Conte-me Seus Sonhos

De groliveira

247K 36.4K 3.4K

SINOPSE Valentina é uma professora que adora viajar para participar de congressos. Ela sofreu uma grande perd... Mais

CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38 (FINAL)
Epílogo
NOTA DO AUTOR
LIVRO NOVO
Livro com capítulos a mais...

CAPÍTULO 4

9.5K 1K 120
De groliveira

QUARTA-FEIRA


VALENTINA

Pela manhã e à tarde fiquei no quarto corrigindo as provas que havia trazido. Eram muitas, e só havia acabado de corrigir todas por volta de 17h. Nem mesmo saí para comer; havia trazido algumas bolachas, biscoitos, entre outras coisas.


Me arrumei para ir ao Congresso. Dessa vez coloquei uma roupa bastante chamativa. Quando fui em direção à saída do hotel, vi Michael me olhando, e, no fundo, já sabia o que ele achava da roupa que escolhi, pois seus olhos brilharam quando passei por ele. Desta vez só me despedi, pois estava um pouco atrasada, e isso era raro.


Basicamente no Congresso fora falado sobre a ascensão da preocupação com nossa mente. Muitas pessoas estão estudando temas variados, pois pensam que é um componente importante para nossa mente ficar mais destacada entre as demais. Isso é bem verdade; a variedade de informações faz com que nos tornemos diferenciados em vários aspectos, mas há pessoas que não têm um foco específico e acham que, abraçando o mundo, estão se tornando especificamente melhores que as outras. O fato é que precisamos focar em algo que nos propicie felicidade e aprendizado. O que entendi foi que é melhor aprendermos primordialmente uma coisa e a fazermos o mais bem feito possível, do que tentarmos aprender várias coisas e elas não serem bem feitas ou aprendidas.


Saindo do local do Congresso, me encaminhei para a praça onde nos encontramos pela primeira vez. Em nosso segundo encontro, ele parecia outra pessoa; é incrível o que um dia juntos parece ter proporcionado a ele. Estava alegre, conversando muito e até falando coisas pessoais.


Desta vez fomos a um bar qualquer da cidade, não me recordo o nome dele agora. Estava muito entretida com nossa conversa.


– Você sente muita falta de sua família? – Indaguei esperançosa de que ele falasse mais da família.

– Sim, foi complicado o que aconteceu, ainda mais porque eu não pude fazer nada, pois não estava no local. – Ele estava ressentido e triste por falar do assunto. resolvi não aprofundar mais nisso.

– Deve ser complicado, mas por mais que seja difícil esquecer o passado, devemos seguir em frente. Foi uma tragédia, mas você tem que seguir em frente, senão vai remoer o assunto pra sempre. Não vou negar que ainda penso muito sobre o que aconteceu com o Isaac. Foi uma fatalidade, estamos propensos a todo tipo de coisa. Como ia imaginar que aconteceria algo com meu namorado na época?– Isso foi algo que me afetou muito. Isaac morrer daquela forma foi um baque pra mim, e até hoje me recordo daquele dia.

– Verdade. Obrigada pela compreensão, conseguirei superar. Você superou, e tenho certeza que também irei superar.

"Nunca irei superar, mas ela não pode saber disso...".

– Pra onde iremos hoje ao sairmos daqui? – Indaguei pesarosa.

– Olha, que tal uma boate hoje? Claro, se não tiver problemas pra você! – Ele forçou um sorriso comedido.

– Nossa, pra um cara que parece quieto você está me surpreendendo, hein?! – Vi que ele ficou um tanto quanto embaraçado e logo tentei consertar a situação: – Brincadeira, viu?!

– Cancelamos a boate, então – disse com o rosto triste.

– Não, espera. Eu...

– Brincadeira. – Te peguei, você devia ter visto sua cara agora. – Rimos alto.

– Não acredito que você fez isso, está mudado. Cadê aquele cara calado que eu conheci, que custava a dizer uma só palavra? – Indaguei, olhando firmemente em seus olhos.

– Você está me mudando e, a cada dia que passa, estou gostando mais dessa mudança, mais ainda de você. – Olhou graciosamente em meus olhos.

Neste momento senti seus olhos fixos nos meus. Eu estava em transe, não conseguia tirar os olhos dos dele. Não sabia o que fazer se ele tentasse algum tipo de aproximação, um beijo... não sabia mesmo o que fazer. O tempo foi passando, e nenhum de nós disse uma só palavra; só nos olhamos fixamente.

De repente, ele desviou o olhar e disse:

– Desculpa o modo que falei agora, é que, sei lá... Não devia ter falado o que eu lhe falei, sinto muito. – Ele falou, tentando contornar a situação.

Não sabia o que falar na hora, estava muito constrangida. Uma pessoa que não conheço muito bem falando isso pra mim é, no mínimo, embaraçoso. E o pior de tudo é que não sabia o que dizer neste momento. Eu, que sempre tinha uma resposta na ponta da língua pra quase tudo, não tinha nada a dizer agora. Me resumi a dizer:

– Normal, você não se abre com muitas pessoas. De certa forma eu te entendo, não precisa se corrigir. – Eu disse que entendia, mas na verdade não sabia o que sentir no momento. Ao mesmo tempo, adorei e fiquei triste, não sei bem o porquê.

Ele estava tenso. Depois do que dissera, seu rosto ficou vermelho, e ele estava muito pensativo e desviando olhares. Irrompi o silêncio e disse sorridente:

– Vamos ou não vamos para a boate? – Falei, já me levantando da cadeira.

– Claro, vamos agora?

– Então, vamos. Você bebe algum tipo de bebida alcoólica? – Perguntei um tanto quanto curiosa.

– Não, e posso deduzir que você também não, né? Parece toda certinha, me disse que não gostava de festas na faculdade. – Ele parecia certo do que dizia.

– Boa observação, mas eu não gostar de ir a festas não quer dizer que não bebo, certo?

– Sim, mas ainda acho que você não bebe, viu?! – Forçou um sorriso irônico.

 – Você diria que é bom ou ruim em adivinhações?

 Ele pensou por um momento e disse:– Hum. Não sei.

– Você é péssimo. – Rimos – E continuei: – Bebo às vezes, não bebo pra cair ou morrer, mas bebo, sim.

– Você é muito engraçada, então vamos, até porque amanhã eu trabalho, né?! Atualmente eu gerencio um hotel, sabe?! E não posso ficar muito tempo acordado; senão, amanhã não consigo trabalhar.

– Verdade, não sabia disso! Conte-me mais sobre esse hotel. – Simulei alguma curiosidade com o fato.

– É um hotel arrumado e bonito, mas deixa pra outra hora, no momento estou a caminho de uma boate com uma amiga, sabe? É melhor eu aproveitar o dia.

Caí na gargalhada, esperava uma pessoa um tanto quanto diferente hoje, mas eu estou sendo surpreendida positivamente nesse dia.


Chegando à boate, não ficamos nem 15 minutos na fila da entrada. Havia muitos jovens (me perguntei aonde eles andam na parte da manhã e pela tarde), lá dentro devia ter, no mínimo, umas 200 pessoas. O evento do dia era música dos anos 1990; sou apaixonada por música, não havia dito isso pra ele ainda. Mas o fato é que qualquer lugar que tenha música é onde irei ficar à vontade.


Senti o olhar de várias mulheres para Michael. Isso era de se esperar; ele era lindo e ainda estava bem vestido, cabelo desajeitado, barba para se fazer, olhar forte.


Ele deve ter percebido esses olhares, mas, se percebeu, fingiu que não viu. Dançamos por umas duas horas, pelo menos. Estávamos alegres, e ele também se mostrou um exímio dançarino.


Em alguns momentos se alternavam músicas agitadas com românticas. Nessas horas, nossos olhares se encontravam. Sinceramente, adorava olhar pra ele, como também o modo que ele me olhava. Seu sorriso, suas mãos em meus quadris, seu corpo perfeitamente encaixado com o meu... Esse era o momento ideal para um beijo. Eu queria isso no momento, mas ficamos somente fitando um ao outro, parecendo que nos conhecíamos há bastante tempo.


Depois de um certo tempo na boate, resolvemos ir embora. Fomos direto para o hotel, e não sabia há quanto tempo não ria da forma que ri hoje. Michael mostrou ser uma pessoa sorridente e conversadeira. Ainda era enigmático, desviava de algumas perguntas, mas ainda assim parece mudado em relação ao dia que o conheci.


Quando chegamos ao hotel e nos encaminhamos para a recepção, lembrei-me de algo: ainda não sabia onde ele morava. Com sua casa destruída, acabei por esquecer esse ponto.

– Estive pensando aqui... após a destruição da casa, onde você comprou outra para morar? – Perguntei curiosa e pensativa.

– Já em nosso segundo encontro e você querendo conhecer minha casa? Que isso, hein? As mulheres daqui não são assim, não; elas esperam pelo menos uns três encontros. – E fez uma cara forçada de espanto.

Não me contive, tive que rir um pouco também.

– Engraçadinho, você entendeu minha pergunta. Fiquei curiosa de saber onde é sua casa, somente isso. – Seu riso deu lugar a um rosto sério, e ele me disse:

– Não preciso de uma casa. Nunca fui o tipo de pessoa que precisa de uma mansão pra morar. Eu necessito somente em um quarto em algum hotel. – E riu pra mim.

– Quer dizer que você mora aqui no hotel mesmo? – Perguntei encabulada.

– Sim, Quarto 1, bem à frente da onde você está. – E apontou para o quarto.

Nossa, aí sim era algo que eu não esperava ouvir. Presumindo que o tamanho do quarto dele seja igual ao meu, um 5x5, ele é uma pessoa que não necessita de muito espaço. Eu, por exemplo, não conseguiria morar um mês em um lugar fechado desse jeito.

Antes de qualquer pensamento além desse, ele se aproximou de mim e disse:

– Boa-noite, Valentina. Adorei novamente o dia com você hoje. Espero que se repita.


Antes de qualquer coisa que eu pudesse pensar ou dizer, seus lábios se encontraram com os meus. Subitamente me vi em seus braços, sem nenhuma vontade de me separar deles. Ele colocou a mão em minha cintura e a outra delicadamente eu meu rosto, e me deu O Beijo. Foi tudo muito rápido, não havia como escapar, não queria escapar; me deixei levar pelo momento, sabia que a noite não acabaria bem, ou melhor, acabaria bem até demais. Estava confusa, mas fui tomada pelo momento e me deixei levar. Seus lábios úmidos e bem quentes foram ao encontro dos meus. Ele me comprimiu contra ele, passou uma das mãos em minha nuca em direção ao meu cabelo, e a outra delicadamente passava por toda extensão do meu corpo até minhas nádegas. Estava esquentando, e eu estava adorando.


– Sabia que as garotas daqui não têm um beijo tão bom quanto esse? – Disse, olhando nos meus olhos e em minha boca, e depois mordendo os lábios.

– Você diz isso pra todas? – Perguntei, rindo com uma voz suave e, ao mesmo tempo, misteriosa.

– Não, só pras que valem a pena. – Disse com uma cara de safado.


E me beijou novamente, e de novo. Foram pelo menos uns 10 minutos que demoraram a passar, graças a Deus. O clima estava esquentando, não queria parar, e acho que nem ele, mas ainda assim estava muito confusa. O que vai ser agora? Não estava esperando isso, não hoje, na verdade não esperava nada. Parece que estou vivendo um sonho, estava a ponto de me entregar completamente, mas como me entregar pra uma pessoa que mal conheço? Ele foi a pessoa que beijei que conheci há menos tempo. Tudo estava bom, mas tomei uma decisão.


– Desculpa, mas do jeito que está... – E me afastei um pouco.

– Entendo, eu a respeito por isso. Sei que sou um estranho pra você ainda, mas tentarei deixar de ser esse estranho no decorrer dos dias. – E fez uma cara de tristeza misturada com alguma esperança de que outra noite parecida iria acontecer.

– Me desculpa, mesmo. Só acho que ainda não estava preparada para o que aconteceu agora. Não sei o que falar no momento.

– Não há problema, eu não sei o que deu em mim também. Foi algo espontâneo demais, até pra mim. – Ele deu um sorrisinho discreto.

Ele se dirigiu até o quarto dele e disse:

– Boa-noite, Valentina. Realmente, o dia foi bastante satisfatório. Aliás, o que disse sobre seu beijo é verdade. – E entrou em seu quarto. Não consegui falar nenhuma palavra; fiquei estática à porta do meu quarto.


***


MICHAEL

Idiota. Essa palavra me definiu naquele momento. Como do nada vou e faço isso? E do nada vou para meu quarto? Fiz tudo errado; como sou idiota. Sempre me diziam: "Quando se começa algo, temos que ir até o final, nunca pare na metade ou, então, nem comece".


Agora, sinceramente não sei se foi bom ou ruim para ela, pois não terminei o que comecei. Mas será que ela parou porque não gostou? Ah, merda, viu?! É por causa de umas coisas dessas que vejo que faço tudo errado.


Amanhã tenho que dar um jeito de consertar as coisas, ou pelo menos tentar. O pior de tudo é que vou ficar remoendo isso até lá.


Mas uma coisa é bem certa: que beijo, que corpo. Valentina era muito gostosa, linda e, além de tudo, muito simpática. Vou pensar naquele corpo pelo menos hoje o dia inteiro. Desejei-o, e como o desejei. Ela é o tipo de pessoa que deve deixar os homens doidos normalmente, e suponho que mais ainda na cama; acho que preciso de uma pessoa assim. Não sou um santinho, e nunca fui. Mas acho que ela desperta em mim algo insano; não sei explicar direito, mas é algo que parece ser uma necessidade, uma necessidade de estar ao seu lado. Amanhã é um novo dia. Veremos no que irá dar, mas sei que, em meus pensamentos, Valentina será presença constante.


***


VALENTINA

Deitada na cama, me peguei olhando para o teto fixamente. A noite não foi o que eu esperava; foi muito além, e quando tudo estava tão bom, dei o meu jeito de sempre de estragar as coisas. Não nego: queria permanecer com ele pelo resto da noite, mas travei, não consegui fazer nada. Não sei o porquê desse arrependimento agora, mas confesso: posso ter feito algo errado. E hoje ainda era somente quarta-feira...


Resolvi ligar para Lilian e falar sobre os acontecimentos do dia.


– Alô, Lilian, você está me ouvindo? – Indaguei, pois não ouvia sua voz ao telefone.

– Acho bom ser importante, neném, porque, para me acordar às 2 da manhã, o assunto tem de ser seriíssimo, viu?! – Suas palavras saíram enroladas. com certeza estava dormindo pesado.

– Só queria desabafar com alguém sobre o meu dia hoje. – Disse com uma voz sentida, mas um tanto quanto falsa.

– Olha, se for para falar do Congresso, eu vou desligar esse telefone e ir dormir.

Eu ri. – Não, na verdade eu saí com o Michael hoje, e no final da noite nos beijamos.

– Mentira?! E você tá na casa dele agora ou ele tá no seu quarto, digo, no quarto que você alugou, mas que é dele também...?– Ela pareceu despertar do nada.

– Para com isso, hoje foi somente nosso segundo encontro. Não iria fazer isso.

– O quê? Segundo? Como não estou sabendo de nada? – Agora ela estava um pouco nervosa de não ter lhe avisado do primeiro encontro.

– Na verdade, no primeiro encontro só fomos andar na praça, não foi bem um encontro. – Tentei disfarçar.

– Sei, Valentina. Pegou o gato duas vezes já, hein?! E você tá certinha, faça o que eu faria no seu lugar, neném.

– Ele me beijou, e foi ótimo. Só que acho que fiz uma burrice. – Disse com uma voz que soava triste.

– Ixi, lá vem. Bateu os dentes com o dele, só pode. Eu sabia, você não está acostumada em sair mais. Eu vivo te falando pra você sair, mas você não me escuta, né? – Ela parecia minha mãe falando agora.

Ri novamente. – Não foi isso, eu interrompi bem na hora que estava ficando quente demais. Não sei se foi uma boa ideia.

– Pois eu lhe digo, foi uma péssima ideia, péssima mesmo. – Ela gritou ao telefone. Já esperava este tipo de reação de minha amiga.

– É o que estou pensando agora. Acho que gostaria de ver no que ia dar, mas não consegui, essa é a verdade. – E era verdade, fui burra.

– Olha, amor, você ainda terá alguns dias para consertar isso. Conserte. Agora, por mais que te ame de paixão, preciso dormir. Amanhã darei aula, sabe? Depois conversamos mais, viu?! Beijos, e pega o gostoso lá de novo.

– Até mais, Lilian. Pode deixar que vou resolver essa situação.

E desligou. Depois disso, deitei na cama e apaguei.

Continue lendo

Você também vai gostar

3M 262K 169
Somos aliança, céu e fé.
43.6K 5.4K 60
Infelizmente, o Fabrício Bonini descobriu que partiu do Christian Ferrandini a ordem de retirar a Leila e a Rosimeyri do cabaré. Agora restou a mim...
1M 55K 49
Em revisão. Cecília Motta é uma garota simples de 22 anos, que ajuda sua mãe a cuidar dos seus irmãos mais novos. O seu pai foi embora quando descobr...
1.1K 80 52
Eu sou o Marcus Clark, não sou um santinho nem um malvado, mas nunca me considerei boa pessoa, depois que os meus pais foram "acidentalmente" mortos...