Inefável

By malulysyk

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Blair Finnegan, caloura em Yale. Ela foi criada para continuar com o legado da família, com seu destino traça... More

Avisos
Dedicatória
Capítulo um - Um desconhecido
Capítulo dois - Fora da temporada
Capítulo três - Situação embaraçosa
Capítulo quatro - uma decisão
Capítulo cinco - Amigos?
Capítulo seis - Flertes sem segundas intenções
Capítulo oito - Noite de karaokê
Capítulo nove - Primeiro abraço
Capítulo dez - Confusão de sentimentos
Capítulo onze - Estarei com você
Capítulo doze - Sei o que é amor
Capítulo treze - Todos temos cicatrizes
Capítulo quatorze - De qualquer jeito havia vencido
Capítulo quinze - Decepção
Capítulo dezesseis - Uma distração
Capítulo dezessete - seus sentimentos importam
Capítulo dezoito - uma mentira?
Capítulo dezenove - Uma surpresa
Capítulo vinte - nosso aniversário
Capítulo vinte e um - primeiro encontro
Capítulo vinte e dois - fim de um laço
Capítulo vinte e três - você é forte
Capítulo vinte e quatro - a verdade
Capítulo vinte e cinco - desencontros
Capítulo vinte e seis - alguns amores não foram feitos para terem final feliz
Capítulo vinte e sete - adeus?
Capítulo vinte e oito - inefável
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo sete - Sorria mais

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By malulysyk


Blair Finnegan

A influência era toda dele, de algum jeito Hunter despertava meu espírito dominador, ele me concedia espaço para eu ser quem realmente queria ser.

Não perguntei sua opinião sobre levá-lo ao trabalho, tinha certeza que ele recusaria minha ajuda.

Ele encarava as gotas de chuva que escorriam pela janela do carona, usava um boné azul com a aba virada para trás, vestindo a mesma jaqueta do dia que nos conhecemos. Hunter era aterrorizantemente lindo, chegava ser assustador o quanto ele ficava impecável de qualquer jeito. Talvez se ele usasse uma camisa laranja, quase ninguém ficava bem de laranja, não sou contra essa cor, só estava tentando imaginá-lo não sendo tão atraente aos olhos.

Escutei muitos burburinhos sobre ele nos corredores do campus, sem querer acabei ouvindo algumas conversas enquanto esperava a aula começar. A maioria das garotas comentavam sobre os acontecimentos da última festa e da briga entre Erza e Hunter, mas logo depois a conversa tomou outro rumo, fiquei estática quando uma delas comentou curiosa sobre quem era a garota que dividia o apartamento com Matt e Hunter, não fazia ideia de como todo mundo já sabia desse fato. Os populares, Hunter foi mencionado mais de uma vez como o Rei do beisebol universitário, obviamente a vida dele era observada diariamente.

— Você é bem popular — comentei virando o volante para direita para dobrar a esquina, faltavam uns quatro quarteirões até o bar onde ele supostamente trabalhava.

— Por que diz isso? — tirou os olhos da janela para encarar os meus de relance.

Ajeitei minha postura, colocando as duas mãos no volante quando paramos em um sinal vermelho.

— Seu apelido é Rei do beisebol universitário, sabia disso? — ele deu uma gargalhada, a risada dele me fazia rir, então não segurei meu sorriso dessa vez.

— É porque sou o melhor no que faço — respondeu sem nenhum pingo de modéstia e de jeito divertido, senti uma pontada em meu peito, a confusão que provoquei em sua vida quando causei a sua contusão poderia ter destruído tudo para ele. Meu sorriso desapareceu tão rápido quanto surgiu.

— O que foi? — ele deveria ter notado minha mudança drástica de expressão. O sinal abriu bem na hora, e dei a partida voltando a andar com a camionete.

— Se fosse ao contrário eu teria odiado você por tudo que aconteceu, mas você fica distribuindo sorrisos para mim.

Ele sorriu de novo. Pare de fazer isso, Hunter, pare de ser tão incrível e maravilhoso, sorrindo como se presenciasse uma chuva de estrelas. Isso era irritante, porque definitivamente acabaria desenvolvendo uma queda por ele, e não estava nenhum pouco interessada que isso acontecesse.

Nunca, jamais, namorar outro atleta. Ou pior, se apaixonar por algum deles. Não tinha pretensão de generalizá-los, colocá-los na mesma conta, talvez alguns deles ainda tivessem caráter e bom senso, mas não seria eu a testá-los.

Um coração partido já era de bom tamanho.

— Tem coisas mais importantes na vida do que guardar rancor. Não culpo você pelo que aconteceu, porque não foi culpa sua.

Ele ainda estava olhando para mim quando estacionei rente ao meio-fio da calçada em frente ao endereço que ele indicou.

Talvez a culpa não fosse minha, de qualquer forma fui um efeito colateral, se ele perdesse a oportunidade de jogar em um time profissional, ou a contusão deixasse algum dano permanente, eu jamais conseguiria me perdoar por ter arrancado os sonhos de outra pessoa. Não queria ser um dano em sua vida, em hipótese alguma desejava destruir sua carreira, que pelo que sabia tinha muito potencial.

— Só vou sossegar quando você estiver jogando de novo no time, até lá vou levar a culpa pelo o que acontecer com você a partir de agora.

Hunter abriu a boca para dizer, ou entrar em alguma discussão sobre não ser minha culpa, mas escancarei a porta da camionete saindo, antes de poder escutá-lo, a chuva tinha parado no meio tempo até chegarmos.

Hunter seria minha responsabilidade pelo menos até se recuperar, meus avós apesar de ausentes e distantes, sempre fizeram eu arcar com as consequências dos meus atos.

"Se você for mal em alguma coisa a culpa é sua, e não de outra pessoa, a culpa é sua por não ser boa o suficiente."

A voz de minha avó ressoava em minha cabeça, críticas e mais críticas, não haviam palavras de consolo ou acolhedoras, as consequências dos meus atos respingavam apenas em mim.

Minha missão era manter Hunter saudável e ajudá-lo a se recuperar da minha última escolha ruim, eu bati nele, eu causei a fratura em seu ombro, então as consequências também respingam em mim.

A camionete deu um estalo quando Hunter bateu a porta descendo na calçada, eu ainda estava de pé no lado oposto, mas fiz meus pés andarem até ele.

A fachada do bar era feita de tijolos a vista, perfeitamente dispostos na parede, uma grande placa ficava suspensa acima de nossas cabeças com letras em luzes neons formando Becca bar 's.

— Becca? — perguntei para Hunter curiosa sobre o nome do bar, pensei que seria algo mais genérico, geralmente os bares têm os nomes dos donos, e Hunter tinha mencionado por cima que seu chefe se chamava Jake.

— Era a esposa do Jake, ela se chamava Rebecca, mas todo mundo reduzia seu nome a Becca. — ele fez uma pausa, como se procurasse as palavras certas. — Ela morreu há um ano e meio, — Hunter deu um meio sorriso quase de partir o coração, o sorriso era tão triste.

— Geralmente os maridos querem homenagear as esposas depois que algo ruim acontece com elas, mas não Jake, desde que ele comprou o bar o nome dela sempre esteve escancarado na entrada. A perda dela foi um grande baque para ele, acho que ele apenas seguiu em frente por causa da filhinha deles.

Meus olhos encheram de lágrimas, um nó se formou em minha garganta. Perder o grande amor da sua vida e conseguir seguir em frente requer muita força, uma força quase sobrenatural.

Pensei em meu pai, ele nunca mais se relacionou com outra pessoa desde a minha mãe, ele sempre dizia que o amor da sua vida foi ela, e apesar de estarem separados quando ela morreu, o amor que ele sentia por ela nunca mudou. Às vezes via lágrimas se formarem quando ele olhava para mim, segundo meu pai eu era a cópia fiel dela, especialmente os olhos, me perguntava se meus avós enxergavam a mesma coisa, se tentavam evitar olhar para mim, porque viam muito dela, e toda vez que pensava nisso, uma parte da minha alma partia-se ao meio.

Senti a mão de Hunter tocar meu rosto, não percebi o momento que uma lágrima solitária desceu por minha pele, mas seus dedos gentis e suaves a secaram. Seu polegar limpou meu rosto, enquanto seus outros dedos permanecem em minha bochecha, ele segurou meu rosto mais tempo do que precisava e ficamos nos encarando como se o mundo tivesse colidido e estivéssemos próximos da destruição, foi a primeira vez que senti além do toque de alguém, senti muito mais que sua pele. Almas danificadas reconhecem outra, não sabia nada sobre sua história, mas alguma coisa me dizia que a alma dele era tão perdida quanto a minha.

— Você está bem? — perguntou cortando meu transe, tirando a mão do meu rosto. Balancei a cabeça fungando, fechando os olhos e passando a manga do meu suéter para limpar os últimos vestígios das lágrimas.

— Sim, estou bem, — menti.

Falar a verdade não me deixaria melhor, menos quebrada, menos devastada, talvez dizer em voz alta que definitivamente não estava bem, só me deixaria pior.

Eu estou bem, ou melhor, eu vou ficar bem.

Hunter não parecia acreditar no que acabara de dizer, sua testa franzida indicava que ele duvidava da minha resposta.

— Não precisa mentir para mim, Blair. Mas vou respeitar o seu espaço.

Balancei a cabeça, agradecendo por ele entender e respeitar meu momento vulnerável.

Virei meu corpo para andar, quando senti sua mão no meu ombro.

— Eu não terminei... — murmurou se aproximando. — Eu vou respeitar o seu espaço, mas isso não quer dizer que você não possa dividir qualquer coisa comigo.

Nunca fui muito boa em compartilhar sentimentos, eu guardava tudo para mim, exatamente como uma esponja absorvendo tudo para si, acho que passei tanto tempo tentando resolver minhas próprias questões que esqueci de como seria conversar com alguém sobre elas. Minha avó nunca estava disposta a escutar, meu avô quase não aparecia em casa, e não gostava de ligar para meu pai sempre que alguma coisa me chateava. E meus momentos com Matthew eram escassos, pois na infância minha avó tinha um cronograma de uma hora de brincadeira por dia, e eu tentava aproveitar o máximo dessa uma hora para me divertir com meu amigo, em vez de contar meus problemas a ele.

Às vezes Matt escalava a lateral da casa para entrar escondido durante a noite em meu quarto para passar um pouco mais de tempo comigo, ele tinha dezessete anos na primeira vez, suas visitas tinham reduzido para duas vezes na semana, porque minha avó dizia que ele era uma péssima influência. Ele não queria esperar até o outro dia na escola para me mostrar um cartão que ele havia feito para uma garota por quem tinha uma quedinha, então escalou dois andares só para saber minha opinião.

O cartão era brega, dizia:

"Às vezes perco o ar quando olho pra você"

Lembrei de ter rido muito na época, Matt ficou chateado e ficou sem falar comigo por duas semanas. Não ri por maldade, ri porque estava a ponto de chorar. Sempre admirei muito Matt, eu tinha quinze anos e recém havia começado o ensino médio, meus hormônios estavam confusos, quando ele me mostrou o cartão tive vontade de chorar porque eu tinha uma quedinha romântica por ele. Nunca descobri a identidade da garota para quem ele daria o cartão, e minha quedinha por ele desapareceu quando esbarrei em Scotty Landon, também conhecido como o pior dia da minha vida, se soubesse o quanto aquele cretino destruiria meu coração, eu teria me empenhado em destruir o dele primeiro.

Meus pensamentos evaporam, porque decidi não perder mais tempo pensando nele.

— Obrigada, Hunter, você é um bom amigo. — respondi vendo um lindo sorriso transbordar em seu rosto. Nossa, o sorriso dele parecia carregar um bilhão de estrelas, porque toda vez que eu encarava o céu eu sorria, e toda vez que olhava para ele o mesmo acontecia.

— Você tem que parar de fazer isso, Hunter!

— Fazer o quê?

— Sorrir.

Seu sorriso se intensificou, fechei os olhos rindo. Quando os abri novamente, Hunter me observava, parecia inerte diante de mim.

— E você Blair, definitivamente deveria sorrir mais. Todo mundo deveria contemplar esse sorriso, se a Terra não girasse em torno do sol, com certeza ela giraria em torno desse sorriso.

Senti meu rosto esquentar, poucas pessoas no mundo eram capazes de exaltar suas qualidades com palavras tão gentis. Hunter foi a primeira pessoa com quem me senti confortável para ser quem eu era, ele era sincero, gentil e muito bom em flertes.

— Isso foi muito brega. — respondi sorrindo. Uma total mentira, aquilo estava longe de ser brega, foi a coisa mais linda que alguém já disse para mim.

Minhas palavras não o abalaram nenhum pouco.

— A breguice deveria estar na moda então.

Hunter deixou beijo em minha bochecha antes de passar por mim e entrar no bar. 


Nota da autora: Espero que estejam gostando da leitura. 

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