarmos, sempre que possível estarei aqui com vocês.

Stacy força um sorriso:

— Ava... acha isso uma boa ideia?

— Eu quero viver. Passei a maior parte da minha vida adulta trabalhando feito louca para pagar o estudos e estudando feito louca para ter uma profissão e eu morri sem conseguir isso. Desde que me tornei vampira eu tenho tentado me adaptar a essa nova condição e vencer lutas que sempre estamos envolvidos, acho que precisamos viver mais e sobreviver menos.

Aiden sorrir afagando meu rosto e me dando um beijo:

— Quero que você viva.

Sorrio afagando a barba dele:

— Eu te amo muito.

Olhamos para Stacy que solta uma respiração para mostrar descontentamento:

— Não quero ficar longe de você.

— Você não vai ficar.

— Eu te amo sua vaca!

— Eu amo vocês! — Beijo os dois no mesmo tempo.

Sorrio ao sentir Aiden ficar animado novamente e levanto:

— Eu preciso ver como a Sienna está, Stacy dá uma canseira nesse homem porque ele não cansa nunca!

Ela sorrir sentando sobre ele e beijando-o.

Sigo para o banheiro e tomo um banho, me visto e preparo aquela bandeja com alimentos e bolsas de sangue e sigo para a estufa que se tornou a prisão de Sienna.

No caminho vejo Isaac voltando de lá.

— Ela está do mesmo jeito?

— O que você acha?

— Se eu pudesse entrar naquela barreira eu socava ela até ela perceber o que está perdendo.

— Eu também acho que não devemos ser mais tão complacentes, ela precisa de um choque de realidade e parar de sentir pena de si mesma.

— Eu vou tentar uma abordagem diferente.

— Boa sorte.

Sigo para a estufa e antes mesmo que pudesse colocar aquela bandeja no chão vejo-a caída, suja e em um estado de dar pena.

Pisco algumas vezes e questiono nervosa com aquilo:

— Por que está fazendo isso com você mesma?

Ela grunhe ao se levantar, está esquelética, sua pele está pálida e seca como de um zumbi daquela série que Lance gostava de assistir. Nunca vi alguém com uma aparência tão assustadora assim antes.

Quando finalmente consegue ficar de pé, seus ossos estalam tentando sustentar o peso e falham.

Vejo-a ir de encontro ao chão e bater a cabeça forte ficando estática. Seu coração não está batendo.

A bandeja cai da minha mão.

Vejo aquela barreira se desfazer e corro até Sienna que está morta caída no chão...

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