Perspectivas do destino

By Thata_Sthefy

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Nesse conto irei mostrar como uma simples olhada poderia marcar a vida de Aurora para sempre, contarei um pou... More

Prefácio
Capítulo 1
Capítulo 3
Agradecimento.

Capítulo 2

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By Thata_Sthefy

Deixei minha mãe ainda tomando seu café, peguei minha bolsa e caminhei para fora de casa, o céu estava bem azul e sem nenhum resquício de nuvem, a manhã tinha um cheiro refrescante e o ar era tão puro, mesmo que o sol já estivesse se mostrando ainda estava um frio agradável, minha casa ficava em uma rua pouco movimentada na parte da manhã, havia muitas residências em volta, de um ou dois andares, algumas tinham muros altos que eram quase impossíveis de ver que havia algo ali dentro, minha casa costumava ter muitas flores na frente, mas agora era apenas um espaço vazio de terra, que ocasionalmente conseguia arrumar, assim que cheguei na entrada da nossa rua onde dava lugar para o asfalto central, esperei cerca de três minutos o ônibus que não demorou a se mostrar.

Ali não havia uma parada de ônibus, na verdade, não teríamos nem aquele ônibus, já que não era um lugar de muito movimento, nossa prefeitura só fez questão de colocar um quando os moradores começaram a se mudar para esse lugar, até então, era apenas um bairro deserto com muito mato e pouco casa, e então quando começaram a sentir o quão longe era para trabalhar ou até mesmo estudar resolveram fazer uma petição na prefeitura da cidade, e como se pode ver, parece que conseguiram o que queriam. Assim que o ônibus já estava em uma distância considerável estiquei o braço fazendo sinal, atravessei a rua e assim que ele parou e abriu a porta, subi as escadas segurando na alça da porta.

— Bom dia senhor Heitor! — Cumprimentei o motorista que está nessa rota já tem pelo menos cinco anos, o senhor de aparência frágil ainda era bem ativo, tinha o cabelo todo grisalho e era um pouco roliço, talvez pelo fato de ficar muito tempo sentado, pele bem morena e um olhar gentil.

— Bom dia, menina, hoje será um longo dia. — O senhor Heitor sempre falava aquela mesma frase para mim todo santo dia depois que sai da escola, afinal sempre ia trabalhar das sete até as seis da noite e ele sabia muito bem, pois, sempre que o ônibus estava vazio me sentava atrás do seu banco e puxávamos uma longa conversa para matar o tempo.

— Com toda certeza. — Respondi após pagar minha passagem e caminhar até o segundo banco que ficaria no lado oposto do motorista, me sentei colocando minha bolsa no banco ao meu lado, e sentindo o motorista voltar a andar, sempre era uma das primeiras a entrar no ônibus então sempre andava praticamente o trajeto todo que ele fazia antes de chegar em meu trabalho, era um pouco cansativo, sempre ficava aqui sentada presenciando o mesmo cenário passar vendo os passageiros chegarem e as paradas obrigatórias em pontos específicos já que eram locais ainda mais isolados a qual as pessoas dependiam ainda, mas do ônibus, isso tudo dava em torno de uma hora e alguns bons dez minutos.

Ao menos a vista valia a pena, principalmente quando passávamos por estradas com bastante vegetação e o sol da manhã ainda estava presente atrás das pequenas montanhas, era relaxante, sentir o vento bater em meu rosto respirar o ar puro do lado de fora enquanto via o sol, me deixava, mas calma.

Já havíamos feito toda a rota prevista, estávamos saindo da última parada obrigatória, então logo já estava chegando em meu trabalho, assim que chegamos na estrada que havia uma gigantesca fábrica de automóveis voltei minha atenção para a rua, sei que ainda não estávamos nem perto de chegar em uma de suas entradas na lateral, mas sempre fazia o mesmo movimento há mais de seis meses, era uma importantíssima fábrica e muitas pessoas trabalhavam ali dentro e uma delas, era o homem que havia prendido totalmente minha atenção, não sabia o nome dele, mas sempre tinha como expectativa vê-lo passar pelo meu ônibus enquanto o mesmo seguia para sua rotina no trabalho.

Conforme o ônibus se aproximava cada vez mais do portão que dava acesso para seus trabalhadores, com mas atenção olhava para fora, meu coração martelando em meus ouvidos com tamanha expectativa, porém, nada, passamos pelo portão e nada aconteceu, ele não estava lá, me senti decepcionada, mas não havia nada que poderia fazer, me ajeitei no banco um pouco incomodada e tentei seguir viagem já que também estava chegando em meu trabalho, que para a minha felicidade era perto da sua empresa e para a minha infelicidade ele nunca havia entrado para comer lá afinal sua empresa deve ter cantina.

"Resmunguei em meu desolado pensamento. Parece que o dia hoje vai ser chato."

Claro, não precisava dele para fazer meu dia ser agradável, mas era tão mais fácil quando o via logo de manhã, parecia ficar mais leve, poderia esta me iludindo, ele poderia também já ter uma namorada e isso pode me fazer parecer uma louca cobiçando o namorado dos outros, mas apenas, não conseguia parar, imaginava cenários em minha cabeça, dos nossos encontros fictícios, de como seríamos se fôssemos um casal, se estivéssemos em perigo, ou em uma aventura, poderia claramente parecer uma louca, mas apenas faria isso em meus pensamentos, nunca em toda minha vida agiria como um stalker ou faria qualquer gesto que pudesse parecer vergonhoso, ou até mesmo algo como pedir seu número, não tínhamos nada em comum, não havia nenhum motivo para começarmos uma conversa, nada absolutamente nada afinal, o que falaríamos? Sobre o tempo? Os ônibus? Acredito que não seja a melhor para iniciar perguntas ou conversas tipicas.

Quando o ônibus virou para frente da fábrica e fez a volta para o outro lado da pista me preparei para descer, levantei sem nenhuma necessidade de pedir para o senhor Heitor parar, já que ele sabia mais do que ninguém que sempre desceria ali, talvez aquele fosse um dos problemas de ficar em uma rota específica por tantos anos, fiz um movimento de cabeça para o mesmo que sorriu pelo seu retrovisor, assim que a porta se abriu desci a pequena escada, descendo em frente a parada de ônibus que ficava a poucos metros de distância da lanchonete.

Caminhei preguiçosamente até a entrada da loja que ainda estava sendo arrumada pela dona, Cinthia era uma ótima chefe, ela sempre chegava cedo sem contar que era ela quem ficava na cozinha preparando tudo o que era pedido, nunca deixava transparecer quando estava triste, ou doente sempre muito carismática, porém, quando tinha que dar uma bronca ninguém aguentava ficar perto, ela pegava pesado, em todo esse tempo que estive trabalhando aqui, ela só deu uma bronca tão pesada quando um dos funcionários foi mal-educado com um cliente, Henrique era bem esnobe e no dia em questão o mesmo havia sido muito rude com um senhor, apenas por ele ser um pouco acima do peso, fico feliz que no fim disso tudo o menino acabou sendo demitido.

— Bom dia, dona Cinthia. — A cumprimentei assim que abri a porta da loja.

— Ah! Bom dia, querida, como você está hoje? — "Talvez um pouco entediada e sem vontade nenhuma de trabalhar." Era minha vontade verdadeira de responder, mas como faria isso com a minha chefe, precisava muito daquele emprego.

Sorri enquanto caminhava para trás do balcão. — Estou muito bem, pronta para começar meu trabalho. —

— Hoje deve ser bem movimentado já que é sexta-feira, então vamos ter um longo dia. — Dona Cinthia falava enquanto guardava a vassoura atrás da porta que dava acesso para a cozinha.

O primeiro período da manhã foi bem tranquilo, tivemos poucos clientes e os que tínhamos pediam para embalarmos para a viagem, provavelmente eram pessoas atrasadas e com receio de perder o ônibus ou apenas ficaram com preguiça de fazer o próprio café da manhã, claro isso era o que mas falavam enquanto esperavam o pedido.

No período da tarde tivemos um movimento razoável, já que muitos estudantes passavam mais cedo para ir embora passavam aqui para comer algo, talvez devido à falta de algum professor naquele dia, lembro bem como era algum tempo vago na escola, torcia para ir embora, mas cedo. Parece que quando chegar em meu horário de sair, estarei solitária, já que os estudantes estavam indo embora, mas cedo não teria companhia no ponto de ônibus que geralmente ficava já bem vazio.

— Ah! Finalmente o expediente acabou, já não aguentava mais andar de um lado para o outro. — A voz de Lucas ressoou atrás de mim enquanto estava terminando de fechar o caixa daquele dia.

— E olha que estamos na sexta-feira, pensei que nunca acabaria. — Resmunguei terminando o que estava fazendo.

— Me ajudem a fechar a loja hoje que também estou um caco, nossa, o tanto que andei naquela cozinha hoje, não é para pouco, e também podem comer algo, sobrou muita comida e vocês sabem que não gosto de deixar de um dia para o outro, e amanhã não vou abrir, podem tirar o dia de folga, tenho uma consulta marcada. — Dona Cinthia explicou enquanto secava a mão em um pano de prato, concordamos com a cabeça e começamos a limpar a lanchonete e fizemos uma refeição rápida com os lanches que sobraram, não eram muitos, mas o suficiente para, nos trés.

Dona Cinthia não gostava de desperdício de comida e quando sobrava um pouco ou ela dividia, ou mandava para as pessoas em situação de rua, e como a mesma não abriria daria tempo de preparar a fermentação da massa para os salgados assados no outro dia assim o restante era fácil.

Quando finalmente terminamos de arrumar o salão e a cozinha andei até o banheiro, me coloquei de frente para o espelho, vendo como estava minha aparência, dava para notar como estava cansada, meu rosto estava vermelho devido ao calor e meu cabelo cacheado estava encolhido pela touca descartável, assim que lavei meu rosto, soltei o grampo da cabeça, vendo os cachos desajeitados, molhei a mão e comecei a passar no cabelo enquanto apertava o mesmo, não queria sair na rua tão desarrumada, não me sentia confortável mesmo que não tivesse quase ninguém aquela hora, assim que consegui arrumar os cachos do comprimento prendi a parte de cima que não teve muito jeito, então fiquei com o cabelo meio solto.

"Não parece tão ruim, ao menos não vai assustar ninguém na rua. Sorri enquanto terminava de arrumar minha blusa em meu corpo e pegar minha bolsa."

Já do lado de fora, dona Cinthia e Lucas me esperavam para fechar a loja, assim que o fizemos nos despedimos e cada um seguiu para os lados opostos, fiz todo o caminho da manhã, porém, assim que olhei para a parada de ônibus em que estava seguindo, meu coração disparou, tentei ao máximo não esboçar nenhuma reação e não esquecer de caminhar e muito menos respirar para não morrer de vergonha e muito menos atropelada, ele estava lá, sentado calmamente, como se seu dia tivesse sido tranquilo, sem imaginar o quanto mexia com meu coração bobo.

"Meu Deus! O que eu faço? Eu queria tanto sentar ali, mas se eu fizer isso, vou sentar ao lado dele, não, eu não posso fazer isso, eu estou com cheiro de comida! Mesmo que tenha passado perfume! Continuei tentando caminhar sem tropeçar e passar nenhuma vergonha, enquanto pensava no que fazer."

Olhei para os dois lados da rua constatando que não havia nenhum automóvel vindo e atravessei, aquela era uma das pouquíssimas vezes em que estávamos sozinhos na parada, a maioria das vezes sempre tinha outra pessoa ali sentada ocupando um dos poucos espaços que tinham no banco reto de ferro, assim que já havia chegado próximo ao banco, tentei parecer normal, afinal estava espremendo a alça da minha bolsa de nervosismo, me sentei e tentei manter meu foco na rua vazia, e não o cumprimentei já que o mesmo estava olhando para o outro lado.

"Como pode estar tão vazio assim? Estamos no mesmo horário de sempre, mesmo que os funcionários da empresa sejam poucos que pegam ônibus deste lado, ainda assim teria ao menos outra pessoa, tudo bem Aurora, fica calma, ele não está olhando e nem mesmo vai falar com você, nunca trocamos uma só palavra, não vai ser agora que isso ira acontecer. Tentei manter a calma mesmo não conseguindo."

Peguei meu celular na bolsa e olhei as horas, e inacreditavelmente já eram sete da noite, parece que a lanchonete fechou tarde, mas não explica por que ele também está aqui, nesse horário passam poucos ônibus, o meu mesmo só faria mais uma volta até terminar seu horário, só tenho o que parece uma chance de pegar meu ônibus.

— Você está esperando o ônibus setenta e dois? — Era a primeira vez que ouvia sua voz, meu cérebro havia congelado, não imaginava que seu tom de voz era tão grave.

Nem mesmo esperava que ele soubesse qual era o ônibus que pegava desde que comecei a trabalhar, levantei a cabeça e sorri de canto concordando com a cabeça, mas assim que bati os olhos em seu rosto e pude ter uma visão, mas clara de como era sua aparência fiquei em choque, cabelo cortado em estilo militar, sobrancelhas grossas, lábios finos e nariz com uma leve curva alta, seu maxilar era bem desenhado e o mesmo tinha traços loiros já que seu cabelo era um castanho bem claro, ele também era bem claro, sua pele estava totalmente limpa, sem espinhas ou cravos e linhas de expressão, fora tudo isso nada o deixava mais bonito que o tom dos seus olhos, verde musgo, parecia tão mágico, porém, assim que notei que havia olhado tempo demais desviei o olhar para a rua vendo se meu ônibus já estava chegando.

— Ah! Então parece que ele acabou de passar. — Meu coração saltou para fora em um longo pulo, olhei meu relógio, tendo a certeza de que ainda poderia pegá-lo, mas se ele tivesse passado mais cedo já estaria em sua última rota, arregalei os olhos tentando ainda parecer neutra, mesmo sabendo que se perdesse aquele ônibus teria que andar ao menos duas a três horas até em casa.

— Ah! Certo, entendi, obrigada. — Agradeci mesmo com o coração a ponto de sair pela boca e com frio na barriga, olhei para a rua sem saber o que fazer, afinal não tinha muita experiência com quais ônibus deveria pegar para poder ao menos chegar próximo de casa.

"Porcaria e agora? Ai meu deus o que eu faço? Logo hoje que estou morta de cansada, vou ter que andar isso tudo? Me questionei em pânico, com aquela situação."

— Eu estou brincando. — O Quê? BRINCANDO? Sua voz ainda demonstrava nenhuma reação, não parecia ser brincadeira.

Questionei incrédula. — Como? — Tentando disfarçar minhas mãos trêmulas enquanto olhava para seu rosto sereno, ele sorriu, meu coração estava a ponto de parar ali mesmo, tinha certeza de que se fosse, mas velha já tinha infartado ou apenas tido o início de um.

— Sim! HA! HA! Estou brincando, parece que estava muito entediado hoje, me desculpe se te assustei. — Sua gargalhada havia sido muito satisfatória para os meus ouvidos, mas ainda não acalmava o meu coração agitado e assustado.

— Nossa, que susto! Eu acreditei mesmo! HA! HA! — Sorri sem graça por cair em sua piada.

"Ah! Agora estou parecendo tão patética. Me martirizei mentalmente, faltando apenas esfregar a mão no rosto."

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